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terça-feira, setembro 21, 2021

DOCE SOFRIMENTO


Pratique a alegria
É mais fácil sofrer do que manter a alegria


Você já notou como tem gente que adora sofrer e se lamentar? que estão sempre ligadas na sofrência?

Fico pensando, de onde teria vindo essa quedinha que temos, em maior ou menor grau, para o sofrimento. Realmente não sei, tenho apenas uma vaga ideia. Lembro que quando eu era criança, às vezes me machucava brincando e chorava, e minha vó corria e me acalentava... e eu ficava feliz. Aliás, todo mundo faz assim com as crianças, é super normal. Também cansei de ouvir "quem não chora não mama". Daí vai que chorar e sofrer virou uma saída. Tenho a impressão, - como disse, é só uma ideia, - de que essas atitudes levam alguns de nós a intuir desde cedo que sofrer sempre traz compensação.

A bem da verdade, é muito mais fácil sofrer do que manter a alegria. Para sofrer a gente nem precisa fazer esforço, o sofrimento vem ao natural. E nós mulheres, principalmente, carregamos um fardo que nos acompanha desde os tempos bíblicos. Sempre fomos encorajadas a sofrer: o sofrimento dignifica, diziam, tudo que se conquista pelo sofrimento tem mais sabor, (pura besteira...) e desfiavam um rosário de sandices na nossa cabeça, e o sofrimento grassou. E nossa saúde (física, mental e social) desmoronou, também pudera, isso acaba com qualquer um. 

Agora, o outro lado da moeda. 

Todo mundo gosta da alegria, tenho certeza. Então porque a gente não vive alegre? Sabemos por experiência própria que a alegria é um sentimento ótimo, nos encoraja e fortalece em nossas tempestades. Nos dá mais saúde, rejuvenesce e embeleza. Quando sorrimos, nosso organismo fabrica anticorpos para combater as doenças. Pura ciência, e da boa...rs. Meu Deus, porque então a gente não sorri mais? Por que a gente não escancara a boca de orelha-a-orelha todos os dias? 

Não sei, mas acho que, aquela história de que "sofrer dignifica", há muito vem contribuindo para impedir que cultivemos, (como uma plantinha), o hábito saudável de manter-nos alegres, mesmo nas adversidades. Parece que temos até vergonha de dizer que passamos uma tarde alegre no nosso trabalho. E o que dizer da culpa, quando estamos alegres no cotidiano, sem alguma razão aparente que possa justificar? 

Embora saiba que manter alegria na vida não é nada fácil, sou a favor da alegria. Sofrer por sofrer me dá nos nervos. E mania de lamentar-se, pior ainda. Acredito que a alegria está entre os ingredientes que tornam nossa vida mais agradável e, portanto, deve ser praticada e doada ao próximo, pois alegria também é uma forma de amor. Amor pela vida e pelas pessoas. 

Então proponho uma coisa.

Sei que tristezas e sofrimentos não são opcionais e que às vezes é difícil até acordar e levantar da cama de manhã. Mas uma hora vai passar. E mesmo que você esteja "até aqui" com a vida, dê um tempo para você. Pratique a alegria. Pra-ti-que. Se está triste e quiser chorar, chore, soluce, entre no buraco, faça o luto, faça o que lhe der na telha, mas depois, (eu falei depois), levante a cabeça, olhe-se no espelho e sorria. (Não, não é bobagem). Sorria mesmo. 

Dê uma espiada nesse truque para enganar o cérebro:

Olhe-se no espelho e sorria de orelha-a-orelha. Force e segure o sorriso, um pouquinho só. Conte até seis. Assim você engana seu cérebro e sem se dar conta, você ficará alegre. Repita uma vez. Até dentro do carro dá pra fazer. Tente, dá certo.

Aprendi isso há bastante tempo num livro, já nem lembro mais o nome, mas é muito legal. Claro, no início a gente custa um pouco, parece meio over, ainda mais quando a gente está no meio da tempestade. Mas vale a tentativa, é um esforço pessoal, um aprendizado, um novo olhar. E a gente consegue recuperar as forças. Não duvide. 

