- Marli Soares Borges -
Uma casa de pedra
com uma escadaria de pedra,
na beira da praia, de frente para o mar.
Parece uma casa incrustada no tempo,
as ondas quebrando na areia, sem fúria
e a imensidão do mar a perder de vista.
Na escadaria há folhagens
e há ainda os gerânios, os gerânios
com suas flores vibrantes e misteriosas.
Ao pé da escada há uma - inusitada - porta laranja,
que ladeia uma passagem
para o mar.
Dentro da casa há um casal de velhos, bem velhos.
De manhã o velho vem regar as plantas
enquanto a senhorinha varre lentamente
os degraus da escada.
Ao entardecer ela volta, sozinha,
desce alguns degraus e fica um tempo imóvel,
é mar pra tudo que é lado.
Quando o aroma da maresia entra pelo nariz
ela levanta a cabeça e respira fundo
e desce o último lance de escadas.
Abre a cancela e vai pisar no mar,
cuidando de não machucar as águas.
E ouve a voz antiga do vento aflorando quimeras e utopias.
Nunca vi cachorro nem gato passando por ali.
Raramente aparecem alguns pescadores apressados, mas logo desaparecem.
Por que me perturba a atmosfera desse cenário idílico?
❤❤❤
Participando do desafio proposto pela amiga Chica
💚 💙 💚
Boa noite de paz, querida amiga Marli!
ResponderExcluirSensacional!
Um apanhado de detalhes que você colheu e descreveu com sua sensibilidade.
Gostei muito de imaginar alguns prováveis personagens do cenário como os pescadores esporádicos e a senhorinha que varre a calcada...
Bonito demais tudo.
O questionamento fina dá o que pensar...
Tenha um anoitecer abençoado!
Beijinhos fraternos
Pois é, Rosélia, eu também fico pensando nessa inquietação que a imagem me traz.
ExcluirObrigada por comentar.
Bjssssss
Marli que bela descrição poética do lugar, da casinha linda, do mar beijando as escadas. Adorei! E realmewnte faz pensar o que te deixa inquieta num lugar assim... O que acintece é que aqui, Kiko e eu, já tivemos que abrir mão de muitos lugares bem tranquilos, na paz, justamente pela falta de recusros caso algo aconteça. Assim, agora só em sonho uma casinha assim. Temos que ir pra lugares com recursos! Tuuuuuuudo muda!
ResponderExcluirObrigadão,adorei! beijos praianos, chica
Acho que o fundo da questão é mesmo esse chica. O lugar ermo e a falta de recursos. É um medo atávico. Deve ser.
ExcluirObrigada por comentar.
Bjssssss
Pisar o mar com cuidado, andar pelas quimeras das areias... só poucos tem esse dom, só poucos sabem contá-los narrando-os com singeleza num cenário idílico e contemplativo.
ResponderExcluirAmei, Marli!
Que texto maravilhoso!
Parabéns, querida!
Bjssssss
Que bom, Calu, que bom que você gostou. Sinal que acertei o caminho.
ExcluirObrigada por comentar.
Bjssssssss
Beautiful image and poem ❤️ Warm greetings from Montreal, Canada 😊 🇨🇦
ResponderExcluirObrigada por comentar.
ExcluirBjssssss
So playful and enjoyable to read.
ResponderExcluir(ꈍᴗꈍ) Poetic and cinematic greetings.
💋Kisses💋
Obrigada por comentar.
ExcluirBjssssss
Olá Marli, que texto lindo! bjs
ResponderExcluirObrigada por comentar, Ana Lucia.
ExcluirBjssssss
Belíssimo poema com que participaste no desafio da Chica.
ResponderExcluirAdorei.
Beijinho e óptimo dia com paz e saúde, Marli.😘
Obrigada por comentar, Mona Lisa.
ExcluirBjsss
Gostei muito do texto.
ResponderExcluirAbraço
Obrigada por comentar, São.
ExcluirBjssss
Marli, teu texto ficou perfeito! Você enriqueceu a imagem, foi além do proposto e agora ficamos sabemos do casal de velhos que tem por companhia mar pra todo lado.
ResponderExcluirOlá, Eduardo!
ExcluirTalvez ter o mar como única companhia seja o gatilho de minha inquietude nessa história toda.
Obrigada pelo elogio ao meu texto. Sua opinião é muito importante para mim. Volte sempre.
