Mostrando postagens com marcador pandemia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador pandemia. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, dezembro 16, 2021

NATAL 2021 - INTERAÇÃO FRATERNA

 





FELIZ NATAL


A cada Natal que chega
Agradeço com fervor
A vinda do Deus Menino 
E o milagre do Amor

Nesse Natal vou pedir
Misericórdia a Jesus
Que nos ajude a caminhar
Pelos caminhos da luz

Que nos dê um Natal Feliz
Com saúde e alegria
E um Ano Novo de paz
Livres da pandemia. 


Marli Soares Borges


XII IINTERAÇÃO FRATERNA DE NATAL
Participação a convite da amiga Rosélia do blog espiritual-idade 
Tema: "Conversando com o Menino Jesus"
Data: 08 a 15 de dezembro.

quinta-feira, dezembro 09, 2021

NATAL, LUCIDEZ E DELÍRIO


Que os pedidos feitos às estrelas sejam todos atendidos.
Feliz Natal!


Marli Soares Borges -



Já vou avisando: pode pular fora desse post, ele está muito chato. Escrevi sobre o Natal, mas minha cabeça estava dando voltas. 

Ceia, festas, troca de presentes, cartões, música, decoração, árvore de natal, luzes, guirlandas, presépio e Papai Noel. As imagens bonitas na telinha me fazem lembrar os natais passados e as caras felizes dos meus filhos e mais tarde dos netos, abrindo os presentes. E num relance começo a pensar nas crianças pobres. E penso no dinheiro que a corrupção rouba do povo. E penso no Natal. E penso nos abraços. E penso na pandemia. Tudo ao mesmo tempo. E - porque sonhar não custa nada -, sonho com pessoas melhores. Sonho com gente que não rouba e que aplica o dinheiro público no fim a que se destina. Sonho com saúde e dignidade para milhões de crianças que vivem em situação de miséria extrema.

Crianças que neste momento estão querendo comer e não têm nada. Algumas até escrevem ao Papai Noel pedindo um pedaço de bolo de presente. Sonham com uma boneca, uma bola. Uma barra de chocolate, a primeira de suas vidas. Pedem um sabonete, um colchão, um travesseiro. Um copo de leite. E, qualquer uma dessas coisas é verdadeira extravagância diante da miséria em que vivem. 

Fizemos muito pelas crianças pobres em geral, muitas leis, muitos direitos. Mas penso que não podemos nos orgulhar de nada, porque ainda não lhes fizemos justiça. E daí? Elas que esperem. A Justiça está ocupada defendendo criminosos, a maioria podres de rico. Crianças pobres, miseráveis? crianças que perderam os pais na pandemia? crianças sem Natal? ora, deixa pra lá.

Mas elas têm sonhos de criança e isso me aperta o coração; elas não são personagens, elas existem de verdade. Essas crianças fazem parte do mundo, são viajantes do mesmo tempo que eu e, embora a fome lhes tire a dignidade, suas vidas carecem de respeito. Parece que quanto mais elevada a cátedra dos juízes, mais difícil é o entendimento de que, na trajetória da vida estamos todos irmanados. 

Parcialidade é o mantra da Justiça no Brasil. Se uma criança com fome, furta um pedaço de pão, seu destino será traçado com mãos de ferro. Já os VIPs da política, por exemplo, muitos deles condenados em processo regular, continuam rindo na nossa cara, mentindo e até concorrendo à eleições para altos cargos no país. E ostentam sua riqueza nojenta, roubada de nós. Pagamos impostos abusivos e não recebemos nada em troca. Eles roubam descaradamente nosso dinheiro suado. (Aqui um parênteses, porque meu coração de velha está dolorido e não suporta mais tanta injustiça e desfaçatez. Quero banimento, guilhotina, abdução, sei lá o quê. Rigor para essa gente imunda que enriqueceu à custa do nosso trabalho, da miséria do povo e da dor das nossas crianças).

Já pensou se esses ladrões do colarinho branco fossem obrigados a devolver o dinheiro que roubaram? e se esse dinheiro voltasse agora no Natal e alimentasse as crianças? Menos, madame! chega de falar besteira, ninguém quer saber dessas coisas agora. 

Tá bom, stop.

Hora de começar meus preparativos, tanta coisa a fazer, a árvore pra montar, a casa pra arrumar, a decoração, a música, as comidas, as bebidas, os doces... e as arrumações de última hora.  

