quarta-feira, agosto 11, 2010

O PESO DE NOSSAS DECISÕES - OU A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER

Bom Dia!

Hoje, lindo dia mesmo. Ensolarado, mas frio, de montão. E um vento...! E eu a fim de jogar pra amanhã um trabalho meio chato --um Parecer Jurídico sobre um decreto-- que me programei pra fazer hoje. É só decidir: livre, leve e solto. Então: faço outro trabalho menos complexo e deixo esse pra amanhã, ou me atiro de cabeça e faço logo esse tal parecer?

Uma simples decisão. Coisa leve. Que tal? Licença, só umas filosofias, hehe.

No meu pensar não há decisões simples nem leves. Nossa vida caminha na direção de nossas decisões. Vou alumiar a vereda com um livro bem conhecido. Chama-se "A Insustentável Leveza do Ser". O autor? Milan Kundera. Aí você enche o peito e diz: grande coisa! Esse livro já era, todo mundo leu, qualé.  Melhor, é mais fácil pra mim. Posso até poupar o verbo, rsrs!  Não, não vou fazer resenha. Apenas uma rápida pincelada no ponto que interessa. 


Kundera olhou o mundo de forma revolucionária. E eu gostei. Tanto que reli algumas vezes, pois acho interessante a dialética que ele propõe. E o que me trouxe agora à lembrança foi precisamente uma abordagem que ele faz sobre nossas escolhas, nossas decisões.

Diz ele, e eu concordo plenamente, que todos nós pagamos um preço na vida pelas decisões que tomamos, levando-se em consideração, que não sabemos as consequências ou implicações que haveriam se tivéssemos tomado decisão oposta. Os caminhos da vida não são lineares, “a vida não anda em linha reta, mas em círculos, ou até em espiral”, diz Kundera. E enfatiza o peso das decisões, afirmando com todas as letras, que nós só podemos tomar a mesma decisão uma única vez. Isso porque, diz ele, "na vida não há ensaios" (lembrou alguém? isso mesmo, Chaplin). Caramba, isso é absolutamente verdadeiro. De fato, a vida não volta atrás. E lembro que no mesmo sentido, Heraclito também dizia: “nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio”.  Nesse contexto é fácil perceber que as decisões não têm a leveza que a gente teima em emprestar. Por mais simples que possam parecer. Pois é. E mesmo assim costumamos dizer: ora, isso é muito simples: decida-se!

Kundera encerra o raciocínio falando sobre a dicotomia entre o peso e a leveza das decisões. E eu, sinceramente penso --assim como ele-- que essa dicotomia é de extrema importância e de grande responsabilidade para nós, pois embora surja a oportunidade de refazermos nossas vidas, com outras decisões, as circunstâncias adjacentes nunca mais serão as mesmas. E após a decisão, a vida sempre acontece, de um jeito ou de outro. Portanto o mínimo que podemos fazer é: pensar, refletir e só então decidir. A essa altura, já começamos a pagar o preço.

Conclusão. Veja você, a sutileza. O título do livro diz tudo: é insustentável a leveza do ser. Em nossa existência enquanto seres que somos, temos de arcar todos os dias com o peso das nossas decisões. A vida não é leve. Não somos leves. Se não tivéssemos o fardo das decisões a carregar, aí sim, seriamos mais leves do que o ar, voaríamos. Mas seriamos semi-reais e ficaríamos distanciados da terra, do ser terrestre. E nossos movimentos seriam tão livres e leves quanto insignificantes. Então, o que escolher? O peso ou a leveza? Novamente a decisão.

Ufa, acabo de decidir: vou fazer agora o tal Parecer. Não adianta, eu sou assim. Sessentona e talvez um pouco, digamos, certinha, hehe.

Beijos.

34 comentários:

  1. As nossas decisões e as nossas escolhas tornam-se ainda mais pesadas quando visam directamente ou indirectamente terceiros.
    Desejo que decida tudo pelo melhor e que seja justa e pacifica.

    ResponderExcluir
  2. Oi Marli
    Já li este livro é realmente maravilhoso. Somos donos do nosso destino e escolhemos nossos caminhos.
    Beijos

    ResponderExcluir
  3. Concordo com Wanderley, acredito piamente que traçamos nosso destino.
    Ele é mutável em constante, tudo depende de nossas ações...

    Beijos

    ResponderExcluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  5. Eu não sou nem sessentona (por pouco tempo!) e muito menos certinha.
    Guardo sempre o que fazer, adio tudo o que é chato até não poder mais.
    Não podemos ser todos perfeitos, não é?

    ResponderExcluir
  6. E quem já tem esta consciência, como fica? Comecei a leitura do post com as minhocas de sempre na cabeça, e saio com outras diferentes,rsrsrs
    Beijos

    ResponderExcluir
  7. Independente das escolhas sertem únicas e difíceis, a única solução possível na busca pela felicidade, seja ela qual for, de acordo com as aspirações de cada um, é a aceitação incondicional de que o livro arbítro exige responsabilidade. Aceitação depois de ter feito o possível, aquilo que é do tamanho das nossas forças. Feito, decidido, passa-se para a próxima.

