quarta-feira, abril 28, 2021

SE ACASO VOCÊ CHEGASSE...

 


Acredito no acaso muito mais do que no mérito e considero que o esforço e o talento, por si só, não determinam o sucesso de ninguém. Li um artigo de um escritor franco-canadense - Malcolm Gladwell - sobre esse assunto e concordo com ele. Para mim, a meritocracia não passa de uma ideia falsa, quase uma fé "virada para baixo" com dizia Murphy. Se o esforço árduo fosse necessariamente recompensado, o sucesso estaria praticamente garantido para todas as pessoas. Era só se esforçar e pronto. Mas, infelizmente, não é assim que funciona, tem gente que leva a vida inteira se esforçando e nunca chega lá. Acontece que a meritocracia é apenas uma crença e o acaso não. O acaso é real e está em todos os lugares. Observe: o acaso inaugural, que praticamente dá o 'tom' da nossa existência, começa precisamente no dia em que, direto da barriga de nossa mãe, desembarcamos nesse mundo. Desde a nossa mãe, a nossa família, o lugar do nosso nascimento, nossa escola, etc, até os atos e fatos casuais, anteriores e decisivos que nos dizem respeito, todos eles são acasos determinantes na nossa vida. Enfim, penso que o papel do acaso não é pequeno, ele é bem maior do que gostaríamos de admitir. Mas isso não significa que eu despreze o valor do esforço e da dedicação. Pelo contrário, o esforço, a dedicação, o comprometimento e as horas-bunda de estudo, contam muitíssimo na vida e, verdadeiramente, alavancam o sucesso. Apenas não concordo com a ideia de que o esforço árduo terá necessariamente sua recompensa, pois o acaso é moeda forte e não pode ser desconsiderado. Lembro de Santo Agostinho, "somos todos iguais, até o momento em que nascemos". Certamente, também ele, por acaso, andou encucando no acaso de todos nós. 

Marli Soares Borges

terça-feira, abril 13, 2021

OS DUENDES

 


Essa história já é conhecida de vocês mas, que fazer? a saga continua. 

Aqui em casa mora uma gangue de duendes mau-caráter. Há tempos procuro o esconderijo deles e não consigo encontrar. Já revirei a casa toda e... nada. Mas sei que estão aqui. Enquanto isso, eles divertem-se escondendo minhas coisas: eu guardo num lugar e eles, só pra incomodar, colocam em outro. E para completar, ainda fazem as coisas aparecerem num lugar onde eu já havia procurado um milhão de vezes! Que raiva! Eu fico p da vida! Olha, não sou vingativa, mas esses duendes safados, eu prometo, quando encontrá-los, vou meter-lhes umas boas porradas 👊👊 e depois vou fritar-lhes o fígado, um a um! 

Marli Soares Borges


domingo, abril 11, 2021

VELHICE

a vida é agora


A velhice é o último período de nossas vidas. Não há tempo a perder, a vida é agora. Esqueça essas besteiras de terceira idade, melhor idade e outras gambiarras que inventaram para escamotear o preconceito abissal que sufoca as pessoas velhas. Trate de viver, de suportar suas amarguras e gozar seus momentos de alegria. Não vá atrás desses aconselhadores que brotam como pragas em todos os cantos e estão sempre ditando regras em tudo. Geralmente quem se mete a escrever e “entender” de velhice está muito longe de chegar lá, e conta apenas com o achismo e o ego gigante. Siga seu próprio caminho, cada um sabe de si e você está em ótima companhia: você, a velhice e o sopro divino da vida. 

- Marli Soares Borges -


quinta-feira, novembro 05, 2020

BLOQUEIO MENTAL

 

A História tem nos mostrado que todos os “ismos” que se perpetuaram através dos tempos, foram nocivos ao tecido social, ou seja, são verdadeiras pragas. 

Atualmente é o abstracionismo que está no auge da moda. Não ter que pensar as coisas, como realmente as coisas são, é a bola da vez. E até que faz sentido: é muito mais fácil falar sobre uma ideia abstrata, (que não pode ser colocada à prova), do que objetivar a realidade, clarear e sujeitar as ideias a serem vistas e contraditadas. É muito mais fácil esconder-se e disparar chavões! Daí o manejo exponencial da abstração. 