E os presentes? Não tem. Faz tempo que não trocamos presentes no Natal. Meus netos cresceram e estão noutra vibe. Bom seria se no Natal as pessoas, em vez de só abrirem presentes, pudessem também abrir seus corações e falarem umas com as outras, sem constrangimentos. Com simplicidade e clareza, tudo na santa paz, (tá bom, esquece...).  

A pandemia mexeu muito comigo e deu uma esfriada nos projetos de Natal, reconheço. Mas dezembro é um mês mágico e o espírito natalino sempre toma conta do meu coração. Apesar desse contexto desalentador que envolve o mundo, sinto que o Natal não perdeu o significado para mim e sigo querendo minha árvore enfeitada. Ela continua sendo um referencial de alegria para o Ano Novo que vai chegar. Como somos-todos-papai-noel-aqui-em-casa e estamos devidamente vacinados, vai ter uma singela comemoração familiar de agradecimento e prazer pela vida, pois em meio a tantas mortes nessa pandemia, nós estamos aqui. Obrigada, Senhor, obrigada pelas nossas vidas! E um brinde ao esforço de quem fez as vacinas chegarem até nós. 

Na "Noite Feliz", meu marido e eu olharemos nossa árvore e silenciosamente faremos nossa oração natalina. Agradeceremos nosso tempo e pediremos um pouquinho mais. E ficaremos encantados com nossas vidas e brilharemos feito luzinhas, como acontece há mais de meio século. Tem gente que diz que isso é bobagem. Pode ser. Mas essas bobagens me fazem vibrar, me dão força e entusiasmo. Meu lado criança desperta de olhos bem arregalados. E minha visão se expande e vejo as cores da alegria.

Ô gente, desculpem meus delírios, sou do século passado, já devo estar batendo o pino.


Feliz Natal! 
Que os pedidos feitos às estrelas sejam todos atendidos.


E que Deus guarde esses políticos canalhas no espaço sideral; que entrem em ebulição e congelamento absoluto no vácuo. Por toda a eternidade, amém.

* * * * * * * * * *

sábado, outubro 02, 2021

O AMOR QUE NINGUÉM VÊ


O amor que ninguém vê
A solidariedade orgânica 
é um 
remédio do qual ninguém pode prescindir.


Não direi do amor romântico, do enlevo, do elã. Isso é com os poetas. Minha palavra tem outro enfoque: o amor-nosso-de-cada-dia, esse amor acanhado que temos uns pelos outros, o amor que ninguém vê. É impressionante os malabarismos que a gente tem que fazer pra viver essa aventura circunstancial de amar. E esse confinamento, essa pandemia piora tudo.

Nossa vida continua de pernas para o ar. As doidices também: manias de todas as cores, exageros alimentares, tvs ligadas dia e noite, celulares alucinados, gente que toma duzentos banhos por dia, mães de filhos pequenos imaginando quantos dias faltam pra ficarem loucas, toques de todos os quilates, faxinas intermináveis, gente resmungando aqui e ali. Filhos adolescentes tendo que aturar as manias dos pais. Pais tendo que suportar filhos mal humorados, metendo o bedelho em tudo, e deixando pratinhos pela casa inteira. E a mídia de goela aberta, vomitando desgraceiras. E tec-tec-tec, dá-lhe celular! E croc-croc-croc, dá-lhe comilança! até quando? Não sei. 

Calma. Tudo na vida tem os dois lados: se num dia a gente está querendo se afogar numa bacia de álcool gel, no outro podemos estar de boas, achando o confinamento uma solução razoável. O lado bom é que, com a pandemia, melhoramos as lentes e apuramos nosso olhar. E passamos a valorizar a essência das coisas: o cafezinho que o marido fez, os brinquedos que as crianças guardaram no lugar, as roupas que o marido lembrou de dobrar e guardar enquanto você se esmerava nas panelas; o filho adolescente que tirou o lixo e arrumou o quarto, a filha que deu uma geralzona na casa. E por aí vai. O cotidiano da vida tem muitas demandas, mas é fundamentalmente um dar e receber, forever and ever.  

Não é difícil ver nas ações diárias o gesto expressivo do amor. O que dificulta é a superficialidade que durante muitos anos fez a nossa cabeça. E a mania de grandeza: só valem as grandes coisas (geralmente eventuais). As pequenas coisas (diárias) a gente reclama, mas não liga quando alguém faz. Errado! Os detalhes diários é que fazem a festa, e, mesmo que as tarefas estejam sendo executadas à contragosto, na marra, não importa, esse trabalho tem que ser valorizado, senão as pessoas começam a murchar. Não existe um “comportamento padrão” para confinamentos. Para quê uns ficarem patrulhando os outros?