E sorria, pois como dizia Chaplin, a alegria é o único jeito da gente enfrentar os problemas da vida e sair ganhando! Mas não esqueça de levantar a cabeça. Aposto que você nunca viu alguém chorar de cabeça erguida não é mesmo? 

- Marli Soares Borges -

domingo, março 09, 2014

DO NASCIMENTO À MORTE

Pintura de Georgia O'Keeffe

Sorry, não torça o nariz, 8 de março é dia de alegria e não podemos passar em branco. "Dia Internacional da Mulher" é dia de saudar-nos umas às outras. Dia de abraços e apertos de mãos. E também de agradecer às mulheres e homens -- muitos deles -- que no passado deram seu sangue para que hoje pudéssemos ostentar os documentos que identificam nossa cidadania.


De lá para cá, estamos avançando a passos rápidos e somos vencedoras na luta pela conquista de nossos direitos. Somos unidas, inteligentes e informadas. Aprendemos a nos articular nos conflitos. Aprendemos que a união é nosso trunfo e estamos abandonando -- aos poucos, é verdade -- a maldita rivalidade que tanto nos escravizou e detonou nossa auto-estima, naqueles tristes tempos em que a gente não era ninguém. Aprendemos a ser solidárias umas com as outras. Confiamos em nós. E digo isso sem medo de errar, porque ninguém consegue avançar no campo dos direitos sem essas qualidades. Portanto, aviso aos navegantes: desistam de tentar nos jogar umas contra as outras. Isso de "dividir para melhor reinar" já era, e cá entre nós, foi um golpe baixíssimo que nos aplicaram durante quase um século e, reconheço, foi uma pedra no nosso sapato, e nos enfraqueceu demais como sujeitos de direitos. Ainda bem que conseguimos neutralizar os ataques e, hoje em dia, somos independentes de dentro para fora. E isso nada tem a ver com sustento, com riqueza, com independência financeira e tals. Nada mesmo. A independência emocional se alicerça em outros fatores e tem outra natureza. E não guarda qualquer relação com a classe social, é igual para todas. A gente simplesmente pensa com a nossa cabeça.

Aleluia!

Mas não pense que estamos com a vida ganha. Não mesmo. Ainda tem muito chão pela frente e muitos direitos a conquistar. Estamos engatinhando na arte de lidar com os homens. Eles não são fáceis quando se adentra no campo dos direitos, o que torna complicado ser mulher. Por exemplo, até hoje, no trabalho, ainda não estamos concorrendo com eles em igualdade de condições. Temos sempre de ser melhores, MUITO melhores. E isso é uma injustiça. Calma. É só uma questão de tempo, as mudanças acontecerão, acredito. E tem muito mais coisas, outro dia escrevo sobre. Agora um alerta, please, não caia naquela conversinha rançosa de que não é pra gente perder a ternura, que não precisamos competir com os homens porque já nascemos na frente e blablablá. Era o que nos diziam lá nas cavernas, para nos engambelar e surrupiar nossos direitos. Chega de papo furado. Nossos direitos são sagrados e vamos continuar lutando por eles. Todos os direitos que temos agora, tiveram de ser conquistados na marra. Ninguém nos deu de graça.

E agora um recadinho: valorizem-se mulheres, além de nosso intelecto, nossa sensibilidade, etc., carregamos em nosso corpo uma graça divina, a maior delas: podemos dar à luz um novo ser! Somos donas desse departamento e ninguém muda isso! E, de quebra, ainda gerenciamos o Departamento do Colinho. Explico. Vivemos a vida inteira dando colinho para os homens, aqueles fortões. Ao nascer lhes damos nosso colinho de mãe, nosso seio que amamenta; na mocidade lhes damos nosso colinho de amante, nosso seio que encanta, e na velhice lhes damos nosso colinho de aconchego, o porto seguro para amenizar suas mágoas. 

Já viu, estamos em todas, do nascimento à morte. Merecemos os parabéns.