    Bjs

    ResponderExcluir
  8. Amiga Marli!

    Olha, li e reli...
    Que beleza de texto! Com tanta leveza foi dizendo tudo o que há de mais "pesado", mais elementar na vida.
    Claro que ninguém se banha duas vezes no mesmo rio... ninguém vive dois dias iguais, dois momentos, emoções iguais.
    A vida é a soma de cada momento, o de agora, o de hoje, e cada um é único!

    Já me tinha esquecido como gosto de te ler...
    Desculpa a ausência! É o Verão, o Sol ... a Vida!

    Beijinhos amiga,

    ResponderExcluir
  9. Oi, Marli,

    Eu reli esse livro nas minhas férias de fevereiro. E o fiz justamente por haver nele tantas coisas dignas de reflexão; e tantas outras com as quais concordo, como esse juízo sobre as decisões. Eu acho que as decisões são como a vida, pois esta, longe de ser simples é muito é complexa.
    E a tomada de uma decisão implica a desistência de outras tantas! Enfim, é um livro que vale a pena ser lido.
    Beijão

    ResponderExcluir
  10. Decisões nos fazem pesados...e muitas vezes, mais pesados ficamos qdo não conseguimos chegar à elas, ou então, qdo aprendemops que escolher entre uma e outra, implica em perder muitas outras...até a decisão de ser leve, pesa ! rs

    Bjs meus !

    ResponderExcluir
  11. Marli, não conhecia esse livro, já está na lista dos prediletos, farei o possível para lê-lo, o assunto muito me agradou.
    Obrigada pela indicação.
    Um grande abraço.
    Dora

    ResponderExcluir
  12. Oi, Marli

    Decidimos o que achamos prudente naquele momentos e mesmo depois de nos descobrirmos imprudentes não podemos voltar.
    Nosso caminho é voltado para um fim certamente, mas nossas decisões são por muitas vezes incertas.
    Se pensamos muito não decidimos nada, se não pensamos...
    Fazer o quê? Nossas pesadas cargas nunca se aliviarão, pois se isso acontecesse, certamente iríamos a procura de outras.

    Bjs no coração!

    Nilce

    ResponderExcluir
  13. Oi Marli!

    Que texto maravilhoso!!!! Li, voltei e reli! Adorei!

    Eu penso que: "você colhe o que planta", então, cada decisão é uma sementinha. A colheita é sempre real...flores ou espinhos!

    Ah! Mudando de assunto: Parabéns pelo INTER!!!!

    Beijos

    Lia

    Blog Reticências...

    ResponderExcluir
  14. Há um determinado momento na vida que a gente é colocado diante encruzilhadas (que podem ser chamadas de dicotomias) e aí, ou se decide ou se decide. Hoje, depois de tanto ter que me virar sozinho, aprendi a fazer escolhas, na hora que elas devem ser feitas. Não quero dizer com isso que eliminei a possibilidade de erro. Perdi foi o medo de errar. Apenas procuro não cometer erros repetidos nam escolhar algo que possa prejudicar o outro. Aí, o peso é duplo: o da consequencia e o da consciência. Sempre muito prazeroso refletir com você, Marli. Meu abraço. Paz e bem.

    ResponderExcluir
  15. "Quando fizemos algo que não gostamos, aí sim, estamos perdendo o tempo que nos resta"
    Um fraterno abraço Dna Marli.
    (Ótima postagem)

    ResponderExcluir
  16. Concordo amiga.Quando amadurecemos e percebemos que a realidade nós criamos e só nós podemos mudá-la ,tem um peso e um preço,pois descobrimos que a vida é feita de escolhas e sejam elas quais forem,pagaremos por elas. Conhecer nossos limites e quebrarmos algumas barreiras. "Fazer diferente".Bem,adorei!
    Estou mais leve rs..
    Já estou melhor amiga voltei aos blogs também.
    Ontem postei no blodggirls
    http://meninasdoblog6.blogspot.com/
    Montão de bjs e abraços

    ResponderExcluir
  17. hahaha querida tô aqui rindo com o finalzinho de seu post... sabia que eu adoro vir aqui? Mesmo que eu não comente sempre, o seu blog é um dos que, pra mim, são sagrados para eu me renergizar... beijo, beijo e obrigada pelas reflexões que sempre encontro por aqui e me fazem muito bem!
    Beijo, beijo!!!! ;)

    ResponderExcluir
  18. Ah,nós seres humanos! Estamos sempre procurando desvender esse mistério que se chama vida. Mas se não fosse assim, que graça teria não é mesmo? A começar pela complexidade dos comentários. Delicioso ler cada um aqui exposto, opiniões diferentes, destinos diferentes...
    Adorei, beijos querida!

    ResponderExcluir
  19. Marli, livros assim valem a reeleitura. Em cada época que lemos, com mais força podemos notar o quanto um sim ou não, um agora ou depois, um hoje ou amanhã, exige uma decisão bem pensada e o qto peso tem esta decisaõ na nossa vida.. aí,aí...