Bjsssss
What a beautiful, evocative scene, so richly painted with the stone house, the crashing waves, and those vibrant geraniums. It truly feels like a house embedded in time, doesn't it? The routine of the elderly couple is so peaceful, but I completely understand why the atmosphere would be disturbing. The sight of the old woman at dusk, descending the stairs alone, taking a deep breath of the sea, and stepping into the water, while hearing the ancient voice of the wind, creates a profound feeling of restlessness, a beautiful kind of mystery. Thank you for sharing your participation in the challenge.
ResponderExcluirOlá Melody Jacob!
ExcluirQue comentário maravilhoso! Tuas palavras coloriram e deram vida ao meu texto. Tua sensibilidade é admirável e tua escrita tem uma poesia que dá gosto ler.
Muito obrigada, volte sempre.
Bjssss
Boa noite
ResponderExcluirObrigada pela visita no blog.
Imagem e poema lindíssimos.
Abraço
Obrigada por comentar, Maria.
ExcluirBjsssssss
Envelhecer a olhar o mar é um privilégio que muitos não têm, mas deve ser maravilhoso. Belas palavras enleadas numa bonita imagem. Marli, boa semana e beijos com carinho
ResponderExcluirOlá, Rosa-branca!
ExcluirTambém acho um privilégio e acho maravilhoso envelhecer junto ao mar, contudo ao ver essa linda imagem algo me inquietou.
Obrigada por comentar.
Bjssss
Boa noite, querida amiga Marli ! Essa tua “inquietação” parece aquele tipo de paz que dá medo: calma demais, bonita demais, silenciosa demais pra não esconder um sussurro do tempo. A casa, os gerânios, o mar, o vento antigo... tudo respira uma saudade que ainda não sabe de quem é. Talvez te perturbe porque há algo de nós ali, esse desejo de eternidade que vive brigando com o tempo, esse mar que nunca para de chamar. Mas olha, se é pra se inquietar, que seja assim: com poesia suficiente pra deixar o vento com inveja. Hhehe.
ResponderExcluirAbraços fraternos e obrigado pelo carinho de sempre.
Axé
Daniel
Olá, Dan!
ExcluirMuito lindo teu comentário. Sabes que eu nunca havia pensado sob esse ponto de vista de uma saudade de não sei quê. Mas vou pensar. Achei que minha inquietação tinha raízes em novos medos que o envelhecimento me trouxe.
Você é um poeta ímpar e teu comentário faz as letras brilharem! Quem sabe, sabe, não é?
Obrigada por comentar.
Bjsssss
Hermoso y melancólico poema. Te mando un beso.
ResponderExcluirObrigada por comentar, J.P.
ExcluirBjsssss
Um texto intenso e profundamente reflexivo, que traduz de forma bela a inquietação da alma diante do sentir. ✨
ResponderExcluirCom carinho,
Daniela Silva ♡
alma-leveblog.blogspot.com
Espero pela tua visita no meu blog
Que bom, Daniela, isso significa que meu texto está claro e objetivo. Que bom. Pelo menos é essa a leitura que faço diante das tuas palavras, pois tu entendes das escritas.
ExcluirObrigada por comentar.
Bjsssss
Querida Marli,
ResponderExcluirque texto lindo e ao mesmo tempo inquietante! Há algo nessa tranquilidade quase sagrada da casa e do mar que toca de forma profunda é bonito, mas ao mesmo tempo nos deixa uma pontinha de saudade ou nostalgia, como se estivéssemos vendo a vida passar em câmera lenta. A imagem da senhora descendo os degraus e pisando no mar é tão poética que me fez sentir o cheiro da maresia e ouvir o vento também. Talvez seja essa mistura de beleza, silêncio e solidão que nos perturba: é perfeito, mas intenso demais para não mexer com a gente.
Com carinho
Fernanda
Olá, Fernanda!
ExcluirEu também imaginei essa cena, vi os personagens e senti o gosto do mar, o cheiro da maresia e ouvi o vento soprando. Por isso a descrevi assim. Impressionante as nossas palavras conectadas ao nosso pensamento, não é? Agora você me trouxe outro dado para eu tentar descobrir porque essa imagem me inquieta tanto. Quando descobrir vou fazer um post a respeito.
Obrigada pelo teu comentário, por essa prosa poética encantadora que tu tens.
Bjsssssss