domingo, junho 15, 2014

DA SÉRIE GATICES III



dongo lixo



A gente nunca sabe quando faz as coisas certas na vida. Mas hoje, agora, nessa noite fria, nessa umidade que gela até os ossos, comecei a matutar... às vezes a gente sabe sim. 

Enquanto vou digitando e o Nilton vai acompanhando mais um jogo da Copa na TV, o Dongo - aquele gatinho pretinho, meu netinho peludinho - está na caminha dele, embaixo do split, aproveitando o calorzinho e dormindo um soninho legal. Ele está tranquilo, de barriga cheia, com a saúde em dia, amado e protegido. E ele sabe disso, ele sente, tenho certeza. 

Mas se o Dongo vive aqui na terra, num céu assim tão azul, é porque minha nora, num ato de coragem, enfrentou uma situação inusitada e o resgatou do inferno. Para quem não sabe, vai um resuminho básico: ano passado, ele era apenas um micro gatinho, poucos dias nascido e lá estava, desesperado de fome... jogado no meio do lixo! Abandonado como um objeto sem valor. 

Quando boto os olhos nele e começo a pensar, e me dou conta do que poderia ter-lhe acontecido, me arrepio até os dentes. Certamente se estivesse vivo esse gatinho tão amável, estaria sofrendo todos os tipos de atrocidades nas mãos de crianças estúpidas e grosseiras e de adultos ignorantes. Ainda bem que, para ele, a história teve outro desenrolar. Mas não posso deixar de pensar nos outros, seus irmãos de ninhada, meu Deus, como é possível isso? Como permites que os animais dividam seus espaços conosco, suas existências conosco e você os coloque assim no mundo, tão indefesos, sempre à nossa mercê? Não entendo, e quer saber? entro em parafuso com esse pensamento. Ao mesmo tempo, me parece impossível que um ser vivo, completamente indefeso, possa ter sua vida vilipendiada assim, vítima inocente da perversidade humana. 

No caso especial, - do Dongo - ainda me incomoda saber que essa gente imunda escapou impune, mas infelizmente não foi possível identificar ninguém. E vai me batendo uma amargura... então, antes que me dê aquele banzo pelas injustiças do mundo, vou largar o computador e bater uma fotinho legal. Taí a foto, pra você ver a mordomia. E eis que uma sensação de serenidade toma conta de mim. É. Não se pode fazer tudo por todos, quem me dera, mas o ideal sempre irá se contrapor ao real. É mais ou menos como o bem e o mal. O mundo é assim, por mais que nos custe reconhecer. E nem pense em dizer que estou sendo maniqueísta. Não mesmo.

Mas como eu estava dizendo, algumas coisas a gente acerta. E minha nora acertou. E hoje em dia não me imagino mais sem esse netinho peludinho. Esse gatinho pretinho e... gordinho. E de regime! Um discreto regime, rsrsrsrs... que é para não perder a forma, rsrsrsrsrs! 

- Marli Soares Borges -

quinta-feira, junho 12, 2014

DIA DOS NAMORADOS



Bom dia,

Minha homenagem aos namorados, ao amor em flor... ao amor, esse sentimento universal que nos enamora com o outro e que faz a vida valer a pena!

Com esse lindo poema, pretendo homenagear alguém em particular: o meu Nilton, que está na minha vida desde meus 14 anos de idade, há 50 anos. Ih, já faz tanto tempo... sempre ao meu lado, nos meus sóis e nas minhas sombras, nos meus brilhos e nas minhas opacidades. É nele que penso, sempre que ouço essa música. É a imagem dele que esses versos desenham na minha alma. [O Nilton não tem blog, mas vou mostrar esse post para ele]. Sim, é o amor que está no ar! Sim, continuo achando que o amor é lindooooo! Mas o amor? Que é mesmo o amor? É muito simples, é "desejar o bem do outro", e acrescento, desejar do fundo do coração. Não fui eu que registrei essas palavras, - foi Joyce - mas é isso que penso e digo, e faço. O mais? adeja na superfície.


“Eu sem você sou só desamor. 
Um barco sem mar, um campo sem flor. 
Tristeza que vai, tristeza que vem. 
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém?” 
(Vinícius de Moraes)

Esta é minha participação na blogagem coletiva da Norma. Achei que não conseguiria participar, mas consegui! Um beijo a todos os participantes. E bom dia dos namorados e boa copa, que também somos filhos de Deus e temos o direito de nos divertir!