Sozinha diante do teclado e pensando nisso tudo, vejo como é importante praticar, aceitar e entender esse amor vital e palpável. Sem preconceitos, sem críticas, sem ranços familiares, sem julgamentos. Esse tempo adverso requer compreensão. Não está fácil para ninguém. 

Aceite de bom grado esse eu-te-amo soletrado em cada tarefa executada. Porque o amor, além de ser um sentimento interior é uma atitude exterior e a solidariedade orgânica é um remédio do qual ninguém pode prescindir. A parcela de colaboração diária de cada um, em casa, é vital para todos e ninguém deve se omitir.

Engraçado como essas coisas passavam batido antes da pandemia. 

-Marli Soares Borges-

segunda-feira, setembro 20, 2021

VINTE DE SETEMBRO, DIA DO GAÚCHO


Parabéns a todos nós, gaúchos e gaúchas
de todas as querências. 
Que a Virgem Maria, primeira prenda do céu, 
olhe por nós, e que o Patrão Celestial nunca nos abandone.




Em tempos "normais", leia-se sem pandemia, costumamos comemorar a Semana Farroupilha - 14 a 20 de setembro - de um jeito muito especial. Durante esse período, nas repartições públicas as pessoas costumam ir trabalhar usando as roupas típicas do gaúcho. E as crianças vão à escola pilchadas. É um orgulho para nós. 

O ponto culminante da festa acontece no dia 20 de setembro, que é o dia do encerramento dos festejos. Tem sempre um belo desfile e as alegorias contam a história do Rio Grande do Sul. Vem muita gente de todos os cantos do Brasil e também do exterior. É uma alegria genuína, pacífica e sem transtornos. Tem sido assim através dos tempos. Tomara que continue.

Não é um desfile de luxo, mas a beleza e o cuidado impressionam. É lindo ver os peões montados a cavalo e as "prendas" (mulheres bonitas) com seus vestidos coloridos. É emocionante o festival das tradições. O coração fica apertado. E as crianças são um capítulo à parte! Por acreditarmos muito nas crianças, elas são incentivadas a participarem dos festejos, inclusive no desfile, para que fortaleçam o sentimento de pertença e para que a nossa tradição jamais seja esquecida. E elas amam desfilar vestidas à caráter: "de" gaúcho e "de" prenda. E a gente vê os olhinhos brilharem!



A lei nº 4.850/1964 oficializou a Ronda Gaúcha, que passou a ser chamada de Semana Farroupilha e, em 1996, o dia 20 de setembro foi oficializado como o Dia do Gaúcho, passando a ser feriado no Rio Grande do Sul. A Semana Farroupilha vai de 14 a 20 de setembro.

sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra

HINO RIOGRANDENSE
Letra de: Francisco Pinto da Fontoura
Música de: Joaquim José Mendanha


Como a aurora precursora
Do farol da divindade,
Foi o vinte de setembro
O precursor da liberdade.

Estribilho:
Mostremos valor, constância
Nesta ímpia e injusta guerra,
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra.

Mas não basta pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo;
Povo que não tem virtude,
Acaba por ser escravo.

Mostremos valor, constância
Nesta ímpia e injusta guerra,
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra.


Um baita abraço, tchê, bem apertado, em toda a gauchada buena que anda campereando por esses pagos da Blogosfera!!!


-Marli Soares Borges-

quinta-feira, setembro 09, 2021

OLHOS DE PRIMEIRA VEZ



Olhos de primeira vez


Adoro a emoção que vem quando mudo meu centro de interesse e transito em outros universos. Revivo, quero fazer isso e aquilo, quero mais e mais, quero mexer com a vida, mexer a panela dos doces e lambuzar meu coração. 

Jogo a velhice pro ar, paro imediatamente de bater os pinos e a criança que habita em mim se move de um lado para outro com olhos de primeira vez. 

Muitas vezes me parece que esse sentimento é imaturo, que eu deveria manter um padrão de interesse por mais tempo, um padrão compatível com minha maturidade, sou setentona, tão madura... mas na verdade, eu sigo querendo o que sempre quis: que os encantamentos continuem comigo, tomando conta da minha cabeça, dos meus sentidos, de todo o meu ser! Quero aguçar meus sentidos, afinar minhas percepções e ampliar minha leitura de mundo. 