- Marli Soares Borges - 

quarta-feira, julho 31, 2013

AINDA SOBRE A MARCHA DAS VADIAS


O texto a seguir foi publicado hoje no jornal santamariense "A RAZÃO". Procurei na internet e achei o endereço do blog com a publicação. Taí o link para você ler no original.

MARCHA DAS VADIAS

Sou apaixonado por esta juventude que sai às ruas para reivindicar saúde, transporte, segurança e RESPEITO.

Não tenho mais idade para ser ingênuo, mas já tenho idade suficiente para saber discernir o que é sincero e o que não é, por isto apoio a Marcha das Vadias.

Sei que o nome do movimento choca, mas a ideia é exatamente essa, no sentido de chamar a atenção da sociedade para um problema milenar e que, passam anos, décadas e séculos e que continua intocado: a violência física, psicológica e sexual contra a mulher.

Confesso que estranhei muito, no início, o nome do movimento, mas compreendi imediatamente a necessidade e a relevância dele, passando a, modestamente, apoiá-lo.

Segundo informações, determinada autoridade teria dito que as mulheres eram culpadas de estupros porque se vestiam como vadias. Se se vestem como vadias, deviam ser tratadas como vadias!

É certo que a nudez ainda nos choca, mas isto terá de mudar, mais dia, menos dia. Nem mesmo as mulheres que fazem do corpo uma forma de obtenção de lucros através da prostituição podem ser obrigadas a manter relações sexuais contra a sua vontade.

Nem mesmo os maridos podem obter relação sexual com suas esposas contra a vontade delas. A relação sexual deve ser sempre consentida, resultado de uma “negociação” baseada no respeito e na dignidade de ambas as partes.

O fato de uma mulher estar vestida de forma provocante ou mesmo nua não nos autoriza a forçar a relação sexual. O corpo é delas, e só elas podem dispor dele. A nós, homens, cabe sermos minimamente humanos, pois nem mesmo os animais irracionais forçam a relação sexual.

Como todo movimento social, é de difícil controle, de forma que eventualmente um ou outro participante pode ultrapassar certos limites ou mesmo usar do movimento para obter vantagens pessoais, políticas ou econômicas. Mas, sem dúvida, estas exceções não podem deslegitimar o movimento.

As mulheres conquistaram seu lugar na sociedade através de seu trabalho, suas qualidades intelectuais e seu interesse, e não podem ser transformadas em meros objetos da satisfação sexual do macho. O lugar hoje ocupado pela mulher não foi um favor, mas uma conquista natural.

Não cabe ao Estado decidir ou regular o uso do corpo da mulher, ou do homem, pois isto é uma questão de foro absolutamente íntimo.

Por isto, com todo o respeito àqueles que não concordam, eu digo: VIVAM AS VADIAS!

quarta-feira, maio 04, 2011

PRIORIDADE

Olá todo mundo!

Obrigada. Adorei os comments no post 'Os Injustiçados'. Li todos eles com atenção, e porque o pessoal pôs na mesa suas impressões, decidi colocar as minhas também .

A Lei, serve à vida. Se as leis são draconianas (injustas), como o foram no caso das mulheres, isso se reflete na vida, portanto, temos que cuidar de ter leis adequadas ao contexto histórico em que vivemos. E de que forma teremos essas leis? Pedindo, reinvindicando, lutando, articulando, queimando soutien em praça pública, se for preciso. E sabemos que foi, em relação ao direito das mulheres. Ou você pensa que no passado os homens fariam, numa boa, as leis a nosso favor? Quanto a isso, não me iludo. E acho que nem é por mal, afinal pra eles sempre foi tudo light. Porque iriam preocupar-se conosco(?), "o Direito não socorre aos que dormem". Observe o caso da escravidão negra no Brasil, se não houvesse as lutas, a necessidade econômica etc. e o banzo (gente, que organização, nunca vi nada igual!), teria sido abolida a escravidão? Não sei.

Mas hoje quero refletir com você sobre a nossa vidinha essa daqui, nosso contexto social da atualidade.

