Mostrando postagens com marcador literatura. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador literatura. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, fevereiro 11, 2022

Fractais da Natureza




Conjecturas
Fractais da natureza



Marli Soares Borges 

Nesses tempos aziagos em que as aparências pretendem dar sentido à vida, poetizar as pequenas coisas pode ser o remédio que alivia a dor da caminhada. A conclusão que chego é que só a poesia nos salvará. Pois bem, então vou pegar minha tábua de salvação e tentar...


CONJECTURAS


Não sou.
Estou em estado
universal,
planetário,
fractal
e
orgânico.
Viajo em conexões transitórias
na engrenagem cósmica
da vida. 


* * * * * * * * * *

terça-feira, fevereiro 01, 2022

PREGUIÇA PRA QUE TE QUERO


Preguiça pra que te quero
Juvenal Antunes - O poeta de bronze do Acre

Preguiça pra que te quero
Homenagem ao poeta Juvenal Antunes


Marli Soares Borges -


Literalmente, hoje estou com preguiça nível hard. Slow, zero por hora. Estou com a mãe das preguiças! Mas não pensem que estou triste. Que nada, afinal, a "preguiça amamenta muita virtude", não é mesmo? rsrssssss. A propósito, você conhece o autor da frase? Tá vendo esse respeitável senhor aí, todo engravatado? pois é ele: Juvenal Antunes, o poeta de bronze do Acre. Ele foi homenageado com uma estátua de bronze.

Na foto ele aparece todo paramentado de terno e gravata. Mas isso é só pra enganar a torcida, afinal de contas, ele era um Promotor de Justiça e precisava ser e parecer. Pura verdade. 

Nascido no Ceará, ele foi para o Acre ser Promotor, mas o negócio dele era mesmo a boemia. Nos apontamentos que encontrei a seu respeito, consta que ele vivia metido num robe, feliz da vida, na porta do hotel Madrid, onde morava, em Rio Branco. Que era um boêmio inveterado, sempre bebendo cerveja, fazendo versos e proclamando seu amor à Laura, uma mulher casada. E dizem as más línguas, que ele não abandonava o hotel nem pra receber o ordenado. O ordenado é que vinha até ele por exercícios findos! Já pensou?!

Aqui está, pra vocês se deliciarem, o poema que deu a ele a fama definitiva.


ELOGIO DA PREGUIÇA


Bendita sejas tu, Preguiça amada,
Que não consentes que eu me ocupe em nada!

Mas queiras tu, Preguiça, ou tu não queiras,
Hei de dizer, em versos, quatro asneiras.

Não permuto por toda a humana ciência
Esta minha honestíssima indolência.

Lá esta, na Bíblia, esta doutrina sã:
-Não te importes com o dia de amanhã.

Para mim, já é grande sacrifício
Ter de engolir o bolo alimentício.

Ó sábios , daí à luz um novo invento:
A nutrição ser feita pelo vento!

Todo trabalho humano, em que se encerra?
Em na paz, preparar a luta, a guerra!

Dos tratados, e leis, e ordenações,
Zomba a jurisprudência dos canhões!

Juristas, que queimais vossas pestanas,
Tudo que legislais dá em pantanas.

Plantas a terra, lavrador? Trabalhas
Para atiçar o fogo das batalhas...

Cresce o teu filho? É belo? É forte? É loiro?
- Mas uma rês votada ao matadouro! ...

Pois, se assim é, se os homens são chacais,
Se preferem a guerra à doce paz,

Que arda, depressa , a colossal fogueira
E morra assada, a humanidade inteira!

Não seria melhor que toda gente,
Em vez de trabalhar, fosse indolente?

Não seria melhor viver à sorte,
Se o fim de tudo é sempre o nada, a morte?

Queres riquezas, glórias e poder? ...
Para que, se amanhã tens de morrer?

Qual mais feliz? O mísero sendeiro,
Sob o chicote e as pragas do cocheiro,

Ou seus antepassados que, selvagens,
Viviam, livremente, nas pastagens?

Do Trabalho por serem tão amigas,
Não sei se são felizes as formigas!

Talvez o sejam mais, vivendo em larvas,
As preguiçosas, pálidas cigarras!

Ó Laura, tu te queixas que eu, farcista,
Ontem faltei, à hora da entrevista,

E, que ingrato, volúvel e traidor,
Troquei o teu amor - por outro amor...

Ou que, receando a fúria marital,
Não quis pular o muro do quintal.

Que me não faças mais essa injustiça! ...
Se ontem não fui te ver - foi por preguiça.

Mas, Juvenal, estás a trabalhar!
Larga a caneta e vai dormir... sonhar ...



* Juvenal Antunes nasceu no Ceará-Mirim em 1883 e morreu em 1941, em Manaus. Foi personagem da Mini-série Global "Amazônia", de Gloria Peres.

* * * * * * * * * *

sábado, janeiro 08, 2022

CRONÓPIOS E FAMAS


Será que vou pegar a mania de classificar todas as pessoas que conheço?
Histórias de Cronópios e Famas

Marli Soares Borges


Eu tinha cinquenta e poucos anos quando li esse livro pela primeira vez, (alguns anos depois, li de novo) e comecei a tentar descobrir se sou mais Cronópio ou mais Fama. Ainda lembro de alguém, um dia, ter me falado pra eu relaxar um pouco, ser um pouco mais cronópio, rs. O fato é que passei um bom tempo da minha vida me questionando se as decisões e atitudes que eu tomava eram coisa dos cronópios destrambelhados ou dos famas organizados e chatos, sem imaginação.  

E por que estou falando nisso agora? Porque ando com vontade de ler novamente Júlio Cortázar e sempre que penso nele, eu penso nesse livro, e se alguém me perguntasse que livro eu gostaria de ter escrito, responderia sem pestanejar: "Histórias de cronópios e de famas". Que livro sensacional, leitura leve e divertida, recheada de reflexão e (muito) humor nonsense.  

Faz um tempão que li e não lembro mais dos detalhes, (e também não quero pesquisar na internet; quero mais é exercitar minha memória antiguinha, rs). Lembro que eram histórias curtas e que uma delas dava título ao livro. 