Generalizar realidades, tecer considerações vazias, encher o peito e dizer simplesmente "é minha opinião pessoal" deve dar uma sensação de alívio para quem imagina que sua opinião pessoal esteja a salvo de objetivações concretas e não possa prestar-se a reflexões. Mas convém não esquecer que o abstracionismo (florescimento de ideias vazias) é sinal de outra praga no ar: o bloqueio mental.

Marli Soares Borges

Imagem Google

quarta-feira, outubro 28, 2020

CONSTATAÇÃO




O que resta para nós, mais velhos, é torcer pelo melhor; não temos mais energia para todas as lutas.

Depois de uma certa idade viramos pragmáticos: calculamos o tempo que nos resta, nossa saúde e família, e passamos no máximo a reclamar.

Tudo é mais dolorido e nossa recuperação é mais lenta.


Marli.

terça-feira, outubro 02, 2018

SENHOR, ENVELHECI...







Senhor, envelheci. Dá-me Tua mão e me ajuda nessa trajetória. Me salva de ser um peso na vida do meu marido, dos meus filhos e dos meus netos... antes, apaga a luz e me tira da cena. A simples ideia de vê-los preocuparem-se com minhas doenças, me aterroriza. Por piedade, não me tira a autonomia, não me transforma num vegetal. A vida é tão bonita, tem tanta coisa boa a apreciar e não quero que meus afetos, por minha causa, acabem perdendo oportunidades preciosas de aproveitarem suas vidas se alegrarem. Quero-os livres desse tipo de preocupação. Me salva Senhor, me carrega em teus braços. Amém.

Marli Soares Borges

🎶🎈FELIZ DIA DO IDOSO!🎈🎶

segunda-feira, novembro 21, 2016

ANTÍDOTO PARA O ATORDOAMENTO







Nesses tempos em que o consumo e as aparências pretendem dar sentido à vida, poetizar as pequenas emoções é mais do que nunca, o antídoto para o atordoamento. Só a poesia nos salvará. 

Em meu altar de poesia reservo espaço iluminado para a genialidade poética de Manoel de Barros: "eu não sei nada sobre as grandes coisas do mundo, mas sobre as pequenas eu sei menos"; Emilio Moura, absolutamente cirúrgico, direto na jugular: "viver não dói. O que dói é a vida que não se vive"; Mario Quintana, profético e profundo: "eles passarão... eu passarinho". E para costurar toda essa poesia, só mesmo a sabedoria delicada de Cora Coralina: "se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma.” 

Repito, só a poesia nos salvará.

Marli Soares Borges

segunda-feira, setembro 12, 2016

SEM PERDÃO





"SEM PERDÃO". Autor: Frederick Forsyth. 1982. Tradução de Pinheiro de Lemos.

Dez contos, cada um melhor que o outro. Livro antigo, o que tenho é de 1982, você encontra no sebo e talvez até em pdf, na internet. É bem baratinho. Literatura boa! Imperdível! Começo a ler e não consigo largar, a respiração fica sempre em suspenso. Forsyth tem uma capacidade única de escrever: muitas reviravoltas, milhões de surpresas... e nós dentro da história, vivendo naquele mundo espantosamente real. Nem precisamos ter imagens claras sobre os lugares descritos, ele não perde tempo com pontos desnecessários, só se ocupa com os principais momentos da trama. (Estou relendo mais uma vez. Já reli outras tantas, por puro prazer).

Tem dois contos que adoro! "Sem Perdão" e "Não Há Cobras na Irlanda". Fico pensando no caráter das pessoas, na bondade e na maldade. E na estupidez.

Resuminho básico de "Não há cobras na Irlanda", só uma palhinha: a fim de estudar Medicina para servir o seu povo, Harkishan Ram Lal saiu do Panjab, na Índia. Mas cadê dinheiro para concluir o último ano da faculdade? Acabou aceitando um emprego clandestino num trabalho de demolição - um subemprego, com um chefe ignorante, truculento e grosso. A partir daí, as cobras... bom, você vai ter que ler.

Já li, há bastante tempo, outros livros dele: O Dia do Chacal, O Dossiê Odessa, O Punho de Deus, O Quarto Protocolo e Cães de Guerra. Todos ótimos, mas "Sem Perdão" é medalha de ouro.

Marli Soares Borges