Veja. As leis que reconhecem os direitos da mulher estão aí, em plena vigência. Já vimos isso no outro post. E você há de convir que as novas gerações, ao nascer, já encontraram tudo pronto, graças ao contingente que se mobilizou no passado para que isso acontecesse. E o que estamos vendo agora? Mulheres queixando-se da aplicação da lei. Mas o que fazem em contrapartida? Trazem a público a comprovação do que dizem? Articulam-se para endireitar o que está errado? Desculpe, mas não é o que tenho visto.

Parece-me que hoje em dia elas têm outras preocupações, outras prioridades. É. Deve ser isso, afinal o mundo é outro. Novos tempos. Mas cadê os novos rumos? Noto que tanto elas como eles estão sem saber onde pisar. E não lhes tiro a razão, pois a nova estrutura social não tem paradigmas na história. Okay. Mas... será que procuram mesmo saber? Ou preferem lidar com a culpa, o constrangimento, o ti-ti-ti, a condenação velada de seus pares? Uau. Como não vi isso antes? Estão na terceira onda, mas não tiraram o pé da segunda, como diria Toffler! E isso é tão verdadeiro que ainda vejo muito por aí, aquelas discussões bizantinas (que sinceramente não aguento mais), onde homens e mulheres resolvidas, com o dedo em riste sentenciam: a mulher quis igualdade e se masculinizou. Agora que aguente o tirão.

Aí fico pensando: a mulher se masculinizou? Mas que é mesmo se masculinizar, objetivamente? É trabalhar fora, dividir tarefas? Exigir que respeitem o seu espaço? Ajudar no sustento, ou sustentar a família? Usar “roupas de homem” (no passado remoto a mulher não podia usar calças compridas), ler jornal enquanto o marido prepara o lanche? Brincar com as crianças? Ser dona de seu nariz? Falar palavrão? Tomar decisões importantes? Caminhar ao lado do homem?

E o homem? Será que ele se efeminou? Que é efeminar-se? É ficar em casa? Cuidar dos filhos, dividir tarefas, assumir a casa enquanto a mulher trabalha fora? Cuidar ele próprio das suas coisas? Decidir em conjunto com a mulher? Acompanhar o filho na escola? Encarar os problemas triviais do dia-a-dia?

Sei, não.

Só sei dizer que fico boba, quando ouço, (é..., ainda tem!) aqueles argumentos toscos, pra lá de pasteurizados: faz parte da natureza da mulher e blábláblá.... Ahã. No passado também diziam isso e a mulher não podia dirigir automóveis, trabalhar fora, etc. e os homens não podiam chorar e nem sequer segurar seus filhos nos braços. Que os homens falem essas tosquices, até entende-se, afinal, é a mulher que está na berlinda. Mas as mulheres? Putz, pra mim, isso é pura rivalidade. Uma tristeza. :(

No meu pensar, a mulher moderna errou ao assumir atribuições além de suas forças, e, se continuar assim, vai acabar entrando em colapso. Mas, nada que, com raciocínio e discernimento, não possa ser evitado, resolvido ou modificado. Cada caso é um caso. Sem essa de ficar numa pior, só pra não dizerem que se masculinizou, coisa mais antiga! Muito aturei essa lenga-lenga, no alvorecer da Lei 4.121!  (Easy madame, isso foi lá nos anos 60. Passou. Passou. Rsrsrs.)

Uma coisa é certa: as mulheres jamais serão iguais aos homens, graças a Deus; e os homens jamais serão iguais as mulheres, graças a Deus. São seres humanos de natureza biológica completamente diferenciada. Mas são seres humanos, e ao nascerem com vida, tiveram e têm sua personalidade jurídica reconhecida pelo Direito Civil brasileiro, à luz de um dos mais importantes princípios constitucionais: a igualdade de gênero. Portanto, embora diferentes biologicamente, já está comprovado por a+b que essa diferença não pode servir de motivo para que os direitos, o acesso aos direitos e a aplicação da justiça não sejam iguais para ambos os sexos. Quando isso for realmente entendido pela humanidade, os anjos cantarão e ouviremos daqui, os acordes do céu.

