quinta-feira, outubro 21, 2010

TOMOU AÇAÍ, FICOU.

Olá!

Já te contei? Estou em Belém, no Pará. Fugi um pouco do frio. Uma semaninha só, mas está valendo demais! Estou me sentindo tão bem. Esse lugar me tocou profundamente. É um lugar lindo, seguro, a comida é ótima e oferece um misto de natureza e civilização. É frequentado por pessoas simpáticas e despojadas. Quero voltar, com certeza. Desde que cheguei tenho saboreado o energético açaí paraense. Genuíno, puríssimo. Típico da região. Muito bom! Diz que os antigos costumavam anunciar: “Quem vem ao Pará, parou; tomou açaí, ficou”

Falando em açaí, preciso dividir com você uma coisa que não me entra na cabeça. Escuta só. Pra uma parcela expressiva da população pobre, o açaí é um alimento, às vezes, a única refeição forte do dia. As crianças, na falta do leite, bebem o suco na mamadeira. Beleza? Nada! Elas bebiam. Pois fiquei sabendo que hoje em dia, os paraenses estão comendo menos açaí. Está muito caro, eles não podem comprar. Você consegue entender isso? 

Por Deus, a gente sabe que o mundo não é justo, que as coisas são assim como são. Mas eu me pergunto: porque puxar o tapete dessas pessoas? Exigências de mercado? Olha, eu não entendo nada desse assunto, mas quando acontece esse tipo de coisa, acho que o mínimo que se pode fazer é procurar soluções para amenizar a situação. As crianças já não podem tomar leite, e agora nem açaí? A riqueza da região está indo embora? Como? Porquê? 

Pra não falar besteiras, tratei de me informar e veja só. Há cerca de dez anos o gosto e as propriedades medicinais do açaí invadiram as academias e praias do Rio e São Paulo. Na onda da eterna juventude e da saúde total, o açaí acabou entrando direto na dieta dos naturalistas, atletas e idosos. Os Estados Unidos e a Austrália importam cada vez mais. Resultado? O açaí ficou tão popular que acabou elitizando-se. Atualmente é oferecido (misturado) em quase todos os Estados brasileiros. E como sobremesa. (Puro mesmo, só direto na fonte, onde estou agora).

O New York Times numa excelente matéria assinada por Seth Kugel, mostra como o açaí é consumido no Pará, no Rio de Janeiro e nos Estados Unidos. Ele comprovou o que os paraenses já sabem e sentem na pele: o preço aumentou com a exportação

Para ir ao site do The New York Times e ler na fonte – pode clicar aqui. Nessa mesma matéria tem um slide show, de onde eu colei as duas fotos que estão aí em cima. O link das fotos pra você ir direto, está aqui.

Leia sobre as propriedades medicinais aqui.

Era isso. Beijos. Fui.

terça-feira, outubro 19, 2010

A DECISÃO

Ela não aceitou, apenas suportou. Decidiu que enquanto pudesse, guardaria segredo. Deus é testemunha de seu empenho em cumprir o que havia prometido. Mas a situação assumira contornos insustentáveis. Então, naquela noite, ela tomou a decisão mais difícil de sua vida. Empreendeu o que sabia ser o último, o derradeiro esforço para adiar a revelação, mesmo que fosse um pouquinho mais. Era muito grande o amor que os unia e ela não queria magoá-lo.

Aonde vais, vou dar uma saída, volto logo. Não, por favor, preciso saber, quero saber o motivo dessa angústia, desse tormento que te rouba o brilho do olhar, serei eu a causa, sei, já não me amas. Ela respondeu que seu amor era o mesmo, intacto, profundo, intenso, sem medida. Contendo as lágrimas, virou as costas e saiu.

Foi então que ele leu o bilhete. Jamais poderia imaginar que aquela letrinha miúda, que tantas vezes alegrara seu coração, estivesse agora falando palavras tão pungentes. Lendo, deu-se conta de que não havia mais nada a fazer: tudo aconteceria como estava traçado no Grande Livro da vida.

E assim aconteceu.

O tempo ajudou-o a superar a tristeza, mas ele nunca mais foi o mesmo, jamais se conformou. Tornou-se introspecto e sorumbático. Perdeu a fé, e passou a habitar as sombras da angústia. É refém de sua própria humanidade. Consome seus dias a procura de uma explicação racional que o faça entender os mistérios da morte e do renascer.

