quarta-feira, abril 06, 2011

UM DIA EU CONTO PRA VOCÊ

Olá, todo mundo!


Ando tão alucinada, fazendo um monte de coisas, (boas, né, me poupe, rsrs): trabalho, estudo, lazer, origami e otras cositas más. Como falei alhures, adoro blogar, então sempre acho um tempo pra dar uma chegadinha aqui, neste lugar abençoado. Nossa, a vida anda a mil e nem sei porque, estou me dando conta de que hoje é quarta-feira, dia-do-sofá! Você não sabe o que é? Não precisa humilhar, rsrs, sei que sou troglô, rsrs.

EMPANTURRADOS DE LIBERDADE

Na idade da pedra, ops, no meu tempo existia o "Dia do Sofá" e era na quarta-feira. O dia de namorar. Dia em que o namorado visitava a namorada e ficavam os dois sentadinhos no sofá. Conversando. Isso mesmo, só isso, rsrs. Acredite se quiser: sexo zero. Só depois do casamento. A ideia era preservar as donzelas a todo custo. Tudo em homenagem a moral daqueles tempos, moral de cuecas, onde ELES faziam tudo pra levar suas namoradas para a cama e depois queriam que ELAS casassem virgem. Pode? E as meninas, óbvio, deveriam sempre recuar. Só na base do indicador, pra lá e pra cá, acompanhado de um sonoro NÃO. Avemaria, não acredita, pergunte a sua mãe, ou avó. E todo mundo caladão, ninguém podia reclamar, era assim que funcionava. Misericórdia, eu era adolescente e odiava aquilo tudo, aquele fingimento social. Hoje? Ah, hoje é bem melhor! Os adolescentes de hoje podem fazer escolhas. Tenho orgulho em dizer que minha geração conquistou esse direito para eles e que eu participei ativamente nessa militância.

Mas a luta continua. Quer saber? Agora o que eu mais quero é que os adolescentes não sofram tanto por besteiras. Quero mesmo é que notem quanta coisa boa eles têm a seu dispor: direito de dizer o que pensam, de estudar, de se divertir, de trabalhar, de seguir atrás de seus sonhos. Sem falar no direito sexual. E me entristece vê-los viajando na maionese, à toa, vendo a banda passar (help, Chico). Tenho uma teoria: eles estão empanturrados de liberdade. Mamam a liberdade desde que nascem, no próprio seio materno. Liberdade é seu principal alimento e, mais tarde, sua bandeira. Uma liberdade sem limites. E de graça.

Calma, não sou débil mental a ponto de menosprezar a liberdade. Não enlouqueci, estou tentando dizer outra coisa. Tecnicamente falando, em linhas gerais, os jovens são bem educados, frequentam a escola, a academia, os psicólogos, etc, tudo muito profissional. Divertem-se, e os pais fazem o que podem para garantir-lhes esse suporte. Mas nada disso me convence, vejo-os muito inseguros, além do que seria aceitável em razão da idade. A meu ver eles não têm delineado em suas mentes a necessária correspondência entre direito e dever. Resultado: não sabem onde pisar e saem pisando em tudo e em todos. E impunemente. E aí vem o xis da questão: no íntimo eles sabem que estão errados, sentem culpa e sofrem com suas atitudes. Um complexo de culpa permanente e invisível, que desaba nisso que a gente está vendo todo dia: jovens perdidos e perversos. Com ações calcadas em valores distorcidos eles compensam a inércia de quem deveria lhes apontar o caminho. É uma liberdade excessiva, é muito querer e poder, muita coisa boa de graça... E o pior é que essa doença já virou epidemia. O pessoal só quer saber de direitos. E os deveres? Que nada. Isso é com os outros! -- Os jovens estão onipotentes e virando adultos onipotentes!

