sexta-feira, abril 08, 2011

REPÚDIO AO MASSACRE

Olá,

Estou de luto. Estamos de luto, todos nós. Não tenho como descrever o que estou sentindo no momento. Meu coração está dolorido. Li agora, há pouco, sobre o massacre daquelas crianças indefesas, no Rio, dentro da escola. Meu Deus isso é de uma crueldade sem paradigmas na história! Sinceramente, não tenho o que dizer. Mas tem um sentimento que não consigo controlar. Sorry, estou com raiva.

Fui ler as notícias, e não entra na minha cabeça, um cara chegar assim, simplesmente dizendo que vai fazer uma palestra e entrar, numa boa, livremente dentro da escola. Meu Deus, ninguém confere, ninguém liga antes pra ver se é verdade? Vai logo deixando entrar? Santo Cristo, não entendo. (Palestra? Que palestra? Onde? Para quem? Perguntinhas básicas que, parece, não foram feitas. Do contrário, talvez... pôxa, que tristeza, que raiva!).

Mas, enfim, aconteceu o pior e as notícias estão aí pra todo mundo ler. Pobres crianças. Pobres pais. A gente fica totalmente impotente diante da perda de um filho, sei o que é isso. É um baque. E saber que a vida foi ceifada pelas mãos de um infeliz desses, deve ser infinitamente pior! Ninguém merece a perda de um filho. Quando penso nas mães e pais que sofreram essa perda, meu coração fica ainda mais dolorido. Como é possível, de um minuto para o outro, um cara qualquer, bagunçar a vida deles, jogar tudo pro ar, tirar-lhes o chão?!!! Por isso escrevi este post. Para solidarizar-me com os pais amargurados.

Apresento aqui, minhas condolências e concentro-me para rezar: Deus diminua um pouco a intensidade da dor que as famílias estão sentindo, conforte-as nesse momento de extrema tristeza. E, se for de Sua vontade, preserve a vida dos que estão feridos. Amém.

Com esses botões de rosa presto minha homenagem às crianças que perderam a vida no desabrochar de suas existências. E manifesto meu repúdio a esse crime hediondo.





Até breve.

quarta-feira, abril 06, 2011

UM DIA EU CONTO PRA VOCÊ

Olá, todo mundo!


Ando tão alucinada, fazendo um monte de coisas, (boas, né, me poupe, rsrs): trabalho, estudo, lazer, origami e otras cositas más. Como falei alhures, adoro blogar, então sempre acho um tempo pra dar uma chegadinha aqui, neste lugar abençoado. Nossa, a vida anda a mil e nem sei porque, estou me dando conta de que hoje é quarta-feira, dia-do-sofá! Você não sabe o que é? Não precisa humilhar, rsrs, sei que sou troglô, rsrs.

EMPANTURRADOS DE LIBERDADE

Na idade da pedra, ops, no meu tempo existia o "Dia do Sofá" e era na quarta-feira. O dia de namorar. Dia em que o namorado visitava a namorada e ficavam os dois sentadinhos no sofá. Conversando. Isso mesmo, só isso, rsrs. Acredite se quiser: sexo zero. Só depois do casamento. A ideia era preservar as donzelas a todo custo. Tudo em homenagem a moral daqueles tempos, moral de cuecas, onde ELES faziam tudo pra levar suas namoradas para a cama e depois queriam que ELAS casassem virgem. Pode? E as meninas, óbvio, deveriam sempre recuar. Só na base do indicador, pra lá e pra cá, acompanhado de um sonoro NÃO. Avemaria, não acredita, pergunte a sua mãe, ou avó. E todo mundo caladão, ninguém podia reclamar, era assim que funcionava. Misericórdia, eu era adolescente e odiava aquilo tudo, aquele fingimento social. Hoje? Ah, hoje é bem melhor! Os adolescentes de hoje podem fazer escolhas. Tenho orgulho em dizer que minha geração conquistou esse direito para eles e que eu participei ativamente nessa militância.

Mas a luta continua. Quer saber? Agora o que eu mais quero é que os adolescentes não sofram tanto por besteiras. Quero mesmo é que notem quanta coisa boa eles têm a seu dispor: direito de dizer o que pensam, de estudar, de se divertir, de trabalhar, de seguir atrás de seus sonhos. Sem falar no direito sexual. E me entristece vê-los viajando na maionese, à toa, vendo a banda passar (help, Chico). Tenho uma teoria: eles estão empanturrados de liberdade. Mamam a liberdade desde que nascem, no próprio seio materno. Liberdade é seu principal alimento e, mais tarde, sua bandeira. Uma liberdade sem limites. E de graça.

