Nessa ´postagem o sentimento é MEDO.
Não tenho medo.
Aos vinte e poucos anos de idade decidi que nunca mais teria medo. Não estou falando do medo das doenças, dos desastres, do controle social, da morte. Refiro-me a outro tipo de medo, aquele parecido com pavor.
Posso dizer que numa fase de minha vida eu fui a personificação do medo. Tinha medo de muitas coisas, mas o escuro particularmente me descompensava. A sensação era terrível, como se alguém, uma sombra, andasse no meu encalço. Eu ficava paralisada de terror. E virava um trapo. Recordo-me que a última vez em que tive medo, quase enfartei. Foi um episódio banal, mas o medo foi atroz. Um divisor de águas em minha vida.
Naquele verão, minha filha era bebê e estávamos em férias, na praia, numa casa à beira-mar. Era uma noite agradável, super comum. Meu marido, ali pertinho, comprando cerveja para nós. Tudo numa boa. Até o momento em que a luz apagou e ficamos na escuridão. Minha filha e eu.
Comecei a tremer e a sentir aquela sensação cruel... e a ouvir os barulhos do medo... Santo Cristo, ouvia o mar, o vento... tudo em proporções assustadoras... e o pavor começou a tomar conta de mim. Uma doideira só. Pois não é que de repente, sem saber como, abandonei a agonia e num lance de coragem resolvi encarar a situação? Consegui mover-me, abri a porta e saí com meu bebê no colo, sozinha, no escuro. Eu tremia, mas continuava segurando minha filha. E o desespero foi passando. (Sei, isso foi um milagre).
Ficamos ali na areia, pertinho do mar, quietas, nenhum pio. Foi então que notei o céu..., sem lua, mas todo estrelado. Abracei minha filha e uma calma desconhecida inundou meu coração. E fiz a promessa que transformaria para sempre o meu viver. Prometi, com todas as minhas forças, que nunca, nunca mais teria medo! E os anjos disseram amém. E anunciaram ao Pai os meus propósitos. O tempo que segui vivendo confirmou essa certeza.
Na volta pra casa, continuava escuro, mas andei a passos lentos, sem tremer. Meu coração estava sossegado.
Agora, resumindo aqui pra você, noto que faltaram alguns detalhes. É que não encontrei as palavras. Mas acredite, foi uma coisa muito louca. Quem conhece o medo intenso, sabe muito bem o que passei.
Hoje em dia, quando lembro daquele episódio, renovo minha certeza: Anjo-da-Guarda existe sim! E o meu não brinca em serviço! Não quero nem imaginar o que poderia ter acontecido com minha filhinha, tal era o estado em que eu me encontrava. Meu anjo? Nota mil! Mas, pensando bem, acho que foram os dois anjos, o meu e o da minha filha, que uniram as forças e seguraram aquela onda. Aleluia!
Okok, mas o que restou disso tudo? Uma coisa muito boa. Nunca mais senti aquele tipo medo. Não, não me olhe assim, eu também não entendo. E alguém, por acaso, entende os anjos?
Desculpe o atraso na postagem. Minha conexão simplesmente sumiu!! Esse post faz parte da Blogagem Coletiva do blog Café com Bolo.
Beijos. Fui.