Brincadeiras de Poetas
Blog da Marli
Aqui estou: vivendo, pensando e escrevendo; de repente você me lê e tudo muda para melhor.
G A L E R I A
segunda-feira, outubro 27, 2025
A CASA DA GENTE
Brincadeiras de Poetas
domingo, outubro 26, 2025
SUA ASSINATURA EXPIROU
- Marli Soares Borges -
Dia desses precisei reconhecer minha assinatura em alguns documentos para enviar a um cliente. A moça do cartório informou-me que não seria possível o reconhecimento por semelhança porque minha assinatura estava diferente. De fato, eu contava pouco mais de vinte anos quando assinei minha identidade profissional e agora com mais de setenta é praticamente impossível que o traçado de minha assinatura - hoje -, ostente a mesma consistência do traçado que fiz há quase meio século! No meu caso, a assinatura é a mesma, o traçado é que perdeu um pouco a consistência. Faz tempo que não escrevo à mão, perdi a prática. A escrita manual tornou-se desnecessária na atualidade. E no meio disso tudo, está o envelhecimento que afeta diretamente a escrita manual de todas as pessoas.
Argumentei então sobre dois outros métodos comuns de reconhecimento que poderiam ser feitos naquele momento: por autenticidade (com assinatura presencial) e atualizando-se o cartão de assinaturas do próprio cartório, (que serviria também para posteriores reconhecimentos). Nada adiantou, a moça manteve-se irredutível no alto do seu pedestal: "não podemos fazer o reconhecimento de firma, doutora, sua assinatura expirou". Em outras palavras, azar o meu! Mas não desisti. Fui ao Oficial dos Registros Públicos que, a meu pedido, resolveu prontamente a questão e saí de lá com os documentos devidamente reconhecidos conforme comando expresso na LRP.
Mais tarde, no carro, a caminho de casa, fiquei pensando na petulância da moça e aplaudi a mim mesma por ter conseguido engolir a imperiosa compulsão que senti de quebrar-lhe, literalmente, a cara. Virei a esquina e segui rodando. E meu pensamento começou a vagabundear. Pensei na assinatura digital que tenho em várias plataformas e no reconhecimento facial que todo mundo está usando. Pensei no tempão que venho utilizando apenas o celular e o computador em todas as minhas atividades... não tenho usado minha letra cursiva para nada, quem precisa escrever à mão nos dias de hoje? e minha letra era tão bonita... e com que rapidez eu escrevia... onde estão meus cadernos, as cartas e os bilhetes de amor? ficaram lá no passado, no aconchego das caixinhas perfumadas onde os guardei. Assim é a vida. E eu, apesar de viver no presente, continuo sendo um bicho antediluviano, sempre com o pé atrás para não ser sufocada na tenebrosa rede do preconceito, da incompreensão e do descaso.
quarta-feira, outubro 22, 2025
CONSISTÊNCIAS DO PERDÃO
"Daqui a vinte anos haveremos de perdoar-nos uns aos outros, as brigas que tivemos, os revides e as traições. E haveremos de perdoar-nos a nós mesmos, por não nos havermos perdoado mais cedo." (Kierkegaard).
Anotei essas palavras quando eu tinha dezenove anos. Lembro que naquela época considerei isso uma verdadeira utopia. Imagine só, eu perdoar meus desafetos? Sem essa. E lá se foram, há muito, os vinte anos que ele falou! (Nossa! passaram-se mais de cinquenta anos.) Já sei, você quer saber no que deu. Calma, já vou contar.
Com o passar do tempo a vida vai nos ensinando algumas coisas. Vamos adquirindo experiências, vivendo, aprendendo, mudando nossos rumos, serenando e apaziguando nosso interior. Comigo foi assim. Certo dia aconteceu a mágica e comecei a perdoar. Nem me dei conta e foi ótimo para mim, fez bem ao meu coração. E sei que é assim pra muita gente porque, na verdade, a maioria das coisas pelas quais nos batemos ou brigamos nem são tão graves assim. E por outro lado, quando perdoamos alguém, poderemos, muitas vezes, estarmos perdoando a nós mesmos. A vida e o bem viver são muito mais importantes do que certos desentendimentos e a paz de espírito vale muito mais do que qualquer outra coisa.
Mas por favor, não se coloque na obrigação de perdoar. O perdão só é gratificante quando natural e verdadeiro. Jamais inclua o perdão no rol dos deveres, pois as chances de sair ileso dessa jogada são nulas. Lembre-se que o ato de perdoar contém em si um ato de desistir, que por sua vez, tem que ser na medida certa, do contrário você vai acabar se anulando como pessoa. Cuidado! perdoar não significa esquecer, desculpar ou se reconciliar com o ofensor, mas sim libertar-se do controle que a situação ou a pessoa exerce sobre você.
Resumo da ópera: o perdão é saudável para quem perdoa, portanto, perdoe! O importante é que o perdão não impeça você de viver e de sonhar. Perdoe, desista de incomodar-se, mas não desista de você. Se você desistir de você, ninguém te perdoará. Você, assim como eu, somos parte do universo. Essência. E é melhor que a essência seja livre, leve e solta.