Calma, não sou débil mental a ponto de menosprezar a liberdade. Não enlouqueci, estou tentando dizer outra coisa. Tecnicamente falando, em linhas gerais, os jovens são bem educados, frequentam a escola, a academia, os psicólogos, etc, tudo muito profissional. Divertem-se, e os pais fazem o que podem para garantir-lhes esse suporte. Mas nada disso me convence, vejo-os muito inseguros, além do que seria aceitável em razão da idade. A meu ver eles não têm delineado em suas mentes a necessária correspondência entre direito e dever. Resultado: não sabem onde pisar e saem pisando em tudo e em todos. E impunemente. E aí vem o xis da questão: no íntimo eles sabem que estão errados, sentem culpa e sofrem com suas atitudes. Um complexo de culpa permanente e invisível, que desaba nisso que a gente está vendo todo dia: jovens perdidos e perversos. Com ações calcadas em valores distorcidos eles compensam a inércia de quem deveria lhes apontar o caminho. É uma liberdade excessiva, é muito querer e poder, muita coisa boa de graça... E o pior é que essa doença já virou epidemia. O pessoal só quer saber de direitos. E os deveres? Que nada. Isso é com os outros! -- Os jovens estão onipotentes e virando adultos onipotentes!

E eu com isso? Eu que nem tenho adolescentes em casa? É que gosto de dar o meu pitaco. Fui e continuo sendo a favor da liberdade. Ampla, geral e irrestrita. Mas da liberdade verdadeira, aquela que não existe sem responsabilidade. Acho que isso evitaria muitos dissabores e confrontos desnecessários entre uns e outros. E os conflitos diminuiriam. Mas é pagar pra ver. A propósito, de quem é mesmo a culpa desse oba-oba, desse excesso de liberdade que faz sofrer? Dos pais? Da escola? Do Estado?
Marli Soares Borges © 2011

Beijos a todos.

sexta-feira, abril 01, 2011

FALA SÉRIO

Olá todo mundo,

Hoje é 1º de abril, o "Dia da Mentira". Uau. Na minha infância, esse era um dia muito legal. A gente brincava de passar primeiro-de-abril nas pessoas: em casa, nos amigos, na escola. Tudo era motivo pra brincadeiras, mas, alto lá, jamais brincávamos com coisas sérias. Era pura farra mesmo.Tenho ótimas lembranças, que guardo com carinho na minha CMS. Aliás, minha CMS é meu tesouro, não sai do meu campo de visão, quero-a sempre à mão, disponível, toda enfeitada, brilhante, como convém a um tesouro. Ops, sorry, vou traduzir pra você: CMS = Caixinha de Memórias Sorridentes. É um lugarzinho que inventei há muito tempo, pra guardar minhas alegrias.

Hoje cedo andei dando uma passeada pelos blogs e, caracas(!), tem uma tonelada de gente falando no Pinóquio. Que novidade, jura que você não imaginava que a blogosfera estaria recheada desse tal bonequinho mentiroso, jura!! Rsrs. A propósito, ano passado, também eu andei falando no Pinóquio, mas nada a ver com o dia da mentira e nem com esse boneco infantilizado que as mídias nos empurram goela abaixo. Falei do verdadeiro Pinóquio, que pouca gente conhece. Se quiser, você pode ler aqui.




Mas hoje não quero saber de pinóquios, vou é postar uma dica de filme. Chama-se "The Invention of Lying" e conta a história de um homem fracassado que resolveu mudar sua sorte contando mentiras, num mundo onde todos só falavam a verdade. Já faz um tempinho que vi esse filme, mas lembro que achei ótimo.  É um filme descomprometido, pura bobajada. Eu ri de montão. E olha que sou uma pessoa séria, ih, ih, gente grande, rsrs. Mas é que o dito filme tem mesmo umas passagens homéricas. Se você estiver a fim, assista, é melhor do que muitos enlatados que andam por aí passando um primeiro-de-abril na gente.


http://the-invention-of-lying.warnerbros.com/


Um ótimo fim de semana. Divirtam-se.
Beijos a todos

sábado, março 26, 2011

HOJE A FESTA É LÁ NO TEU APÊ...

Olá, todo mundo,

Festa é tudo de bom. E aniversário, melhor ainda. Uau. Minhas queridas, se eu pudesse estaria aí com vocês, ah, se eu pudesse! Nem precisa muita coisa, um bolo, refri e pronto, ah, eu adoro! Putz, mas a gente mora tão longe... Então acho melhor comer um bolinho por aqui mesmo, pensar em vocês e mandar os beijos pela web. Que tal?