Mas por enquanto, muitas leis ainda terão que acontecer e muitas perguntas ainda terão que ser feitas e respondidas, há muito trabalho a fazer. E temos que continuar lutando para que os direitos conquistados não fiquem só na letra da lei. Não podemos esmorecer.

Gente, temos que dar vida à lei. Isso é prioridade! E diz respeito diretamente aos valores que damos à vida em si, às pessoas, às coisas, às atitudes e à convivência harmônica e saudável entre homens e mulheres.

Beijos a todos.

quarta-feira, abril 20, 2011

OS INJUSTIÇADOS

Olá todo mundo!


Dia desses, num aniversário na casa de um amigo, conversa vai, conversa vem, a ala masculina (adultos jovens) veio com um papo esquisito. Sei lá, devo andar meio sequelada, porque o que eles disseram não bate com o que percebo no contexto jurídico em que vivemos. Eles disseram que a lei, hoje em dia, os discrimina porque favorece as mulheres. Que eles estão muito injustiçados. Negativo, disse eu. E argumenteeeeei... Resolvi então fazer um break nas minhas atividades para conversarmos um pouco a respeito. Certamente eles irão ler esse post. Ótimo, agora que estão sóbrios. Rsrs. Acho que nas ocasiões de descontração e brincadeiras, muitas coisas sérias vêm à tona, (como aconteceu), em tom jocoso, é verdade, mas caso a gente aceite, esse papo subliminar segue por aí, atazanando o inconsciente coletivo. Duvida? Eu não.

Não é novidade pra ninguém que a Constituição Federal de 88 promoveu mudanças megaimportantes para superar o tratamento desigual fundado no sexo. Já no art. 5°, inciso I, afirma que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos da Constituição.

O que isto significa, na prática?

É simples. Quer dizer que a igualdade de direitos e obrigações de homens e mulheres está contida na norma geral da igualdade perante a lei e em todas as normas constitucionais que vedam a discriminação de sexo (arts. 3°, IV, e 7°, XXX), ou seja, em todos os níveis.

Repito, é very simples. Acontece que os homens, alguns deles, e, pasme(!) algumas mulheres desavisadas, subverteram o entendimento da norma e andam dizendo umas bobagens, avemaria. Imagine só, dizer que a própria CF88 é discriminatória a favor das mulheres, etc e tal. E citam alguns artigos que não tem nada a ver. O problema é que nem todo mundo sabe.

Gente, misericórdia! Isso não é bem assim. A CF88 traz algumas normas diferenciadas a respeito de homens e mulheres, nos arts. 7°, XVIII, XIX; art. 40, III, e o art. 202, I a III e seu § 1º. Mas são normas excepcionais.

Explico.

Nas referidas normas, a CF88 apenas reconheceu o que a própria natureza tem nos mostrado desde que o mundo é mundo. Observe: 1. licença-gestação para a mulher, com duração superior à da licença-paternidade (art. 7°, incisos XVIII e XIX); 2. incentivo ao trabalho da mulher, mediante normas protetoras (art. 7°, inciso XX); 3. prazo mais curto para a aposentadoria por tempo de serviço da mulher (art. 40, inciso III, letras a, b, c e d; art. 202, I, II, III e § 1°).

Meu Deus, essas três exceções têm brilho próprio. A primeira é de origem biológica. De fato, é a mulher quem dá à luz, o homem não precisa participar diretamente do parto e o parto é, por si só, uma atividade que provoca na mulher a necessidade de repouso. Além disso, o homem também não participa diretamente da amamentação, que decorre da necessidade biológica de o filho ser alimentado diretamente pela mãe.

Na segunda, a CF88 reconhece, (tardiamente, ao meu ver), que ainda existem, de fato, situações de desigualdade que privilegiam os homens, no tocante a condições de trabalho e principalmente de salário, ou seja, que o mercado de trabalho é marcadamente machista. E que as normas de proteção à maternidade, ao criarem direitos excepcionais de inatividade e de assistência ao recém-nascido, acabaram por tornar menos interessante a contratação de mulheres.