A impressão que ficou em mim é que esse livro é muito doido. Na época, ele simplesmente virou meu mundo de cabeça para baixo. Imagina alguém te ensinar coisas banais como subir e descer escadas e até mesmo como chorar. Pois é, isso você encontra no livro. É nítido o desafio às nossas noções de normalidade. Sem falar no amontoado de situações engraçadas onde o absurdo nos ajuda a perceber que a normalidade não passa de uma construção social. Quer ver? pense na conduta que usualmente temos nos velórios. Não precisa falar, todos sabemos como é. Agora imagine uma família cuja principal ocupação consiste em invadir velórios de desconhecidos e conquistar todos os papéis de destaque reservados para os familiares e íntimos do falecido. Tudo muuuito normal, rs. 

E por aí vai.

E tem mais, muito mais; tem uma coleção de absurdos narrados com tanta naturalidade, que parecem coisas absolutamente reais e normais. Cortázar faz uma crítica escancarada e dura ao mundo em que vivemos, à burocracia, ao absurdo de nossas vidas diárias... tem até uma historieta (não sei o nome) onde ele narra um apocalipse causado por escritores que não param de escrever(!) e soterram o mundo com papel! Pode? Lol. (anos, noventa, gastava-se muuuuito papel...).  

E finalmente o conto que dá título e fecha o livro com honra e circunstância: "Histórias de cronópios e famas".  

Cronópios e Famas, junto com as Esperanças formam os três tipos de seres sociais. Em última análise, somos todos nós. Cronópios são os loucos, os sonhadores, sinceros, alegres, desatentos e inocentes que se divertem na simplicidade. Os Famas são burocráticos, racionais, calmos, organizados e metódicos, centralizadores da ordem. E as Esperanças apenas esperam, esperam e esperam o mundo girar trazendo respostas, que nem sempre virão. No geral, são apáticas e inertes, apenas deixam-se levar pelas ocasiões e pelas pessoas. 

Na época, achei - e continuo achando -, que "Histórias de cronópios e de famas" era um livro surrealista, mas que não poderia ser classificado como realismo mágico, pois o realismo mágico estava - e está -  muito bem representado por Garcia Márquez, em que pese a escrita de Cortázar mostrar-se bem mais agressiva na transgressão da realidade. Mas isso não vem ao caso, é apenas minha opinião pessoal e eu não sou especialista no assunto. 

Resumo da ópera: (o que penso agora, sobre o que li outrora, rs) as pequenas narrativas que compõem o livro, são ao mesmo tempo engraçadas e tocantes. Lembro que minha percepção da realidade ia se alterando à medida que eu avançava na leitura, ou seja, eu pensava uma coisa e era outra. Tudo muito bizarro, rs. Enfim, como eu já disse, adorei o livro, tanto que estou afim de ler novamente; mas, pensando bem... e não é que comecei a encasquetar com uma bobagem? será que vou gostar do livro agora? Será que vale a pena ler de novo? tanto tempo passou, tanta coisa mudou, eu própria mudei tanto. Será que nesse amanhecer de 2022, aos 72 anos, vou ler o livro e pegar de novo a mania de classificar todas as pessoas que conheço? Sei lá, é ler de novo para ver.


* * * * * * * * * *

domingo, julho 18, 2021

DIA DO TROVADOR

 


18 de julho - Dia do Trovador


-

Trovador hoje é teu dia
E quero te homenagear
E dizer dessa alegria
Que me traz o teu cantar.
-

Parabéns por essa trova
Que escreves com primor
E que sempre se renova
Cada vez com mais valor!
-

Marli Soares Borges

terça-feira, junho 29, 2021

ALICE'S ADVENTURES IN WONDERLAND (RPS)

 


Quando a gente quer chegar em algum lugar é sempre bom ter um caminho em mente. 

Ora, quem não sabe? Pois é. Mas tem muita gente que segue andando às cegas por aí. E isso não é de agora. Quer ver? Leia esse diálogo -- superbatido, eu sei -- publicado em 1865. Ah sim, o livro é Alice's Adventures in Wonderland, frequentemente abreviado para Alice in Wonderland (Alice no País das Maravilhas), a obra mais conhecida de Charles Lutwidge Dodgson, sob o pseudônimo de Lewis Carroll. 
-- Você poderia me dizer, por gentileza, como é que eu faço para sair daqui?
-- Isso depende muito de para onde você pretende ir - disse o Gato.
-- Para mim tanto faz, para onde quer que seja... 
-- Então, pouco importa o caminho que você tome - disse o Gato.
Lembro seguidamente esse livro. Aliás, acho que esse é um livro que deve ser lido em todas as idades. Na infância a gente tem uma ideia completamente diferente da que vai ter, mais tarde, na adolescência. E na fase adulta os horizontes se ampliam. E é precisamente aqui que o mundo de Alice se descortina e ela passa a fazer a sua própria leitura da vida e do mundo. E a gente junto. 

E o que dizer das suas descobertas? é um mundo. O mundo de Alice! 

Estou escrevendo e pensando em como nosso entendimento se modifica nas diferentes etapas da vida. Pelo menos, comigo tem sido assim. O passar do tempo tem lá seus segredos. E o livro também: a cada leitura uma nova descoberta! 

Marli Soares Borges

segunda-feira, setembro 12, 2016

SEM PERDÃO





"SEM PERDÃO". Autor: Frederick Forsyth. 1982. Tradução de Pinheiro de Lemos.

Dez contos, cada um melhor que o outro. Livro antigo, o que tenho é de 1982, você encontra no sebo e talvez até em pdf, na internet. É bem baratinho. Literatura boa! Imperdível! Começo a ler e não consigo largar, a respiração fica sempre em suspenso. Forsyth tem uma capacidade única de escrever: muitas reviravoltas, milhões de surpresas... e nós dentro da história, vivendo naquele mundo espantosamente real. Nem precisamos ter imagens claras sobre os lugares descritos, ele não perde tempo com pontos desnecessários, só se ocupa com os principais momentos da trama. (Estou relendo mais uma vez. Já reli outras tantas, por puro prazer).

Tem dois contos que adoro! "Sem Perdão" e "Não Há Cobras na Irlanda". Fico pensando no caráter das pessoas, na bondade e na maldade. E na estupidez.

Resuminho básico de "Não há cobras na Irlanda", só uma palhinha: a fim de estudar Medicina para servir o seu povo, Harkishan Ram Lal saiu do Panjab, na Índia. Mas cadê dinheiro para concluir o último ano da faculdade? Acabou aceitando um emprego clandestino num trabalho de demolição - um subemprego, com um chefe ignorante, truculento e grosso. A partir daí, as cobras... bom, você vai ter que ler.

Já li, há bastante tempo, outros livros dele: O Dia do Chacal, O Dossiê Odessa, O Punho de Deus, O Quarto Protocolo e Cães de Guerra. Todos ótimos, mas "Sem Perdão" é medalha de ouro.