(1) Sempre tive essa mania de anotações e aos 76 ainda continuo anotando, rs, sou um caso perdido.
(2) Aplausos para o filósofo, acertou no alvo. Aplausos para mim, acertei em ter anotado, rs.
❤ ❤ ❤
terça-feira, outubro 21, 2025
MENINA, LINDA MENINA
| Imagem para inspiração - blogagem coletiva |
teu olhar encantador
faz a vida ser mais bela
e florescer o amor!
Menina, linda menina,
você me trouxe à lembrança
memórias muito queridas
de alegria e esperança!
Não tente apressar a vida
que encontrarás a saudade.
Brincadeiras de Poetas
terça-feira, outubro 14, 2025
O MONITOR CELESTE
| O ANJO SORRIDENTE |
sábado, outubro 11, 2025
DIA DA CRIANÇA - AQUELE ABRAÇO
🎁 🎁 🎁
quinta-feira, outubro 09, 2025
TUBA AUDITIVA
- Marli Soares Borges -
Estive uns dias resfriada, eu75 e o Nilton81. E nossos ouvidos entupiram. Não, não foi o nariz, foi o ouvido mesmo. É a primeira vez que isso nos acontece. Sinal de que ainda temos primeira vez, viram? rsrsrs.
Eu não conseguia nem falar pois ouvia um eco na minha voz e meus ouvidos estavam completamente abafados. Uma sensação horrível. HORRÍVEL. Me apavorei, será que estou ficando surda? Fala mais alto, eu pedia, fala mais alto que não estou ouvindo muito bem, que coisa! não consigo ouvir os sons graves, só consigo ouvir os agudos e muito mal. Bom, aí o Nilton abriu o jogo. Eu também disse ele, será que é do resfriado ou é mais um logro da velhice? Então. Vocês já sabem que somos um casal solidário, deusdocéu, até nas mazelas... ROMEU e JULIETA, hahahaha, um dia eu conto outra pra vocês.
Continuando. Fomos parar no otorrino. Diagnóstico: entupimento da tuba auditiva, a tal trompa de Eustáquio, em virtude do resfriado. Coisa pouca, sem complicações, disse o médico. Tá bom, tá bom, se fosse com ele eu queria ver! Voltamos pra casa com uma receitinha básica: um spray no nariz para desentupir os ouvidos e nada mais. Pode? Meio desconfiada segui a prescrição. Pois não é que deu certo? (conhecimento é tudo). Santo remédio! Tratamos de melhorar e já estamos sarando. Aleluia!
Também, esse tempo aqui no sul não ajuda nada. A Primavera faz de tudo para ficar, mas o Inverno, sem noção, se aboletou no assento e não quer sair. Nem com reza forte. Frio, chuva e umidade é lugar comum por aqui. Quando o sol consegue dar as caras é uma alegria. A gente olha pra fora e o dia está lindo com cara de quem está quente, óbvio, estamos na primavera, daí a gente se anima e pensa, bora abandonar esse monte de roupa! Xô! mas experimente tirar os agasalhos pra ver o que te acontece, o frio não desiste e joga você direto no buraco. Sem novidades, a gente sabe que é assim, sempre foi assim desde o início dos tempos e por isso nos resfriamos. Mas a gente não aprende. E a não bastar, temos ainda uma boa parcela de juventude acumulada que não deixa nada barato para nós. Tanto é que um único dia ensolarado fez esse estrago que acabei de contar.
A vida ensina, mas a gente, cabeça dura, não aprende.
❤ ❤ ❤
terça-feira, outubro 07, 2025
INQUIETAÇÃO
- Marli Soares Borges -
Uma casa de pedra
com uma escadaria de pedra,
na beira da praia, de frente para o mar.
Parece uma casa incrustada no tempo,
as ondas quebrando na areia, sem fúria
e a imensidão do mar a perder de vista.
Na escadaria há folhagens
e há ainda os gerânios, os gerânios
com suas flores vibrantes e misteriosas.
Ao pé da escada há uma - inusitada - porta laranja,
que ladeia uma passagem
para o mar.
Dentro da casa há um casal de velhos, bem velhos.
De manhã o velho vem regar as plantas
enquanto a senhorinha varre lentamente
os degraus da escada.
Ao entardecer ela volta, sozinha,
desce alguns degraus e fica um tempo imóvel,
é mar pra tudo que é lado.
Quando o aroma da maresia entra pelo nariz
ela levanta a cabeça e respira fundo
e desce o último lance de escadas.
Abre a cancela e começa a pisar no mar,
cuidando para não machucar as águas.
E ouve a voz antiga do vento aflorando quimeras e utopias.
Nunca vi cachorro nem gato passando por ali.
Raramente aparecem alguns pescadores apressados, mas logo desaparecem.
Por que me perturba a atmosfera desse cenário idílico?
❤❤❤
Participando do desafio proposto pela amiga Chica
💚 💙 💚
