segunda-feira, junho 02, 2025

VIVER DE NOVO


Viver de novo

        - Marli Soares Borges -

Deixei minha felicidade 
ficar presa na ilusão, 
ai de mim, não conseguia 
libertar meu coração.

Queria viver de novo 
os momentos mais felizes,
alegrias tão singelas 
e de todos os matizes.

Mas isso é sonho impossível 
a vida não volta atrás,
voltar é inacessível 
não há caminhos, aliás.

Para que tanta miragem? 
quero ver se me aprumo
apreciarei a paisagem
andarei por outro rumo.

Tomei tento e consegui
libertar o meu sentir
criei asas e voei
abracei o meu porvir.

Hoje encaro outra verdade
abandonei a ilusão,
vivo minha realidade
pé no chão e vibração.

Cada dia eu faço a hora
não espero cortesia,
sempre de olho na aurora
que a vida é uma ventania.


domingo, maio 25, 2025

ESCOLHENDO ATITUDES


Escolhendo atitudes

- Marli Soares Borges - 


É complicado ser uma pessoa positiva sem ser enjoativa, sem chatear os outros com tantas positividades, rsrs. É minha oração de cada dia: aprimorar a espiritualidade a fim de tornar-me uma pessoa razoavelmente positiva, sem excessos, pois viver é antes de tudo, conviver, viver com. E isso inclui respeitar o sentimento de cada um. Em outras palavras, não quero cansar a paciência dos outros com minhas leituras de mundo. Cada um na sua, com seus enganos e desenganos.

Mas isso não retira de mim a visão de um mundo melhor.

Desembarcamos nesta terra trazendo uma identidade única e isto requer de cada um, ferramentas diferenciadas para levar a cabo a missão planetária de evolução que nos foi destinada. Acredito nas escolhas que o livre arbítrio nos permite fazer e penso que para nosso próprio bem - material e espiritual -, é preciso fazer valer nossa passagem por aqui: o balanço deve ser positivo, principalmente no resgate das faltas, pois disso depende nossa evolução espiritual. Nesse contexto tem duas atitudes que considero fundamentais: o bom humor e a interiorização. 

        Interiorização

Seria ótimo se as pessoas tentassem ver além da superfície e explorassem o que lhe é interior, se habituassem a observar o mundo, a escutar, a pensar, a meditar, a escolher e assumir atitudes diante dos acontecimentos menos visíveis que constituem a trama de nosso dia a dia. Não basta apenas dormir, comer, trabalhar, correr, comprar e sofrer. É preciso viver em profundidade, pensar no que é essencial na vida e merece ser vivido. É preciso dar sentido à nossa  existência.  

        Bom Humor

Que tal encarar a vida com uma certa dose de bom humor? Explico. Não estou sugerindo negar a tristeza e assumir o riso constante das hienas. Minha proposta é outra: incluir alegria na tristeza. Como assim? Acho que é possível, nas situações de amargura, acalmar o ânimo e ver alguma luz no caminho; é possível ver as coisas com outros olhos; encarar os acontecimentos com leveza, rir e chorar, e aceitar melhor nossas próprias contradições. 

Em resumo, uma interiorização saudável aliada ao bom humor, pode oferecer ótimas condições para compreendermos o sentido das coisas de todos os dias, os "movimentos do coração", diante das questões que vamos tendo que enfrentar nas diferentes estações de nossa vida. Trata-se de levar a sério, com positividade, os acontecimentos dirigidos a nós, que muitas vezes alteram completamente a nossa existência.


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quarta-feira, maio 14, 2025

A POÇÃO MÁGICA DA FELICIDADE

 


A poção mágica da felicidade


- Marli Soares Borges -

Quando adolescente li na escola um livro intitulado "Poemas para Rezar" de autoria de Michel Quoist. Na época não me empolguei, eu estava noutra. Mas veja como são as coisas, pois não é que agora dei de lembrar do tal livro? Lembro da cara do livro, de como ele chegou até mim e do pouco caso que fiz quando minha professora nos convocou para a leitura. Do conteúdo não lembro nada, apenas do título de um poema: “Senhor, Liberta-me de Mim”. Encasquetei com o livro. Parei tudo e fui procurar na internet. E lá está ele. E lá está o poema: uma oração onde o autor, sentindo-se prisioneiro de si mesmo, pede a Deus que o ajude a sair de si, que o liberte da prisão de amar apenas a si próprio. O poema tem outras implicações, nada a ver com o que me fez escrever esse texto. Fixei-me apenas no título e agora sei o porquê: é que sempre desejei voltar-me generosamente para os outros, mas na época não entendia direito com “funcionava” o mandamento do Mestre: “ama teu próximo como a ti mesmo”. 

