- Marli Soares Borges -
Dia desses precisei reconhecer minha assinatura em alguns documentos para enviar a um cliente. A moça do cartório informou-me que não seria possível o reconhecimento por semelhança porque minha assinatura estava diferente. De fato, eu contava pouco mais de vinte anos quando assinei minha identidade profissional e agora com mais de setenta é praticamente impossível que o traçado de minha assinatura - hoje -, ostente a mesma consistência do traçado que fiz há quase meio século! No meu caso, a assinatura é a mesma, o traçado é que perdeu um pouco a consistência. Faz tempo que não escrevo à mão, perdi a prática. A escrita manual tornou-se desnecessária na atualidade. E no meio disso tudo, está o envelhecimento que afeta diretamente a escrita manual de todas as pessoas.
Argumentei então sobre dois outros métodos comuns de reconhecimento que poderiam ser feitos naquele momento: por autenticidade (com assinatura presencial) e atualizando-se o cartão de assinaturas do próprio cartório, (que serviria também para posteriores reconhecimentos). Nada adiantou, a moça manteve-se irredutível no alto do seu pedestal: "não podemos fazer o reconhecimento de firma, doutora, sua assinatura expirou". Em outras palavras, azar o meu! Mas não desisti. Fui ao Oficial dos Registros Públicos que, a meu pedido, resolveu prontamente a questão e saí de lá com os documentos devidamente reconhecidos conforme comando expresso na LRP.
Mais tarde, no carro, a caminho de casa, fiquei pensando na petulância da moça e aplaudi a mim mesma por ter conseguido engolir a imperiosa compulsão que senti de quebrar-lhe, literalmente, a cara. Virei a esquina e segui rodando. E meu pensamento começou a vagabundear. Pensei na assinatura digital que tenho em várias plataformas e no reconhecimento facial que todo mundo está usando. Pensei no tempão que venho utilizando apenas o celular e o computador em todas as minhas atividades... não tenho usado minha letra cursiva para nada, quem precisa escrever à mão nos dias de hoje? e minha letra era tão bonita... e com que rapidez eu escrevia... onde estão meus cadernos, as cartas e os bilhetes de amor? ficaram lá no passado, no aconchego das caixinhas perfumadas onde os guardei. Assim é a vida. E eu, apesar de viver no presente, continuo sendo um bicho antediluviano, sempre com o pé atrás para não ser sufocada na tenebrosa rede do preconceito, da incompreensão e do descaso.
Puxa,Marli! E pior que isso acontece mesmo. Os anos passam, as letras antes caprichadas, mudam. Mudam também as impressoes digitais e quando delas precisamos, não resulta em nada.Aff...Isso é a idade e no meu caso, muitas queimaduras no forno e fogão,rs beijos praianos, chica
ResponderExcluirPois é, Chica, isso acontece com todo o mundo, tu não achas que está na hora de treinarem os funcionários e pararem com essas exigências sem noção?
ExcluirA gente perde um tempão com essas bobagens.
Bjsssssss
Xiii... Só complicam a vida às pessoas!
ResponderExcluir.
Coisas de uma vida .
Beijos e uma ótima semana.
Pois é, Cidália.
ExcluirBjssss
Que chato hein , Marli . É, o mundo digital chegou e as escritas manuais vão ficando para trás. Eu já tive problema com o cartorio no cartão de reconhecimento de firma . Precisei atualizar minha assinatura , pois a antiga era jurassica tb e com o tempo foi mudando . Atualizado no cartório, tudo resolvido . Mas que essa buracracia chateia , ah, nem me fale . Que bom que deu tudo certo . Abraços .
ResponderExcluirpubliquei aqui :
https://kantinhodaedite.blogspot.com
Claro, eu queria ter atualizado, mas a funcionária estava irredutível. Mas aí lembrei que os oficiais dos cartórios têm que obedecer a LRP. Falei com ele e resolveu na hora.
ExcluirObrigada por comentar.
Bjsssssss
Vivimos en un mundo tan computarizado que se olvida delas cosas simples como una firma. Te mando un beso.
ResponderExcluirÉ verdade, mas ainda bem que, se eles esquecem, a gente lembra.
ExcluirBjssssssss
O pior é que isso acontece com muita frequência. Foi bom ter conseguido resolver o problema. Eu procuro escrever à mão todos os dias qualquer coisa. É um exercício que faz bem.
ResponderExcluirUma boa semana.
Um beijo.