Essa dinâmica me move e fascina. 

No passado eu nutria uma certa inveja dos pintores e fotógrafos, porque me parecia que o trabalho deles era puro encantamento, na medida em que nada se repetia, pois o cenário sempre se renovava, amparado na incidência da luz que modifica e confere lindos estilos aos ambientes. 

Mas eu estava errada, comprovei mais tarde. 

O encantamento não tem nada a ver com a superfície, ele é uma mágica interior que pode acontecer milhões de vezes na vida de cada um de nós. Para mim, vive acontecendo, estou sempre transitando em universos diferenciados. Acontece assim: ontem eu estava encantada em fazer uma coisa; fiz, fiz, fiz e... hoje não quero mais! quero aprender outra, dar novo rumo ao que venho fazendo com meu tempo. E me encanto com outra coisa e assim por diante. Confinada dentro de casa, não tenho tantas novidades, mas não me importo que meus universos sejam cíclicos. Meu espírito vibra pois está movido pelo interesse verdadeiro. E esse impulso interior coloca meus sentidos afinados com a energia vital e aciona em mim o processo criativo. 

Ainda bem. 

Não fossem esses encantamentos
não sei o que seria de mim
confinada e furibunda
nessa pandemia sem fim


 -Marli Soares Borges-



sábado, setembro 04, 2021

SAINDO DE FININHO


Saindo de fininho


Se você não gosta, esqueça, nem leia. 

Aqui em casa todo mundo gosta. Todo mundo somos: eu, Nilton e Mateus, os confinados. Estamos atravessando a pandemia a três. Para manter nossa privacidade trabalhamos - em home office - na mesma casa, mas em locais diferentes. 

O local mais frequentado é o meu "QG" (sigla de quartel-general), apelido 'carinhoso' que os dois engraçadinhos deram para as minhas instalações. Eles aparecem por aqui quase todos os dias, em horários distintos. Chegam de mansinho, um de cada vez, uma batidinha leve e entram discretamente. E discretamente abrem a portinha do armário, e discretamente fazem uns barulhinhos e discretamente se retiram. De fininho. Às vezes dizem oi, tudo bom? e pronto. Quando me viro pra dar uma conferida, já era. Sumiram. Antes que pensem mal de mim, informo que foi para o bem deles que decidi guardar no meu armário, sem segundas intenções. E está dando certo, eles conhecem as regras e estão carecas de saberem que nesse quesito não tem arreglo, é pegar ou largar. 

As visitas são cíclicas: zero estoque, zero visitas. Nos dias 'zerados' o Nilton nem entra, só abre a porta e me chama pro cafezinho e eu vou e volto. Quando abasteço o armário é porque a liberação está "assinada". Não dou um aviso sequer, mas o faro deles é apuradíssimo e descobrem tudo num piscar de olhos. Deixá-los à vontade? Sem chance: em dois toques vão virar umas bolas e sair rolando por aí. Nhac! Nhac! Croc! Croc! Nada de andar o dia inteiro mastigando e engolindo como se fosse pão, muita calma nessa hora! 

Aposto que você já percebeu o porquê dessa decisão, digamos, pouco simpática. Antes era tudo livre, mas não deu certo. "Assim que sairmos do confinamento a gente vai rever o assunto", prometi. Eles são do bem, levaram na esportiva e ninguém ficou de bico. Melhor assim. 

Se eu também gosto de visitar meu armário? Adoro. Às vezes, pego unzinho e divido em quatro partes e vou mastigando bem devagarinho, saboreando, cheia de culpa. Reconheço que essa atitude é absolutamente condenável para minha bolinha murcha, ah... e eu com isso? rs. 

E aí, adivinhou? Beleza. Estou falando do bombom Ouro Branco da Lacta. É um bombom super comum, sem "sofisticamentos", mas desses bombons comuns, acho que é o único que ainda conserva intacto o sabor delicioso de antigamente. Aqui em casa a gente costuma comprar em embalagens de 1kg, antes de tudo, tem que encher os olhos, lol. 

Eu avisei, se você não gosta, esqueça, nem leia.

- Marli Soares Borges -

quarta-feira, setembro 01, 2021

O MUNDO ENDOIDOU - 77 palavras


Nesse inverno de pandemia fiz tricô pra toda família. Pois não é que o mundo endoidou e tudo começou a voltar atrás? Igualzinho a um filme voltando, quadro a quadro, do fim para o início. E meu trabalho se desfazendo, ponto a ponto. E era a lembrança das caras felizes com os presentes. E era a lembrança da tecitura colorida dos fios.  E era a linha duma vida sendo recolhida de volta ao novelo. E eu perplexa.

