A paz não é um fim, não é um objetivo nem algo que se busque alcançar no presente ou no futuro. A paz é situação real, diária, modo de ser e de estar que se propaga quando interagimos com o outro. É salvo-conduto para o mundo, e inaugura-se na família, um microcosmo por excelência. Acredito muito numa coisa que chamo "Centro de Paz". Não é propriamente um lugar, mas um modo pacífico de interagir e compatilhar a vida com as pessoas, ou seja escolher a paz, abandonando os encontrões e as grosserias. O coração pacífico, o comportamento pacífico apesar dos senões, e sem se anular como pessoa. Penso que a familia pode ser o cenário do primeiro "Centro de Paz" na vida de cada um de nós. O ambiente familiar nos oferece uma rara oportunidade para entender e praticar a paz verdadeira. Nossos familiares nos põe à prova, instalam o céu e o inferno em nossas vidas e testam nossos ímpetos como ninguém. Muitas vezes precisamos ter nervos de aço para neutralizar certos conflitos familiares e, ao mesmo tempo lidar com os ditames de nossa guerra interior. Tudo isso, ali, em meio a laços afetivos de dimensão inestimável. E nesse fogo cruzado precisamos fincar o pé e sustentar a paz, afinal, família é família. Daí minha ideia desse primeiro "Centro de Paz". É um teste visceral. E você tem que estar em paz com a tua guerra, seja ela qual for, porque, se você não sabe, é esse estado mental -- pacífico ou beligerante -- que você vai refletir, lá fora, inconscientemente, em todas as suas relações pessoais. Entenda, você pode ser a paz no mundo, você é causa e consequência. Gosto de ir além, e pensar no mundo como um grande "Centro de Paz". Marli Soares Borges
O post Família em conexão com a paz apareceu primeiro no Blog da Marli
aqui estou: vivendo, pensando e escrevendo; de repente você me lê e tudo muda para melhor.
quarta-feira, outubro 30, 2013
sábado, outubro 26, 2013
GENERALIZAR NÃO É PRECISO
Detesto generalizações, mas parece que elas me perseguem. Veja só o que encontrei num artigo escrito por uma especialista em "psicologia da vida a dois" -- nossa, estou por fora, eu nem sabia que existia esse tipo de especialização. -- Ela afirma o seguinte:"O silêncio é inimigo do amor. O silêncio mata o amor. Quem ama sempre tem o que falar. Sempre. Sem assunto, sem amor."
Bom, aí pisou no meu pé.
Maldita mania de generalizar. Quem disse que estar em silêncio incomoda? Quem disse que palavras são requisitos do amor? Será que todo o silêncio é ruim? Será mesmo, que o silêncio mata o amor? Será que ninguém nesse mundo aprecia o silêncio? Alto lá, eu aprecio. E meu marido também. E como nós, milhões de pessoas, aposto. Não vejo nada de mais no fato da gente ficar algum tempo, ao lado de alguém, sem se falar. E seguir vivendo assim, às vezes em silêncio, simplesmente. E estar feliz. Ninguém tem assunto o tempo inteiro. E se você já vive uma história de vida ao lado de outra pessoa, vai entender muito bem do que estou falando.
A meu ver, entre duas pessoas que se amam e compartilham a vida, existe pelo menos, dois tipos de silêncio: um baseado no sossego, na serenidade e na confiança. É silêncio que não incomoda, ao contrário, gratifica e liberta. É bálsamo suave, que conforta e alinha os caminhos; sinal de que está tudo bem. Retrata o amor absoluto, a doce intimidade, a parceria concreta. O grande poeta Fernando Pessoa, com seu brilho tão peculiar, escreveu certa vez: "Há tanta suavidade em nada dizer, e tudo se entender" . Algo me diz que ele se referia a este tipo de silêncio. E agora escute só o que encontrei na Desiderata: "Siga tranqüilamente entre a inquietude e a pressa, lembrando-se de que há sempre paz no silêncio." Recordo ainda as palavras de Machado de Assis, -- meu ídolo de priscas eras. -- Disse ele: "Eu gosto de olhos que sorriem, de gestos que se desculpam, de toques que sabem conversar e de silêncios que se declaram.” Eu idem, ibidem.
Mas reconheço que há também um silêncio que incomoda, que mina qualquer relação, que impede o entendimento, que retrata amargura e desamor. Esse silêncio vem aos gritos e se afoga nas palavras não ditas. É mais ou menos como estar numa câmara escura. Você simplesmente não vê saída e seu coração sufoca. As mágoas são tantas que se você abrir a boca, não haverá munição que chegue. Então você decide que é melhor silenciar. Talvez a autora do texto -- bastante jovem -- só conheça este tipo de silêncio. E, afoita, foi logo generalizando. Marcou bobeira a moça.
