Juvenal Antunes - O poeta de bronze do Acre |
Homenagem ao poeta Juvenal Antunes |
Marli Soares Borges -
Literalmente, hoje estou com preguiça nível hard. Slow, zero por hora. Estou com a mãe das preguiças! Mas não pensem que estou triste. Que nada, afinal, a "preguiça amamenta muita virtude", não é mesmo? rsrssssss. A propósito, você conhece o autor da frase? Tá vendo esse respeitável senhor aí, todo engravatado? pois é ele: Juvenal Antunes, o poeta de bronze do Acre. Ele foi homenageado com uma estátua de bronze.
Na foto ele aparece todo paramentado de terno e gravata. Mas isso é só pra enganar a torcida, afinal de contas, ele era um Promotor de Justiça e precisava ser e parecer. Pura verdade.
Nascido no Ceará, ele foi para o Acre ser Promotor, mas o negócio dele era mesmo a boemia. Nos apontamentos que encontrei a seu respeito, consta que ele vivia metido num robe, feliz da vida, na porta do hotel Madrid, onde morava, em Rio Branco. Que era um boêmio inveterado, sempre bebendo cerveja, fazendo versos e proclamando seu amor à Laura, uma mulher casada. E dizem as más línguas, que ele não abandonava o hotel nem pra receber o ordenado. O ordenado é que vinha até ele por exercícios findos! Já pensou?!
Aqui está, pra vocês se deliciarem, o poema que deu a ele a fama definitiva.
ELOGIO DA PREGUIÇA
Bendita sejas tu, Preguiça amada,
Que não consentes que eu me ocupe em nada!
Mas queiras tu, Preguiça, ou tu não queiras,
Hei de dizer, em versos, quatro asneiras.
Não permuto por toda a humana ciência
Esta minha honestíssima indolência.
Lá esta, na Bíblia, esta doutrina sã:
-Não te importes com o dia de amanhã.
Para mim, já é grande sacrifício
Ter de engolir o bolo alimentício.
Ó sábios , daí à luz um novo invento:
A nutrição ser feita pelo vento!
Todo trabalho humano, em que se encerra?
Em na paz, preparar a luta, a guerra!
Dos tratados, e leis, e ordenações,
Zomba a jurisprudência dos canhões!
Juristas, que queimais vossas pestanas,
Tudo que legislais dá em pantanas.
Plantas a terra, lavrador? Trabalhas
Para atiçar o fogo das batalhas...
Cresce o teu filho? É belo? É forte? É loiro?
- Mas uma rês votada ao matadouro! ...
Pois, se assim é, se os homens são chacais,
Se preferem a guerra à doce paz,
Que arda, depressa , a colossal fogueira
E morra assada, a humanidade inteira!
Não seria melhor que toda gente,
Em vez de trabalhar, fosse indolente?
Não seria melhor viver à sorte,
Se o fim de tudo é sempre o nada, a morte?
Queres riquezas, glórias e poder? ...
Para que, se amanhã tens de morrer?
Qual mais feliz? O mísero sendeiro,
Sob o chicote e as pragas do cocheiro,
Ou seus antepassados que, selvagens,
Viviam, livremente, nas pastagens?
Do Trabalho por serem tão amigas,
Não sei se são felizes as formigas!
Talvez o sejam mais, vivendo em larvas,
As preguiçosas, pálidas cigarras!
Ó Laura, tu te queixas que eu, farcista,
Ontem faltei, à hora da entrevista,
E, que ingrato, volúvel e traidor,
Troquei o teu amor - por outro amor...
Ou que, receando a fúria marital,
Não quis pular o muro do quintal.
Que me não faças mais essa injustiça! ...
Se ontem não fui te ver - foi por preguiça.
Mas, Juvenal, estás a trabalhar!
Larga a caneta e vai dormir... sonhar ...
* Juvenal Antunes nasceu no Ceará-Mirim em 1883 e morreu em 1941, em Manaus. Foi personagem da Mini-série Global "Amazônia", de Gloria Peres.
* * * * * * * * * *
Eta preguicinha boa! Linda poesia e compartilhamento! beijos, ótimo fevereiro! chica
ResponderExcluirOlá, Chica. Aqui estamos novamente, vivendo, escrevendo, comentando e aproveitando a vida!
ExcluirObrigada pelo comentário.
Bjs
Poema lindíssimo que me fascinou ler.
ResponderExcluir.
Cumprimentos poéticos
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Olá Ricardo!
ExcluirAgradeço os cumprimentos poéticos e retribuo.
bjs
Adorei o poema. Beijinhos
ResponderExcluirObrigada
ExcluirBah, guria, eu adorei esse poema! Não conhecia.
