Mostrando postagens com marcador sociedade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador sociedade. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, março 26, 2015

O MELHOR DOS DOIS MUNDOS

O melhor dos dois mundos

- Marli Soares Borges -

Não há como (con)viver em harmonia com os outros, sem renúncias. Todos queremos conquistar nosso espaço é verdade. Até porque a própria vida em sociedade exige isso de cada um de nós. É preciso que cada um encontre seu espaço no mundo, que cada um faça sua escolha para que todos possam viver suas vidas de modo pleno. 

Mas escolher implica em optar por uma coisa ou por outra. E nesse processo, inevitavelmente uma coisa será deixada de lado. Acontece que na atualidade as pessoas modernas não estão conseguindo resolver essa equação: elas querem tudo ao mesmo tempo. Fazem suas escolhas, mas não querem perder nada no processo: como assim, escolher uma coisa e deixar outra? Perder? Elas não suportam. Falta-lhes um ingrediente básico na vida: tolerância. Tolerância às frustrações. E porque que não conseguem tolerar frustrações, sofrem, choram, gastam suas energias e se estressam. E muitas vezes apelam para a violência. E deixam de aproveitar o que a vida tem para lhes oferecer de bom. Será que é tão difícil entender que escolher é "pegar" uma coisa e "deixar" outra? Que ninguém pode ter tudo? 

Pensando em nível global, na sociedade em si, acho sinceramente que precisamos tomar tento e ensinar nossas crianças, enquanto são pequenas, a tolerarem suas frustrações e conviverem com suas perdas, pois o baixíssimo nível de tolerância que vejo hoje nos adultos me assombra.


💜 💜 💜

quarta-feira, julho 09, 2014

O TEMPO E O STATUS




Não tenho tempo é o que mais se ouve na atualidade. Ninguém pode perder tempo com nada e com ninguém, afinal tempo é dinheiro e a corrida do ouro não para. A cultura que nos alimenta vê a escassez de tempo com bons olhos e faz da falta de tempo um status. Se você não tem tempo é sinal de que está muito bem de vida, é requisitado, respeitado, então deve ser muito importante. Com certeza é um ser bem ajustado ao mundo real. Nessa ótica, é correto dizer que quanto menos tempo, mais importante a pessoa deve ser. Em contrapartida, se você tem tempo, você perde status, perde o respeito e ninguém liga para você. Como um marginal você é literalmente descartado pelos seus amigos. Mas eu discordo dessa lógica. Para mim, esse é um conceito que deve ser revisado, pois talvez as pessoas que mais tenham a nos ensinar e nos oferecer neste mundo, sejam aquelas que, embora ocupadas, têm tempo, que não priorizam essa correria generalizada. Se você precisar, elas certamente terão tempo para você, para te ouvir, refletir, trocar experiências e até mesmo ensinar. As demais, muito importantes, nunca têm tempo. Pense nisso. 

-Marli Soares Borges-

terça-feira, fevereiro 25, 2014

SEGURE A PETECA!

Segure a Peteca! 


- Marli Soares Borges -
Segure a peteca! Essa é uma expressão conhecida que certamente você já ouviu alguém falar. Significa enfrentar as adversidades da vida, coisa que muito adulto simplesmente não tem coragem de fazer. 
Houve um tempo, há muitas e muitas luas, em que os pais preocupavam-se com a educação de seus filhos e sentiam-se no dever de lhes ensinarem o jogo da vida. E bem cedinho as crianças aprendiam a 'segurar a peteca'. E os pais arremessavam forte a peteca e ninguém era poupado, e se alguém tentasse dar uma de espertinho, os pais, com autoridade, o deixavam direto no banco dos reservas e ele ficava ali, emburrado, pagando o preço da 'esperteza'. E todo mundo acabava aprendendo por osmose. E ninguém ficou traumatizado. 
Mas hoje em dia a história é outra, o mundo virou do avesso e a vida dos filhos agora é uma verdadeira moleza, quase um conto de fadas(?!), um passe livre para o que der e vier. Os pirralhos pintam e bordam, as crianças maiores fazem o que querem e os adolescentes, grosseiros, respondões e atrevidos, só falta baterem nos pais. E os pais? Bem você já sabe. Os papais e mamães (sem generalizar, ok?) estão aí, suando a camiseta para manterem em dia os looks dos seus rebentos e presenteá-los dia-sim-outro-também, pela vida afora, senão o bicho vai pegar. Eles não suportam a ideia de negar alguma coisa aos filhos. Fazê-los assumir suas responsabilidades, lidar com as frustrações, nem pensar! Sei lá, acho que hoje em dia os pais têm medo dos filhos. E nesse embalo a safadeza e a imbecilidade foram sacramentadas. E o mundo virou nisso que estamos vendo, um bando de gente fraca e sem noção que só pensa em falcatrua. 
E eu às vezes me pego pensando naqueles tempos em que a gente precisava se esforçar e correr, para não deixar a peteca cair. -- Menos, madame, esse jogo já era. As petecas agora jazem no chão, abandonadas, longe da nossa vista, démodé, entendeu? Ninguém mais quer saber de segurar petecas. -- Verdade, mas não me conformo, essas crianças estão crescendo muito rápido, e sem educação para a vida, o que vai ser? Ops, não vai ser, já foi, já é! Tudo no oba-oba, afinal quem se importa? Essas crianças estão aqui, foram desembarcadas na adultez com a mala repleta de fraqueza, egoísmo e onipotência. E como adultos, seguem -- inteligentes -- alegremente, impunemente, enganando, vandalizando e tiranizando pessoas, animais e coisas. 
Enquanto uns conseguem disfarçar o mau caráter ocupando cargos elevados, outros justificam atrocidades em nome da justiça. Uma lógica reversa incompreensível para mim. 