Generalização não bate comigo. No mais das vezes, as generalizações resultam numa mentira com aparência de verdade. Um perigo.
Marli Soares Borges
Bom, aí pisou no meu pé.
Maldita mania de generalizar. Quem disse que estar em silêncio incomoda? Quem disse que palavras são requisitos do amor? Será que todo o silêncio é ruim? Será mesmo, que o silêncio mata o amor? Será que ninguém nesse mundo aprecia o silêncio? Alto lá, eu aprecio. E meu marido também. E como nós, milhões de pessoas, aposto. Não vejo nada de mais no fato da gente ficar algum tempo, ao lado de alguém, sem se falar. E seguir vivendo assim, às vezes em silêncio, simplesmente. E estar feliz. Ninguém tem assunto o tempo inteiro. E se você já vive uma história de vida ao lado de outra pessoa, vai entender muito bem do que estou falando.
A meu ver, entre duas pessoas que se amam e compartilham a vida, existe pelo menos, dois tipos de silêncio: um baseado no sossego, na serenidade e na confiança. É silêncio que não incomoda, ao contrário, gratifica e liberta. É bálsamo suave, que conforta e alinha os caminhos; sinal de que está tudo bem. Retrata o amor absoluto, a doce intimidade, a parceria concreta. O grande poeta Fernando Pessoa, com seu brilho tão peculiar, escreveu certa vez: "Há tanta suavidade em nada dizer, e tudo se entender" . Algo me diz que ele se referia a este tipo de silêncio. E agora escute só o que encontrei na Desiderata: "Siga tranqüilamente entre a inquietude e a pressa, lembrando-se de que há sempre paz no silêncio." Recordo ainda as palavras de Machado de Assis, -- meu ídolo de priscas eras. -- Disse ele: "Eu gosto de olhos que sorriem, de gestos que se desculpam, de toques que sabem conversar e de silêncios que se declaram.” Eu idem, ibidem.
Mas reconheço que há também um silêncio que incomoda, que mina qualquer relação, que impede o entendimento, que retrata amargura e desamor. Esse silêncio vem aos gritos e se afoga nas palavras não ditas. É mais ou menos como estar numa câmara escura. Você simplesmente não vê saída e seu coração sufoca. As mágoas são tantas que se você abrir a boca, não haverá munição que chegue. Então você decide que é melhor silenciar. Talvez a autora do texto -- bastante jovem -- só conheça este tipo de silêncio. E, afoita, foi logo generalizando. Marcou bobeira a moça.
Generalização não bate comigo. No mais das vezes, as generalizações resultam numa mentira com aparência de verdade. Um perigo.
Marli Soares Borges
quinta-feira, outubro 24, 2013
ANIMAIS! Um texto de CORA RONAI
Acompanhei, através da transmissão feita pelos próprios ativistas, o resgate dos animais do Instituto Royal. A qualidade das imagens, feitas num celular, estava entre o péssimo e o sofrível, mas a sua carga de emoção foi maior do que a de muita superprodução. A cada coelho ou cachorrinho que saía do inferno, o público que acompanhava a ação na internet comemorava, mandando congratulações e palavras de estímulo e agradecimento aos heróis da madrugada.
Também acompanhei, no dia seguinte, os depoimentos dos diretores do instituto, que negam a existência de maus tratos nas suas dependências. Uma nota divulgada pela instituição, aliás, chegou a afirmar que os bichos teriam, lá, “as melhores condições de vida, com saúde, conforto, segurança e recreação”.
Que me desculpem os senhores diretores, mas é impossível levar a sério quem acredita que se podem usar tais termos em relação a animais que passam a vida em gaiolas, sendo submetidos a toda sorte de experiências dolorosas. Melhores condições de vida? Saúde? Conforto? Se a nota foi redigida de boa fé, mostra um completo distanciamento da realidade; se não foi, revela uma perigosa falta de compromisso com a verdade.
