Olá!
Já te contei? Estou em Belém, no Pará. Fugi um pouco do frio. Uma semaninha só, mas está valendo demais! Estou me sentindo tão bem. Esse lugar me tocou profundamente. É um lugar lindo, seguro, a comida é ótima e oferece um misto de natureza e civilização. É frequentado por pessoas simpáticas e despojadas. Quero voltar, com certeza. Desde que cheguei tenho saboreado o energético açaí paraense. Genuíno, puríssimo. Típico da região. Muito bom! Diz que os antigos costumavam anunciar: “Quem vem ao Pará, parou; tomou açaí, ficou”.
Falando em açaí, preciso dividir com você uma coisa que não me entra na cabeça. Escuta só. Pra uma parcela expressiva da população pobre, o açaí é um alimento, às vezes, a única refeição forte do dia. As crianças, na falta do leite, bebem o suco na mamadeira. Beleza? Nada! Elas bebiam. Pois fiquei sabendo que hoje em dia, os paraenses estão comendo menos açaí. Está muito caro, eles não podem comprar. Você consegue entender isso?
Por Deus, a gente sabe que o mundo não é justo, que as coisas são assim como são. Mas eu me pergunto: porque puxar o tapete dessas pessoas? Exigências de mercado? Olha, eu não entendo nada desse assunto, mas quando acontece esse tipo de coisa, acho que o mínimo que se pode fazer é procurar soluções para amenizar a situação. As crianças já não podem tomar leite, e agora nem açaí? A riqueza da região está indo embora? Como? Porquê?
Pra não falar besteiras, tratei de me informar e veja só. Há cerca de dez anos o gosto e as propriedades medicinais do açaí invadiram as academias e praias do Rio e São Paulo. Na onda da eterna juventude e da saúde total, o açaí acabou entrando direto na dieta dos naturalistas, atletas e idosos. Os Estados Unidos e a Austrália importam cada vez mais. Resultado? O açaí ficou tão popular que acabou elitizando-se. Atualmente é oferecido (misturado) em quase todos os Estados brasileiros. E como sobremesa. (Puro mesmo, só direto na fonte, onde estou agora).
O New York Times numa excelente matéria assinada por Seth Kugel, mostra como o açaí é consumido no Pará, no Rio de Janeiro e nos Estados Unidos. Ele comprovou o que os paraenses já sabem e sentem na pele: o preço aumentou com a exportação.
Para ir ao site do The New York Times e ler na fonte – pode clicar
aqui. Nessa mesma matéria tem um
slide show, de onde eu colei as duas fotos que estão aí em cima. O link das fotos pra você ir direto, está
aqui.
Leia sobre as propriedades medicinais
aqui.
Era isso. Beijos. Fui.