Minhas queridas,

Sim, são duas queridas que estão de aniversário hoje. Segredo, depois eu conto. Que nada, conto agora mesmo:

MARGARIDA
do
Banzai

e

BETH
do
Mãe Gaia

Então. Desejo a vocês um aniversário muito lindo, que as alegrias sejam muuuiiito maiores que as tristezas e que cada uma de vocês consiga, à sua maneira, manter o bom humor diante das adversidades. Com alegria e bom humor é mais fácil a gente conseguir as coisas. Experiência própria. Mas não se enganem, não é fácil manter-se assim. Por isso, no dia de hoje, no aniversário de vocês, estou aqui, escrevendo e pensando em cada uma, que não conheço pessoalmente, mas que tem um lugar marcado, especial, no meu coração, (engraçado isso não é?, mas quem é blogueira (o) entende...) e saibam que estou mandando energias positivas. Meus tsurus já voaram para vocês carregando todos os significados que possuem. Abram a janela, daqui a pouco eles chegarão!!




FELIZ ANIVERSÁRIOOOOO!

Beijos a todos.

terça-feira, março 22, 2011

NOVAMENTE O OUTONO...


Com a chegada do outono (que adoro!), tenho lido várias postagens nos blogs que acompanho. Cada uma melhor que a outra. Então lembrei que ano passado também andei escrevendo a respeito. Fui lá no post e li novamente. Sinceridade? Acho que vale a pena trazer agora para conhecimento dos leitores mais recentes do blog.

Então pra facilitar transcrevi para cá. 

O OUTONO DA VIDA
por Marli Soares Borges 

Desde que me conheço por gente ouço falar no outono da vida. Saí a procura de respostas e não encontrei. Resolvi... bem, tive que viver. Agora eis-me aqui, no outono de minha existência. Calma, é que andei fazendo umas pesquisas e segundo apurei 60 anos é idade outonal. Pois que seja. Aqui estou. Só para esclarecer, outono aqui é sinônimo de velhice.

No outono você sabe, o cenário é outro, as folhas caem, as árvores perdem suas roupagens coloridas e o chão vira um lindo tapete florido. A temperatura é mais amena e o céu é de um azul intenso, lindo de doer! É tempo dos frutos. Mas a gente tem de varrer o chão todo o dia para que a beleza resplandeça e o tapete de flores se renove. O outono da existência também é assim. O cenário é outro e reclama trabalho para que a beleza resplandeça.

Se a gente muda? Meu Deus, muito!! Falando por mim, claro, mudei interna e externamente. (Mas a mudança interna é bem mais lenta, e isso é bom, embora a gente às vezes tenha que pagar alguns micos, rs). Tô aqui me desentendendo com a menopausa, com as gordurinhas, com as lentes de meus óculos, com os ossos doloridos e outras mazelas que tais, mas nada que me impeça de rir, de emocionar-me, de fazer o que gosto, (o gosto da gente também muda, graças a Deus) e de continuar sendo útil aos meus semelhantes, pois tenho para mim que o que entristece e mata os velhos de desgosto não é a velhice, mas a sensação de inutilidade social.

Mas se você me questionar sobre o mérito da questão, sobre o que acho da velhice em si, respondo que considero-a como uma fase da vida, simplesmente, como tantas outras que venho passando. Há coisas boas e ruins e, do ponto de vista físico, a gente tem mesmo que aprender a lidar com as perdas, que são muitas e bem significativas, temos que aprender a compensá-las para evitar as frustrações. Temos que tratar de colher os frutos e saboreá-los com muito gosto. Mas isso é um processo, um aprendizado que a gente vai tirando de letra. O que não podemos é emburrecer, hostilizar os mais jovens e amargar a convivência. E por falar em convivência, temos que exercitar essa arte, num clima de respeito mútuo entre velhos e jovens e jovens e velhos. Na convivência saudável há sempre uma renovação. E isso é fundamental no processo de envelhecimento.

Aí leio textos que falam na "melhor idade", na "terceira idade" e outras baboseiras mais. E fico pensando, avemaria pra quê esses eufemismos? Pra encobrir o quê? Ora, tá na cara, pra encobrir o preconceito. Claro, velhice agora virou palavrão!!! Encarar a velhice? Nada. Vamos encobri-la, vamos enganar, infantilizar. (Gente, que maldade!). Pois acreditem, tem até um comercial que diz que tal coisa, nem lembro o quê, é para "idosos com espírito jovem". Licença, aonde vamos? Coitados desses idosos e seus espíritos jovens! Tadinho deles... Imagine se meu espírito jovem deseja participar de um rally, que meu corpo não aguenta... sofrimento atroz né, é no que dá o tal espírito jovem aprisionado num corpo velho!!! Não concordo com isso. Tudo tem seu tempo: infância, juventude e velhice, ado, ado, ado, cada um no seu quadrado, rsrs. E na santa paz. Equilíbrio e bom senso. É mais ou menos por aí.

