Dei uma última olhada no celular, apaguei a luz, fiz minhas preces e adormeci. De repente, ouvi passos no corredor. Um perfume envolvente tomou conta do ar. E senti uma presença... uma alquimia inesquecível e aconchegante como um carinho de mãe. Abri os olhos e vi uma figura. Toda iluminada e etérea. Não consegui ver suas feições, pois o quarto estava escuro. Não sei explicar, mas tive a certeza de que os acontecimentos seguintes transformariam a minha vida. Ela aproximou-se, abriu os braços e envolveu-me num abraço de luz. Senti meu corpo tão leve que poderia voar quando quisesse, mas ao mesmo tempo uma tristeza profunda tomou conta de mim. Vai passar, ela me disse baixinho, é a perturbação inicial: você não pertence mais ao mundo dos vivos; sua casa não é mais aqui e, assim que atravessar o Portal, seu tempo não será mais marcado em dias e horas, mas em lembranças. Você trabalhará e aprenderá em outros céus e prestará socorro em outras instâncias, que jamais imaginou. Não se assuste, é importante que sua travessia seja feita com serenidade e confiança. Isso que você está sentindo é porque teu coração ainda está ansioso com as preocupações da vida corpórea. Tenha fé e a clareza virá. Vou permitir que você permaneça um pouco mais por aqui, até que a temporalidade se curve e a dor da separação se dissolva. Fique em paz. No momento certo eu voltarei, segurarei tua mão e te ajudarei a atravessar o Portal. Você não está sozinha, estamos sempre ao teu lado.
E o brilho da luz foi diminuindo, lentamente, até que desapareceu. Acordei. A paz que senti no coração foi absolutamente maravilhosa... e o tempo andou.
Passava um pouco das onze e eu estava tricotando no quarto. Marido dormindo. Pensamentos soltos começaram a surgir na minha cabeça. Lembrei daquele sonho, volta e meia me vem à cabeça. Quanto tempo será que passou? Um mês? Dois meses? Três? Sei lá, perdi as contas. Hoje é 31 de outubro e dizem que nessa noite o véu entre os mundos fica mais fino... bobagem, o povo diz tanta coisa... foi só um sonho, repeti para mim mesma. Vou tratar de me organizar para dormir, pensei. Nisso o celular vibrou. Era meia noite em ponto, 31 de outubro. E foi então que ouvi os passos no corredor. Apaguei a luz, sentei-me na cama e esperei. Um perfume envolvente tomou conta do ar.
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