Marli

segunda-feira, junho 09, 2014

SENHA: SOLIDÃO


"Sua visão se tornará clara somente quando você olhar para dentro do seu coração. 
Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, acorda."
Carl Jung

"Nunca é alto o preço que se paga pelo privilégio de pertencer a si mesmo." 
Friedrich Nietzsche

A solidão mora em mim, mora em ti, mora em cada um de nós. É parte do nosso próprio eu. Nascemos sós e morreremos sós. Por isso que não me refiro aqui à solidão poética, nossa conhecida solitude. Falo da solidão interior, da conexão com o nosso eu. Ninguém, por mais que nos conheça, por mais que nos ame, conseguirá sentir as nossas dores ou sorrir o nosso riso. Ninguém. É urgente entender isso. E encarar, e aprender a ser só. Lembra aquela canção? É por aí. Cada um tem que viver com seu próprio eu, fazer suas próprias escolhas, tomar suas próprias decisões. Aprender logo esse jogo e livrar-se da necessidade insana de obter aprovação dos outros para tudo o que faz na vida.

Não sou dona da verdade e nem pretendo ser, o que digo é fruto da visão que tenho sobre esse assunto e que decorre apenas das minhas vivências. Acho básico na vida o ser , que traduzo aqui como a capacidade que cada um de nós tem de conquistar para si a segurança -interna- de fazer escolhas e tomar decisões de forma independente. Mas essa é uma conquista que pede atitudes bem determinadas: é preciso fazer silêncio e aguçar os sentidos. Assim, nesse estado de graça, você consegue ouvir a solidão interior, essa amiga poderosa e gentil que habita nossa alma, e que conhece como ninguém os meandros dos nossos próprios silêncios. Precisamos aprender a escutá-la, para então, pegar carona na liberdade. Não conheço nada que nos escravize mais, do que viver pedindo aos outros que aprovem tudo o que pretendemos fazer. E tenho absoluta certeza de que as escolhas e decisões que realmente dão sentido à nossa existência devem ser tomadas por nós, em estado de graça, sem interferências externas. Se forem submetidas ao crivo alheio, deixarão de serem nossas e, no futuro, se não nos fizerem sofrer, também não nos farão vibrar, e a vida, você já sabe... não tem volta.

Enfim, toda essa conversa para dar uma dica no jogo: o silêncio é o caminho; a solidão é a senha. Depois, é só abrir os olhos e olhar ao redor, e procurar com calma, sinta que você está agora noutro lugar, num lugar secreto onde só você tem acesso. É aí que você vai encontrar todas as respostas para todas as perguntas e, na sequência, finalmente! sentirá dentro de você uma segurança muito tranquila, que não te impõe essa vigília constante para ver se os outros aprovam ou não, aquilo que você quer. A cereja do bolo é que esse tal lugar - secreto, mágico e libertador - está dentro de cada um de nós e é acessível a todos. Porém, - sempre tem um porém, rsrsrs -  se você esquecer o caminho ou a senha... lamento, você perdeu! Impossível acessar o seu coração. Volte à etapa anterior.

Marli Soares Borges

"Não deixe o barulho da opinião dos outros abafar sua voz interior. E mais importante, tenha a coragem de seguir seu coração e sua intuição. Eles de alguma forma já sabem o que você realmente quer se tornar. Tudo o mais é secundário."

Steve Jobs


sábado, junho 07, 2014

AS PALAVRAS E OS ANJOS

anjos

"A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto." 
Provérbios 18:21

"Guarda tua língua do mal, e teus lábios das palavras enganosas." 

Salmos 34:13

A linguagem -- falada e escrita -- dirige nossos pensamentos para focos específicos e nos ajuda a criar a realidade, limitando ou potencializando nossas possibilidades reais. Saber usar a linguagem com precisão é essencial para nossa vida. Afinal, é através da palavra que nos comunicamos uns com os outros.

As palavras são manifestações soberanas de nossos pensamentos e podem nos salvar ou infernizar nossa existência. É mais ou menos assim: você fala, e ao falar está ouvindo a sua própria voz. E se levarmos em consideração que nosso inconsciente registra e assume como verdade tudo o que a gente diz, aí está um bom motivo para termos cuidado com nossos ditos e imprecações. Nessa vibe, todo tipo de percepção que tivermos irá fazer diferença, pois quanto maior a noção de linguagem, maior nosso entendimento do mundo e como diz Ludwig Wittgenstein, "os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo".