-Marli Soares Borges-


Minha participação:  Histórias em 77 palavras - Desafio nº 249 
"E era linha duma vida sendo recolhida de volta ao novelo".
(Recantiga, Miguel Araújo) 

O mundo endoidou
O mundo endoidou


 

segunda-feira, agosto 23, 2021

MEU OLHAR ESPIRITUAL NA PANDEMIA



O ano de 2020 ficará para sempre marcado pela pandemia de covid-19. O vírus tem ceifado milhares de vidas e certamente irá deixar marcas permanentes nos que estarão vivos, pois ninguém fica indiferente, quando esteve cara a cara com a impermanência, a limitação e a precariedade da vida.

Nada acontece por acaso. Acredito que todos os acontecimentos do mundo obedecem a uma ordem divina e perfeita, embora a gente não consiga entender. E é certo que não estamos aqui a passeio. Como seres espirituais que somos, viajamos em nossos corpos físicos a fim de seguir nossa jornada evolutiva. 

Então eu fico pensando: desde que me conheço por gente, estamos sendo chamados à fraternidade universal e à responsabilidade nas relações com a natureza. Nunca ligamos para nada. Por muitos e muitos anos, nossas ações têm sido ruins para nós e para o mundo inteiro. Como estamos todos sujeitos à lei natural de Causa e Efeito, era de esperar-se que um dia, a própria vida nos desse uma resposta. E a resposta veio, de forma extremamente dolorosa. 

Não quero dizer com isso que a pandemia seja um castigo divino. Não! Eu jamais pensaria em Deus como um juiz inclemente e vingativo! Deus é AMOR, inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. Deus é o Pai, nosso, no dizer de Jesus na oração. 

Aí eu sigo pensando: por onde andou nossa consciência planetária que foi preciso um vírus dessa magnitude para nos mostrar quem somos? O vírus chegou e nos fez entender tudo de uma só vez: somos seres imperfeitos e precários, poeira das estrelas, grãos de areia no deserto. Nada, absolutamente nada nesse mundo nos pertence; precisamos uns dos outros; temos que pensar coletivamente. 

Como partes de um todo, estamos conectados e não importa onde vivemos, nossas atitudes repercutem em todo o universo. Se apenas algumas pessoas rejeitarem essa ideia de conexão e pensarem somente em si, todos nós estaremos em perigo. O que um fizer afetará a todos. De que nos serviu tanto egoísmo, vaidade e arrogância? Por acaso nos tornamos imunes ao contágio e à letalidade do vírus? A simples visita de um amigo pode contaminar e interromper existências "poderosas", diante desse vírus não há privilegiados.

A lição é de clareza solar: desde o início, para evitar o contágio, fomos - e continuamos - obrigados ao distanciamento social (buscado por meio do confinamento domiciliar). Limitados pelas paredes de nossas casas, a única coisa que podemos fazer é nos voltarmos uns para os outros. Se por um lado o encontro familiar nos gratifica, por outro, há o desgaste da convivência diária. Para suportar esse desgaste é imperioso que sejamos amigos uns dos outros, suaves, serenos e tolerantes, pois diante da adversidade as pessoas revelam seu verdadeiro 'eu' e os complexos pessoais vêm à tona, com o stress que lhes é próprio. Então: hora de resgatar a essência das coisas, de viver em paz e harmonia com todos, a começar pelo nosso próximo mais próximo. Nesse contexto, a humildade nunca nos foi tão necessária. A humildade nos torna receptivos para refletir, aprender e mudar. Na medida em que aprendemos, iremos nos libertando do desejo de controlar pessoas e situações e teremos condições de separar o joio do trigo e valorizar o que realmente tem valor.

Não temos o direito de desprezar nenhum dos seres da criação. O momento é propício para exercitarmos a compaixão concreta e verdadeira, não só pelas pessoas que estão sofrendo, mas também pelos animais. Eles também sofrem. E muito. Sua natureza os aproxima de nós. São nossos companheiros nessa viagem cósmica, e também estão em processo de evolução. 