Marli Soares Borges

quarta-feira, junho 29, 2016

ISAAC ASIMOV



científica


Relendo Isaac Asimov. Fazia tempo que não lia nada dele e (re)apaixonei-me.

Quando fui apresentada a Isaac Asimov eu era adolescente (anos 60). Lembro que me apaixonei na mesma hora. PhD em Bioquímica e divulgador da ciência, seus romances não eram considerados alta literatura, ele mesmo se intitulava um "escritor de idéias", mas para mim, o conhecimento aliado à paixão pela escrita fez com que seus textos - cientificamente embasados - continuem ainda hoje, a brilhar com tanta intensidade aos olhos de quem os lê. Nas entrevistas ele sempre dizia que o que mais gostava na vida era escrever! Conta-se que certa vez, ao ser questionado sobre o que faria se um médico o diagnosticasse com pouco tempo de vida, ele respondeu "Datilografaria mais rápido!" (E escreveu mesmo, mais de 500 títulos, em vida, é mole? rs) Lembrei agora da trilogia da "Fundação". Era minha série favorita. Adorei também o "Eu, Robô" e as três leis da robótica.

Hoje em dia, a par dos avanços nas áreas da biônica, cibernética e inteligência artificial, seus livros viraram realidade e no andar dos acontecimentos, acho que as "Leis da Robótica" em breve terão status de lei. Como no passado, Asimov, continua a renovar em mim a esperança no poder da ciência e do desenvolvimento humano.

"A ciência em si, em sentido abstrato, é um instrumento autocorretivo e direcionado para a verdade. Pode haver enganos e concepções equivocadas, em razão de dados incompletos ou errôneos; no entanto, o movimento vai sempre do menos verdadeiro para o mais verdadeiro. (...) Os cientistas, todavia, não são a ciência. Por mais gloriosa, nobre e sobrenaturalmente incorruptível que ela seja, infelizmente os cientistas são humanos."

Marli Soares Borges

quinta-feira, setembro 04, 2014

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS

a revolução dos bichos


Muitos pseudo-esquerdistas deveriam ler "A Revolução dos Bichos" de George Orwell e "1984" do mesmo autor, para entender a psicopatia dessa gente que está no poder. Deveriam ler para instruir-se e não fazer as burradas que fazem, elegendo gente corrupta para dirigir o Brasil. 

Li "A Revolução dos Bichos" aos 23 anos e nunca mais esqueci. Li novamente para escrever esse post, e continuo achando que George Orwell colocou aqui a melhor explicação para o embuste que é o socialismo, seja em que vertente atual estiver prostituído e maquiado. Mesmo após sessenta anos da publicação, o brilho dessa obra continua intacto. 

Para quem não leu o livro aí vai um resuminho básico: o enredo gira em torno dos animais de uma granja que insatisfeitos com tanta exploração -- seguindo a liderança dos porcos -- armam uma revolução e acabam tomando a granja. Liberdade! Finalmente eles estão livres do Homem e agora finalmente poderão plantar e colher em beneficio próprio, num sistema igualitário. Mas nem tudo que reluz é ouro e a revolução acaba se revelando uma tirania. Os líderes desse regime totalitário são os porcos que, cheios de privilégios, vão progressivamente instituindo um regime de opressão. A maior parte da história se passa durante o governo exercido por Bola de Neve e Napoleão, os dois porcos que comandaram a revolução e assumiram a direção da granja. Junto com eles, há um terceiro porco dotado de extraordinária força de persuasão, o Garganta, encarregado da propaganda. Nossa, é pura corrupção! Os revolucionários que reagiram contra o poder acabaram se tornando exatamente iguais àqueles contra quem lutaram. Seus "companheiros" tornaram-se seus escravos. Uma escravidão nova e bem mais impiedosa, porque agora estão nas mãos de seus semelhantes. Na proposta inicial, todos os animais seriam proclamados iguais, mas na real, "alguns são mais iguais que os outros". E não há novidade nisso, pois a história nos mostra que em todos os lugares do mundo onde foi implantado o socialismo real, um partido - e via de regra o líder desse partido - tomou o lugar da classe social que deveria comandar o processo revolucionário, substituindo a "ditadura do povo" pela "ditadura do partido". 

Não há como fugir à comparação com o atual governo petista. 

Atualmente tanta coisa tem acontecido à revelia de qualquer lógica, que acabo sempre lembrando do livro de Orwell. São perfeitas suas metáforas com os animais delineando o retrato cruel da humanidade, mas o autor cuidou de deixar claro, - até para não ofender os animais - que a inteligência política que humaniza os bichos é a mesma que animaliza os homens. Pensando bem, há mais de dez anos estamos posando para esse retrato cruel. 

a revolução dos bichos


Mas com a chegada das eleições podemos chutar o balde e fazer esse governo largar o osso. É a nossa chance. Depois não adianta espernear e querer um buraco para enfiar a cara. 

. . .

Gente, são pouquíssimas páginas, um livro bem fininho, você lê num tapa. E pode baixar de graça na internet. É uma ótima oportunidade para refletir um pouco sobre utopia e realidade. E questionar essa retórica da "construção de uma sociedade mais justa e igualitária", em nome da qual "os fins justificam os meios". E depois, aproveite para ler também "1984" do mesmo autor, e você vai se surpreender com tanta coisa "nova", conhecida e tão "moderna" que estão nos metendo goela abaixo..., e de quebra ainda vai descobrir a origem do BBB! hahaha. 

Marli Soares Borges
"A esperança tem que ter a audácia do desespero" (Millôr Fernandes)

sábado, maio 17, 2014

HISTÓRIA EM QUADRINHOS



VOCÊ SABE QUE DIA É HOJE?
ANIVERSÁRIO DE NASCIMENTO DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS.


17 de maio

Em1890, nesta mesma data, 17 de maio, foi publicada em Londres pela primeira vez uma revista semanal com histórias desenhadas.

"Algumas fontes consideram o 17 de maio de 1890 como o dia de nascimento da história em quadrinhos. Foi nessa data que Alfred Harmsworth, mais tarde Lord Northcliffe, um magnata da imprensa de então, lançou em Londres a Comic Cuts, primeira revista com histórias desenhadas."

Em tempo: (pra variar, rsrsrs) - Aqui está a reportagem inteira, "1890: Primeira revista em quadrinhos" [bateu uma preguiça de escrever e achei tão completa a reportagem que resolvi trazer para cá, inclusive a imagem] mas se você digitar no google "The yellow kid" você vai se maravilhar com tanta imagem legal e textos sobre o assunto.