E, ademais, tem os anjos. E tem nosso anjo-da-guarda pessoal, que fala conosco por intermédio de nosso inconsciente. Como assim, Anjos? Isso mesmo. Andei lendo uma literatura especializada e fiquei sabendo que os anjos são seres etéreos que vivem no astral, adejando a nossa volta e sempre atentos a tudo o que dissermos. Como são éteres, eles não têm memória e nunca julgam o que a gente fala, apenas limitam-se a nos ouvir e a dizerem amém. Já viu, a gente fala e os anjos dizem amém! Desta feita, nossas falas assumem contornos... exponenciais. Mamma mia! A explicação está em que "não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana”.

Bom, recado dado.

De qualquer forma, mesmo que você ache essa história de anjos, uma grande besteira e não acredite em nada do que falei, é bom lembrar que a comunicação é tudo que temos para nossas interações e que isso, por si só, já é o bastante para exigir de nós um manejo cuidadoso e atento das linguagens que utilizamos no dia a dia. 

Marli Soares Borges

quinta-feira, junho 05, 2014

O DIÁLOGO



R. Magritte  - "O Professor"


Bom dia a todos.


O diálogo representa para mim, uma grande possibilidade de evoluir... de respirar. Dialogando amenizo o desespero pungente que sinto quando estou com o pensamento guardado. No diálogo meu pensamento respira. 

Ontem meu filho estava muito feliz. Foi um sucesso a palestra que ele fez no estúdio, para uma turma de universitários, a convite da universidade. Estavam todos interessados em seu trabalho, no que ele mais gosta de fazer: produzir música. E à noite, aqui em casa, estivemos os três, meu filho, minha nora e eu, num diálogo muito bonito. Iniciei perguntando sobre a palestra e estendemos o nosso bate papo sobre vários assuntos. E o resultado foi, que tivemos aprendizados e ensinamentos. E, no final das contas, estávamos todos interessados em pensar o presente e o futuro das artes - da música principalmente -, e das letras em nosso país.

E porque estou pensando em nós ontem, que dialogamos, ouvimos, falamos e pensamos juntos, que aprendemos e ensinamos, decidi escrever esse texto. E porque foi tão salutar e revigorante nossa conversa, acabei pensando na não-conversa dos poderosos que, autoritários e preconceituosos, abominam qualquer relação dialogal que possa trazer aproximação entre uns e outros.

Eles não se preocupam em ver a existência do outro e muito menos em saber como o outro pensa. Eles acreditam que encontraram a verdade antes de todo mundo e que, por isso, estão autorizados a usá-la em seu favor, como arma, para humilharem os outros, os burros, que é assim que apelidaram os que discordam de seus axiomas. Essa gente não tem afetos, estão sempre em busca de poder, não importa qual, por menor que seja, desde que represente um poder. Das duas uma, ou não têm cérebro, ou seu autoritarismo é tanto que paralisou seu pensamento, pois a única coisa que eles conseguem fazer intelectualmente é produzir negações abstratas sobre quaisquer assuntos que cheguem aos seus ouvidos. Gente assim, ignorante e fascista, não se dá bem com argumentos. E foge do diálogo, como o diabo da cruz. 

E os que valorizam o diálogo e a reflexão? Onde ficam em tudo isso? Bom, eu continuarei por aqui, em busca da luz do saber. Sabe de nada inocente. Rsrsrs.

Beijos
Marli

segunda-feira, junho 02, 2014

ESCAPANDO DO PRESENTE

Olá, todo mundo!

Sou a favor do diálogo e da reflexão, mas penso que o excesso de reuniões perde o foco e retarda a ação. O pensamento fica enclausurado e ninguém sai do lugar. E o pior, usa-se o futuro para escapar do presente, para não fazer o que precisaria ser feito agora. E isso não é uma boa, nunca foi. O agora é a única realidade sensível e concreta que temos a nosso dispor... é agora que podemos fazer as coisas acontecerem. O amanhã é suposição, um mero dado hipotético.

Bjs
Marli

sexta-feira, maio 30, 2014

UM NOVO JARDIM


E disse o Senhor Deus: todas as pessoas foram feitas para serem amadas. Mas as coisas não! Elas só existem para serem usadas. No dia em que amares as coisas e usares as pessoas, certamente morrerás de tédio, tristeza e dor. E um grande caos se formará na terra e não mais veremos o céu aberto nem a música dos anjos. E não conseguiremos ver as flores, nem sentir-lhes o perfume.