No tocante à espiritualidade em si, - aqui entendida como a busca do sentido da vida que transcende à materialidade - eu gosto de pensar que talvez esse confinamento tenha o condão de, positivamente, nos "acordar" para a vida espiritual e para o encontro com nosso mundo interior. E terá sido uma bênção, se favorecer à compreensão das necessidades da alma, do planeta e do universo. Precisamos dar espaço à Espiritualidade de modo a conseguirmos caminhar e elevar-nos acima das nossas fraquezas.

Óbvio que esses tempos de pandemia são tempos de sofrimento e dor, mas acho que também podem ser de resistência, de luz e de aprendizado autêntico. Não podemos nunca esquecer que Deus, como Pai amoroso, sempre age para o nosso bem, afinal somos seus filhos e estamos vivendo e evoluindo entre dois mundos, o físico e o espiritual. 

Enfim, passados quase dois anos e sem esquecer a tristeza trazida pelas milhares de mortes, e o que isso representa para as famílias enlutadas, penso que devemos olhar no entorno com olhos de gratidão, pela natureza perfeita que nos acolhe e por tudo o que temos nessa vida, pela proteção divina que estamos recebendo e pelo nosso caminhar firme, nesses tempos de aflição. 

Penso que com essa pandemia, estamos tendo uma oportunidade ímpar de abrir em nós um caminho de fé inteligente e racional, que nos fortalecerá com energias especiais, a fim de que sejamos capazes de enfrentar o caminho penoso das dificuldades (que ainda virão), e, ao mesmo tempo, possamos pavimentar caminhos de alegria. Não deixemos a Poliana morrer em nós!

Não importa se a estação do ano muda, se o século vira e se o milênio é outro, 
se a idade aumenta;
conserve a vontade de viver, 
não se chega à parte alguma sem ela.
(Fernando Pessoa)

Em tempo: 
(1) Infelizmente o egoísmo continua impedindo que muitas pessoas abandonem as aglomerações e sigam os protocolos de segurança para evitar o contágio. E as consequências todos nós sofremos. 


-Marli Soares Borges-



Meu olhar espiritual na pandemia
XII Interação Fraterna - 12 anos de blogue

Aplausos, Rosélia! Parabéns ao Blogue 
Que você possa continuar por muito tempo com esse espaço de beleza e amor!

Tema proposto: 
"Meu olhar espiritual na pandemia"


Blog da Marli




quinta-feira, agosto 19, 2021

CARA DE PAISAGEM



Cara de paisagem


Hoje o tempo resolveu esquentar um pouco. O inverno deu licença para o calorzinho se aproximar. Até o sol apareceu. Aí, feliz da vida, fui pra janela dar uma espiada nos "movimentos". E o que vi? Bandos de pássaros voando, cachorros correndo e latindo de lá para cá, os patos nadando, os cavalos trotando e o Dongo aqui, ao meu lado, na doce vida de gatinho miau. Indiferentes à pandemia, cada um deles cumpre seu destino na vida. Decididamente, pandemia não é com eles. 

Ok, essa cruz é nossa.

Alguns amigos me perguntaram como estou. Obrigada pela atenção, estou bem, quase totalmente recuperada da cirurgia. Creio que a postura que venho adotando há alguns anos, tem me ajudado no fortalecimento da minha saúde, como um todo, e agora, mais ainda. 

Há algum tempo fiz um propósito de me cuidar melhor, na verdade, o propósito foi de observar os cuidados anti-stress, aqueles que servem de suporte ao fortalecimento do corpo. Esses cuidados incluem: jamais abrir vídeos ou propagandas político-partidárias no facebook; não responder a nenhuma provocação e recentemente, dar um tempo nas notícias da tv, a fim de não ouvir os arautos da desgraça anunciando o fim da humanidade.

Desta feita, aprendi a fazer cara de paisagem quando algum amigo virtual pretende me convocar para um confronto. Não entro em controvérsias. Não polemizo. Não gasto energia em temas que não me interessam. Simplesmente não ligo. Afasto-me e vou procurar minha turma, melhor dizendo: dou o fora!

E, para completar, fecho meu tratamento com chave de ouro: muito origami, muita música, bons filmes, oração e reflexão.


-Marli Soares Borges- 


terça-feira, agosto 10, 2021

A (IM)PACIENTE


Dessa vez tive uma surpresinha


Com a história da pandemia, morri de medo e fiquei em casa. E não fiz meus controles semestrais de laboratório, nem ressonâncias, nem endoscopias, nem nada. Esqueci meu fígado, abandonei a hepatopatia grave que tenho. Claro que eu tinha que ter medo, com essa comorbidade eu seria a primeira a embarcar se tivesse covid. Decidi agir como se meu fígado fosse perfeito e esperei até completar as vacinas. E, de mais a mais, eu tenho 72, dá licença.