*

Não creio que ele possa ter acesso a esse entendimento. Para mim, a morte e o renascer são as duas grandes incógnitas da vida e, racionalmente, não há explicação. Só especulação. A luz está na transcendência.

Marli Soares Borges

sábado, outubro 16, 2010

CARTÃO DE VISITAS

Olá!

Ontem acompanhei meu marido numa pequena viagem, a trabalho. Já falei pra você, adoro viajar de carro. Passo Fundo fica a pouco mais de 300km de Porto Alegre. Saímos de manhã bem cedinho e às 14h30h iniciamos o retorno.


Beleza! Trânsito tranquilo. Às 18h já estávamos chegando em Porto Alegre e, pelo pouco que faltava percorrer, calculamos que, no máximo, em uma hora estaríamos em casa. Era isso. Mas, esquecemos um detalhe: o suplício que é chegar em Porto Alegre, via Canoas! A entrada da capital, a essa hora, é um péssimo cartão de visitas. Uma tristeza, o trânsito simplesmente não anda. Dá nos nervos. Nas proximidades do Aeroporto Salgado Filho, bateu a aflição: todos os carros do mundo estavam ali parados e, descobrimos que não há uma ruazinha lateral pra gente fugir. Misericórdia.

Aí você anda mais um pouco e dá de cara com um dos motivos daquela tranqueira toda: o viaduto Leonel Brizola. Desde que foi entregue --em 2008--, esse viaduto vem aumentando os transtornos no trânsito. Os taxistas até o apelidaram de "Viaduto da Tranqueira", "Viaduto da Politicagem", pois essa construção nada mais é do que um elefante branco, pra passarem três ou quatro carros em cima. E o problema pontual, que há muito pede solução, continua atirado às traças. Quem está chegando à Porto Alegre, por essa via de acesso, sinceramente, tem vontade de voltar. Mas se você chegou até Canoas, esqueça, você agora está no brete, e isso quer dizer que você não pode nem sequer arquitetar um plano de fuga. Portanto, aguentaí.

E, pra completar, embaixo do tal viaduto ainda colocaram semáforos! Vai ver pra solucionar aquela tranqueira constante, os doutores do trânsito pretendiam mesmo era colocar os tais semáforos, mas pra não fazer feio perante os usuários com uma solução tão ingênua, resolveram construir um viaduto. Rsrs!! É pra matar!!! Haja saco. Eu falei doutores do trânsito? Ops. Desculpe, acho que me enganei. Mas você sabe muito bem a quem me referi.

Só pra constar: chegamos em casa às 22h! É mole?

Beijos e um ótimo final de semana.

quarta-feira, outubro 13, 2010

AVATAR - JAMES CAMERON

Olá, todo mundo.

Você já viu Avatar, de James Cameron? Aposto que sim. Eu também. E adorei.


Sabe-se que para os efeitos especiais desse filme foram utilizadas as mais modernas técnicas e que os resultados superaram até os da trilogia "O Senhor dos Anéis". Este filme custou nada mais nada menos que 300 milhões de dólares, fora os custos de publicidade.

Há mais de dez anos atrás, Cameron já havia mostrado a que veio com outro filme campeão de bilheteria, o "Titanic" de 1997. Agora, ele trouxe um longa de cair o queixo, que agradou em cheio a crítica. Ouvi dizer que Cameron demorou anos na preparação desta obra e que ele esperou até que existisse a tecnologia certa que lhe permitisse criar o que havia imaginado. Cameron é Cameron!


O filme é todo em 3D e tem quase 3 horas de duração. Achei a história super original, tem um romance proibido,(porém, possível), entre pessoas de tempos e mundos diferentes. O cenário é maravilhoso, com lugares e florestas paradisíacas. A atmosfera é deslumbrante, carregada de significados. É visualmente revolucionário, de encher os olhos.

No enredo, os humanos é que são os maus. No decorrer do filme, é dificil evitar comparações com a atual situação do nosso planeta, cuja degradação ambiental crescente é culpa exclusiva homem. Para mim, esse filme é muito mais do que uma avalanche tecnológica de efeitos especiais. Ele é uma relação de causa e efeito entre a humanidade e o planeta. Ele traz em seu bojo uma mensagem de paz, ou melhor, anti-guerra, evidenciada pelo cineasta com a força dos aparatos tecnológicos que todo mundo comenta. Vi no filme uma mensagem de alerta. Aliás, o próprio diretor definiu, "Avatar" como uma metáfora sobre como a humanidade trata o lugar onde vive.

VOU FAZER UM RESUMO APERTADO DA HISTÓRIA, só pra você ter uma idéia.

