domingo, julho 04, 2010

NOS EMBALOS DA CARA FEIA

Olá!

SOMOS TODOS DIFERENTES

Nesse mundo não há mais lugar para os mandões, arrogantes, prepotentes e presunçosos. Está na hora das pessoas se darem conta e serem mais cordiais e solidárias umas com as outras, pois nunca precisamos tanto dos nossos semelhantes, como nos tempos atuais, em que tudo-muda-todo-o-dia, e a segurança fugiu de nós. E além do mais, temos de conviver com os acasos, os infortúnios, que não acontecem só com os outros, eles podem atingir você, eu, todo mundo e mostrar que no final das contas, ninguém está em condições de recusar algum tipo de ajuda. O mais poderoso socialmente pode muito bem precisar daquele que não tem nenhum poder e vice-e-versa.

Num dia de temporal, da varanda de minha casa vi a fúria do vento e a chuvarada cair. Confesso que senti um medo maior que o mundo, mas também confesso que naqueles poucos instantes em que a ventania impiedosa devastava o sonho de tanta gente, meu pensamento fixou-se na nossa impotência e pequenez diante da natureza agigantada e enfurecida. Naquela hora, a gente só podia... rezar.

Numa outra ocasião também, meu avião não pôde decolar devido ao terrível, abominável temporal. E fomos obrigados a aguardar dentro da aeronave, de portas fechadas, mais de hora, até que o tempo permitisse a decolagem. Só eu sei, naquela noite, o quanto desejei estar perto de minha família, meu marido, meus filhos, netos, minha casa, enfim, de todos os meus afetos. Tão longe e inacessíveis de mim.

Nem os reis e presidentes, nem os juízes e os doutores poderiam modificar nenhuma daquelas situações. Estávamos todos reduzidos a nossa humanidade, reféns de nossa insignificância. O acaso ali estava, bem no meio do caminho, sujeitando a todos nós, independente de nossas diferenças sociais e econômicas.

Uma coisa que venho notando é que na hora do sufoco todo mundo é igual, somos todos irmãos! Ahã. Mas quando a vida volta ao normal, volta também o embalo insalubre da cara feia, do mau humor, da presunção e da arrogância. Socializa-se a desgraça e capitaliza-se a alegria. Que coisa mais angustiante é esse tipo de vida. Fico pensando no que essas pessoas sentem, no que as leva a viverem assim, se achando. Sei lá, parece-me que jazem envoltas numa fantasia de onipotência, parecem anestesiadas.

Avemaria, tá na hora de acordar! É hora de reconhecer que efetivamente ninguém é igual a ninguém, somos todos diferentes. Mas é preciso aceitar o fato de que nossas diferenças não podem servir de motivo para que uns se julguem maiores e melhores que os outros, e os tratem com desdém, numa relação inexplicável de arrogância e presunção. É urgente um remanejo de atitudes.

Quer saber? Nesse mundo cujo dinamismo, por vezes, apresenta-se tão exacerbado e tão complicado, a cordialidade não é favor, é necessidade. E a solidariedade também. Se houve um tempo em que a sociedade tolerou atitudes hostis, hoje em dia ninguém mais está com paciência para ser espezinhado. Ao que tudo indica, o saco encheu.

Valeu gente. Fui.
Beijos.
Imagem aqui.

sexta-feira, julho 02, 2010

BASTARDOS INGLÓRIOS

Olá!

Obrigada pelos comentários. Fiquei feliz, vi que gostaram dos dizeres da Clarice. Também pudera, ela é maravilhosa. Seus textos são sempre atuais e sempre se prestam a novas interpretações, sempre se renovam.

Gente, que legal, todo mundo esperando minha idéia(?!), rsrs. Não criem expectativas, please, vocês vão ver, é só uma coisinha bem simples pra gente interagir.  Agora, ao post, enjoy!


* * *

Assisti ontem em DVD, (meio atrasadinha, eu sei), o filme "Bastardos Inglórios", com Brad Pitt, Mélanie Laurent e o excelente Christoph Waltz, sob a direção de Quentin Tarantino.