Continuo não entendendo muita coisa, mas aprendi que amar verdadeiramente o próximo não é fácil, é preciso sair de si, libertar-se, ir além do próprio umbigo e abandonar definitivamente a armadilha do egoísmo, que faz aflorar em nós os piores sentimentos e desprezar valores, ideais e princípios verdadeiros. O egoísmo é uma doença instalada nas entranhas da alma. O egoísmo impede a empatia. Para os egoístas, o relativismo parece ser a única atitude à altura dos tempos atuais. Eles fazem milhares de julgamentos usando como critério apenas o “achismo” do próprio eu. Nesse contexto, o certo e o errado passam a ser definidos segundo interesses próprios: o bandido vira vítima; o malandro vira herói; o vício vira virtude e a liberdade vira opressão. A espiritualidade fica relegada à categoria de "ignorância" e o amor ao próximo vira vetor para a indiferença, que é um lugar confortável onde os conceitos de amor e desamor são relativos e dependem do pensamento de cada um. Hoje em dia, entendo que amar o próximo é um sinal de evolução espiritual e material que nos faz falta desde a aurora da terra. É um apelo a cada dia mais necessário e que não se dilui com a passagem do tempo. 

Acha difícil? Toque aqui, eu também acho. Às vezes fico pensando que a convivência com a diversidade seria tão boa se não fosse essa tendência infeliz de achar que somos mais merecedores que o outro, melhores que o outro, sabemos mais que o outro, somos os tais. Maldita sensação de superioridade que não nos leva a lugar nenhum. Maldito ego gigante. 

“Senhor, liberta-me de mim.” 

Penso que é natural em alguns momentos da vida, - sem prejudicar ninguém -, as pessoas agirem pensando apenas em si mesmas. Mas só em alguns momentos, porque, se estamos nesse planeta, certamente temos uma missão -individual- a cumprir e às vezes pode ser necessário agirmos de forma pouco altruísta a fim de fazer valer nossa individualidade e melhor cumprir nosso próprio dever. Mas como falei, só em alguns momentos, porque tudo fica melhor sem egoísmo, a começar pelo nosso discernimento: passaremos a conduzir nossas ações com total liberdade, pois os princípios e critérios serão sempre valores não perecíveis, que não podem ser objeto de negociação. O que é verdadeiro será sempre verdadeiro e o que é falso será sempre falso. E poderemos assumir as virtudes naturais da evolução: a humildade, a compaixão, a generosidade e a empatia. Amar ao próximo é oferecer a sua mão, o seu olhar e a sua atenção. Amor ao próximo é um sentimento pró-ativo, singular, original e especial. É um sentimento libertador que traz à tona a melhor parte de nós.  

Quem diria que o título de um poema que vi num livro há mais de cinquenta anos, -- e nem liguei --, seria hoje minha inspiração para escrever esse texto? 

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quinta-feira, dezembro 19, 2024

GRATIDÃO, A VIRTUDE DAS ALMAS NOBRES

  

A gratidão é amiga da boa convivência

Tempos de Natal
                 

 - Marli Soares Borges -



Em tempos de Natal volto a pensar na gratidão, ou melhor, na falta de.  

O tempo passa e reforça meu convencimento de que a gratidão é sim(!) a virtude das almas nobres, e que talvez por isso, seja tão rara. 

Tem gente que fica feliz quando lhes prestamos algum favor e até sentimos que os laços de amizade se estreitam. Mas tem outros - e não são poucos - que esquecem rapidamente a ajuda que receberam. Gente egoísta que mede a gratidão pelo próprio ego e respira a lógica absurda de que (só eles!) são os grandes merecedores das benesses do mundo! 

