domingo, maio 25, 2025

ESCOLHENDO ATITUDES


Escolhendo atitudes

- Marli Soares Borges - 


É complicado ser uma pessoa positiva sem ser enjoativa, sem chatear os outros com tantas positividades, rsrs. É minha oração de cada dia: aprimorar a espiritualidade a fim de tornar-me uma pessoa razoavelmente positiva, sem excessos, pois viver é antes de tudo, conviver, viver com. E isso inclui respeitar o sentimento de cada um. Em outras palavras, não quero cansar a paciência dos outros com minhas leituras de mundo. Cada um na sua, com seus enganos e desenganos.

Mas isso não retira de mim a visão de um mundo melhor.

Desembarcamos nesta terra trazendo uma identidade única e isto requer de cada um, ferramentas diferenciadas para levar a cabo a missão planetária de evolução que nos foi destinada. Acredito nas escolhas que o livre arbítrio nos permite fazer e penso que para nosso próprio bem - material e espiritual -, é preciso fazer valer nossa passagem por aqui: o balanço deve ser positivo, principalmente no resgate das faltas, pois disso depende nossa evolução espiritual. Nesse contexto tem duas atitudes que considero fundamentais: o bom humor e a interiorização. 

        Interiorização

Seria ótimo se as pessoas tentassem ver além da superfície e explorassem o que lhe é interior, se habituassem a observar o mundo, a escutar, a pensar, a meditar, a escolher e assumir atitudes diante dos acontecimentos menos visíveis que constituem a trama de nosso dia a dia. Não basta apenas dormir, comer, trabalhar, correr, comprar e sofrer. É preciso viver em profundidade, pensar no que é essencial na vida e merece ser vivido. É preciso dar sentido à nossa  existência.  

        Bom Humor

Que tal encarar a vida com uma certa dose de bom humor? Explico. Não estou sugerindo negar a tristeza e assumir o riso constante das hienas. Minha proposta é outra: incluir alegria na tristeza. Como assim? Acho que é possível, nas situações de amargura, acalmar o ânimo e ver alguma luz no caminho; é possível ver as coisas com outros olhos; encarar os acontecimentos com leveza, rir e chorar, e aceitar melhor nossas próprias contradições. 

Em resumo, uma interiorização saudável aliada ao bom humor, pode oferecer ótimas condições para compreendermos o sentido das coisas de todos os dias, os "movimentos do coração", diante das questões que vamos tendo que enfrentar nas diferentes estações de nossa vida. Trata-se de levar a sério, com positividade, os acontecimentos dirigidos a nós, que muitas vezes alteram completamente a nossa existência.


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quarta-feira, maio 14, 2025

A POÇÃO MÁGICA DA FELICIDADE

 


A poção mágica da felicidade


- Marli Soares Borges -

Quando adolescente li na escola um livro intitulado "Poemas para Rezar" de autoria de Michel Quoist. Na época não me empolguei, eu estava noutra. Mas veja como são as coisas, pois não é que agora dei de lembrar do tal livro? Lembro da cara do livro, de como ele chegou até mim e do pouco caso que fiz quando minha professora nos convocou para a leitura. Do conteúdo não lembro nada, apenas do título de um poema: “Senhor, Liberta-me de Mim”. Encasquetei com o livro. Parei tudo e fui procurar na internet. E lá está ele. E lá está o poema: uma oração onde o autor, sentindo-se prisioneiro de si mesmo, pede a Deus que o ajude a sair de si, que o liberte da prisão de amar apenas a si próprio. O poema tem outras implicações, nada a ver com o que me fez escrever esse texto. Fixei-me apenas no título e agora sei o porquê: é que sempre desejei voltar-me generosamente para os outros, mas na época não entendia direito com “funcionava” o mandamento do Mestre: “ama teu próximo como a ti mesmo”. 

Continuo não entendendo muita coisa, mas aprendi que amar verdadeiramente o próximo não é fácil, é preciso sair de si, libertar-se, ir além do próprio umbigo e abandonar definitivamente a armadilha do egoísmo, que faz aflorar em nós os piores sentimentos e desprezar valores, ideais e princípios verdadeiros. O egoísmo é uma doença instalada nas entranhas da alma. O egoísmo impede a empatia. Para os egoístas, o relativismo parece ser a única atitude à altura dos tempos atuais. Eles fazem milhares de julgamentos usando como critério apenas o “achismo” do próprio eu. Nesse contexto, o certo e o errado passam a ser definidos segundo interesses próprios: o bandido vira vítima; o malandro vira herói; o vício vira virtude e a liberdade vira opressão. A espiritualidade fica relegada à categoria de "ignorância" e o amor ao próximo vira vetor para a indiferença, que é um lugar confortável onde os conceitos de amor e desamor são relativos e dependem do pensamento de cada um. Hoje em dia, entendo que amar o próximo é um sinal de evolução espiritual e material que nos faz falta desde a aurora da terra. É um apelo a cada dia mais necessário e que não se dilui com a passagem do tempo. 

Acha difícil? Toque aqui, eu também acho. Às vezes fico pensando que a convivência com a diversidade seria tão boa se não fosse essa tendência infeliz de achar que somos mais merecedores que o outro, melhores que o outro, sabemos mais que o outro, somos os tais. Maldita sensação de superioridade que não nos leva a lugar nenhum. Maldito ego gigante. 

“Senhor, liberta-me de mim.” 

Penso que é natural em alguns momentos da vida, - sem prejudicar ninguém -, as pessoas agirem pensando apenas em si mesmas. Mas só em alguns momentos, porque, se estamos nesse planeta, certamente temos uma missão -individual- a cumprir e às vezes pode ser necessário agirmos de forma pouco altruísta a fim de fazer valer nossa individualidade e melhor cumprir nosso próprio dever. Mas como falei, só em alguns momentos, porque tudo fica melhor sem egoísmo, a começar pelo nosso discernimento: passaremos a conduzir nossas ações com total liberdade, pois os princípios e critérios serão sempre valores não perecíveis, que não podem ser objeto de negociação. O que é verdadeiro será sempre verdadeiro e o que é falso será sempre falso. E poderemos assumir as virtudes naturais da evolução: a humildade, a compaixão, a generosidade e a empatia. Amar ao próximo é oferecer a sua mão, o seu olhar e a sua atenção. Amor ao próximo é um sentimento pró-ativo, singular, original e especial. É um sentimento libertador que traz à tona a melhor parte de nós.  

Quem diria que o título de um poema que vi num livro há mais de cinquenta anos, -- e nem liguei --, seria hoje minha inspiração para escrever esse texto? 

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