❤ ❤ ❤

quarta-feira, abril 06, 2011

UM DIA EU CONTO PRA VOCÊ

Um dia eu conto pra você


- Marli Soares Borges © 2011 -

Olá, turma.

Ando tão alucinada, fazendo um monte de coisas, (boas, né, me poupe, rsrs): trabalho, estudo, lazer, origami e otras cositas más. Como adoro blogar, sempre acho um tempo para dar uma chegadinha aqui. Nossa! a vida anda a mil e nem sei porque, estou me dando conta que hoje é quarta-feira, dia-do-sofá! Você não sabe o que é? Não precisa humilhar, rsrs, sei que sou dinossaura, rsrs.


EMPANTURRADOS DE LIBERDADE

Na idade da pedra, ops, no meu tempo existia o "Dia do Sofá" e era na quarta-feira. O dia de namorar. Dia em que o namorado visitava a namorada e ficavam os dois sentadinhos no sofá. Conversando. Isso mesmo, só isso, rsrs. Acredite se quiser: sexo zero. Só depois do casamento. A ideia era preservar as donzelas a todo custo. Tudo em homenagem a moral daqueles tempos, moral de cuecas, onde ELES faziam tudo pra levar suas namoradas para a cama e depois queriam que ELAS casassem virgem. Pode? E as meninas, óbvio, deveriam sempre recuar. Só na base do indicador, pra lá e pra cá, acompanhado de um sonoro não. (Ah, não acredita, pergunte a sua mãe, ou avó). E todo mundo caladão, ninguém podia reclamar, era assim que funcionava. Eu era adolescente e odiava aquilo tudo, aquele fingimento social. 

Hoje? Ah, hoje é bem melhor! Os adolescentes de hoje podem fazer escolhas. Tenho orgulho em dizer que minha geração conquistou esse direito para eles e que eu participei ativamente nessa luta.

Mas a luta continua. Quer saber? Agora o que eu mais quero é que os adolescentes não sofram tanto por besteiras. Quero mesmo é que notem quanta coisa boa eles têm a seu dispor: direito de dizer o que pensam, de estudar, de se divertir, de trabalhar, de seguir atrás de seus sonhos. Sem falar no direito sexual. E me entristece vê-los viajando na maionese, à toa, vendo a banda passar. Tenho uma teoria: eles estão empanturrados de liberdade. Mamam a liberdade desde que nascem, no próprio seio materno. Liberdade é seu principal alimento e, mais tarde, sua bandeira. Uma liberdade sem limites. E de graça.

Calma, não sou débil mental a ponto de menosprezar a liberdade. Não enlouqueci, estou tentando dizer outra coisa. Tecnicamente falando, em linhas gerais, os jovens são bem educados, frequentam a escola, a academia, os psicólogos, etc, tudo muito profissional. Divertem-se, e os pais fazem o que podem para garantir-lhes esse suporte. Mas nada disso me convence, vejo-os muito inseguros, além do que seria aceitável em razão da idade. A meu ver eles não têm delineado em suas mentes a necessária correspondência entre direito e dever. Resultado: não sabem onde pisar e saem pisando em tudo e em todos. E impunemente. E aí vem o xis da questão: no íntimo eles sabem que estão errados, sentem culpa e sofrem um complexo de culpa permanente e invisível, que desaba nisso que a gente está vendo todo dia: jovens perdidos e perversos. 

Com ações calcadas em valores distorcidos os jovens compensam a inércia de quem deveria lhes apontar o caminho. É uma liberdade excessiva, é muito querer e poder, muita coisa boa de graça... E o pior é que essa doença já virou epidemia. O pessoal só quer saber de direitos. E os deveres? Que nada. Isso é com os outros! -- Os jovens estão onipotentes e virando adultos onipotentes!

E eu com isso? Eu que nem tenho adolescentes em casa? É que gosto de dar o meu pitaco. Fui e continuo sendo a favor da liberdade. Ampla, geral e irrestrita. Mas da liberdade verdadeira, aquela que só existe com responsabilidade. Acho que isso evitaria muitos dissabores e confrontos desnecessários entre uns e outros. E os conflitos diminuiriam. Mas é pagar pra ver. 

A propósito, de quem é mesmo a culpa desse oba-oba, desse excesso de liberdade que faz sofrer? Dos pais? Da escola? Do Estado?

Beijos a todos.

❤ ❤ ❤