Não sou a favor de lutar contra o envelhecimento a qualquer preço. Penso que as cores do outono são essas que a natureza pintou, e não está em nós modificá-las, quando muito, podemos avivá-las, pois são muito belas, é só olhar bem, numa boa, sem enganações. Por isso que, no meu outono, sigo fazendo o que posso, trabalho bastante, luto pelo direito dos meus clientes, ajudo meus filhos, dou uma olhadinha nos netos, sem neuras, dentro do possível, que também não sou de ferro. Tenho outros interesses, quero fazer mais coisas: quero ler, escrever, passear e me divertir junto a quem amo. E às vezes sozinha, comigo mesma. Gosto da minha companhia.

Complicado mesmo são as armadilhas que o espelho nos apronta: tem dias que vou em direção a ele acreditando que tenho trinta, olho-me e vejo sessenta, que droga, sei que tem outra ali dentro! E esse espelho que não me mostra? grrr.

Que fazer? O fato é que sempre gostei do outono e continuo gostando, agora dos dois, da natureza e da existência. São duas faces da mesma moeda. No bem e no mal. Mas, cá entre nós, melhor idade mesmo é 25 / 30 anos!!! Eita idadezinha boa!!!! O resto é bobagem. Valha-me Deus!  

E aí, gostou?
Ah, agora lembrei de uma coisinha mais, observe que todo aquele que se refere à velhice como a "melhor idade" ainda não chegou lá e para a maioria falta muito tempo, rs. Entendeu?

- Marli Soares Borges -

domingo, março 20, 2011

NOSSO DIA!

Olá todo mundo!


Feliz Dia do Blogueiro, desejo a todos muita blogagem energética (ai, ai, rsrs) e que em futuro próximo nossa blogosfera seja uma referência de ética e respeito entre todos, e que os amigos que aqui fazemos, nos acompanhem pela vida afora, uns apoiando os outros, uns alegrando os outros. Amém. Alegria, alegria!!!



Vida longa aos blogues e aos blogueiros!!!!!
Um abraço desse tamanhoooo!
Porque hoje é Dia do Blogueiro
Porque blogar é tudo de bom
Porque blogar é tudo
Porque blogar...
Ora, blogs
Chega de papo furado.
Vamos blogar?

Um beijo a todos.
Ops, já ia saindo sem falar nessa linda imagem, que adorei. É uma publicidade do facebook estilo vintage criado pela Moma Propaganda.

segunda-feira, março 14, 2011

BLOGAGEM COLETIVA - DIA DA POESIA

Olá turma,


Hoje é o Dia da Poesia e é simplesmente impossível deixar de prestar homenagem à minha poeta do coração: Cora Coralina. Grande poeta, dispensa apresentações.


Cora Coralina, você é muito dez!



E você, leitor, tenho certeza que concorda comigo.

Já falei sobre ela em outras oportunidades, e postei alguns de seus poemas. Você pode ler aqui e aqui.

Agora, nessa blogagem trago um poema que no meu sentir, é pura fascinação. Na verdade, sinto esse poema como uma confissão, uma confissão inteira, de corpo e alma, a própria confissão de Aninha. E amo esse despreendimento, esse jeito sereno que Cora sinaliza sua trajetória no mundo. No início, ela se apresenta: "// Sou a planta humilde dos quintais pequenos // e das lavouras pobres.//". Mas, quando brota o verso final – “Sou o milho!”, ela é puro esplendor. A grandeza na humildade! De modo suave, somos levados a refletir sobre muitas coisas que acontecem na nossa caminhada existencial. Cora transparece, revela-se. Quem não lembra as palavras dela no poema Minha Cidade, que termina assim: “Eu sou aquela menina feia da ponte da Lapa./Eu sou Aninha.”. Sorry, não posso deixar de fazer essa relação.