E eu com isso? Eu que nem tenho adolescentes em casa? É que gosto de dar o meu pitaco. Fui e continuo sendo a favor da liberdade. Ampla, geral e irrestrita. Mas da liberdade verdadeira, aquela que não existe sem responsabilidade. Acho que isso evitaria muitos dissabores e confrontos desnecessários entre uns e outros. E os conflitos diminuiriam. Mas é pagar pra ver. A propósito, de quem é mesmo a culpa desse oba-oba, desse excesso de liberdade que faz sofrer? Dos pais? Da escola? Do Estado?
Marli Soares Borges © 2011

Beijos a todos.

16 comentários:

  1. Norma...fala sério!v Era bom demiais o dia do sofá!!! E sempre dava um jeitinho de driblar os olhares as passadinhas na sala, os pigarros avisando quec tava na hora de mandar o namorado embora, tuuuuuuuuuuuuuudo mais,rsrrs


    Hoje, parece tudo muito escancarado e se perdeu muita coisa.

    Lua de mel já tá mais "melada" do que pão com "schmia", como dizem os alemãs da nossa serra,srsr

    bem, tambpem tô na idade de cuidar o que falo por aqui,mrsrs beijos,chica e adorei!

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  2. MARLI, sou dessa época em que tudo era proibido.Um horror! Casavamos no escuro, sem saber de coisa alguma e depois levavamos um susto.
    Porém, hoje são os dois extremos,antes liberdade nenhuma e agora, liberdade demais.

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  3. Pois é. Aquilo que nós tivemos a menos eles, os jovens de hoje têm tudo e ainda reclamam....

    Os tempos mudam e acredito que muitos jovens de hoje não darão aos filhos aquilo que os pais lhes deram de mão beijada.

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  4. Marli o meu dia do sofá também era na quarta-feira e o mais esperado da semana, quanta coisa mudou de lá para cá, hoje há mais liberdade, porém, muita irresponsabilidade e promiscuidade, infelizmente!

    Beijos

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  5. Oi, Marli
    estavas mesmo inspirada para escrever hoje ... e nós, leitores do blog que ganhamos pois pudemos viajar no tempo.
    Não sei se era muito bom naquela época em que tudo era proibido se comparado com hoje.
    Mas dá saudades !
    Abraço

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  6. Não lembro do dia da quarta-feira, mas entreguei os convites de casamento com minha irmã junto, no carro...aos domingos a matinè era permitido, mas o filme era sempre censura livre, pra um de meus irmãos poder me acompanhar precisa dizer mais alguma coisa??...rsrs

    Esta geração tem mesmo o que comemorar!
    Bjos

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  7. RSRRSSRRS, adorei o dia do sofá, tbm sou deste tempo!!! Hoje em dia as coisas estão bem melhores, temos mais liberdade, mas o conflito existe porque não aprendemos ainda o discernimento, a moderação é 8 ou 80. Quanto ao excesso, somos livres ou somos escrevos??? Bjs.

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  8. É, Marli. Por sorte, o tempo passou.

    Cabe dizer também, que jamais se ficava a sós naquele sofá. Invariavelmente, tinha-se a companhia da mãe, ou do pai, quem sabe o avô ou avó, quando não, todos eles... rsrs.

    Mas, no tocante à liberdade, veja que você sabe dar valor a ela porque batalhou por ela. Já a juventude, esses a tem de graça. Não sabem o quanto isso custou.

    Venho de uma geração intermediária, mas de uma época em que essa liberdade ainda era complicada e camuflada: regime militar. Tinha-se alguma coisa, mas outras eram restritas.

    Uma crônica deliciosa de se ler, e com teu estilo tão próprio.

    Abraços, Marli.

    Marcio

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Um post muito interessante!