Ingratos, é isso que eles são! 

Um bando de gente azeda, reclamona, que acostumou a receber ajuda de pai, mãe, irmão, amigo, empregado, filho, sogro, companheiro, etc. São ajudados todos os dias e não dão a menor bola. Se acham o retrato da virtuosidade e do merecimento. Se você pertence a essa turma, vou te dizer uma coisa: olhe para os lados e trate de entender que essas pessoas "de fé", que todo o santo dia fazem alguma coisa por ti, - cada uma a seu modo -, todas se sacrificam para te ajudar! Mas se você não se importa, então é porque tua alma pequena perdeu o perfume e azedou! Que tristeza, você perdeu a memória do coração! 

Em vez azedar a vida dos que te ajudam, que tal aproveitar o Natal e agradecer a Deus, ao céu e a terra, a ajuda recebida? Que tal exercitar a gratidão? A gratidão é uma virtude que eleva nosso astral e nos faz ver a vida com outros olhos. A gratidão anda de mãos dadas com a delicadeza e a boa convivência. Pense nisso. O exercício da gratidão é sempre um bom propósito. 

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Origami: Figuras tradicionais 
#origamiart #natal #reflexão

terça-feira, dezembro 10, 2024

ESQUEÇA O PASSADO, mas não esqueça o (meu) presente!

 

Feliz Natal!


- Marli Soares Borges

Tem coisa melhor do que dar e receber presente? 
Tem coisa mais difícil do que escolher o que presentear?

O Natal está na porta, o final do ano também, as festas e trocas de presentes também. Sempre gostei e continuo gostando desse contexto natalino, da revelação do amigo secreto, dos beijos e abraços, dos votos de alegria e esperança. A propósito, abro aqui um parêntese: para mim, essa história de “amigo oculto” é uma bobagem. Onde já se viu amigo oculto? ninguém está escondido, ninguém está oculto. O que fazemos, na brincadeira, é apenas manter em segredo a identidade do amigo, para que esse segredo seja revelado na entrega dos presentes. É tão simples de entender… o amigo é secreto sim! até que sua identidade (mantida em segredo) seja revelada na hora certa. Abandonem essa tolice de amigo oculto, isso é coisa desses arautos do rei que não têm mais o que fazer! Fecho o parêntese.

Já ouvi dizer por aí, que é possível nos conhecermos uns aos outros também pelos presentes que trocamos. Concordo em parte, porque eu, mesmo sabendo o gosto da outra pessoa, sempre me inclino a escolher os presentes levando em consideração o meu gosto pessoal. Aí caio na real, ponho os pés no chão e trato de pensar no gosto pessoal do outro. 

Essa afirmação sobre conhecer uns aos outros pelos presentes, não é bem assim, pois há inúmeras variáveis que alteram esse tal “conhecimento”. E a mais comum tem a ver com grana, por exemplo: muitas vezes gostaríamos de presentear alguém com alguma coisa que apreciamos e "sabemos" que a pessoa irá gostar, mas esbarramos no alto valor do presente. E com dinheiro curto, o que fazer? e lá vamos nós comprar outra coisa! bem longe do que pretendíamos. E o “conhecer-o-outro-pelo-presente" acaba caindo por terra.

Esse assunto é muito complicado, parei por aqui.

No final das contas, o que vale mesmo é o gosto de quem recebe o presente e não o nosso. Esqueça essa falácia de que o mais importante é o gesto de presentear. Não é! Experimente presentear alguém com uma camisa branca se o que a pessoa queria era uma camiseta preta. O seu presente já era. Bom mesmo se conseguíssemos dar o presente certo para a pessoa certa! Mas isso é um ideal e estamos lidando com situações reais. 

Às vezes é possível “estudar” um pouco a pessoa antes de comprar o presente, mas nada garante que assim você irá acertar e a pessoa vai ficar feliz. Mas nas festas, geralmente as pessoas estão mais boazinhas e mais educadinhas e, se não gostam, pelo menos fingem gostar dos presentes que recebem, (a não ser que seja um presente muito sem noção, mas daí o caso é outro, rs). 

