(E UMA CARONA PARA AS OUTRAS MÃES).
Não sou ligada em dia das mães e detesto esse negócio midiático de endeusar a mãe e ficar só nessas homenagens melosas, enquanto, na real milhares de mães não conseguem sequer ter uma vida interessante, porque são compelidas pelos filhos e pela sociedade a serem o aconchego de todos, criando em si a falsa impressão de serem indispensáveis.
Acho bom aproveitar essa data para lembrar que mãe é, antes de tudo uma pessoa. Uma mulher que tem vontades, que também quer alguma coisa, que também sonha. E que também cansa de alugar sua orelha para os filhos. Cansa de babaquices e prepotências de pirralhos. E cansa de lidar com Peter Pans e Cinderelas que não querem crescer. Seria bem mais produtivo se nesse dia das mães, os filhos -- e os maridos, por que não? -- refletissem um pouquinho sobre isso e fizessem um pacto consigo mesmo: parar de oprimir a mãe com bobagens existenciais. Facilitar a vida. Que tal simplesmente deixar sua mãe viver? Sem essa de querer que ela seja a tal, a perfeição, o modelo de mulher, alguém para venerar. Isso é muito chato, pelo menos eu acho.
No meu caso, costumo deixar minha mãe respirar, ser dona da vida dela e tomar decisões sem culpas e sem opressões. Decidiu? Tá decidido. Não quer sair? Não saia. Quer sair, saia. Mas veja bem, eu não sirvo de exemplo para ninguém, até porque meu caso é especial, a diferença de idade entre eu e minha mãe é quase nada, e estamos ambas no outono de nossas vidas. Mas você que está na primavera, tome tento, não pise nas flores, alegre-se com elas!
E agora, quero prestar homenagem à Dona Odete, minha mãe. E o faço pedindo a Deus que abençoe minha queridona e que permita que ela continue a viver sua vida assim, saudável, independente, dona de si. Que ela continue seu envelhecimento assim, com serenidade e brilho no olhar. Ela é uma pessoa muito alegre. Deus, não tire isso dela! Que ela não se sinta obrigada a nada comigo e que aproveite seus dias como bem lhe aprouver. Que faça o que lhe der na telha. Assino embaixo.
Domingo à tarde não irei abraçá-la porque estarei viajando, mas antes de viajar pretendo tomar um chimarrão com ela e aproveitar sua companhia. Ela tem 82 e continua sendo uma batalhadora, uma líder por excelência, ariana autêntica. É heroína da vida, e felizmente não é nenhuma santa nem modelo de perfeição. É minha mãe. E viva o nosso dia, o dia de todas as mães!
Um grande beijo
Marli
A foto mais atual que tenho é esta, tirada em janeiro (2014) com minha filha, que também é mãe, portanto deu tudo certo! E aproveito o embalo para desejar um feliz dia pra você também, Dany! |
Publicado ontem no Facebook
foto by me, portanto tem direitos
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- Marli Soares Borges -