Em 1982 foi realizada em Viena, na Áustria uma Assembleia Mundial sobre o envelhecimento, cuja finalidade era qualificar a vida dos velhos através da saúde e da integração social.
Em 1999 o Brasil escolheu o dia 27 de setembro para homenagear os idosos. Acontece que dia 27 de setembro é dia de São Vicente de Paulo, o pai da caridade. Sacou o preconceito? Decerto acharam que esse contingente já estava com o prazo de validade vencido e então nada melhor que uma boa média: Vai uma caridadezinha aí mermão? Mamma mia, rsrs!!! Caridade. Você concorda? Eu não. (Deixa pra lá, rsrs).
Eu, sinceramente preferiria ser homenageada no dia em que o mundo inteiro se antenou para o Direito da população envelhecida, o dia 1º de outubro, "Dia Internacional do Idoso". Acho mais apropriado, até porque a Lei 10.741/2003, Estatuto do Idoso, também foi criada no dia 1º de outubro.
Não, não pense que não sei que o distanciamento entre a lei e a realidade da velhice no Brasil ainda é enorme. Sei disso, mas o fato de existir uma norma estatutária assecuratória de direitos, por si só, demonstra que há uma preocupação real e verdadeira com a velhice. E acho muito bom, aliás, pra quem não sabe, o Brasil é um país de velhos. A OMS que o diga. Então, nesta data, à guisa de homenagem, deixo o meu recado para todos os velhos do Brasil, (e eu me incluo):
Não podemos esmorecer, o debate precisa continuar. As reivindicações devem acontecer em todos os espaços possíveis. Somente a mobilização permanente da sociedade poderá trazer um novo olhar sobre o processo de envelhecer de todos nós brasileiros. Não se contentem com infantilizações, grupinhos de melhor idade, blusinhas amarelinhas, (inhas e mais inhas) e outras baboseiras mais. Tudo bem desbotadinho, rsrs. Exijam seus direitos, uma aposentadoria decente que lhes permita viver com dignidade. O resto é paliativo.
Please, não torça o nariz, a nossa Carta Magna utiliza o termo velhice, que é um estado natural da vida. Idoso é um eufemismo, a gente costuma usar para dourar a pílula.
E agora, emocionem-se com a poesia mais linda do mundo, com a qual inaugurei o meu blog, ano passado. Chama-se INSTANTES, de Jorge Luiz Borges.
Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido.
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico, correria mais riscos, viajaria mais.
Contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua vida: claro que tive momentos de alegria.
Mas se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.
Eu era um desses que nunca ia à parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente e um pára-quedas: se eu voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.
Pouco tempo depois de escrever essa poesia, o autor nos deixou para sempre. Mas se a vida não é assim como ele desenhou, então não sei o que é. Pois muitas vezes a gente se apega a um monte de bobagens, esquece o mais importante e deixa a vida passar. Acorde, viva a vida enquanto é tempo, não se compare com ninguém. Alegre-se, pois como disse Chaplin, a alegria é a única coisa que realmente nos ajuda a viver!
Beijos a todos.
P.S. - Sobre o envelhecimento já falei aqui.