Em 2154 os humanos destruiram o ambiente e a terra está morrendo. Para sobreviver precisamos de um mineral que existe apenas na lua de Pandora (que lembra a Terra há milhões de anos, com plantas selvagens e animais gigantes) que é habitada por seres Na’vi, uma espécie quase humana, um povo ligado essencialmente à natureza. Um povo pacífico que tem profundo respeito pelo seu habitat natural.

Nesse contexto Jake Sully, ex-fuzileiro naval e paraplégico, recebe a missão de substituir seu irmão morto ocupando seu Avatar (um corpo criado em laboratório onde sua mente é conectada, mas fisicamente igual aos Na’Vi). Através do Avatar, Sully volta a andar. Ele deverá aproximar-se da civilização e comunicar-lhes que o lugar onde vivem será destruído para exploração do tal minério e que se não concordarem em retirar-se o mineral será tomado à força. 

Entramos agora no desenvolvimento do filme, onde virá à tona a problemática do personagem Jake, que terá de fazer a opção mais importante de sua vida. É que, para conseguir infiltrar-se na civilização, ele recebe ajuda de uma jovem Na'vi, por quem se apaixona. Ao mesmo tempo, ao conviver com os nativos ele acaba se convencendo de que a atitude que os humanos tomarão só servirá para causar destruição e sofrimento sem os levar a lugar algum, pois o problema, no fundo, é uma questão de valores, achar que a natureza está a serviço do homem, refém de sua exploração desmedida. Jack percebe que com esse pensamento "invertido", em qualquer lugar que os humanos pisarem deixarão as marcas da irresponsabilidade. Mas agora, é hora de encarar seu dilema existencial: escolher entre a vida real na terra junto com os humanos e o novo amor, que pressupõe a vida em um novo mundo, um novo lar.

Interessante, recomendo.

Era isso. Fui. Até breve.

segunda-feira, outubro 11, 2010

SUCESSO: A LÓGICA DO ABSURDO

Olá! Tenho recebido e-mails pedindo pra eu escrever sobre trabalho e sucesso. Ok. Acabo de lembrar um episódio que vem a calhar nessa empreitada.

Seguinte. Acompanhei uma amiga no velório de um parente dela. Sim, faz tempo. O falecido aparentava uns 40, 50 anos de idade. A viúva e os filhos estavam tristes, mas, curioso, era uma tristeza capenga. Não me olhe assim, não sei explicar, era como se aquela morte fosse um acontecimento banal. Parecia não ser essa a primeira vez que o cara morria. Tá bom, esquece, é sandice minha. Mas foi a impressão que tive. Que coisa, uma família morna...

O morto? Sofrera um enfarte fulminante. Era um homem notável: muito trabalhador, ótima saúde, bem de vida. Um sucesso. Mas digo a você que tantos elogios, aliados ao enfarte, não me cheiraram muito bem. Pô, um cara saudável, com tantos predicados, e tanta vida pela frente, morrer assim, de enfarte, sem mais nem menos? Aí tem.

Quero ver o outro lado da moeda.

Gente! O de cujus era obcecado pelo trabalho e pelo sucesso!! Férias? Nem pensar. Não estava nem aí para a família. A mulher, coitada, acabara se resignando em levar a vida, só com os filhos, sem a presença do marido. Em algum momento da vida ele transformara-se num workaholic! Pobre homem de sucesso, pobre família infeliz!!


Acredito que no coração da mulher e dos filhos, ele já estivesse morto, bem antes de deixar o mundo dos vivos. Daí a tristeza capenga a que me referi. O excesso de trabalho o impedira de ser presença na família. Ele sucumbiu ao frenesi do sucesso e abandonou todos os seus afetos. E a família para não desmoronar, tratou de jogá-lo pra escanteio. E ninguém lhe deu atenção. Ao sentir que perdera o amor da família, por óbvio, seu coração não suportou.

Mas, e daí se ele foi um homem de sucesso? Felicidade? Quem se importa?

Caramba, não consigo entender essa lógica do sucesso. Acho que o problema é que a sociedade desaprova bêbados e drogados, mas aprova e até admira quem trabalha demais, mesmo que o trabalho seja um vício e acabe desintegrando a família. Isso pra mim é a lógica do absurdo! Completamente sem sentido. É burrice, avareza, ambição, doença, o escambau! Tenho verdadeiro horror a essa mania insana que a sociedade tem de enfiar na cabeça das pessoas, que devem se matar trabalhando e ganhar bastante dinheiro para, então sim, alcançarem o sucesso! Como se esse tal sucesso fosse o passaporte pra felicidade. Mas não! É uma imposição que adoece a humanidade, na medida em que impede as pessoas de tomarem atitudes, que segundo seus próprios critérios, se mostrem mais adequadas para suas vidas.

