terça-feira, abril 08, 2014

SERÁ QUE FUNCIONA?

body of prof

Encontrei essa foto perdida no baú. É da série "Body of Proof" lembra? Eu gostava demais, não perdia nenhum episódio, pena que acabou. Reconheço que a foto é tosca, mas a frase... bom, a frase é perfeita. Vem lá do século 18, e é muito usada nas salas de autópsias do mundo inteiro. Eis o texto original: 

"Taceant colloquia. Effugiat risus. 
Hic locus est ubi mors gaudet succurrere vitae." 
(Que cessem as conversas. Que fuja o riso. 
Este é o lugar em que a morte se deleita em servir a vida). 

Fico pensando na razão de uma frase assim, tão cheia de vida, continuar sendo usada somente nos portais das salas de autópsias. Sei lá, tem coisas que não entendo, parecem cristalizadas, permanecem ad aeternum, do jeito que estão. Quer saber, vou sugerir ao CFM, uma mudança. Que tal, além das salas de autópsias, emoldurar também o centro cirúrgico de transplantes com o texto completo como consta no original? Afinal, a vida está mesmo imbricada na morte. Ou é a morte que está imbricada na vida? Não importa. Sabemos que os transplantes podem ocorrer a partir de doadores vivos, mas é bem mais comum que ocorram a partir da tragédia da morte prematura, que, com a doação de órgãos ou tecidos, possibilita que outra pessoa tenha uma nova vida. Ora, essa frase se encaixa perfeitamente no propósito de fazer viver. E tem um conteúdo tão profundo e tão rico em interpretações, que pode funcionar como alento para as famílias dos doadores, no sentido de que a morte daquele ente querido não foi em vão, que houve um propósito maior. Aquela morte prematura e inesperada veio socorrer a vida, e, de certa forma, se sobrepôs à própria morte. Penso que essa mudança viria ao encontro das motivações que impulsionam o assunto das doações de órgãos na atualidade.

Mas o que tenho com isso, eu que não sei nada sobre transplantes nem sobre patologia?

Nada e tudo. Faço minha leitura voltada para a estreita relação de transcendência que une a vida e a morte. Penso no morrer e no viver. No viver e no morrer. Na morte, esse desespero que nos acompanha desde sempre.

- Marli Soares Borges -

sábado, março 29, 2014

ATÉ O FIM


oração

Se um dia eu deixar de me comover
diante da beleza das coisas, 
não serei mais eu,
serei ninguém.
Um arremedo de mim.
A isso eu chamo 
não viver. 
É morrer.
Escute, Você aí 
Senhor da vida e da morte: 
não vire as costas para mim! 
Não me negues a emoção 
pura e verdadeira
até o fim. 

- Marli Soares Borges - 

segunda-feira, março 24, 2014

O PEQUENO PRÍNCIPE

antoine de sait exupéry

Le Petit Prince, conhecido no Brasil como "O Pequeno Príncipe", é um romance que foi escrito e ilustrado por Antoine de Saint-Exupéry, e publicado um ano antes de sua morte, em 1944. É citado como o livro francês mais vendido do mundo, traduzido em pelo menos 160 idiomas. É mole?

Vou dizer uma coisa pra você. Faz muito tempo que li e venho lendo esse livro. Não o dispenso, pois ele é para mim a representação poética da criança que existe dentro de cada um de nós. É um livro-infantil-para-adultos. A cada leitura que faço encontro um novo significado. É impressionante, mas no decorrer da história a gente vai percebendo nossas mazelas, a inversão dos valores, os equívocos que cometemos ao avaliar as coisas e as pessoas que nos rodeiam e como esses julgamentos nos remetem, insidiosamente,  à solidão física e psíquica.

Acontece que ao assumir a postura definitiva de adultos, enfiamos a cabeça em nossas preocupações e acabamos sepultando para sempre a criança que fomos. Para Exupéry os adultos eram incapazes de entender o sentido da vida, pois haviam abandonado a criança que um dia foram. Ele achava difícil para os adultos (esses seres estranhos) compreenderem toda a sabedoria de uma criança.

Aff. Será mesmo que nos tornamos 'gente grande' e esquecemos que um dia fomos crianças?

A história é muito legal e acontece bem no meio do deserto, após o avião do autor sofrer uma pane (ah, esqueci: na Segunda Grande Guerra ele era piloto). Começa com o principezinho acordando o autor, com essas palavras: "Desenha-me um carneiro"? A partir daí, temos o relato das fantasias de uma criança, que com pureza e ingenuidade, questiona as coisas mais simples(?) da vida. O livro é recheado de personagens inusitados e plenos de simbolismos. Adoro a passagem onde a raposa ensina ao principezinho o segredo do amor: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”. 