Enjoy
Marli

segunda-feira, março 24, 2014

O PEQUENO PRÍNCIPE

antoine de sait exupéry

Le Petit Prince, conhecido no Brasil como "O Pequeno Príncipe", é um romance que foi escrito e ilustrado por Antoine de Saint-Exupéry, e publicado um ano antes de sua morte, em 1944. É citado como o livro francês mais vendido do mundo, traduzido em pelo menos 160 idiomas. É mole?

Vou dizer uma coisa pra você. Faz muito tempo que li e venho lendo esse livro. Não o dispenso, pois ele é para mim a representação poética da criança que existe dentro de cada um de nós. É um livro-infantil-para-adultos. A cada leitura que faço encontro um novo significado. É impressionante, mas no decorrer da história a gente vai percebendo nossas mazelas, a inversão dos valores, os equívocos que cometemos ao avaliar as coisas e as pessoas que nos rodeiam e como esses julgamentos nos remetem, insidiosamente,  à solidão física e psíquica.

Acontece que ao assumir a postura definitiva de adultos, enfiamos a cabeça em nossas preocupações e acabamos sepultando para sempre a criança que fomos. Para Exupéry os adultos eram incapazes de entender o sentido da vida, pois haviam abandonado a criança que um dia foram. Ele achava difícil para os adultos (esses seres estranhos) compreenderem toda a sabedoria de uma criança.

Aff. Será mesmo que nos tornamos 'gente grande' e esquecemos que um dia fomos crianças?

A história é muito legal e acontece bem no meio do deserto, após o avião do autor sofrer uma pane (ah, esqueci: na Segunda Grande Guerra ele era piloto). Começa com o principezinho acordando o autor, com essas palavras: "Desenha-me um carneiro"? A partir daí, temos o relato das fantasias de uma criança, que com pureza e ingenuidade, questiona as coisas mais simples(?) da vida. O livro é recheado de personagens inusitados e plenos de simbolismos. Adoro a passagem onde a raposa ensina ao principezinho o segredo do amor: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”. 

Vamos matar a saudade e ler um trechinho?
"Levei muito tempo para compreender de onde viera. 
O principezinho, que me fazia milhares de perguntas, não parecia sequer escutar as minhas. Palavras pronunciadas ao acaso é que foram, pouco a pouco, revelando tudo. Assim, quando viu pela primeira vez meu avião (não vou desenhá-lo aqui, é muito complicado para mim), perguntou-me bruscamente:
- Que coisa é aquela ?
- Não é uma coisa. Aquilo voa. É um avião. O meu avião.
 Eu estava orgulhoso de lhe comunicar que eu voava. Então ele exclamou :
- Como ? Tu caíste do céu ?
- Sim, disse eu modestamente.
- Ah! Como é engraçado...
E o principezinho deu uma bela risada, que me irritou profundamente. Gosto que levem a sério as minhas desgraças. Em seguida acrescentou:
- Então, tu também vens do céu ! De que planeta és tu ?
Vislumbrei um clarão no mistério da sua presença, e interroguei bruscamente:
- Tu vens então de outro planeta ?
Mas ele não me respondeu. Balançava lentamente a cabeça considerando o avião :
- É verdade que, nisto aí, não podes ter vindo de longe...
Mergulhou então num pensamento que durou muito tempo. Depois, tirando do bolso o meu carneiro, ficou contemplando o seu tesouro.
Poderão imaginar que eu ficaria intrigado com aquela semiconfidência sobre « os outros planetas ». Esforcei-me, então, por saber mais um pouco :
- De onde vens, meu bem ? Onde é tua casa ? Para onde queres levar meu carneiro ?
Ficou meditando em silêncio, e respondeu depois :
- O bom é que a caixa que me deste poderá, de noite, servir de casa.
- Sem dúvida. E se tu fores bonzinho, darei também uma corda para amarrá-lo durante o dia. E uma estaca.
A proposta pareceu chocá-lo :
- Amarrar ? Que idéia esquisita !
- Mas se tu não o amarras, ele vai-se embora e se perde...
E meu amigo deu uma nova risada :
- Mas onde queres que ele vá ?
- Não sei... Por aí... Andando sempre para frente.
Então o príncipezinho observou muito sério :
- Não faz mal; é tão pequeno onde moro !
E depois, talvez com um pouco de melancolia, acrescentou ainda :
- Quando a gente anda sempre para frente, não pode mesmo ir longe..."

* Os grifos são meus.
* Post publicado originalmente em 28.03.2011

- Marli Soares Borges -

segunda-feira, dezembro 16, 2013

TELECO O COELHINHO - MURILO RUBIÃO

Eu adoro realismo mágico (fantástico). Então lembrei do Murilo Rubião*, um contista mineiro que li há tempos atrás. Ele é ótimo. Sua escrita tem um brilho que me encanta, mormente sua visão crítica da sociedade. E o rigor da linguagem? Absolutamente perfeito. Fico triste quando alguém que gosta de ler, diz que não conhece sua obra. Não sabe o que está perdendo. Gosto demais do conto “Teleco, o Coelhinho” que li no livro “Os Dragões e Outros Contos”, putz, faz tanto tempo que nem lembro se foi nesse livro mesmo, rsrsrs.
"- Moço, me dá um cigarro?
A voz era sumida, quase um sussurro. Permaneci na mesma posição em que me encontrava, frente ao mar, absorvido com ridículas lembranças.
O importuno pedinte insistia:
- Moço, oh! moço! Moço, me dá um cigarro?
Ainda com os olhos fixos na praia, resmunguei:
- Vá embora, moleque, senão chamo a polícia.
- Está bem, moço.Não se zangue. E, por favor, saia da minha frente, que eu também gosto de ver o mar.
Exasperou-me a insolência de quem assim me tratava e virei-me, disposto a escorraçá-lo com um pontapé. Fui desarmado, entretanto. Diante de mim estava um coelhinho cinzento, a me interpelar delicadamente:
- Você não dá é porque não tem, não é, moço?"
Sim, o personagem principal é um coelho. Mas não é bem um coelho. Na verdade Teleco é uma metamorfose ambulante. Ele vive se transformando em outros animais. A gente se refere a ele como coelhinho porque é assim que ele se apresenta pela primeira vez, mas poderia ser uma pulga, um leão, um cavalo, uma ave extinta ou até... Resumindo, ele mesmo confessa que a versatilidade é o seu fraco. Mas tudo bem, por enquanto o coelhinho só quer agradar os outros. Mas a coisa esquenta quando ele se transforma em canguru, arranja uma namorada e afirma que é homem e que se chama Barbosa. Santo Cristo, agora complicou...