Aliás, há várias perguntas sem resposta em relação ao instituto. A primeira, e mais importante, é saber quem são os seus clientes. Como o Royal recebe verbas públicas, tem a obrigação de revelar para quem trabalha. Com isso se esclareceria boa parte das dúvidas que cercam a natureza dos testes lá realizados. Testar cosméticos e material de limpeza em animais, por exemplo, é prática condenada num número crescente de países. Na União Européia a legislação é tão severa que, no começo deste ano, foi proibida até a comercialização de produtos testados em animais, ainda que importados.
o O o
Sou contra a realização de testes em animais -- mas não tenho formação científica, e minha opinião sobre o assunto é, consequentemente, só isso, uma opinião. Por esse motivo, passo a palavra para o especialista Sérgio Greif, biólogo formado pela Unicamp, com mestrado na mesma universidade, co-autor do livro "A verdadeira face da experimentação animal: a sua saúde em perigo" e autor de "Alternativas ao uso de animais vivos na educação: pela ciência responsável":
"Se um pesquisador propusesse testar um medicamento para idosos utilizando como modelo moças de vinte anos; ou testar os benefícios de determinada droga para minimizar os efeitos da menopausa utilizando como modelo homens, certamente haveria um questionamento quanto à cientificidade de sua metodologia.
Isso porque assume-se que moças não sejam modelos representativos da população de idosos e que rapazes não sejam o melhor modelo para o estudo de problemas pertinentes às mulheres. Se isso é lógico, e estamos tratando de uma mesma espécie, por que motivo aceitamos como científico que se testem drogas para idosos ou para mulheres em animais que sequer pertencem à mesma espécie?
Por que aceitar que a cura para a AIDS esteja no teste de medicamentos em animais que sequer desenvolvem essa doença? E mesmo que o fizessem, como dizer que a doença se comporta nesses animais da mesma forma que em humanos? Mesmo livros de bioterismo reconhecem que o modelo animal não é adequado.
Dados experimentais obtidos de uma espécie não podem ser extrapolados para outras espécies. Se queremos saber de que forma determinada espécie reage a determinado estímulo, a única forma de fazê-lo é observando populações dessa espécie naturalmente recebendo esse estímulo ou induzi-lo em certa população.
Induzir o estímulo esbarra no problema da ética e da cientificidade. Primeira pergunta: será que é certo, será que é meu direito pegar indivíduos e induzir neles estímulos que naturalmente não estavam incidindo sobre eles? Segunda pergunta: será que é científico, se o organismo receber um estímulo induzido, de maneira diferente à forma como ele naturalmente se daria, será ele modelo representativo da condição real?"
A íntegra deste artigo pode ser lida na internet, em bit.ly/17HLVZn. Já a dra. Preci Grohman, médica, é professora aposentada da UFRJ, e fez cursos de pós-graduação nas universidades de Toronto e Londres. Ela escreveu o seguinte:
"Quando estudante, fiz experimentos com animais, recebendo bolsa do CNPq. Na época acreditava nessa prática. Já em Toronto e Londres utilizei cultura de células humanas .
Os cientistas, com seus experimentos, conseguem títulos de mestre ou doutor, o que resulta em promoções e aumento de salários. Isso os torna mais competitivos no mercado de trabalho. Seus supervisores também são agraciados com títulos e prestigio.
A criação de plantéis de animais para pesquisa também é muito lucrativa.
Certas drogas, inócuas em animais, já causaram grandes desgraças quando usadas em humanos. A mais conhecida foi a Talidomida. Macacos não desenvolvem câncer de pulmão mesmo sendo obrigados a tragar cigarros continuamente. Se a diversidade genética entre indivíduos da mesma espécie já é significativamente grande para levar a respostas diversas após um mesmo estimulo, o que se pode esperar entre diferentes espécies?
Pesquisas já são feitas com voluntários, podem ser feitas em criminosos que desejem reduzir suas penas ou ainda em culturas de células humanas. Se forem necessárias outras técnicas, os seres humanos devem ser competentes o suficiente para desenvolve-las. Um exemplo de desperdício na ciência é o descarte diário de milhares de cordões umbilicais, ricas fontes de células.
A manutenção até os dias de hoje de experimentos em animais visa puramente interesses financeiros, e já deveria ter sido abolida há decadas".
(O Globo, Segundo Caderno, 24.10.2013)
terça-feira, outubro 22, 2013
UMBIGO DO MUNDO
Tem gente que não consegue ficar um minuto sem pensar no seu próprio umbigo. Simplesmente empacou nessa temática: elas são o centro do universo, o umbigo do mundo, e azar dos outros. Por mim, elas podem empacar por aí à vontade. Não compartilho desse egoísmo e vaidade. Quando percebo que uma pessoa está sempre se projetando diante de qualquer coisa que aconteça, simplesmente a ignoro, com essa carta não tem jogo. Imagino que se tentasse bater de frente com pessoas assim, de certo que eu não teria a menor chance. O umbigo delas é imenso, cansativo, e fica à toa num mundo fantasioso que serve apenas como cenário para o personagem inigualável do “eu” delas. E, do lado de cá, me deparo com o meu próprio "self" que não tem mais paciência para incentivar, nesse tipo de gente, o interesse transcendental pelo todo, pelo plural! Deixa assim, nem quero saber.
