A dança do fogo - foto minha |
Não consigo entender, estou louca para escrever e não sei sobre o quê. É como se minha cabeça estivesse vazia, mas sei que não está. Tem tanta coisa, adoro escrever, quero sinceramente escrever e sei que tenho muito a dizer, mas parece que estou travada. Zerada. Sem palavras. Queria escrever uma crônica mas não tem assunto que me agrade. Queria tecer um conto, mas não tem conta nem pra rezar um terço. Aí dou uma olhada pela janela, quem sabe... mas lá fora só vejo chuva, um cinza escuro paralisante, um frio de lascar. E o aguaceiro inclemente.
E o teclado na minha frente. E eu pensando na morte da bezerra.
No lago, os patos firmes nadando. E mergulhando. Patos malucos, querem congelar? Pronto, agora comecei a implicar com os patos. Sei, é o confinamento... e essas trovoadas... não tem cristo que aguente.
Nada contra o inverno, nada contra a chuva, afinal, sou gaúcha, nasci e vivo no sul e estou habituada com essas intempéries. Acontece que tudo que é demais enjoa e esse inverno está abusando. Já deu o que tinha que dar. Ontem choveu o dia inteiro, hoje está chovendo e parece que amanhã a chuva vai continuar. É mole? O Dongo também ouviu esse vaticínio mas nem ligou. Permaneceu ali, dormitando na poltrona, aproveitando sua doce vida, na fronteira entre o mágico e o real. Uma obra de arte ronronante que me faz tão bem... Ah, como eu queria ser um gato e viver esse vidão!
O que me salva nesses dias sem graça é o cafezinho que o Nilton faz todas as tardes. E ontem teve aqueles bolinhos tipo de chuva, aqui chamamos 'cueca virada' que ele costuma comprar, 'feitos na hora', no super. Sempre fico feliz e saio da mesa com vontade de ficar me empanturrando com os tais bolinhos. Mas pra mim é só um(zinho), meu figado vive se achando e não me deixa comer o que eu quero. Quem ele pensa que é? um grandalhão, que mora de graça na minha barriga, isso sim!
C'est la vie.
Olho de novo pra fora e dê-lhe chuva. Mas meu ar condicionado é porreta, ele aquece o ambiente e me mantém 'equilibrada' nessas friagens absurdas. Ele funciona mais ou menos como um psiquiatra, tudo pelo equilíbrio, rs. Quem inventou o condicionador de ar deveria ser condecorado com um cinturão de ouro e diamantes, tipo aqueles do UFC, coisa mais linda. Você já imaginou o que seria de nós sem ar condicionado? Não sei você, mas eu estaria arrancando os cabelos, surtada, nessa umidade e frio. Parei de digitar e fui ler o que escrevi. Nossa, quanta besteira. Mas não tenho culpa, é minha cabeça que está me trollando. Desculpem, amigos.
O Nilton acabou de anunciar que a lareira já está acesa na sala. Ótimo. Agora o assunto é outro. Não sei o que mais gosto: se é o calor, ou o crepitar do fogo na lareira. Ou é o fogo em si. Ah, eu acho o fogo uma coisa muito mágica. Adoro.
Bom, amigos, está na hora, estou indo para o ritual. A dança do fogo já começou.
-Marli Soares Borges-