É impressionante como Rubião consegue mostrar tudo o que lhe passa pela cabeça, somente utilizando metáforas. E metáforas perfeitas, diga-se de passagem. Veja só nesse conto, (você já viu, óbvio) a animalização da humanidade, o homem deixando de ser um “humano” para ser um “desumano” é uma coisa muito louca! Só um gênio desse quilate conseguiria fazer essa transposição, essa mágica literária. Acho, (pura achologia mesmo), que o tom lúdico desse conto serve para mascarar nossas questões existenciais e que Rubião quis sintetizar, e sintetizou, a meu ver, o início da criação humana à luz da Bíblia, desde o nascimento inocente até a corrupção. Para mim, todas as metamorfoses do coelhinho revelam uma inútil tentativa de adaptação a um mundo onde não há mais valores referenciais.

Mas tem uma coisa que sempre achei paradoxal: é que embora os textos bíblicos marquem presença em sua obra, há também um ceticismo a respeito da salvação. Lembro que ao ler seus livros, no final, eu sempre ficava com essa sensação. Sei lá. Tempos depois, a notícia: ele virou ateu. Biiiiiingo!

* Murilo Eugênio Rubião foi jornalista e escritor brasileiro. Nasceu em Carmo de Minas - Belo Horizonte.
Beijos a todos.

P.S. - Publicado pela primeira vez em junho de 2011.

terça-feira, março 19, 2013

AMAVISSE - Poema II - HILDA HILST


Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro

Um arco-íris de ar em águas profundas.

Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.

Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.

Descansa.
O Homem já se fez
O escuro cego raivoso animal
Que pretendias.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Nota: poema contido na contracapa do livro "AMAVISSE" que contextualiza e prenuncia a trilogia erótica que está por vir. 

Hilda de Almeida Prado Hilst  (Jaú, 21 de abril de 1930 - Campinas 4 de fevereiro de 2004) - Foi poeta, ficcionista e dramaturga. Considerada uma das mais completas personalidades literárias do Brasil. Formou-se na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e começou, ainda estudante, a escrever poesia, passando mais tarde para o teatro e a ficcção. Recebeu os mais importantes prêmios líterários do Brasil, entre eles o Jabuti, Cassiano Ricardo e o Prêmio Moinho Santista.

sexta-feira, dezembro 21, 2012

DESIDERATA - Max-Ehrmann

Hello people!

Pois é. Hoje são 21.12.2012. Fim do calendário estruturado pela civilização Maia. É apenas "o fim de um ciclo e o começo de um novo. É como 31 de dezembro, nosso calendário acaba, mas um novo calendário para o ano seguinte começa em 1º de janeiro", disse Don Yeomans, chefe do programa de Objetos Próximos da Terra do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, em Pasadena, na Califórnia (no You Tube).

Mas, amanhã, 22 de dezembro, entre 11h16m e 11h26m, a terra, a lua e o sol estarão alinhados com Alcyone, a estrela maior, no centro da Via Láctea. Segundo especialistas, "as energias planetárias se organizam especialmente, levando-nos a viver um momento cósmico onde uma extraordinária oportunidade estará disponível, para que muitos possam passar por uma iluminação."  

Pensando nas energias que circulam no universo nesses momentos especiais, achei que a DESIDERATA seria uma ótima leitura. Um texto que é também especial. Espero que você goste.
Siga tranqüilamente entre a inquietude e a pressa, lembrando-se de que há sempre paz no silêncio.
Tanto quanto possível sem se humilhar, mantenha boas relações com todas as pessoas.
Fale a sua verdade mansa e claramente e ouça a dos outros, mesmo a dos insensatos e ignorantes, pois eles têm também sua própria história.
Evite as pessoas agitadas e agressivas; elas afligem o nosso espírito.
Se você se comparar com os outros, você se tornará presunçoso e magoado, pois sempre haverá alguém superior e alguém inferior a você.
Você é filho do Universo, irmão das estrelas e árvores, você merece estar aqui! E mesmo sem você perceber, a Terra e o Universo vão cumprindo o seu destino.
Desfrute de suas realizações, bem como de seus planos.
Mantenha-se interessado em sua carreira, ainda que humilde, pois ela é um ganho real na fortuna cambiante do tempo.
Tenha cautela nos negócios, pois o mundo está cheio de astúcias; mas não se torne um cético, porque a virtude sempre existirá.
Muita gente luta por altos ideais, e em toda a parte a vida está cheia de heroísmos.
Seja você mesmo.
Principalmente não simule afeição, nem seja descrente do amor, porque mesmo diante de tanta aridez e desencanto, ele é tão perene quanto a relva.
Aceite com carinho o conselho dos mais velhos e seja compreensivo com os arroubos inovadores da juventude.
Alimente a força do espírito que o protegerá no infortúnio inesperado, e não se desespere com perigos imaginários.
Muitos temores nascem do cansaço e da solidão; e, a despeito de uma disciplina mais rigorosa, seja gentil para consigo mesmo.
Portanto, esteja em paz com Deus, como quer que você O conceba.
E quaisquer que sejam os seus problemas, trabalhos e aspirações, na fatigante confusão da vida, mantenha-se em paz com sua alma.
Apesar de todas as falsidades, fadigas e desencantos, o mundo ainda é bonito.
Seja prudente! Faça tudo para ser feliz!
E jamais desesperes, porquanto sejas quem seja e estejas onde estiveres, ninguém te pode furtar o privilégio da imortalidade nem te arredar do Esquema de Deus. 
Clique aqui e saiba mais: Desiderata é um poema em prosa escrito em 1927 pelo escritor norte americano Max Ehrmann, 1872 - 1945. Em 1956 o pároco da igreja de São Paulo de Baltimore, reproduziu o texto e distribuiu entre seus fiéis. Na sequência saíram outras reproduções sem os créditos originais, constando por engano, que o texto havia sido "achado na Igreja de São Paulo de Baltimore em 1692", ano de fundação da Igreja. Um equívoco que circulou como verdade durante muito tempo.


Beijos a todos.

sexta-feira, julho 01, 2011

E.G.E. (Esquadrão Geriátrico de Extermínio)

Olá pessoal!