E o que fazer com aquelas pessoas chatas que nada gostam e nada serve? Ah, bom, gente assim, dá vontade de jogar pela janela. E, quer saber, jogo mesmo. Danem-se. Vão ganhar um mini álbum (usado) de fotografias.

Para mim, já vou avisando que ficarei feliz se ganhar umas barras de chocolate meio amargo e uns pacotinhos de papel de origami (japonês ou coreano) de 15 cm. 

Boas compras e vê se me acerta! hahahaha

segunda-feira, novembro 18, 2024

MEMÓRIA PRIMOROSA


Memória Primorosa

- Marli Soares Borges

Nossa! Faz um tempão que eu não aparecia por aqui... mais de ano! Também, aconteceram tantas coisas: viajei, voltei, viajei de novo, voltei de novo, fui pro hospital, voltei, fui de novo, fiz exames, procedimentos, uma doideira só. No meio dessa muvuca, resolvi operar a catarata, que eu já andava cegueta. Quando pensei que estava tudo nos trinques, deu complicação nos meus olhos(!) e devido a minhas comorbidades, o tratamento foi super demorado. Mas mesmo assim fui passear, viajei bastante, voltei, viajei, voltei e, no final das contas acabei ficando só no celular, (face e insta) que, naquele momento era mais fácil para mim. Levei mais de seis meses para recuperar a acuidade visual, mas graças a Deus agora estou enxergando bem. Peraí que tem mais: a não bastar tudo isso, em plena enchente, um frio dos infernos, chuva que não acabava mais, na manhã do feriado (dia do trabalho), fui levantar do sofá e... pisei mal e... quebrei o pé! Ah, Tenha paciência, ninguém merece! E lá estava eu, de pernas para o ar, sem poder caminhar! (Ops, até rimou. A gente passa cada uma!) Ah, quer saber? Faz de conta que isso aí que eu falei é coisa da minha cabeça. Faz de conta que é pura invencionice. Mas quer saber mais ainda? apesar dessa desgraceira toda, a Menina dos meus olhos continua a mesma, toda faceira. Ela tem certeza que o tempo não passou, e vai anunciando sorridente: o tempo está bem aqui ó, está nos detalhes do passado, basta ver o cheiro, o gosto, o calor, o ritmo dos momentos e das situações vividas! Tá bom, Menina, mas por que não vejo onde coloquei o colírio que usei há pouco? Qual o nome do filme que assisti ontem? Porque o copo especial do Nilton beber cerveja escondeu-se de nós?

Ah, deixa pra lá, bom mesmo é rever meus amigos e matar a saudade.

E que Freud não me venha com essa de “instinto assassino de matar saudade”. Ué.

sexta-feira, setembro 15, 2023

CICLONE NO RIO GRANDE DO SUL


Ciclone causa inundações no Rio Grande do Sul
Ciclone no Rio Grande do Sul

Cidades inteiras desapareceram
Ciclone no Rio Grande do Sul

Incontáveis prejuízos
Ciclone no Rio Grande do Sul


Mais de 29 mil animais morreram
Ciclone no Rio Grande do Sul

Mais de 29 mil animais morreram
Ciclone no Rio Grande do Sul

Mais de 29 mil animais morreram
Ciclone no Rio Grande do Sul

Mais de 29 mil animais morreram
Ciclone no Rio Grande do Sul

                - Marli Soares Borges


Sem palavras para dizer da situação desesperadora que as vítimas (pessoas e animais) estão sofrendo em consequência das inundações provocadas pelo ciclone avassalador que passou no Rio Grande do Sul, na semana passada.

O ciclone levou tudo por diante e deixou um rastro de destruição nas cidades gaúchas. Até agora há mais de quarenta mortos e outros tantos desaparecidos; quase mil feridos e milhares de desabrigados. Mais de 29 mil animais morreram, e os prejuízos já passam de 1 bilhão de reais. Que horror! Cidades inteiras desapareceram tragadas pelas águas. As vítimas à deriva, na mais absoluta impotência. Mais de 100 cidades foram atingidas. Uma tristeza. 