ResponderExcluirAndo numa preguiça de dar inveja... Agora continuarei com mais força! rss
"Queres riquezas, glórias e poder? ...
Para que, se amanhã tens de morrer?"
Beijinho, uma ótima semana, na medida do possível, não estamos com a bola toda...
Obrigada pelo comentário, Taís!
ExcluirEsse poema é ótimo, Juvenal tem cada poema...
bjs
"Tudo que eu mais quero hoje em dia,
ResponderExcluirÉ que a preguiça pare a pandemia".
Lindo poema, Juvenal Antunes não precisava trabalhar, rss.
Querida Marli, tenha um excelente mês.
Beijinhos, e boa semana.
Olá Fatyma!
ExcluirAplausos, guria!
Pelo que andei lendo por aí, a pandemia já está arrefecendo. Ao que parece ficaremos com a endemia, ou seja, teremos que conviver e estarmos sempre alertas e mantermos sempre os protocolos sanitários para evitar o contágio.
bjs
Olha, adorei tudo. Principalmente a história do poeta Juvenal Antunes. O poema é sensacional! Não só ele, mas nos anos 20,30,40 a boemia era até romântica, tinha casos pitorescos como o dele. Sobre a preguiça é o seguinte, eu digo: a preguiça nem devia ser pecado, pois quem está com preguiça está no mínimo em paz, não está em guerra com ninguém rs rs. Abração de FELIZ ANO NOVOP!
ResponderExcluirObrigada Carlos!
ExcluirQue bom que você gostou, eu também sou ligada nessa poesia, acho muito boa.
Bjs
Bjssss
ExcluirUma partilha fabulosa! Adorei o poema!
ResponderExcluir-
A Leveza da mariposa
Beijos, e um excelente dia!
Obrigada por comentar, Cidália.
Excluirbjs
Marli,
ResponderExcluirAdoro o tema preguiça.
Sua publicação está fantástica
e de preguissa só tem mesmo
o argumento.
Bjins de boa tarde.
CatiahoAlc.
Obrigada por comentar, querida amiga.
ExcluirBjs
Amiga Marli,
ResponderExcluirCreio que todos andamos um tanto quanto preguiçosos, enfarados por este vírus letal e teimoso, que causar desequilíbrio em nossa intensidade e motivação.
Quando iremos espreguiçar... Espertar outra vez, retirando a preguiça e a pandemia do Mundo, infelizmente não sei?
Beijos e mesmo bocejando de tédio, cuide-se bem!!!
Obrigada pelo comentário, Douglas. Essa pandemia realmente acabou com a gente, rs ....
Excluirbjs
Um prazer conhecer este poeta :D
ResponderExcluirAbraços,
Calebe Borges
Obrigada por comentar.
ExcluirBjs
Muito legal o post! E viva a preguiça e o bem estar para quem pode! Quem pode, pode; quem não pode, se sacode.
ResponderExcluirBoa semana!
O JOVEM JORNALISTA está em Hiatus de verão de 18 de janeiro à 04 de março, mas comentaremos nos blogs amigos nesse período! Mesmo em Hiatus, o blog tem um post novo. Não deixe de conferir!
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia
Obrigada por comentar.
Excluirbjs
Boa Noite de toda paz, querida amiga Marli!
ResponderExcluirTenho me sentido cansada, mas não com preguiça, nem tenho tirado sonequinha após almoço mais.
Tenho aprendido a aceitar a calmaria que a pandemia trouxe... sem cursos, sem agitos diários... sem encontros com amigas...
Um bonito poema de autor que não e lembro de ter lido ainda.
Tenha dias bem descansados e abençoados!
Beijinhos carinhosos e fraternos
Muitas vezes a gente confunde cansaço com preguiça. São coisas diferentes, não é? Mas no meu caso, estou mesmo é com preguiça!!!!!!
ExcluirObrigada pelo comentário.
Bjs
Olá Marli ! Que poema sábio e encantador . Estou eu tb a aprender tirar vantagem dessa "preguiça " que a idade nos traz . Como disse a Roselia no seu comentário acima , tb digo "não é bem preguiça não , é calmaria " rsss. E vamos aprendendo a aproveitar esse "fazer nada " qe a pandemia incentiva . Bem , mas "preguiça é prá quem pode ,e eu tô podendo rssss. Abraços .
ResponderExcluirOlá, Edite,
ExcluirDolce far niente sem culpa nenhuma!
E lá vamos nós aproveitar!
Obrigada pelo comentário.
Bjs
Me gusto el poema y yo tambien soy perezosa. Te mando un beso.
ResponderExcluirObrigada pelo comentário.