Ah, antes que eu esqueça, acho bom os injustiçados, rsrs, irem tirando seus cavalinhos da chuva: essa norma protetora que acabei de falar, não guarda relação com o fato da mulher ter amplamente reconhecida a igualdade de condições físicas, intelectuais e psicológicas de competir no mercado de trabalho com o homem. São naturezas jurídicas que não se comunicam.

Voltando. A terceira diz respeito ao tempo de serviço da mulher para a aposentadoria voluntária, onde a mulher tem cinco anos a menos de trabalho que os homens. Ora, isso não é novidade. Desde 1967 já estava no texto constitucional,-- embora restrito à aposentadoria estatutária. Também aqui não há o que discutir. As razões são de natureza eminentemente social e estão contidas na própria estrutura da sociedade (conjugal) brasileira. Nas classes menos favorecidas há, ainda hoje, tarefas domésticas que são executadas exclusivamente pela mulher, porque a sociedade 'acha' que assim deve ser. A mulher retorna à casa e encontra zilhões de tarefas para fazer. É outra jornada que se inicia. Dupla, tripla jornada. A mulher trabalha muito. É um trator.

Pronto, só isso. Onde está a discriminação masculina? Putz, ninguém merece.

Chega, não vou cansar tua beleza. Em resumo, nada de discriminação masculina. Os casos que pincelei aqui, são casos excepcionais e não contradizem em nada o princípio geral da Constituição, que é o da igualdade entre os sexos. E para os mais afoitos, cuidado, tais casos, em virtude de sua excepcionalidade, não podem (eu falei não podem) ser utilizados como motivo de criação de novas exceções, por via analógica. E sabem porquê? Porque deve ser aplicado o preceito básico da hermenêutica que diz o seguinte: a) as exceções devem ser interpretadas restritivamente; b) sempre que ocorram dúvidas quanto a novos casos excepcionais, aplica-se a regra geral.

Bom, amigos, coloquei aqui, de forma bastante singela, alguns argumentos para demonstrar que os homens não estão sendo discriminados na CF88, como pretendem alguns. Eu particularmente acredito que na sociedade atual, é certo, nós mulheres, conquistamos na letra da lei, algumas oportunidades de estar lado a lado com os homens, mas, na verdade, no campo dos fatos, nem os homens e nem as mulheres podem dizer que conquistaram seu lugar ao sol. Ambos amargam opressões sociais de gênero. Há ainda muito trabalho a fazer.

Mas o melhor de tudo é que agora temos oportunidade de estar em sintonia: mulheres e homens, homens e mulheres.

Beijos a todos.

segunda-feira, novembro 29, 2010

UM POUCO DA VIDA

Sorry, ando out line, atrapalhada, sem tempo, muito trabalho. Dei um ligeirão e fiz um post light. Impossível deixar você sem um babadinho! Rsrs.

Ao post.

Não lembro se li ou se ouvi dizer que, numa certa idade, nós mulheres nos fazemos invisíveis, inexistentes, pois vivemos num universo que cultua a juventude eterna. Eu, como sempre, transportei isso tudo pra minha vida, pois, afinal é o que conheço melhor. Enfim, andei pensando...

É bem possível que eu tenha me tornado invisível para o mundo, que minha atuação no teatro da vida tenha diminuído. Mas por outro lado, nunca me senti tão protagonista e nunca desfrutei cada momento da minha existência como agora. Nunca tive tanta consciência de que existo, como agora. Descobri que sou sensível e forte ao mesmo tempo, descobri em mim misérias e grandezas.

Estou de alma lavada, percebi que sou um ser humano, apenas. Quer saber? Posso me dar ao luxo da imperfeição!! Posso ter fraquezas, enganar-me e até mesmo não corresponder ao que os outros esperam de mim. E daí? Decididamente não sou uma princesa de contos de fada! Mas sabe qual foi a maior descoberta? É que posso ter um montão de defeitos e assim mesmo gostar de mim. \o/

Ao espelho. Ops! Rsrs.