ORAÇÃO DO MILHO


Senhor, nada valho.
Sou a planta humilde dos quintais pequenos
e das lavouras pobres.
Meu grão, perdido por acaso,
nasce e cresce na terra descuidada.
Ponho folhas e haste, e, se me ajudardes, Senhor,
mesmo planta de acaso, solitária,
dou espigas e devolvo em muitos grãos
o grão perdido inicial, salvo por milagre,
que a terra fecundou.
Sou a planta primária da lavoura.
Não me pertence a hierarquia tradicional do trigo,
de mim não se faz o pão alvo universal.
O justo não me consagrou Pão de Vida
nem lugar me foi dado nos altares.
Sou apenas o alimento forte e substancial
dos que trabalham a terra,
alimento de rústicos e animais de jugo.
Quando os deuses da Hélade corriam pelos bosques,
coroados de rosas e de espigas,
e os hebreus iam em longas caravanas
buscar na terra do Egito o trigo dos faraós,
quando Rute respigava cantando nas searas de Booz
e Jesus abençoava os trigais maduros,
eu era apenas o bró nativo das tabas ameríndias.
Fui o angu pesado e constante do escravo
na exaustão do eito.
Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante.
Sou a farinha econômica do proprietário, sou a polenta
do imigrante e a amiga dos que começam a vida
em terra estranha.
Alimento de porcos e do triste mu de carga,
o que me planta não levanta comércio,
nem avantaja dinheiro.
Sou apenas a fartura generosa
e despreocupada dos paióis.
Sou o cocho abastecido donde rumina o gado.
Sou o canto festivo dos galos
na glória do dia que amanhece.
Sou o cacarejo alegre das poedeiras
à volta dos ninhos.
Sou a pobreza vegetal agradecida a vós,
Senhor,
que me fizestes necessário e humilde.
Sou o milho!


Bem, por enquanto vou ficando por aqui. Espero que gostem.
Beijos a todos.


Blogagem coletiva proposta pelas amigas:
Lu, do Blog  "Lichia Doce"
Glorinha do Blog "Café com Bolo"

quarta-feira, março 09, 2011

A PROPÓSITO...

Olá terráqueos!
Fiquei sabendo que hoje é quarta-feira de cinzas e começa o ano por aí.
Feliz 2011!!!

- o -

Gosto muito desse discurso -- bem antiguinho -- do publicitário Nizan Guanaes, como paraninfo de uma turma de formandos em Administração de Empresas na Bahia, parece que foi em 2003, não sei bem. É um texto longo, mas vale cada palavra. (Ele ainda segue falando, mas não coloquei porque são questões pontuais dirigidas diretamente aos afilhados).

Enjoy.
"Dizem que conselho só se dá a quem pede. E, se vocês me convidaram para paraninfo, sou tentado a acreditar que tenho sua licença para dar alguns. Portanto, apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que seja, aqui vão alguns, que julgo valiosos.

Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro. Ame seu ofício com todo coração. Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como conseqüência. Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser nem um grande bandido, nem um grande canalha. Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro. Hitler não matou 6 milhões de judeus por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro. E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar. E tudo que fica pronto na vida foi construído antes, na alma.

A propósito disso, lembro-me uma passagem extraordinária, que descreve o diálogo entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar daqueles leprosos, disse: "Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo. E ela responde: Eu também não, meu filho".

Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que pensar em realizar tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.

Meu segundo conselho: pense no seu País. Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si. Afinal é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo. O caos político gera uma queda de padrão de vida generalizada. Os pobres vivem, como bichos, e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, não chega a viver como homens. Roubam, mas vivem uma vida digna de Odorico Paraguassú. Que era ficção, mas hoje é realidade(...)

Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito. É exatamente isso que está escrito na carta de Laudiceia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito.

É preferível o erro à omissão. O fracasso, ao tédio. O escândalo, ao vazio. Porque já vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso. Colabore com seu biógrafo. Faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido.

Tendo consciência de que, cada homem foi feito, para fazer história. Que todo homem é um milagre e traz em si uma revolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você foi criado, para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, e caminhar sempre, com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra. Não use Rider, não dê férias a seus pés. Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: eu não disse!, eu sabia!

Toda família tem um tio batalhador e bem de vida. E, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa. Chega dos poetas não publicados. Empresários de mesa de bar. Pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansear, não sabem perder a pose, porque não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar (...)"

Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. De 8 às 12, de 12 às 8 e mais se for preciso. Trabalho não mata. Ocupa o tempo. Evita o ócio, que é a morada do demônio, e constrói prodígios.

O Brasil, este país de malandros e espertos, da vantagem em tudo, tem muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. Porque aqueles trouxas japoneses que trabalham de sol a sol construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior megapotência do planeta. Enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores impotências do trabalho.

Trabalhe! Muitos de seus colegas dirão que você está perdendo sua vida, porque você vai trabalhar enquanto eles veraneiam. Porque você vai trabalhar, enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas, mas o tempo, que é mesmo o senhor da razão, vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão.

E isso se chama sucesso.
(...)

Espero que gostem.
Beijos a todos.