Brrrrr, que frio!!! Lembro de Hilda Hist, poeta íntegra, e sua literatura quente. Você já leu Hilda Hilst? Se não leu, não sabe o que está perdendo. Então, prepare-se para conhecê-la porque agora eu trouxe para você uma crônica que faz parte do meu acervo particular. Acho ótima, perfeita, atual. (Quisera ter sido eu a escrevê-la). Foi publicada no Correio Popular de Campinas - SP, lá pelos idos de 1993, mas como já falei aqui, o talento de Hilda Hilst é imune à passagem do tempo.

Hilda Hilst

O poeta pode ser violento. A maior parte das vezes contra si mesmo. Um tiro no peito, gás, veneno, um tiro na boca, como fez Hemingway, que também foi poeta em O Velho e o Mar; Maiakóvski, um tiro no peito; Sylvia Plath, gás de cozinha; Ana Cristina César, um salto pelos ares; etc etc etc. "Os delicados preferem morrer", dizia Drummond. Mas esta modesta articulista, sobretudo poeta, diante das denúncias feitas pela revista Veja, todos aqueles poços perfurados em prol de uma única pessoa ou em prol de amiguelhos de sua excelência, presidente da Câmara, senhor Inocêncio (a indústria da seca), e o outro com seu lindo carro às custas de gaze e esparadrapo... Credo, gente, quando você vê televisão ou in loco o povão famélico, desdentado, mirrado... Um amigo meu foi para o Ceará e passou os dias chorando! As crianças todas tortas, todos pedindo comida sem parar... e 500 toneladas de farinha apodrecendo... e montes de feijão desviados para uma só pessoa... (um parênteses, porque meu coração de poeta pede a forca, o fuzilamento, cadeia, cadeia para aqueles que se locupletam à custa da miséria absoluta, da dor, da doença). Gente, eu já estou uma fúria e para ficar mais calma proponho algumas coisas mais sutis, por exemplo: o Esquadrão Geriátrico de Extermínio, a sigla óbvia seria EGE. Arregimentaríamos várias senhoras da terceira idade, eu inclusive, lógico, e com nossas bengalinhas em ponta, uma ponta-estilete besuntada de curare (alguns jovens recrutas amigos viajariam até os Txucarramãe ou os Kranhacarore para consegui-lo) nos comícios, nos palanques, nas Câmaras, no Senado, espetaríamos as perniciosas nádegas ou o distinto buraco malcheiroso desses vilões, nós, velhinhas misturadas às massas, e assim ninguém nos notaria, como ninguém nunca nota a velhice. Nossas vidas ficariam dilatadas de significado, ó que beleza espetar bundões assassinos, nós faceiras matadoras de monstros!
O curare é altamente eficiente, provoca rapidinho a paralisia completa de todos os músculos transversais (bunda é transversal?) e em seguidinha sobrevém a morte por parada respiratória. Ficaríamos todas ao redor do coitadinho, abanando: óóóó, morreu é? Um pedido ao presidente Itamar: severidade, excelência, é ignominioso, indigno, insultante para todos nós, deste pobre Brasil tão saqueado, que essas terríveis denúncias terminem no vazio, no nada, na impunidade. É sobretudo perigoso porque:

de cima do palanque
de cima da alta poltrona estofada
de cima da rampa
olhar de cima

LÍDERES, o povo
Não é paisagem
Nem mansa geografia
Para a voragem
Do vosso olho.

POVO, POLVO
UM DIA.
O povo não é o rio
De mínimas águas
Sempre iguais.

Mais fundo, mais além
E por onde navegais
Uma nova canção
De um novo mundo.

E sem sorrir
Vos digo:
O povo não é
Esse pretenso ovo
Que fingis alisar,
Essa superfície
Que jamais castiga
Vossos dedos furtivos.

POVO. POLVO.
LÚCIDA VIGÍLIA.
UM DIA.
Beijos a todos e um ótimo final de semana.

quinta-feira, maio 26, 2011

OURO EM PÓ

Mão-de-obra-qualificada-sem-restrição-de-idade. Eis a moderna visão de mundo, a nova realidade que está surgindo. Nessa visão de mundo, a velhice não é mais computada pela data de nascimento, mas sim, pela velhice de espírito. Já tenho visto em vários lugares pessoas sugerindo, inclusive, que paremos de chamar de idoso o pessoal da faixa dos 60, mas, bom... isso é outra conversa. Cá  entre nós, velho mesmo é o sujeito preguiçoso, emburrecido, desanimado, desatualizado, tenha a idade que tiver. Não há limite de idade para se trabalhar num restaurante, num supermercado, numa loja de conveniência, numa livraria, numa loja de som, numa locadora, etc. o que define o bom funcionário é sua disposição e capacidade. Um(a) jovem na faixa dos vinte pode muito bem ser um péssimo atendente, ter má vontade para realizar um serviço e não entender nada do métier. Um velho também. Ou tudo ao contrário. Nada disso é privilégio de uma faixa etária somente. Eu, por exemplo, sou uma bola murcha, uma anciã, pra trabalhar na cozinha, lavar e passar, e se tivesse que trabalhar numa locadora, nem pensar, rsrs, mas ainda sou uma criança quando ando em busca das coisas que realmente gosto de fazer, como estudar, advogar (no terceiro setor, óbvio) ler, escrever, brincar com os netos, fazer meus origamis e, mais recentemente, blogar. ;)

Enfim, como eu ia dizendo, o mundo está mudando. Se na vida social a maturidade parece ter se transformado num valor obsoleto, na vida profissional, pelo menos na minha, a maturidade pegou bem. E não preciso me vestir como uma jovem. As instituições que atendo, são, a meu ver, uma prova concreta dessa moderna visão de mundo. \o/

Marli Soares Borges

domingo, maio 15, 2011

QUERO LER TODOS ESSES LIVROS?

Todo mundo diz que gosta muito de ler. Okay, eu também. Mas como falei alhures, não leio tudo que me cai nas mãos. Tenho critérios. Aprendi que a leitura, além de informativa, é fonte prazer. Sem essa de andar por aí lendo tudo o que encontro. Leio bulas, manuais, panfletos, etc., mas só e quando me interessam. No passado eu era diferente e, no quesito livros, chegava a ler vários ao mesmo tempo.

Mas hoje em dia, mudei. Não quero mais ler tudo isso, não tenho mais tempo. Quero ler, mas também fazer outras coisas que me dêem gratificação imediata. Origami, por exemplo, é uma arte que me seduz! E os livros de origami são um capítulo à parte. Um genuíno prazer.