O espelho reflete minha imagem agora. Sorrio. Já não me procuro mais na juventude, no passado. Vou apenas caminhando. Saúdo à jovem que fui, mas deixo-a de lado, ela agora me atrapalha. Seus sonhos e fantasias já não me interessam. É tão bom curtir a vida sem ter que correr atrás de tantos sonhos!! Viajo em muitas sensações. Uma delas é a alegria. Alegro-me do caminho que percorri, assumo meus conflitos e contradições. Hoje é o meu dia, me permito acreditar. Amanhã? Bom, rsrs, amanhã só saberei amanhã. Rsrs. Acho mais divertido viver assim.

Beijos e bom início de semana.
Imagem: aqui

segunda-feira, agosto 16, 2010

SAKINEH, UMA MULHER COMO NÓS

Olá!

Juro que eu não queria iniciar a semana falando sobre esse assunto. Aliás não queria ter que falar sobre isso, queria que as pessoas estivessem noutro patamar de evolução e que as atrocidades já estivessem apagadas da memória do mundo, retiradas dos dicionários. Queria, eu queria. Mas com tristeza vejo que não é assim. Então eu preciso falar, não posso evitar, está para além das minhas forças.



Semana passada estava eu rascunhando um texto sobre Sakineh, quando, quarta-feira, por acaso, pego o Jornal Zero Hora e dou de cara com uma crônica certeira, com a relevância que o assunto requer. Fui lendo e, ... meu Deus, é assim que penso, é isso que eu quero dizer! Exatamente isso, sem tirar nem pôr. E você vai ver, a escritora diz o que tem que ser dito, com maestria, pois ela é uma deusa com as palavras. Então é óbvio que desisti de escrever o tal texto. Deixo você em melhor companhia, com a fantástica Martha Medeiros. Gaúcha, tchê, e das buenas. Veja o que ela diz.

SAKINEH, UMA MULHER COMO NÓS
Adoçantes não calóricos. Massagem com compressas de ervas quentes. Máquinas high-tech para eliminar a celulite. Modelador térmico para criar cachos naturais. Esmalte de tratamento para unhas frágeis. Clareador de manchas com ácido bio-hialurônico. Hidratante bloqueador de radicais livres. E sigo folheando uma adorável revista feminina, que nos conduz a um mundo onde tudo é lindo, glamuroso e caro, mas sonhar não custa nada, e viro mais uma página, e outra, enquanto penso: uma moça chamada Sakineh Mohammadiz Ashtiani pode morrer apedrejada a qualquer momento por um suposto adultério cometido anos atrás.
Mulheres se candidatam à presidência, dirigem empresas, pedem o divórcio, viajam sozinhas, investem na sua vaidade, mas nenhuma dessas conquistas pode nos orgulhar enquanto ainda houver o costume de enterrar uma criatura no chão com apenas a cabeça de fora para que leve pedradas de diversos homens - e não podem ser pedras GG, tem que ser as de tamanho M, apois exige-se que o suplício seja longo. Que tom de gloss será conveniente para assistir ao badalado evento?
Sei que há diversas outras modalidades de desrespeito aos direitos humanos, inclusive no Brasil, mas neste momento estou vestindo a camiseta da Sakineh. Quero falar sobre o ato primitivo de se apedrejar uma mulher na cabeça até a morte. Não discuto o motivo torpe da condenação, pois nem que ela tivesse matado alguém, em vez de simplesmente ter feito sexo com alguém, seria justificativa. Não há justificativa para a brutalidade. É a lei do Irã, é a religião do Irã, é a tradição do Irã, e daí? Quando meu estômago embrulha, é sinal de que algo bem perto de mim está acontecendo. Distância só existe quando a gente racionaliza, o sentir unifica. O Irã faz parte do mundo em que eu vivo. O meu tempo e o da Sakineh são o mesmo. Somos contemporâneas. Ela não é um personagem, existe. Tem filhos. E se a mobilização internacional não surtir efeito, em breve será enterrada até a altura do busto, com os braços presos para não poder proteger o rosto.
O que dói, mais do que tudo, é reconhecer que avançamos tanto e ainda não conseguimos atingir um grau de humanidade que seja comum a todos, homens e mulheres de qualquer lugar e de qualquer crença. O que podemos fazer por Sakineh? Rezar para que ela seja enforcada, que é o plano B. Ufa, seria um alívio.
Há uma petição circulando pela internet. Acredito tanto na eficiência desses abaixo-assinados como acredito em creme antirugas, mas volto a dizer: sonhar não custa nada. www.liberdadeparasakineh.com.br
Eu já assinei. Agora vou passar meu incrível tônico de renovação celular “future solution”, pois, como qualquer mulher, adoro cuidar da minha pele.
Martha Medeiros
Fonte: Jornal Zero Hora dia 11 de agosto de 2010.
Imagem aqui
Beijos e bom início de semana.

