Conte minha filha, conte, quantas você puder, olhe elas estão sorrindo pra você! Não pense em nada, só conte as estrelas... Você vai ver, elas são mágicas, é só contar e a alegria vem. E a tristeza vai embora. Sabe, filhinha, vou te contar um segredo, conforme a gente olha para o céu e conta, nosso coração se acalma e ao mesmo tempo, cada estrelinha nos entrega um sorriso e um brilho, e a gente começa a se alegrar. Acredite, é verdade. Experimente, você vai ficar brilhante e sorridente e todo mundo vai gostar de você. Ninguém gosta de pessoas tristes, você sabia? A tristeza faz as pessoas ficarem muito feias. Nunca esqueça de levantar a cabeça, olhar para o céu e contar as estrelas.
E a menininha seguiu contando as estrelas e quanto mais contava, mais sentia a alegria invadir seu coração. Ela não se descuidava, não se deixava entristecer. Ela era capaz de "sentir" em sua alma a intensidade do brilho e do sorriso que cada estrelinha lhe oferecia.
O tempo foi passando e a menininha crescendo, cada dia mais iluminada e feliz. Todo mundo gostava dela, de seu temperamento extrovertido e suave. Mas a infância despediu-se e num belo dia chegou o amor. O coração bateu forte e ela começou a trilhar os caminhos da existência ao lado do companheiro que escolhera. Sentia-se realizada, dona do mundo! Em sua felicidade, ela não imaginara que a vida adulta tivesse tantos mistérios e tantos desígnios. Um dia a tristeza bateu à sua porta, bateu forte, e nesse tempo, nada de estrelas. Os infortúnios a fizeram esquecer suas amigas brilhantes.
Mas foi numa noite insone que aconteceu o milagre. Ela levantou-se, e, sem forças apoiou-se na janela, o coração despedaçado. Sem saber como, seus olhos voltaram-se para o céu... e lá estavam elas, sorridentes a cintilar. No mesmo instante, ouviu com incrível nitidez, as palavras de sua querida vó, conte, minha filha, conte... e então, lentamente, sem pensar em mais nada, com a cabeça erguida e o olhar no céu, ela começou a contar as estrelas, um, dois, três... e foram muitas, quando deu-se conta as lágrimas haviam secado e sumido completamente. Naquela noite ela dormiu energizada, expulsara a tristeza de seu coração. Ela pôde então compreender a mágica, tão singela, tão acessível, e tão fugaz..., contar estrelas é apenas um momento, mas é um momento de luz, que nos convida a vislumbrar outras perspectivas de viver. A partir daí, ela seguiu dedicando um tempo para as estrelas e notou que seus caminhos começaram a clarear.
A vida seguiu sua trajetória e a tempestade cedeu lugar à calmaria. Ela decidiu não contar essa mágica a ninguém, afinal, ninguém entenderia mesmo, e ainda diriam que contar estrelas era coisa de crianças.
Tempos depois, passeando com seu netinho pela mão, ele olha para o céu, abre um sorriso e diz: vovó, olha lá a estelinha céu... ele apontou com o dedinho e começou a contar, um, dos, teis... Então ela ouviu sua própria voz dizer num acorde, conte meu filho, conte, quantas você puder....
by Marli Borges
Beijos e bom findi
Fui.