São muitas as tragédias, muitas vidas devastadas. Gente que perdeu tudo o que havia conseguido com o trabalho de uma vida inteira. Gente que perdeu gente. Gente que perdeu a saúde e a esperança. Gente que tem motivos de sobra para chorar.

Eles choram, eu choro, nós choramos. Somos todos solidários na dor. 

Tempos estranhos esses em que estamos vivendo. Hoje em dia -me parece-, tem acontecido muito mais desastres ambientais, (ditos "naturais") do que no passado e as dimensões são cada vez maiores e mais abrangentes. As tragédias são planetárias, ou seja, estão acontecendo no mundo todo, em vários lugares, e todas quase ao mesmo tempo: enchentes, secas, deslizamentos, lama, queimadas espontâneas, incêndios, chuva ácida, calor insuportável, erupções vulcânicas, derretimento das neves eternas. E por aí vai. Sem falar nas novas doenças que estão surgindo e, como se não bastasse, há também as doenças erradicadas que estão voltando à atividade. E a poluição agigantando-se, em crescimento exponencial. Imagine o que poderá acontecer em futuro próximo. Os cientistas já vem avisando há bastante tempo que a continuar esse desatino ambiental manejado pelo homem, o futuro do planeta será assustador. Que me desculpem os entendidos, mas, assustador já está sendo o presente! 

Volto a ligar a TV e lá estão as imagens do inferno, não consigo acreditar, meu Deus, não é possível. Pobre gente, pobre povo, pobre planeta.

Não me entra na cabeça que os jornais sigam apontando a tragédia como apenas um "desastre natural de grandes proporções". Um desastre natural apenas? Discordo. É uma das maiores tragédias climáticas de que se tem notícias aqui no Estado e penso que essa desgraceira toda não têm nada a ver com um desastre natural. É, antes de tudo, uma consequência das ações humanas, das milhares de agressões praticadas contra a natureza desde muito tempo. Será que estou pensando assim porque não sou expert no assunto? É possível, mas acontece que durante boa parte de minha existência, presenciei inúmeros desastres naturais e lembro muito bem, desde a mais tenra infância, das ventanias, temporais e enchentes que nos atrapalhavam a vida. Ano após ano os desastres naturais aconteciam aqui e ali, mas nunca tive notícias de um acontecimento tão funesto assim no solo riograndense. Nunca vi nada igual! Nada se compara a força de extermínio, a fúria, ao volume de sofrimento e dor causado por esse ciclone! Se isso não foi um "recado" da natureza, não sei dizer mais nada.

Como sempre acontece nas grandes calamidades, as pessoas logo se unem e se mobilizam a fim de prestarem socorro emergencial. É comovente a rede de solidariedade e amor ao próximo que impulsiona as ações humanitárias. Essas pessoas, voluntariamente, se dispõem a praticar o Amor em seu significado mais concreto, e de fato, com sua ajuda, amenizam as necessidades imediatas e inadiáveis das vítimas do ciclone: a fome, o frio e a sede. Um alento no meio de tanta dor. Deus abençoe as almas generosas que prestam essa incomensurável ajuda.

Mas, pensando bem, quem realmente ajuda? Pelo que se observa, a maior parcela de ajuda vem dos que trabalham duro para, com seus impostos, sustentarem a pátria amada. Os grandes líderes, os maiores responsáveis pelo desequilíbrio ambiental, não têm a menor consciência planetária. São egoístas, vivem em suas bolhas poluindo o mundo, explorando o próximo, viajando e aproveitando a vida. A vida é bela para eles, nada lhes falta, têm tudo o que necessitam. Veja-se, por exemplo, aqui no Brasil. Somos informados diariamente pela TV, da gastança do Presidente Lula, em viagens e hotéis de luxo, 'torrando' nosso dinheiro como se não houvesse amanhã. Truculento, insensato e obscuro, ele só pensa em aumentar impostos, dinheiro fácil para encher sua burra e a de seus asseclas. As vítimas do ciclone? Que ciclone? Que vítimas? Onde? Quem quer saber?  