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U P    D A T E :

Gente, reproduzo aqui, parte das palavras de minha amiga Fernanda, do Blog "Na Casa do Rau", em seu comentário aqui no post.  Vejam só...
"Eu vi na TV e deixo aqui parte do que poderá ler no link abaixo. "Ela foi agredida violentamente e torturada até aceitar aparecer diante das câmeras", afirmou Hutan Kian, em uma entrevista publicada pelo diário The Guardian. Kian assumiu a defesa de Sakineh depois que o primeiro advogado dela fugiu do país. Informado das circunstâncias que cercaram a entrevista ao tentar obter notícias sobre como estava sua cliente, ele disse ainda temer que o governo iraniano execute Sakineh, que já teve a pena transformada em morte por enforcamento no mês passado. Na semana passada, um alto funcionário judicial iraniano, Mossadegh Kahnemui, afirmou que Sakineh "além de duplo adultério, também foi considerada culpada de complô para matar o marido". http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/advogado-afirma-que-sakineh-foi-torturada-antes-de-confessar-crime-na-tv

terça-feira, dezembro 08, 2009

MULHERES OTIMISTAS VIVEM MAIS


Mulheres otimistas correm menos riscos de ter doenças cardíacas e vivem mais - de acordo com um estudo feito nos Estados Unidos.

Uma pesquisa anterior, feita por especialistas holandeses, já havia concluído que o otimismo reduz o risco de problemas cardíacos em homens. Quase cem mil mulheres participaram do novo estudo, publicado na revista científica Circulation. A investigação concluiu que as pessimistas tendem a apresentar pressão mais alta e índices mais altos de colesterol.  Mesmo quando esses fatores foram levados em consideração - ou seja, comparando-se grupos de mulheres com pressão alta e altos índices de colesterol - a diferença de atitude alterou significativamente os riscos entre otimistas e não otimistas. Mulheres otimistas tiveram 9% menos chances de desenvolver problemas cardíacos e 14% menos chances de morrer por qualquer causa após oito anos de acompanhamento.

Em comparação, mulheres cínicas, que cultivam sentimentos hostis ou não confiam nos outros, apresentaram 16% mais probabilidade de morrer dentro do mesmo período. Uma possível explicação, segundo os pesquisadores, é que as otimistas talvez sejam mais capazes de enfrentar adversidades e talvez sejam mais capazes de cuidar de si próprias quando ficam doentes.

Mais exercícios

O estudo concluiu que mulheres otimistas fazem mais exercícios e são mais magras do que as pessimistas. "As evidências indicam que negatividade constante e em alto grau é ruim para a saúde", disse a pesquisadora Hilary Tindle, da University of Pittsburgh. Para uma porta-voz da entidade beneficente britânica para doenças cardíacas British Heart Foundation, o aumento do risco de doenças cardíacas pela liberação de certas substâncias no organismo por conta de "emoções hostis" é conhecido, mas o mecanismo como isso funciona ainda é um mistério.
"Atitudes otimistas ou hostis podem estar associadas a comportamentos que têm implicações para a saúde, como fumar ou seguir dietas ruins, o que pode também influenciar a saúde do coração", disse a porta-voz. "Uma boa coisa para todas as mulheres é que, independentemente da sua natureza, fazer escolhas saudáveis como não fumar e comer bem terá muito mais impacto sobre a saúde do seu coração do que a sua atitude."
"São necessárias mais pesquisas para explorar como e por que essas características psicológicas podem afetar a saúde", acrescentou a porta-voz.

FONTE: BBC