Para início de conversa, já vou dizendo que adoro os diálogos de Tarantino e que, mesmo que o filme nem fosse lá essas coisas, os diálogos o seriam, claro.

O filme tem um enredo simples mas genial, e a trilha sonora é ótima. Quando acaba a gente está com a cara sorridente. Tarantino idealiza uma nova forma para terminar a segunda guerra. E os diálogos, como sempre, são inteligentissimos e tocantes. A comparação do rato com o esquilo, ambos roedores, é sensacional. Adoro filmes assim.

Tem um personagem que rouba as cenas. Não, não é o Brad Pitt. Aliás, o Brad Pitt é o protagonista e está ótimo, caricato, interpretando o caipira e tosco Aldo Rayne, (esse personagem me lembra muito John Wayne, nos bons tempos). Mas o ator a quem eu estava me referindo, é outro. É Christoph Waltz, ator austríaco, que interpreta o coronel nazista Hans Landa, o "caçador de judeus". Ele tem um talento impar, e seu vilão, quando aparece, rouba todas as cenas. A gente não consegue ficar impassível diante de sua interpretação. Taí ele pra você ver.



Não achei o filme tão violento como me falaram. É que venho notando que Tarantino tem um "dom", ele consegue apresentar a violência de uma forma impactante, mas ao mesmo tempo, digamos, estilizada, que conseguimos ver sem maiores problemas. Até as pauladas e escalpos a gente consegue encarar. É o tipo de violência que não admite meio-termo ou se ama ou se odeia. Mas, vamos combinar, quem de nós nunca teve uma vontadezinha de tirar um escalpo daqueles nazistas engomadinhos, hein!

No decorrer do filme, acompanhamos duas tramas que seguem paralelas, ambas buscando suas próprias vinganças: A do grupo de Aldo Raine (Brad Pitt) e de Shosanna (Mélanie Laurent, fabulosa). Mas o interessante é que as duas vinganças são "do bem", e Tarantino, com habilidade de mestre, deu um jeito para que elas não competissem entre si na preferência do espectador.
  


Leia o resumo que tirei do portal de cinema:

Durante a Segunda Guerra Mundial, na França ocupada pelo exército alemão, a jovem Shosanna Dreyfus testemunha a execução de toda a sua família pelas mãos do coronel nazista Hans Landa. A moça escapa e viaja para Paris, com a forjada identidade de dona e operadora de um cinema.

Ainda na Europa, o tenente Aldo Raine organiza um grupo de soldados judeus para lutar contra os nazistas. Conhecido pelo inimigo como The Basterds, o grupo de Aldo acaba tendo como nova integrante a atriz alemã e espiã disfarçada Bridget Von Hammersmark, que tem a perigosa missão de derrubar os líderes do Terceiro Reich.




Tarantino o é considerado pela crítica especializada, como um dos maiores diretores do cinema contemporâneo.

Com poucos filmes, ele já mostrou a que veio.


Era isso. Fui.
Beijos.

quinta-feira, julho 01, 2010

UM SOPRO DE VIDA

Olá,

Eu simplesmente adorei os comentários do post anterior. Adorei saber o que vocês leram no passado, lá bem distante, naqueles tempos tão prazerosos da infância. Adorei conhecer mais um pouquinho de cada um, estreitar laços, aprimorar afinidades. É tão bom a gente recordar nosso passado infantil, tão glorioso, tão nosso, tão "self".  É um verdadeiro (re)viver!! Nossa, acabei de ter uma idéia brilhante! Humm, me aguardem, rsrs. Obrigada, gente. Vocês são show de bola!


* * *

EQUILIBRO-ME COMO POSSO

Não é segredo pra ninguém que gosto muito de ler. Só que não leio tudo-o-que-cai-na-mão. A leitura para mim é um deleite, por isso escolho o que vou ler. Dia desses me deu vontade de apropriar-me de umas palavras que andei lendo num livro póstumo. A escritora apesar de sentir a proximidade da morte, (câncer generalizado), continuava a escrever, e escreveu até morrer. Nesse livro (parece que foi o último que ela escreveu), num pequeno trecho, ela traçou com precisão o que, no meu entender, tem sido a caminhada pela vida de alguns de nós, nos quais eu me incluo. A gente realmente se equilibra como pode, pois a incerteza é nosso legado intransferível, nossa eterna companheira.