E tudo funcionava muito bem, e a luz resplandecia nas trevas. Mas eis que as trevas não a compreenderam e começaram a 'trabalhar' a cabeça e o coração das pessoas! E os valores se inverteram no mundo: as pessoas passaram a usar as pessoas e a amar as coisas. Era o ter sufocando o ser.

E a maldade se multiplicou sobre a terra... e o caos se formou.

Mas nada é eterno no mundo, e esse caos também não é. Precisamos modificar tudo isso e recuperar os valores perdidos. Acredito nos adultos -alguns- que assim como eu, insistem na luz. Acredito nos amanheceres, nas crianças, no doce enlevo da música, no perfume e na beleza das flores. Acredito na nova era e represento-a em meu coração como um imenso jardim florido, cheio de encanto e magia, onde as pessoas amam somente as pessoas e as coisas servem apenas para serem usadas. E consigo ver o brilho e sentir a energia da paz.

Um beijo
Marli







quinta-feira, maio 29, 2014

A CEGUEIRA SEM ENSAIO

lei cegueira

Olá, todo mundo.

Nem sempre o que é legal é justo, ok? Por isso, não é possível falar em Justiça sem falar em Direito. Mas já vou esclarecendo que Direito e Justiça não se confundem.

Direito é de âmbito restrito, ele apenas contém a Lei, que, por sua vez, é a principal fonte formal de expressão do Direito. É através da lei que a sociedade determina as normas de conduta que todos devem observar. Mas como a lei é dirigida a uma universalidade de pessoas, ela é recheada de falhas, razão porque, não esgota --e nem poderia esgotar-- o Direito. Acontece que o Direito, como instrumento de controle social, não pode ter falhas. Sacou? É aqui que entra nossa amiga Justiça.

Abram alas.

Na aplicação da lei, quando o Direito é posto em dúvida surge a ideia de Justiça. Prestou atenção no que falei? Eu disse "ideia" de Justiça. Isso mesmo. A Justiça é ampla. Justiça é uma ideia, um sentimento, uma exigência ética que tenta "corrigir" a lei quando ela (a lei) é deficiente. A Justiça orienta-se pelo princípio da eqüidade que determina tratamento igual para os iguais e desigual para os desiguais.

Dito isso, vou direto ao ponto: a aplicação da lei pelo juiz. É aqui que a gente dança no processo. Estuda-se que o dever do juiz é sempre acatar a lei, mas que o seu maior dever é fazer Justiça. Mais do que a aplicação formal do Direito, cumpre ao julgador a efetiva realização da Justiça. 

Mas será mesmo que nossos juízes estão produzindo justiça na nossa vidinha, essa daqui? Sinceramente tenho cá minhas dúvidas. E tenho uma curiosidade danada de saber o que as pessoas pensam a respeito, até porque, é público e notório que nem sempre o que é legal é justo! Pior ainda numa sociedade como a nossa, dividida em classes, onde as concepções de justo e injusto são completamente diferentes para cada classe e, por conseguinte, a letra pura da lei sempre haverá de deixar uma lacuna. Então, por favor, sem essa de dizer que a justiça tem de ser cega. Já faz algum tempo que vem sendo contestada essa antiga representação da Justiça por uma deusa cega. Com certeza, a deusa Themis não é a figura mais indicada, pois a Justiça para ser justa tem necessidade de ver as diferenças. Precisa ter os olhos bem abertos para ver a realidade; ter ouvidos atentos para ouvir a súplica dos que por ela demandam. E ter uma voz clara, com palavras de fácil entendimento para que todos possam compreender o que diz. Mas hoje em dia, parece que a Justiça além de cega, é surda, muda e burra. Não se deu conta ainda de que a única coisa que deve ser igual para todos é o acesso à Justiça.

Mas antes que você comece a se entristecer com esse estado de coisas, informo que há uma luz no túnel. Alguns juízes corajosos, já reconheceram que embora a Justiça continue cegueta, eles podem prolatar suas sentenças com os olhos abertos. São poucos, mas é melhor do que nada.

Quero pedir um favor a você, só por agora: pare de pensar na (in)Justiça Brasileira, não pense na dureza que é buscar seu direito no Judiciário, nas inglórias demandas judiciais dos contribuintes (porque será hein?), na lentidão, na precariedade da Justiça e nem na insegurança jurídica que estamos vivendo. Apenas reflita. E não me prive de sua companhia por causa do que acabo de escrever. Para me redimir, vou arrematar mostrando a você uma sentença de um juiz que não é cego. Aposto que você vai gostar! Está aqui.

Beijos.
Marli