    O final me chamou a atenção, pois quando chega na parte da culpa de quem você se perde!! hahaha

    O que eu acho é que na verdade não há uma liberdade real, o que existe é o extremo.Antes o extremo de não poder e hoje é o extremo de poder demais. E vamos ao ponto da culpa, as pessoas que nada tiveram antes quiseram dar aos jovens tudo que não possuiram durante a época em que viveram Realmente deram, em excesso, esqueceram de passar as responsabilidades que vêm com a liberdade. Acho que é interessante a frase do senhor Saint-Exupéry, aliás da raposa " Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
    Nós cativamos a liberdade, mas e a responsabilidade sobre ela, onde está!?
    Um abraço!
    Gostei muito da discussão! ^_^

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  11. Marli querida, faço parte dessa geração que mamou a liberdade, a diferença é que para os nossos, a liberdade não tornou-se libertinagem.
    É uma pena que todo esse super exagero de liberdade esteja constituindo pais e mães moles, pessoas inseguras e pouco expressivas.
    É uma pena.
    Mas penso eu, tenho amigos que pensam como eu, seremos incumbidos de mostrar aos nossos filhos de uma forma mais rigida as coisas, para que possam tornar-se pessoas seguras de si e de suas ações.
    Amei seu post.

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  12. marli
    Eu tenho uma unica sobrinha mulher. Voce não imagina o que os tios dão de conselho enquanto as tias e a mamae diz mas não exageradamente pois elas sabem tudo e mais uma montanha além de voce.
    Então! O que a gente percebe? Um ano de namoro e mesmo assim passou no vestibular.
    calou a boca dos tios.
    Mas agora cade o namorado? Desapareceu. Ela só tem tempo para a universidade.
    com carinho MOnica

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  13. Sabe Marli, sempre tive essa liberdade que vc falou, minha mãe sempre ocupada demais com a vida e seu afazeres, sempre dizia essa mesma frase: "Você tem a liberdade do tamanho da sua responsabilidade..."

    Mas mesmo assim sentia inveja da meninas que os pais não deixavam descer para o playground. Toda aquela liberdade acabava por gerar um sentimento de falta de amor, de cuidado, sei lá...
    Acho que limite, tb é expressão de amor.

    Ah, e adolescente tb tinha o meu "dia do sofá"! Que aos poucos fui conquistando para os outros aposentos da casa, rsrsrs... E coincidentemente era numa quarta, dia chato de futebol, hehehe...

    Falei demais, faltou dizer que ameeei seu texto e acho que como mãe e avó, vc deve ser um luxo!!!
    Passando para conhecer e fiquei por aqui, papeando.....

    BjOoo!

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  14. Que texto interessante.
    É muito bom saber destas coisas, parece surreal, mas para quem está de fora , parece ser coisa de filme.
    È muito incrível fico te lendo e tentando elaborar a cena, mas é impossível para mim.
    Realmente sofremos mesmo rsrsr.
    Mas gostei dos conselhos Marli, prometo que euzinha sou uma adolescente que já nasceu adulta, e creia eu” mamei a liberdade” sem querer ser livre, mas há algumas coisas nesta vida que não se escolhe.
    Mas eu vim te agradecer o comentário lá na Arena querida.
    Muito obrigada!
    Gostei do teu comentário.

    Um beijinho
    Fernanda

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  15. É, Marli, a liberdade é tanta e tão sem sentido para eles, veio tão de mão beijada que a maioria nem sabe o que fazer dela. Muitos fazem inclusive besteira por não assicia-la a algum ideal nobre. Mas assumo que nós pais, temos uma boa parcela de culpa nisso tudo também. Meu abraço. Adorei o dia do sofá.hahahaha!

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  16. Olá, vim retribuir a visita!
    Que texto interessante, eu não cheguei a viver essa época do dia do sofá por pouco, porque fiz faculdade em uma cidade maior e já as coisas estavam mais liberadas. Mesmo assim, meu primeiro namorado foi aos 20 anos, coisa já atrasada para a época (imagine hoje) e meus pais não gostaram nem um pouquinho da história, hehehehe.
    Gostei muito do seu espaço, gaúcha e colorada como eu tinha de ter um blog bom, não é??? Estarei sempre passando por aqui!
    Beijo
    Adri

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BOM VER VOCÊ POR AQUI!
Procurarei responder a todos e retribuir as visitas com a maior brevidade possível. Abraços. Marli