Pois não é que achei alguém que pensa como eu? Na verdade, acho que muitos pensam assim, mas, cadê coragem para expor um pensamento que segue na contra-mão das massas?

Então. Esse alguém a quem me referi, é nada mais, nada menos que o grande Rubem Alves!* E essa sincronia que encontrei no pensamento dele com o meu, é uma honra para mim. Por isso, resolvi trazer aqui o texto pra você ler. É longo, mas maravilhoso. Ele tem uma prosa poética e encantadora, um verdadeiro fascínio.

Grande Rubem, é tudo com você, please, solte o verbo!

LER POUCO
Jovem, eu sonhava ter uma grande biblioteca. E fui assim pela vida, comprando os livros que podia. Tive de desenvolver métodos para controlar minha voracidade, porque o dinheiro e o tempo eram poucos. Entrava na livraria, separava todos os livros que desejava comprar e, ao me aproximar do caixa, colocava-os sobre o balcão e me perguntava diante de cada um: “ Tenho necessidade imediata desse livro? Tenho outros, em casa, ainda não lidos? Posso esperar?” E assim ia pegando cada um deles e os devolvendo às prateleiras. A despeito desse método de controle cheguei a ter uma biblioteca significativa, mais do que suficiente para as minhas necessidades.
Notei, à medida em que envelhecia, uma mudança nas minhas preferências: passei a ter mais prazer na seção dos livros de arte nas livrarias. Os livros de ciência a gente lê uma vez, fica sabendo e não tem necessidade de ler de novo. Com os livros de arte acontece diferente. Cada vez que os abrimos é um encantamento novo! Creio que meu amor pelos livros de arte têm a ver com experiências infantis. Talvez que os psicanalistas interpretem esse amor como uma manifestação neurótica de regressão. Não me incomodo. Pois, em oposição à psicanálise que considera a infância como um período de imaturidade que deve ser ultrapassado para que nos tornemos adultos, eu, inspirado por teólogos e poetas, considero a maturidade como uma doença a ser curada. Bem reza a Adélia Prado: “ Meu Deus, me dá cinco anos, me cura de ser grande...” E não pensem que isso é maluquice de poeta. Peter Berger, um sociólogo inteligente e com senso de humor, definiu “maturidade”, essa qualidade tão valorizada, como “ um estado de mente que se acomodou, ajustou-se ao status quo e abandonou os sonhos selvagens de aventura e realização...” Menino de cinco anos, eu passava horas vendo um livro da minha mãe, cheio de figuras. Lembro-me: uma delas era um prédio de dez andares com a seguinte explicação: “Nos Estados Unidos há casas de dez andares.” E havia a figura de um caçador de jacarés, e de crianças esquimós saudando a chegada do sol.
O fato é que comecei a mudar os meus gostos e chegou um momento em que, olhando para aquelas estantes cheias de livros, eu me perguntei: “Já sou velho. Terei tempo de ler todos esses livros? Eu quero ler todos esses livros?” Não, nem tenho tempo e nem quero. Então, por que guardá-los? Resolvi dar os livros que eu não amava. Compreendi, então, que não se pode falar em amor pelos livros, em geral. Um homem que diz amar todas as mulheres na verdade não ama nenhuma. Nunca se apaixonará. O mesmo vale para os livros. Assim, fui aos meus livros com a pergunta: “Você me ama?” ( Acha que estou louco? É Roland Barthes que declara que o texto tem de dar provas de que me deseja. Há muitos livros que dão provas de que me odeiam. Outros me ignoram totalmente, nada querem de mim... ). “Vou querer ler você de novo?” Se as respostas eram negativas o livro era separado para ser dado. Essa coisa de “amor universal aos livros” fez-me lembrar um texto de Nietzsche sobre o filósofo Tales de Mileto, em que ele recorda que “a palavra grega que designa o “sábio” se prende, etimologicamente, a sapio, eu saboreio, sapiens, o degustador, sisyphos, o homem de gosto mais apurado; um apurado degustar e distinguir, um significativo discernimento, constitui, pois, (...) a arte peculiar do filósofo. (...)A ciência, sem essa seleção, sem esse refinamento de gosto, precipita-se sobre tudo o que é possível saber, na cega avidez de querer conhecer a qualquer preço; enquanto o pensar filosófico está sempre no rastro das coisas dignas de serem sabidas...” E depois, no Zaratustra, ele comenta com ironia: “Mastigar e digerir tudo - essa é uma maneira suina.”
O fato é que muitos estudantes são obrigados a ler à maneira suina, mastigando e engolindo o que não desejam. Depois, é claro, vomitam tudo... Como eu já passei dessa fase, posso me entregar ao prazer de ler os livros à maneira canina. Nenhum cachorro abocanha a comida. Primeiro ele cheira. Se o nariz não disser “sim” ele não come. Faço o mesmo com os livros. Primeiro cheiro. O que procuro? O cheiro do escritor. Se não tem cheiro humano, não como. Nietzsche também cheirava primeiro. Dizia só amar os livros escritos com sangue.
Ler é um ritual antropofágico. Sabia disso Murilo Mendes quando escreveu: “No tempo em que eu não era antropófago, isto é, no tempo em que eu não devorava livros - e os livros não são homens, não contém a substância, o próprio sangue do homem?” A antropofagia não se fazia por razões alimentares. Fazia-se por razões mágicas. Quem come a carne do sacrificado se apropria das virtudes que moravam no seu corpo. Como na eucaristia cristã, que é um ritual antropofágico: “Esse pão é a minha carne, esse vinho é o meu sangue...” Cada livro é um sacramento. Cada leitura é um ritual mágico. Quem lê um livro escrito com sangue corre o risco de ficar parecido com o escritor. Já aconteceu comigo...
 * Rubem Alves é teólogo, filósofo e psicanalista, autor de 40 livros.
Tirei daqui.

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

BLOGAGEM COLETIVA - MEU PERSONAGEM FAVORITO DE LIVRO

Olá!

Qual o meu personagem favorito de livro? Ixi, é complicado. Gosto de tantos que nomear apenas um, me dá uma sensação de injustiça... , mas enfim, faz parte da blogagem*. Ah, antes que eu esqueça, esse post é programado pra sexta-feira, dia 25.02.2011, às 08h. Tomara que o Blogger colabore.

Parece mentira, mas é a primeira vez na vida que respondo essa pergunta. Sempre perguntei, sempre tive curiosidade de saber as preferências dos amigos, saber mais sobre eles, mas eu mesma, nunca havia respondido, nunca havia parado pra pensar. Pra mim então, essa resposta é como se fosse uma experiência cool, um tipo diferente de exposição, mais incisiva, intimista.