O nome do livro é "Um Sopro de Vida" e a autora é Clarice Lispector. Só podia. Agora sintam, traçado em palavras, o desenho fantástico dos caminhos da vida.

"(...) Nao, é que vivo em eterna mutação, com novas adaptações a meu renovado viver e nunca chego ao fim de cada um dos meus modos de existir. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus. (...)" 
Beijos. Fui.

terça-feira, junho 29, 2010

LER É FASHION!

Olá.


Uau, quantos comentários em meus posts!! Muito obrigada, gente, vocês são demais! Gente finíssima. Comentários da melhor qualidade. Estou amando a companhia de vocês!!

* * *

Li não sei onde que a moda agora é ler, que ler é fashion, etc e muito etc. Isso me deixou nas alturas, imagine, eu fashion! Aí, uma coisa puxa outra e comecei a pensar de onde teria surgido esse gosto pela leitura que me acompanha desde priscas eras. E olhando para trás, não consigo vislumbrar nada, tenho a impressão que nasci assim, gostando, querendo ler. Mas, racionalmente, sei que esse gostar não floresce do nada. (A não ser que seja coisa de DNA, e isso é outro papo). Das duas uma, ou a gente tem o exemplo em casa ou num belo dia cai em nossas mãos um livro que a gente adora e pronto, não tem mais remédio, a gente já é um(a) leitor(a).


Então lembrei de duas coisas. Primeiro, meus avós. Nas recordações que tenho da infância, lá está minha avó com um livro na mão! Ela adorava ler e sempre tinha novidades pra contar. Meu avô era diferente, eu quase não o via ler, mas ele vivia me contando histórias incríveis e quando eu perguntava, ele dizia “eu sei, oras!”. Um dia o surpreendi lendo um livro escondido e descobri tudo. — Quando crescer, vou ver o que tem aí nesses livros, eu pensava, e não crescia nunca! Mais tarde, li "O Dia em que o Sol Desapareceu", nem sei mais o nome do autor. Mas a história me impressionou tanto que lembro até hoje. Aquele livro realmente me tocou e fui buscar mais. E continuo buscando. E lendo. Mas agora que descobri esse viés fashion... well, me aguardem, vou navegar em outros mares! Rsrs.

E você, algum livro marcou sua vida? Como foi sua entrada nesse mundo fashion?

Link da imagem.
Beijos e bom início de semana a todos.

domingo, junho 27, 2010

PORQUE HOJE É DOMINGO...

Olá todo mundo!

Hoje é domingo, o sol está lindo, um friozinho agradável, até esquentando ou pouquinho. Um pouquinho só, hehe.

Ontem eu estava organizando minhas fotos e separei essa panorâmica que fiz num domingo desses e postei aqui para você ver. Quando sento na varanda de minha casa para tomar chimarrão com meu marido, é exatamente essa a visão que temos nas manhãs de inverno. Gosto muito dessa paisagem e tenho umas palavras que gostaria de ter dito a respeito. Mas eles já disseram, e muito bem: Drumond e Pessoa.  E eu? Assino embaixo, oras.

"Se procurar bem você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa) da vida, Mas a poesia (inexplicável) da vida." Drumond
"Temos, todos que vivemos, uma vida que é vivida e outra vida que é pensada, e a única vida que temos é essa que é dividida entre a verdadeira e a errada." Fernando Pessoa.
Um bom domingo pra vocês. Aproveitem bem o dia. O pessoal de além-mar curtam o verão!
Beijos.

quarta-feira, junho 23, 2010

ELOGIO À PREGUIÇA

Olá, pessoal, Bom Dia.