Excluirbjs
Não conheci o poeta...Há dias em que temos que dar vez à preguiça, gozar o momento...porque tudo é temporário...e a pergunta que se faz: para quê? se tudo pode ser destruído de um momento para o outro?
ResponderExcluirObrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Agradeço o comentário.
ExcluirBjs
Que figura!!!
ResponderExcluirHá até uma corrente filosófica que defende o ócio.
Todos nós devíamos ter a nossa hora do ócio, previsto
e programado. Ah! programado, não. Quando nos apetecesse.
Pois eu digo-lhe, querida Marli, que vez em quando
dá-me para a preguiça. Depois, desperto e lá vou eu...
Adorei o poema e o seu texto de apresentação.
Juvenal Antunes, poeta que me apraz muito conhecer.
Obrigada
Beijos
Olinda
E viva o ócio criativo. Sou adepta.
ExcluirObrigada por comentar.
bjs
Olá Marli,
ResponderExcluirConfesso que não conhecia este poeta, mas, com esta excelente partilha, fiquei a conhecer um pouco sobre o mesmo.
Um poema sublime, que descreve na perfeição, o quanto a preguiça nos faz bem e nos relaxa.
Parabéns, por esta excelente partilha!
Continuação de ótima semana com muita saúde.
Beijinhos!
Mário Margaride
http://está.blogspot.com
Obrigada, Mário.
Excluirtudo de bom pra você também.
bjs
Oi Marli,
ResponderExcluirNão conhecia, mas adorei
Gostei da peguiça intelectual dele.kkk
Beijos
Lua Singular
E que preguiça hein!!!!
ExcluirQuisera eu eu ter uma preguiça assim, rsss.
Obrigada por comentar.
Bjs
Marli
Gostei de conhecer este poeta, Marli.
ResponderExcluirPreguiça? Quem nunca?
Tenha uma abençoada tarde.
Beijinhos
Verena.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi Marli,
ResponderExcluirÉ como aquela frase que diz: "A preguiça é a mãe do progresso", atribuída a Mario Quintana.
Um momento de preguiça é essencial para reestabelecer a energia, acredito nisso... hahaha
Gostei de conhecer o autor e a poesia.
Um abraço!
Não o conhecia; interessante este poema que fala da prequiça tão mal falada, mas que faz parte do repertório humano... bjs
ResponderExcluirAh tem dias que sou só preguiça... quando acordo tarde já sei que o dia é consagrado a nada fazer ! confesso que é raridade_ tenho um ritual de trabalho já tão habitual que a preguiça só aparece quando preciso fazer supermercado. Aí a preguiça instala_ me cansa passar naquelas prateleiras sempre iguais e com preços diferentes risos
ResponderExcluirGostei do tema ,Marli
Estamos meio afastadas rs eu entro em pausa e antes de fazer o que me queria , já volto rs é o vício.
meu abraço e boa semana,amiga
Olá, Marli, não conhecia o poeta, mas pelo menos agora conheço um dos seus poemas. Farei uma pesquisa para ver se encontro uma obra sua na internet.
ResponderExcluirAgradeço a partilha do poema e a apresentação do poeta.
Uma ótima semana pra você com saúde e paz.
Um abraço.
Um belo achado Marli.
ResponderExcluirInteressante as historias pelo Brasil e suas personagens. Creio que tem muitos Juvenal pela terra.
Grato por trazer a conhecer.
Uma semana feliz amiga.
Beijo e paz no coração.
Bonita homenagem ao poeta Juvenal Antunes. Gostei imenso do poema "Elogio da preguiça". Quem não gosta de preguiçar de vez em quando?
ResponderExcluirUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Preguiça, sabe tão bem! :)
ResponderExcluirEstou me lembrando deste," Poeminha de Homenagem à Preguiça Universal" de Millôr Fernandes.
Que nada é impossível
não é verdade;
todo o mundo faz nada
com facilidade. "
Viva a preguiça com satisfação, amiga Marli (risos)
Um beijinho.
Que delícia de Preguiça!
ResponderExcluirSaboreei cada pedacinho desta leitura!
Obrigada por ter partilhado, Marli!
Beijinhos recheados de gratidão!
Megy Maia❤🌻❤
Este elogio da preguiça... requereu imenso talento... e tal só se consegue... normalmente, com imenso trabalho!
ResponderExcluirBelíssima partilha, deste autor que confesso, não conhecer! Assim estive quase todo o Janeiro... em modo de preguiça... embora não por vontade própria... uma forte reacção à dose de reforço... tirou-me forças durante algumas semanas a fio... e ainda não estou a 100%... mas acho que já posso dizer que estou pronta para outra... :-))
Excelente partilha, Marli! Beijinhos! Bom fim de semana!
Ana