Por Deus, pra mim, sucesso é outra coisa. Tem a ver com trabalho, dedicação, fé e lazer. Inclui o equilíbrio nas ações. Reconheço que algumas vezes o trabalho exige de nós uma atenção bem maior. Mas nada que nos impeça de equilibrar e até compensar o outro lado com momentos de qualidade. Um remanejamento de prioridades. É assim a vida. São apenas trocas. Mas genuínas e sinceras, de momentos e emoções, boas e ruins, alegres e tristes. O dinheiro é superimportante também, aliás, sobre isso já falei aqui. O dinheiro é a mola mestra do mundo. Adoro trabalhar e ganhar dinheiro. Mas dinheiro ganho trabalhando e não se matando de trabalhar, afinal, "nem só de pão vive o homem".

E assim vou terminando minhas brevíssimas considerações sobre sucesso e trabalho. Se restou parecendo que não ligo para o trabalho, nada disso, ao contrário, sou plenamente a favor do trabalho, mas se as pessoas à sua volta reclamarem demais a sua presença, sugiro um stop, uma avaliação sincera. O trabalho é gratificante, mas não pode ser a única razão de viver.

Beijos e bom início de semana.

sexta-feira, outubro 08, 2010

APOIO LOGÍSTICO

Olá, todo mundo!

Aconteceu há muito tempo atrás e foi tão inusitado que nunca mais esqueci. Meus filhos eram bem pequenos. Eu estudando e trabalhando, num malabarismo sem igual. Minha avó me dava uma baita ajuda com as crianças, mas apesar de tudo, pra dar conta do recado eu dormia muito tarde e pulava supercedo da cama. Acordava moída. Já viu, era eu e o zumbi, rsrs!! Até o dia em que não aguentei mais e resolvi buscar um apoio logístico. Óbvio, empregada doméstica, só podia. Anunciei no jornal e num passe de mágica, elas apareceram. Muitas, milhares, o mundo inteiro. Ufa! Era só entrevistar e contratar. Mãos à obra! Entrevista daqui, entrevista dali e eis que uma delas, antes que eu abrisse a boca, interpelou-me: quanto é que a senhora paga? Bom, respondi, faça sua proposta, quanto você quer ganhar pelo teu trabalho?


Aí ela me vem com essa pérola: "eu cobro x se for sem pense e x+y se for com pense". Caracas. Nem é preciso dizer que caí de cara e nadei direto na maionese. Meu Deus, que é isso? Que história é essa de "com pense" e "sem pense"? E porque diabos "com pense" é tão mais caro? Well, well, explica esse babado aí, garota, que não entendi bulhufas. Ah, é bem simples, ela falou: "se eu tiver que pensar o que vou fazer de comida todos os dias é x+y. Se eu não tiver que pensar, ou seja se a senhora me disser que comida devo fazer é x."

Gente, derrubei o queixo.

Se a contratei? Não. Muito espertinha ela. Esperteza do mal, não gostei. Contratei outra, inteligente e esperta, mas do bem. Trabalhou comigo por muitos anos. Depois mudei de cidade e ela teve que ficar. C'est la vie.

Em tempo: devo um agradecimento ao meu marido que nunca me deixou na mão. Ele sempre dizia: se precisar, te dou uma força, falto o serviço e te ajudo. E precisei da força, muitas vezes.

Beijos.

quarta-feira, outubro 06, 2010

COMO ABRAÇAR UM BEBÊ

Olá!!

Você sabe abraçar um bebê?  Logo imaginei. Não se preocupe, é só seguir as instruções e pronto. Tenha um bebê bem abraçadinho, todinho pra você.
Enjoy.

1.  Ah... Encontre um bebê :)

2. Tenha a certeza de que é um bebê.
Utilize a técnica do 'faro'.
. 
3. Amasse bem o bebê até ele ficar bem fofinho.
Esse é o 'ponto de abraço'.