Eu não, até esqueço de escrever a mão. Mas é bom mesmo e você faz muito bem em se exercitar.
ExcluirBjsssssss
Vixe!! A minha deve estar, completamente, expirada! Quando fiz meus documento há sei quantos anos atrás rsrsrsrs minha letra era horrível, hoje tá linda, mas voltou a ser feinha por não usar muito a escrita manual, só digitando, teclando e por aí vai. Essa moça que a atendeu não tem um pingo de empatia e usa sua imponência para desagradar o outro, mas fiquei feliz por você ter conseguido e quebrado a cara da safada!!!!
ResponderExcluirBeijos!
Ah, Lúcia, bem que eu queria dar umas e outras naquela tonta, rs., mas pensa bem, ela com uns 30 e eu com mais de 70, quem iria levar a pior? rsrsrsrs
ExcluirObrigada por comentar.
Bjsssssssss
Marli, que caso, hein?
ResponderExcluirNem me fala em "cartório", fico arrepiado só de achar que vou ter que ir em um. É muita burocracia ainda nestes nossos tempos digitais.
Eu mudei minha assinatura aos 20 e aos 30, conforme eu ia renovando minhas identidades. Certamente nenhum cartório onde eu tinha firma ainda vale...rs
Ah, mas aposto que por essas bandas daí, não tem funcionária tonta que nem essa que me atendeu!
ExcluirBjssssssssss
Ah, esqueci de comentar sobre a inutilidade da escrita à mão hoje em dia. Até li um artigo sobre isso que dizia que esse abandono da forma escrita à mão vai cobrar um preço dos nossos cérebros no futuro...ainda hoje gosto de escrever à mão, mas confesso que se tornou incômodo até, os dedos logos doem! Mas continuo escrevendo coisas em meus cadernos, é um hábito que não quero perder.
ResponderExcluirabraços.
Tu sabes que também, às vezes penso nisto? Ah, eu não tenho mais vontade de escrever a mão. Ficou tão sem graça, rs.....
ExcluirBjssssssss
Querida Marli,
ResponderExcluirSeu texto me encantou pela sensibilidade com que transforma um episódio simples em reflexão sobre o tempo, a memória e a modernidade. Adorei como a assinatura, antes gesto firme e cotidiano, se torna símbolo da passagem dos anos e da transformação inevitável que vivemos.
Senti também a melancolia delicada ao recordar cartas, bilhetes e cadernos, que carregam consigo a intimidade de outros tempos. Ao mesmo tempo, percebo seu humor sutil ao lidar com a rigidez do cartório, e a forma como você valoriza a flexibilidade e a compreensão do Oficial dos Registros Públicos.
No fundo, o que mais me tocou foi o modo como você se reconhece: vivendo no presente, mas guardando lembranças e precauções que preservam sua essência. É um texto que nos faz rir, refletir e suspirar, mostrando como é possível atravessar o tempo sem perder a sensibilidade e a delicadeza da alma.
Abraço
Fernanda
Ah, Fernanda, bem que eu tento ter um jogo de cintura e seguir vivendo sem endurecer meu coração. Mas às vezes me dá umas recaídas e quero sair quebrando a cara de algumas pessoas... nada disso, madame! Calma, em qualquer caso, a corda sempre rebenta na parte mais fraca. Já viu, né, rs.
ExcluirObrigada pelo comentário.
Bjsssssssss
Bom dia de Paz, querida amiga Marli!
ResponderExcluirPassei uma raiva similar no cartório para assinar uma venda de um imóvel na pandemia (já no final dela). A mulher exigiu que tirasse a máscara, embora minha assinatura seja a mesma desde os dezoitos anos quando tirei minha primeira identidade.
Eu, como você, não escrevo muita coisa à mão. A letra muda sim, é sorte minha assinatura não mudar. Meu pai amado nunca mudou até seus 85, era linda. Guardo uma carta dele.
Os novos meios de reconhecimento devem ser usados para casos assim, como você disse aqui.
Ainda bem que pode resolver...
Tenha dias abençoados!
Beijinhos fraternos
Aqui em Porto Alegre os cartórios já foram "convidados" a mudarem muitas coisas, a se modernizarem, mas o que aconteceu comigo foi ignorância da funcionária mesmo. Tanto que o Oficial dos Registros Públicos imediatamente resolveu a questão. Ainda bem, rs.
ExcluirObrigada por comentar.
Bjsssssssssssssss