Pensando bem, se eu tivesse que listar os personagens que marcaram minha vida, certamente ela estaria lá, ela e o respectivo livro, encabeçando a lista. Aliás, falando um pouquinho no livro, nem sei como descrever direito o que sinto, mas até parece que sou abduzida pra dentro dele, cada vez que o leio. Verdade. A personagem? Avemaria, ela é mega incrível! Gosto demais. Além de vir muito bem contextualizada no livro, suas características são pra lá de marcantes, o que, a meu ver, faz toda a diferença e corrobora pra torná-la uma personagem fora do comum. Seu nome: Clara. O Livro? "A Casa dos Espíritos" de Isabel Allende. Ano passado fiz uma postagem a respeito e acho sinceramente que, se você ainda não conhece a Clara, vale a pena dar um clique e ir lá conhecê-la. Aposto que você vai se amarrar na prévia que fiz sobre seus encantos e a mágica história que a envolve. A bem da verdade, cada uma das personagens do livro é mais encantadora que a outra.

Ai meu Deus, como eu estava dizendo, me dá uma sensação de injustiça...

Beijos.

*Blogagem coletiva proposta por Alessandro, do Blog Livros e Afins.

domingo, novembro 07, 2010

O HOMEM NU

Olá!!

Não, eu não sumi. Sumiram-me. Quem? A Internet. Três dias. Uma eternidaadeee!!! Acredite, aqui no Brasil essas coisas acontecem.

:((    Deixa pra lá.

Quando jovem eu era fã de carteirinha do Fernando Sabino, um dos mais importantes cronistas do Brasil. São dele essas palavras: "Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam: o que você quer ser quando crescer? Hoje não perguntam mais. Se perguntassem, eu diria que quero ser menino". (1995). Nasceu em Belo Horizonte, a 12 de outubro de 1923, Dia da Criança, e morreu em 11 de outubro de 2004, no Rio de Janeiro. É autor de seu próprio epitáfio: "Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino".

Seu livro mais famoso chama-se "O Encontro Marcado". É também o autor de Zélia, Uma Paixão (1991), biografia da ex-ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello.

Ontem fui mexer nos livros antigos, a pedido de minha filha, e dei de cara com ele. Já viu, comecei a folhear e logo pensei em você. (Pra variar, rsrs). Taí então uma das mais famosas crônicas que ele escreveu, tem inclusive um livro com esse nome. Chama-se "O Homem Nu".

Enjoy!!



Ao acordar, disse para a mulher:

— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.

— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.

— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.

Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.

Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:

— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.

Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.

Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão!

Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:

— Maria, por favor! Sou eu!

Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.

Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.

— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.

E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!

— Isso é que não — repetiu, furioso.

Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.

— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.

Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:

— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu...

A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:

— Valha-me Deus! O padeiro está nu!

E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:

— Tem um homem pelado aqui na porta!

Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:

— É um tarado!

— Olha, que horror!

— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!

Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.

— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.

Não era: era o cobrador da televisão.

*

E aí, gostou?
Beijos e boa semana.

Saiba mais aqui.

sábado, outubro 30, 2010

AS PALAVRAS ATUAM

Olá!!

Esse texto que você vai ler agora é um dos meus preferidos. Eu acho simplesmente fantástico, bonito, elegante, elaborado. Puro talento. Sua matéria-prima é a palavra, e é impressionante a forma com que o autor(a) expressa seu sentimento. Sigo cada vez mais, fascinada pelas palavras.

Não, não foi bobeira, de onde eu copiei não constava a autoria, mas se você souber, please, me diga. Independente disso, enjoy!!


"Já perdi a voz, já perdi avós, já me perdi em nós e já perdi momentos a sós. Já me perdi em pós. Já recalquei algo atroz. Já naveguei do interior dos sonhos até à foz e já gritei meio louco meio feroz. Já me senti a correr parado e já fiquei estagnado no instante mais veloz. Em todos estes momentos fui pelas palavras. É por lá que caminho. Por uma ponte de consoantes suspensa por inflexões de ritmo, com intertextualidades pendentes. Percorro-a pelas aliterações e através das pontuações, sem reticências... para pontuar o prazer. Porque sou pelas palavras. Uns são pelos cães. Eu sou pelas palavras. Outros são pelas ações. Bem sei que as ações falam. Mas as palavras, essas, atuam. Em qualquer filme ortográfico."
Bom final de semana.

domingo, setembro 19, 2010

DA SÉRIE VALE A PENA LER DE NOVO!

Olá!!

Dia desses, enquanto procurava um livro, dei de cara com outro que nem lembrava mais. Algo assim tipo atirei-no-que-vi-acertei-no-que-não-vi. Mas foi tão legal, recordei tanta coisa... seção nostalgia, pode parar, madame. É um livro fininho, muito simpático, da coleção "Para Gostar de Ler", da Editora Ática, 1983. Quem é da minha época certamente vai lembrar. Eu sei, é antiguinho, qualé, não precisa ficar lembrando isso a toda hora, e minha autoestima, esqueceu? Rsrs. Esses livrinhos realmente faziam a gente gostar de ler. Tem cada coisa boa, uma literatura alegre, pra cima. Sei que tenho mais alguns dessa coleção, mas, onde? Será que alguém levou emprestado? Deixa pra lá. A crônica é do Paulo Mendes Campos e chama-se "Chatear e Encher". Gente, não sei não, mas... de onde saiu mesmo o telemarketing?

"Um amigo meu me ensina a diferença entre 'chatear' e 'encher'.
Chatear é assim:

Você telefona para um escritório qualquer na cidade.
- Alô! Quer me chamar por favor o Valdemar?
- Aqui não tem nenhum Valdemar.
Daí a alguns minutos você liga de novo:
- O Valdemar, por obséquio.
- Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar.
- Mas não é do número tal?
- É, mas aqui não trabalha nenhum Valdemar. 
Mais cinco minutos, você liga o mesmo número:
- Por favor, o Valdemar já chegou?
- Vê se te manca, palhaço. Já não lhe disse que o diabo desse Valdemar nunca trabalhou aqui?
- Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí.
- Não chateia.
Daí a dez minutos, liga de novo.
- Escute uma coisa! O Valdemar não deixou pelo menos um recado?
O outro desta vez esquece a presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis.
Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez minutos, faça nova ligação:
Alô! Quem fala? Quem fala aqui é o Valdemar. Alguém telefonou para mim?"
Beijos e bom domingo a todos.