Nada contra as pessoas pensarem em si mesmas, afinal nosso maior interesse enquanto seres humanos é mesmo o nosso “self”. E acho muito natural que pensemos em nós, inclusive com uma certa dose de egoísmo. Mas tudo dentro dos conformes. Egoísmo demais é mania, é morbidez. E disso, quero distância. Enfim. Todo esse papo pra contar que... -- é, acontece, às vezes-- dia desses abandonei uma conversinha de fim de tarde. Retirei-me. Inventei uma mentira deslavada e caí fora. Preferi olhar a vida, observar as pessoas, os animais, as plantas, as coisas... E fui respirar. E foi a melhor coisa que fiz. Voltei para casa e caí satisfeita nos braços do Morfeu! Rsrsrs.
Marli Soares Borges, 2013.
domingo, outubro 20, 2013
UMA IMAGEM, 140 CARACTERES - 23 ª EDIÇÃO
Desisto! Caderno, lápis e letrinhas caprichadas não faz a minha cabeça. Prefiro a tecnologia digital. Oh Deus, por que mamãe não me entende?
* Blogagem Coletiva - Minha participação - Blog Escritos Lisérgicos
Participe conosco, é um projeto muito bacana!
Participe conosco, é um projeto muito bacana!
PNL-10 Auxiliares Linguísticos da PNL
"A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto."
Provérbios 18:21
"Guarda tua língua do mal, e teus lábios das palavras enganosas."
Salmos 34:13
Enjoy.
- Cuidado com a palavra NÃO.
- A frase que contém "não", para ser compreendida, traz à mente o que está junto com ela. O "não" existe apenas na linguagem e não na experiência. Por exemplo, pense em "não"... (não vem nada à mente). Agora vou pedir a você que "não pense na cor vermelha". Pois é, pedi para você não pensar no vermelho e você pensou. Por isso, procure falar sempre no positivo: o que você quer, jamais o que você não quer.
- Cuidado com a palavra MAS
- A frase que contém "mas", nega tudo que vem antes. Exemplo: "Fulano é um rapaz inteligente, esforçado, mas..." Nesse caso, substitua "mas" por "e".
- Cuidado com a palavra TENTAR
- A frase que contém "tentar" pressupõe sempre uma possibilidade de falhar. Por exemplo: "vou tentar acordar amanhã às 8h". Nesse caso, tenho grande chance de não ir, pois apenas vou "tentar". Se for possível utilize "fazer".
- Cuidado com as palavras DEVO, TENHO QUE ou PRECISO
- A frase que contém alguma dessas palavras, pressupõe sempre que sua vida é controlada por algo externo. Em vez delas, use "quero, decido, vou".
- Cuidado com as palavras NÃO POSSO e NÃO CONSIGO
- A frase que contém essas palavras, sempre dá ideia de incapacidade pessoal. Use "não quero", "não podia" ou "não conseguia", que pressupõe que você terá sucesso no que for fazer.
- Use a palavra AINDA
- Ao falar nos seus problemas, ou fazer descrições negativas de si mesmo, utilize o verbo no passado ou diga a palavra "ainda". Isto libera o presente. Exemplo: "eu tinha dificuldade de fazer isso", "não consigo ainda". A palavra "ainda" pressupõe que vai conseguir.
- Substitua SE por QUANDO
- Em vez de falar "se eu conseguir ganhar dinheiro, vou viajar", diga: "quando eu conseguir ganhar dinheiro, vou viajar". A palavra "quando" pressupõe que você está decidido.
- Substitua ESPERO por SEI
- Em vez de falar, "eu espero aprender isso", diga: "eu sei que eu vou aprender isso". A palavra "espero" transmite a ideia de dúvida e enfraquece a linguagem.
- Substitua o CONDICIONAL pelo PRESENTE
- Em vez de dizer "eu gostaria de agradecer a presença de vocês", diga: "eu agradeço a presença de vocês". O verbo no presente fica mais concreto e mais forte.
- Fale das mudanças desejadas
- Use o verbo no PRESENTE ou no GERÚNDIO. Exemplo, em vez de dizer "vou conseguir", diga "estou conseguindo".
Mas, por favor, EVITE o gerundismo, que é terrível.
Bom, por enquanto é isso.
sexta-feira, outubro 18, 2013
O PODER DAS PALAVRAS
Esse texto que você vai ler agora é um dos meus preferidos. Eu acho simplesmente fantástico, bonito, elegante, elaborado. Puro talento. Sua matéria-prima é a palavra, e é impressionante a forma com que o autor(a) expressa seu sentimento. Sigo cada vez mais, fascinada pelas palavras.