Hoje estou a zero por hora. Estou com a mãe das preguiças! Mas não pensem que estou triste. Que nada! Afinal, a "preguiça amamenta muita virtude", hehe! Não é mesmo? A propósito, você conhece o autor da frase? Como? Ora você não sabe o que está perdendo. Tá vendo esse respeitável senhor aí, todo engravatado? Pois é ele: Juvenal Antunes, o poeta de bronze do Acre. Ele foi homenageado com uma estátua de bronze.


Nessa foto aí ele aparece todo paramentado, de terno e gravata, mas isso, é só pra enganar a torcida, afinal ele era um Promotor de Justiça! Verdade. Nascido no Ceará ele foi para o Acre ser Promotor, mas o negócio dele era mesmo a boemia. E tanto isso é verdade, que nos apontamentos que encontrei a seu respeito, consta que ele vivia metido num robe, feliz da vida, na porta do hotel Madrid, onde morava, em Rio Branco. Que era um boêmio inveterado, sempre bebendo cerveja, fazendo versos e proclamando seu amor à Laura, uma mulher casada. E dizem as más línguas, que ele não abandonava o hotel nem pra receber o ordenado. Imagine, o ordenado é que vinha à suas mãos por exercícios findos!  Que tal hein?!  Vá saber viver!! Rsrs.

O poema que lhe trouxe a fama definitiva chama-se "Elogio da Preguiça", e aqui está pra vocês se deliciarem.


ELOGIO À PREGUIÇA


Bendita sejas tu, Preguiça amada, 
Que não consentes que eu me ocupe em nada!


Mas queiras tu, Preguiça, ou tu não queiras, 
Hei de dizer, em versos, quatro asneiras.


Não permuto por toda a humana ciência 
Esta minha honestíssima indolência.


Lá esta, na Bíblia, esta doutrina sã:
-Não te importes com o dia de amanhã. 


Para mim, já é grande sacrifício
Ter de engolir o bolo alimentício. 


Ó sábios , daí à luz um novo invento:
A nutrição ser feita pelo vento! 


Todo trabalho humano, em que se encerra?
Em na paz, preparar a luta, a guerra! 


Dos tratados, e leis, e ordenações,
Zomba a jurisprudência dos canhões! 


Juristas, que queimais vossas pestanas,
Tudo que legislais dá em pantanas. 


Plantas a terra, lavrador? Trabalhas
Para atiçar o fogo das batalhas... 


Cresce o teu filho? É belo? É forte? É loiro?
- Mas uma rês votada ao matadouro! ... 


Pois, se assim é, se os homens são chacais,
Se preferem a guerra à doce paz, 


Que arda, depressa , a colossal fogueira
E morra assada, a humanidade inteira! 


Não seria melhor que toda gente,
Em vez de trabalhar, fosse indolente? 


Não seria melhor viver à sorte,
Se o fim de tudo é sempre o nada, a morte? 


Queres riquezas, glórias e poder? ...
Para que, se amanhã tens de morrer? 


Qual mais feliz? O mísero sendeiro,
Sob o chicote e as pragas do cocheiro, 


Ou seus antepassados que, selvagens,
Viviam, livremente, nas pastagens? 


Do Trabalho por serem tão amigas,
Não sei se são felizes as formigas! 


Talvez o sejam mais, vivendo em larvas,
As preguiçosas, pálidas cigarras! 


Ó Laura, tu te queixas que eu, farcista,
Ontem faltei, à hora da entrevista, 


E, que ingrato, volúvel e traidor,
Troquei o teu amor - por outro amor... 


Ou que, receando a fúria marital,
Não quis pular o muro do quintal. 


Que me não faças mais essa injustiça! ...
Se ontem não fui te ver - foi por preguiça. 


Mas, Juvenal, estás a trabalhar!
Larga a caneta e vai dormir... sonhar ...


Juvenal Antunes nasceu no Ceará-Mirim em 1883 e morreu em 1941, em Manaus. Foi personagem da Mini-série Global "Amazônia", de Gloria Peres.

Saiba mais aqui e aqui

Por enquanto era isso.
Beijos. Fui.