Devidamente vacinada, voltei a ser paciente e, sem reclamar, no início de julho fiz todos os exames habituais. Dessa vez tive uma surpresinha: precisaria fazer um procedimento hepático urgente e inadiável. De imediato meu hepatologista comunicou-se com seu colega radiologista-intervencionista que, após examinar as imagens, decidiu fazer o procedimento com a máxima urgência. E lá fui eu pro Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre-RS, hospital que só conhecia como acompanhante e visitante. 

O pós-cirúrgico foi um pouco dolorido, mas, eu já sabia o que me esperava. O principal é que correu tudo bem, sem intercorrências. O controle, - o "fala verdade" - será feito daqui a três meses via RM (Ressonância Magnética). (O que não gostei é que antes, eu fazia RM de seis em seis meses, agora terei que fazer de três em três). 

Fiquei no hospital só o tempo da recuperação e, em seguida voltei para casa. Achei o atendimento de primeira, ótimas dependências e um belo serviço de acolhimento e hotelaria. 

Hoje, 36 horas depois, sinto apenas um desconforto e uma dorzinha leve e suportável. 

Vida que segue. 

-Marli Soares Borges-

domingo, julho 25, 2021

SERENDIPIDADE




A gente corre tanto, programa tanta coisa na vida e vem uma pandemia e desprograma tudo. Pois é. Mas não dá pra ficar só choramingando, estamos vivos e precisamos seguir nosso caminho. Que tal usar esses tempos sombrios para deixar o acaso acontecer e ampliar nossas perspectivas? afinal, as grandes descobertas aconteceram por acaso. Mas não se engane. Acontecer por acaso não é a mesma coisa que acontecer ao acaso. No cerne das novas descobertas, é certo que, -- antes -- alguém olhou com atenção à sua volta e percebeu o que estava "borbulhando" no momento. Ou seja, interpretou os sinais. A percepção é uma ferramenta tão antiga como o mundo: ela abre a mente e expande os horizontes. O poder da percepção oportuniza experiência, curiosidade, imaginação e acaso. Um estado de espírito chamado SERENDIPIDADE: a arte de encontrar o inesperado. 

-Marli Soares Borges-

segunda-feira, julho 12, 2021

PALAVRA MÁGICA - DESAFIO 247






S U P E R C A L I F R A G I L I S T I E X P I A L I D O S O

Proposta: utilizando apenas as letras dessa palavra, descobrir pelo menos 
7 palavras com 5 letras ou mais e escrever um texto.

Não escrevo porque saiba escrever. Escrevo apenas porque gosto, porque me sinto bem. Estou sempre querendo dizer coisas. Escrever é um vício. As palavras me atropelam durante o dia e me aprisionam à noite na tela do editor. É difícil contê-las, mas não querem mais falar em máscara nem álcool gel, muito menos em pandemia. Querem passear, sorrir, sair e encontrar-se com amigas. Já lhes pedi que se aquietem, que parem de importunar. Mas elas não ouvem.

-Marli Soares Borges-

sábado, julho 10, 2021

LIVRES PARA BRINCAR

 

Esta é minha participação na BC proposta no Blog "Devaneios e Desvarios

UMA IMAGEM, 140 CARACTERES #403



Criança, cachorro e bola
num sábado ensolarado?
Acabou a pandemia 
e as brincadeiras voltaram?
Desculpe, esse é meu sonho,
por enquanto, fantasia.

-Marli Soares Borges-

quinta-feira, maio 20, 2021

SEM SACO PRA FILOSOFANÇAS




Finalmente estou vacinada contra a covid-19! Semana que vem faz trinta dias da segunda dose, mas como nada é certo nessa vida, eu, apesar da imunização, pretendo continuar na mesma: devidamente confinada e ferrenha observadora dos protocolos sanitários. Mesmo assim, não sei se sairei dessa. E se sair, não tenho a menor ideia de como serei nos tempos pós-pandemia. Será que sairei mais confiante? mais amedrontada? mais leve? mais espiritualizada? mais atenta? Não sei. E nem quero saber. Nesse momento, isolada socialmente do mundo e atravessando esse mar de angústia, não tenho mais saco pra filosofanças que tais. O cansaço me define. Quero ser como meu gatinho, tranquilo e sereno, absolutamente despreocupado com a metafísica. E quer saber? não me interessam as possíveis configurações do meu eu. Gosto muito dessa minha velha configuração de septuagenária que se sente viva e energizada fazendo origami, escrevendo e tomando café sem açúcar com um pãozinho "fit" de frigideira.  