4. Agora inicie o processo.
Utilize a técnica do 'deslize de patas'

5. Pronto. O bebê é todo seu. Bem abraçadinho. 
Pegue sua câmera e click!!!

E aí, gostaram? 
Gente, recebi essas imagens hoje, por email. O texto eu fiz uma minirreforma. Mas, sinceramente, merecia um post, não acham?
Beijos

OBS.: Não sei de quem são as imagens, mas como chegaram por email, resolvi publicar. Se alguém sentir-se ofendido com alguma coisa, basta avisar, que excluirei o post. 

terça-feira, outubro 05, 2010

SABIÁ-LARANJEIRA

Olá, pessoal.

Todos esses que aí estão atravancando meu caminho, eles passarão... eu passarinho! Aposto que você já conhece esses dizeres, não é? São dele, Quintana, nosso simpático (e injustiçado) velhinho. A propósito, hoje é 5 de outubro, "Dia da Ave". É o dia também do sabiá-laranjeira, pássaro brasileiro, a ave-símbolo do Brasil.


Muito tempo antes do presidente Fernando Henrique Cardoso assinar o decreto que elevaria o sabiá à categoria de ave-símbolo do Brasil, a voz do poeta Gonçalves Dias já se fazia ouvir na "Canção do Exílio" (1843), quando, com saudades da pátria, lembrou a figura do sabiá. "Minha terra tem palmeiras, onde canta o Sabiá"

O sabiá é uma ave muito querida de todos nós. Ele tem hábitos simples e é nosso companheiro em todos os lugares onde a gente vive, no campo ou na cidade. Mas para que o sabiá pudesse juntar-se oficialmente e figurar no mesmo patamar de importância que possuem os quatro símbolos nacionais existentes – a bandeira, o hino, o selo e o brasão de armas, ele teve de ser escolhido entre quase duas mil espécies de aves.

O critério de escolha ora recaia na plumagem, ora recaia no canto, na moradia, etc. Enfim, critério foi o que não faltou. Alguns queriam para representar o país uma ave que ostentasse uma plumagem com as cores brasileiras, outros achavam que seria mais adequado uma ave com um canto mais raro. E por aí seguiram os argumentos.

Mas, no meu pensar, o ornitólogo Johan Dalgas Frisch, argumentando a favor do sabiá, colocou uma pá-de-cal sobre o tema quando disse: "Não adianta uma ave-nacional com a qual o povo não tem contato." E prossegue: “Não é só beleza, ou só o trinado mais harmonioso que conta para ser ave-símbolo de um país. É preciso fazer parte da cultura, do folclore, ter presença na literatura, na poesia, na música e viver perto das pessoas." E isso, digo eu, todos sabemos, é com o sabiá!

Já estamos acostumados. Desde criança a gente ouve o canto do sabiá e os vê pousados nos galhos das árvores. Inúmeras vezes vemos eles andarem no solo, catando minhocas e pequenas frutinhas para se alimentar. Eles vem de mansinho e se aproximam de nós. São eles que se aproximam de nós. Quando se acostumam com a gente, ah, aí eles nem se importam mais com os movimentos do nosso andar. Ficam por ali mesmo, nos fazendo companhia, felizes da vida.

Onde moro vivem muitos sabiás, eu os vejo todos os dias, e na primavera, acordo sempre ouvindo aquele canto inconfundível. Agora, preciso confessar uma coisa: Para mim o cantar matinal do sabiá, me deixa muito animada, mas quando ele canta depois do almoço e estou no escritório (na cidade), me dá uma preguiça, que só vendo.

Um parêntese: Você já sabe, mas não custa lembrar: moro num sítio, em zona rural. Meu escritório é que fica na cidade, e bem na janela tem uma árvore gigante, um condomínio de sabiás.

Não sei nada científico a respeito do sabiá, mas andei dando uma olhadinha rápida e fiquei maravilhada com a quantidade de informações que povoam a web. Só sei que na vida e nas artes em geral, temos registros belissimos sobre essa criaturinha tão simples e dócil que é o sabiá. Em tempo: lembra aquela música "Sua Majestade o Sabiá"? Linda, não? Clique e ouça aqui. Antes veja alguns versos.
Ah! To indo agora pra um lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa pra deitar
Em minha volta sinfonia de pardais
Cantando para a Majestade, o Sabiá
A Majestade, o Sabiá.
Ei, já estou me estendendo demais. Contudo, é impossível finalizar esse post, sem trazer um dado científico que li num texto sobre o sabiá: "No reino de sua majestade, o sabiá, machos e fêmeas ... e ambos constroem o ninho." Sublinho: "ambos constroem o ninho".


Esse companheirismo não é maravilhoso?

Gente, fui. Até breve.