A propósito, nos Estados Unidos passou um furacão e não houve mortes. Lá, os moradores foram orientados, preventivamente, a deixarem suas casas. E aqui… tantas mortes. Então eu pergunto, não havia como prever a passagem do ciclone? não havia como prevenir as pessoas, (ou pelo menos tentar)?

Não me olhe assim, minhas dúvidas são reais.

Em tempo: o presidente da república liberou o FGTS das vítimas. Nem vou falar sobre isso, porque piada tem hora e estamos todos muito abalados.

(Imagens Google)

sábado, abril 01, 2023

O PACOTE COMPLETO

 

DO PACOTE COMPLETO
O pacote completo

            - Marli Soares Borges


De uns tempos para cá, eu tenho andado muito saudosa. Me bate uma saudade daqueles tempos, daquela certeza perfeita e nítida que conduzia meus passos de menina. Saudade dos adultos que me amparavam, minha gente, meus referenciais de vida. 

Saudade dos castelos de areia que eu construía no quintal quando a chuva passava. Ah! os meus castelos de areia... fecho os olhos e aqui estão eles, tão reais que quase consigo tocá-los. Saudade dos meus sonhos coloridos, das minhas crenças infantis. Eu acreditava com todas as forças que, na minha família, ninguém nunca iria envelhecer... e muito menos morrer(!). Seríamos eternos e intactos, -- como nas fotografias. Eu cresceria e todos os meus afetos permaneceriam para sempre comigo, exatamente assim como eu os estava vendo, joviais, saudáveis e fortes, heróis e heroínas da minha vida, meus alicerces, meu porto (sempre) seguro.

Mas deu tudo errado. Saiu tudo ao contrário. 

Não deu certo o sonho do "para sempre" : meus avós maternos (que me criaram desde que nasci), ficaram bem velhinhos e foram os primeiros a fazerem, cada um, a travessia solitária do rio. Tempos depois foi a vez dos meus pais completarem seu limite existencial. Meus poucos tios mais chegados, também já partiram. Não sobrou ninguém daqueles tempos ditosos. E eu, que sempre fui amante da vida, estou aqui agora, perplexa diante da velhice. Impossível conter a passagem do tempo sobre o corpo, os riscos e as perdas, da saúde, principalmente, e me parece que a doença adora se mancomunar com a velhice para, juntas, enfiarem a gente numa enrascada: enquanto a velhice "anda" e se mete nas minhas coisas, a doença se encarrega de fazer o meu tempo encurtar.  

E sinto saudade de tudo o que já vivi e, acredite(!), até do que ainda estou vivendo: de tudo o que gosto e do que não gosto, de tudo o que me cerca, do pacote completo, de todos os meus amores: marido, filhos, netos e o meu gatinho gordinho, meu "Donguinho", querido e mimoso do meu coração! Sei que o adoecimento do meu corpo já foi inscrito no horizonte da temporalidade e está, aos poucos, me remetendo às fronteiras da vida. Mas, se por um lado, os prognósticos podem me causar inquietude, por outro, podem ressignificar minha existência. Hora de repensar a vida, ver prioridades, rever atitudes, dar importância ao que realmente tem, olhar e ver o que realmente importa. Acredito que o redimensionamento de perspectivas além de ajudar-me nas vicissitudes é capaz de expandir as manifestações do espírito criativo que habita em mim.

E eis que me bate outro tipo de saudade: saudade do futuro. Do futuro? Como assim? Tá bom, saudade não seria bem o termo, sei lá, mas às vezes penso nos dias futuros com uma certa mágoa... talvez uma pontinha de inveja de uma história que ainda não foi e nem sei como será. Inveja dos dias que não poderei ver nem sequer em sonhos; situações que jamais conhecerei, aventuras que jamais experimentarei, bebês que jamais abraçarei. 

Nossa! que desatino. Tomara que passe logo essa nuvem de opacidade, sei que vai passar. Pronto! Passou. Passou. Voltei. Eu sempre volto quando a nuvem passa 🙌 – até que venha a próxima. Não me olhe assim, eu sou normal, rs, de vez em quando, eu também surto. 😳