Marli Soares Borges

terça-feira, maio 18, 2021

NÃO, A VIDA NÃO PAROU

 




Aderi cem por cento ao fique em casa. Como não preciso trabalhar de forma presencial, só saio o necessário. Meu marido também. Seguimos à risca os protocolos sanitários de prevenção à COVID e desde o início da pandemia vivemos confinados. Por sorte moramos num sítio e podemos tomar sol, caminhar ao ar livre e alegrar nossos olhos vendo a paisagem e brincando com o Dongo, nosso gatinho de estimação. 

Em casa, ando de lá para cá, arrumando e limpando isso e aquilo. Aqui o serviço é conosco, (meu marido e eu), a gente salta e pula pra dar conta de tudo. Por causa da pandemia, nossa convivência aumentou cem por cento e pude ver com nitidez o verdadeiro significado do companheirismo e do comprometimento de amor. Agradeço à Deus, de joelhos, nosso convívio pacífico, solidário e alegre. 

Somos dois septuagenários bastante ativos. Mas somos septuagenários, essa é a verdade e temos consciência de que, sozinhos, não conseguimos manter a nossa casa nos brilhos de antigamente. Tivemos que aprender a deixar alguma coisa para amanhã e a ignorar outras tantas. Além do meu trabalho profissional e de todo o serviço da casa e cozinha, eu sempre trato de arranjar tempo para o origami, haicai, tricô e crochê. E não abro mão de jogar  xadrez e ver meus filmes. Durmo sempre depois das duas da manhã. Ocupo todinho o meu tempo.

Apesar das coisas estarem dentro dos conformes, de vez em quando me bate uma sensação de que parei no tempo, que não estou fazendo nada, sei lá, um vazio. Parece que preciso fazer algo, só não sei o quê. Não me apavoro porque tenho certeza que é só impressão minha. A culpa é desses tempos sombrios que -todos- estamos tendo que enfrentar. 

O fato é que nesse ano e dois meses de isolamento, minha rotina foi completamente alterada. Só saí para cortar os cabelos (que não suportava mais!) e para tomar a vacina. Fiquei com tanto medo do vírus, que ignorei completamente a necessidade de fazer o controle da hepatopatia grave que tenho. Mas, o bom é que já estamos vacinados e agora é esperar os trinta dias da segunda dose e ir para a vacina da gripe. Depois voltarei a encarar minha vida de paciente: ressonância, endoscopia e exames laboratoriais a cada seis meses. E ver o resultado... sempre com o coração na mão. É mole? rs. 

E não é que estou me sentindo bem melhor? Gostei de elencar minhas atividades e ver quantas coisas úteis eu faço para mim e para os que me cercam. Está decidido: quando essa sensação de vazio voltar, (sempre volta, esse isolamento é cruel...) daí então vou ler esse post e entrar no prumo novamente. 

Marli Soares Borges

segunda-feira, maio 10, 2021

ESPERANÇAS RENOVADAS


A pandemia segue. Mas agora a vacina chegou. Não como seria o ideal, - para todos ao mesmo tempo -, mas é preciso reconhecer o lado bom: milhares e milhares de pessoas já estão imunizadas e o curso da História lentamente começa a mudar. Pena que as informações disponíveis sejam utilizadas pelas mídias como moeda de troca para ideologismos, enquanto nós ficamos no olho do furacão, afogados num mar discussões sem pé nem cabeça. No momento, (com a esperança renovada, trazida pela vacina) temos coisas bem mais urgentes a fazer: “vigiar e orar” (vigiar: insistir/continuar com os protocolos sanitários; orar: exercitar a fé, pedindo sempre o amparo divino). Em outras palavras, minimizar os riscos. E aqui, peço desculpas, mas vou repetir minha cantilena: as saídas sem proteção podem custar vidas. Tenha empatia pelo outro, tenha compaixão, abaixe o dedo e pare de julgar quem precisa sair para trabalhar. E por favor, prestigie as pessoas que estão fazendo bicos para sobreviver. Ajudar é um verbo que pode ser conjugado em qualquer tempo, em qualquer modo. 

 Marli Soares Borges