Vamos matar a saudade e ler um trechinho?
"Levei muito tempo para compreender de onde viera. 
O principezinho, que me fazia milhares de perguntas, não parecia sequer escutar as minhas. Palavras pronunciadas ao acaso é que foram, pouco a pouco, revelando tudo. Assim, quando viu pela primeira vez meu avião (não vou desenhá-lo aqui, é muito complicado para mim), perguntou-me bruscamente:
- Que coisa é aquela ?
- Não é uma coisa. Aquilo voa. É um avião. O meu avião.
 Eu estava orgulhoso de lhe comunicar que eu voava. Então ele exclamou :
- Como ? Tu caíste do céu ?
- Sim, disse eu modestamente.
- Ah! Como é engraçado...
E o principezinho deu uma bela risada, que me irritou profundamente. Gosto que levem a sério as minhas desgraças. Em seguida acrescentou:
- Então, tu também vens do céu ! De que planeta és tu ?
Vislumbrei um clarão no mistério da sua presença, e interroguei bruscamente:
- Tu vens então de outro planeta ?
Mas ele não me respondeu. Balançava lentamente a cabeça considerando o avião :
- É verdade que, nisto aí, não podes ter vindo de longe...
Mergulhou então num pensamento que durou muito tempo. Depois, tirando do bolso o meu carneiro, ficou contemplando o seu tesouro.
Poderão imaginar que eu ficaria intrigado com aquela semiconfidência sobre « os outros planetas ». Esforcei-me, então, por saber mais um pouco :
- De onde vens, meu bem ? Onde é tua casa ? Para onde queres levar meu carneiro ?
Ficou meditando em silêncio, e respondeu depois :
- O bom é que a caixa que me deste poderá, de noite, servir de casa.
- Sem dúvida. E se tu fores bonzinho, darei também uma corda para amarrá-lo durante o dia. E uma estaca.
A proposta pareceu chocá-lo :
- Amarrar ? Que idéia esquisita !
- Mas se tu não o amarras, ele vai-se embora e se perde...
E meu amigo deu uma nova risada :
- Mas onde queres que ele vá ?
- Não sei... Por aí... Andando sempre para frente.
Então o príncipezinho observou muito sério :
- Não faz mal; é tão pequeno onde moro !
E depois, talvez com um pouco de melancolia, acrescentou ainda :
- Quando a gente anda sempre para frente, não pode mesmo ir longe..."

* Os grifos são meus.
* Post publicado originalmente em 28.03.2011

- Marli Soares Borges -

domingo, março 23, 2014

VAMOS BRINCAR COM A CHICA? (2)





A minha frase é:

- Comichão: palavra que me causa coceira instantânea. -

sexta-feira, março 21, 2014

UMA IMAGEM 140 CARACTERES (3)

gramado

Chega, preciso descansar um pouco.
Estou tão feliz, hoje sim consegui tocar de verdade!
Tem gente que pensa que tocar violão é fácil. Não é.

- Marli Soares Borges -

* Participando da blogagem coletiva nos blogues: Meus Devaneios Escritos e Devaneios e desvarios

CONEXÕES QUE SUSTENTAM A VIDA

vida nós

Coitado de quem segue a vida isolado, acreditando que é a causa primeira e última de suas próprias ações. Engana-se quem assim pensa. Ao contentar-se apenas com o que sua própria razão lhe diz, você enfraquece como pessoa, porque constrói uma imagem distorcida de você mesmo, uma imagem irreal dentro do mundo real. E protagonizando esse paradoxo, não me admira que você deixe de levar em consideração as razões dos outros. Você pensa que pensa, mas na verdade, seu pensamento jaz inerte no seu mundinho, afastado da dinâmica da vida e alheio às conexões diárias de todos nós. E quem não interage no mundo, jamais conseguirá perceber as conexões que sustentam a vida. Por isso é que você ainda não percebeu que nosso barco está afundando e que temos -- todos juntos -- que impedir essa desgraça. Querendo ou não, estamos todos ligados uns aos outros, numa relação de absoluta interdependência, ou seja, dependemos uns dos outros para viver e sobreviver nesse planetinha azul. E a cada dia que passa a dependência é maior, portanto urge encarar a realidade: nosso planeta está nas últimas, chegou a hora de abrir os olhos, de pensar coletivamente e manter a vida no mundo. Será que é tão difícil entender a dimensão da conectividade que nos une? Fico boba de ver o comportamento individualista de algumas pessoas que descaradamente, insistem em agir na base do eu-comigo-e-os-outros-que-se-danem. Acredito que diante da destruição da natureza, das doenças e da miséria, somente a ação solidária de todos terá o condão de amenizar o caos social e a fome que se avizinha. É condição básica que se resgate a solidariedade, palavra que utilizo aqui, especificamente como: o sentido moral que vincula o indivíduo à vida e aos interesses da humanidade. Precisamos socorrer-nos mutuamente, antes que seja tarde.

- Marli Soares Borges -

domingo, março 16, 2014

VAMOS BRINCAR COM A CHICA?



A minha frase é:

- Nem tudo que falo brincando é brincadeira! -

UMA IMAGEM 140 CARACTERES (2)


Adotei exatamente a posição sugerida pelo fotógrafo. 
Preciso parecer natural. 
Meu Deus! Essa é minha chance de ouro,
será que vou conseguir?

- Marli Soares Borges -

* Participando da blogagem coletiva nos blogues: Meus Devaneios Escritos e Devaneios e desvarios