    ResponderExcluir
  20. Marli,sempre um texto interessante por aqui!Uma grande reflexão:a vida não é mesmo leve e as decisões que tomamos pesam!Só podemos voar na imaginação!Eu faria o mesmo que vc,porque é ruim tem que fazer rápido....pra ficar livre logo!Boa decisão!Não vai pesar mais!Bjs,

    ResponderExcluir
  21. Oi,Marli!Td bem?Ainda não tive a oportunidade de ler esse livro,mas confesso que fiquei muito curiosa para lê-lo.Realmente, tomar decisões não é nada simples como parece, dessas muitas vezes dependem o resto das nossas vidas, portanto sábio quem disse "você faz suas escolhas, suas escolhas fazem você." "Vc é a soma de todas as escolhas que fez até o momento".
    Beijosss

    ResponderExcluir
  22. Marli

    TExto magnifico sobre uma obra magnifica, o livro de Kundera está entre os meus preferidos!

    E, ainda bem que escolhestes fazer hoje, amanhã estarás livre para outras coisas mais agradáveis!

    Bom demais estar aqui, mon ami!

    Estejas bem!

    P.S. Parabéns pelo teu colorado gaúcho!

    ResponderExcluir
  23. Marli,
    Li, reli e lerei muito mais vezes esse encantador livro. Obrigada pelo comentário deixdo no Mínimo Ajuste. Espero que sejam fortes e serenos nesse momento que estão passando. Naveguem com ela para direção que ela escolher. aprendemos a voltar a brincar com o imaginário, por incrível que possa parecer, aprendemos muito.
    Com amor e carinho,
    Sílvia
    http://www.silviacostardi.com/

    ResponderExcluir
  24. Marli minha flor...sabe que nunca li este livro...o conhecia de nome...depois de tantos elogios, vou procurar lê-lo amiga... adoro seu jeito bem humorado viu?
    Beijinhos...
    Valéria

    ResponderExcluir
  25. Adorei a forma como vc divulgou essa leitura...Com certeza prestigiarei. Um beijo linda.

    ResponderExcluir
  26. Passando para deixar o meu carinho e desejar um lindo dia.
    Beijinhos flor.

    Flores e Luz.

    ResponderExcluir
  27. Marli,

    Gostei dos apontamentos sobre o livro. Bem melhor do que se fosse uma resenha chata.

    Vim à procura do tema da blogagem coletiva, mas acho que o texto de agora também tem tudo a ver, não acha?

    Tudo bem que a inveja não é uma "opção", digamos. Mas avançar a partir dela sim, é opção. E não tem nada de leve nisso, é uma reflexão pesada, até porque envolve admitir.

    Acho importante frisar para as crianças pequenas a importância de cada decisão que tomam, porque isso é um ensinamento pra vida toda. E é coisa que a escola não faz e professora nenhuma vai fazer um filho compreender mais do que uma mãe faria, independente de quanto custe a "mensalidade" da escola ou em que idioma seja dada a lição.

    Volto pra ver se vc vai participar da coletiva.

    Um abraço,
    Michelle

    ResponderExcluir
  28. Aprendi assim: o que pode fazer hoje não se deixa para amanhã.

    beijooo.

    ResponderExcluir
  29. Realmente. Não há decisóes duras ou leves, mais sérias ou menos sérias. Existem decisões e elas são do dia a dia. beijos

    ResponderExcluir
  30. Realmente. Não há decisóes duras ou leves, mais sérias ou menos sérias. Existem decisões e elas são do dia a dia. beijos

    ResponderExcluir
  31. Marli bom dia, quero primeiro agradecer pela visita e comentário como sempre bem sensato. quanto as nossas decisões, ou vamos aprendendo com os erros, ou como o seu caso que é mais sério é pedir ajuda aqueles que estão assima de nós, as vezes a vida nos prega cada peça.quantas vezes nos defrontamos com verdades encrusilhadss e perguntamos e ai?As vezes a solucão vem de maneira que nunca imaginavamos.Como diz o autor a vida não tem ensaios, é viver e pronto. um abraço carinhoso celina.

    ResponderExcluir
  32. Menina, por onde andas tu? Congelastes? ehehe...Passei o dia hoje atravessando "a estrada" prá ver se por aqui tinha alguma mensagem nova... e nada!
    Prepara o chimarrão, chá de camomila e o quentão, pq o final de semana vai ser gelado!
    beijos

    ResponderExcluir
  33. Gosto dos temas que você coloca. Esse livro faz parte dos marcados, livros que tenho na minha estante com uma marca em determinado trecho. A decisão da espera sem dormir para não perder a chegada.
    Acho que isso nos faz humanos, decidir.

    ResponderExcluir
  34. Oi Marli, obrigado pela visita e pela sua visão tão franca sobre Fidel. Esse livro é um dos que quero ler ainda este ano, vou correndo comprar. Acho que somos mesmo responsáveis pelas nossas escolhas, por mais que muitas delas sejam tomadas em momentos de muita dor. Ótimo blog. Beijos

    ResponderExcluir

BOM VER VOCÊ POR AQUI!
Procurarei responder a todos e retribuir as visitas com a maior brevidade possível. Abraços. Marli