Não, não foi bobeira, de onde eu copiei não constava a autoria, mas se você souber, please, me diga. Independente disso, enjoy!!
Não, não foi bobeira, de onde eu copiei não constava a autoria, mas se você souber, please, me diga. Independente disso, enjoy!!
Já perdi a voz,
já perdi avós,
já me perdi em nós e
já perdi momentos a sós.
Já me perdi em pós.
Já recalquei algo atroz.
Já naveguei do interior dos sonhos até à foz e
já gritei meio louco meio feroz.
Já me senti a correr parado e
já fiquei estagnado no instante mais veloz.
Em todos estes momentos fui pelas palavras.
É por lá que caminho.
Por uma ponte de consoantes
suspensa por inflexões de ritmo,
com intertextualidades pendentes.
Percorro-a pelas aliterações e
através das pontuações,
sem reticências... para pontuar o prazer.
Porque sou pelas palavras.
Uns são pelos cães.
Eu sou pelas palavras.
Outros são pelas ações.
Bem sei que as ações falam.
Mas as palavras, essas, atuam.
Em qualquer filme ortográfico.
Bom final de semana
Marli Soares Borges, 2013
Em tempo: esse post foi publicado originalmente em 30 de outubro de 2010 com o título: AS PALAVRAS ATUAM
segunda-feira, outubro 14, 2013
QUERO-QUERO QUANDO GRITA
Meu netinho Pedro (6) e seu avô Nilton, my husband, são carne e unha. Às vezes eles se desentendem, mas é coisa pouca e tudo fica numa boa. Mas ontem... calma, já vou contar. Você conhece o quero-quero? É uma ave pequena, de aparência modesta, que gosta de viver nos campos e nas pastagens. Tem um grito estridente que lembra a palavra quero e é um vigilante nato. Quando percebe a aproximação de qualquer criatura, ele avisa. Por isso nós, gaúchos, o chamamos "Guardião dos Pampas". Detalhe: são passarinhos curiosos: não pousam em árvores e fazem seus ninhos no solo. E costumam defender seus filhotes com gritos e ataques rasantes às pessoas e, embora nunca atinjam ninguém, eles assustam demais. E é aqui que começa a história.
O Pedro insistindo e o avô avisando: não vai, olha o quero-quero, eles estão com ninho, tem filhotinhos, não mexe com eles. Mas vô, eu já disse que não vou mexer, eu só quero ver, VÔ! Já falei, menino, não chega perto deles, eles atacam as pessoas. Pra quê? Nem te ligo, o Pedrinho não deu a menor bola, saiu de tranco duro, a passos largos, no firme propósito de ver os filhotes bem de perto. E não deu outra, foi mal. Você precisava ver os apuros, o corre-corre, a choradeira! Nada do que eu escrever aqui dará a dimensão exata do que aconteceu naquele instante. Só sei que foi tudo muito engraçado, a família inteira dos quero-quero (pai, mãe, tio, primo, sobrinho) todo mundo voando e gritando ao mesmo tempo, era vôo rasante que não acabava mais, quero-quero pra todo lado, uma esquadrilha de guerra, e o Pedrinho bem ali, no meio do tiroteio, no maior susto, correndo em círculos, agitando os braços e berrando a plenos pulmões. Uma doideira. E a assistência -- sim, tinha assistência, hahaha -- aos berros, acenando com as mãos, corre Pedrinho, aqui, por aqui, rápido! No final das contas foi preciso a intervenção do avô para colocar tudo em pratos limpos e trazer a paz de volta ao sítio. A paz? Que nada, não deu meia hora e lá vem o Pedro novamente tentando aprontar noutro campo de pastagem. Dessa vez o esperto avô, na maior calma do mundo, e em pouquíssimos decibéis, disse apenas: "Pedro, olha o quero-quero!" E eis que o milagre acontece: o céu se abre e o Pedrinho obedece, de boa vontade, sem contestar! Maravilha, tudo sob controle. Agora sim, com esse poder na mão, certamente haverá por aqui, -- por pouco tempo, eu sei --, um netinho obediente, sonho dourado de todos os avós! O quê, denunciar o avô? Enlouqueceu? Aprender com os erros não tem absolutamente nada a ver com bullyng! De onde você tirou uma bobagem dessas? Ninguém merece. Rsrsrs.
Marli Soares Borges, 2013
P.S. por motivos óbvios não consegui bater fotos. As imagens são do Google.
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