terça-feira, agosto 10, 2021

A (IM)PACIENTE


Dessa vez tive uma surpresinha


Com a história da pandemia, morri de medo e fiquei em casa. E não fiz meus controles semestrais de laboratório, nem ressonâncias, nem endoscopias, nem nada. Esqueci meu fígado, abandonei a hepatopatia grave que tenho. Claro que eu tinha que ter medo, com essa comorbidade eu seria a primeira a embarcar se tivesse covid. Decidi agir como se meu fígado fosse perfeito e esperei até completar as vacinas. E, de mais a mais, eu tenho 72, dá licença.

Devidamente vacinada, voltei a ser paciente e, sem reclamar, no início de julho fiz todos os exames habituais. Dessa vez tive uma surpresinha: precisaria fazer um procedimento hepático urgente e inadiável. De imediato meu hepatologista comunicou-se com seu colega radiologista-intervencionista que, após examinar as imagens, decidiu fazer o procedimento com a máxima urgência. E lá fui eu pro Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre-RS, hospital que só conhecia como acompanhante e visitante. 

O pós-cirúrgico foi um pouco dolorido, mas, eu já sabia o que me esperava. O principal é que correu tudo bem, sem intercorrências. O controle, - o "fala verdade" - será feito daqui a três meses via RM (Ressonância Magnética). (O que não gostei é que antes, eu fazia RM de seis em seis meses, agora terei que fazer de três em três). 

Fiquei no hospital só o tempo da recuperação e, em seguida voltei para casa. Achei o atendimento de primeira, ótimas dependências e um belo serviço de acolhimento e hotelaria. 

Hoje, 36 horas depois, sinto apenas um desconforto e uma dorzinha leve e suportável. 

Vida que segue. 

-Marli Soares Borges-

O TEMPO É O SENHOR DA RAZÃO


O tempo é o senhor da razão



-Marli Soares Borges (c) 2014



"O tempo é o senhor da razão". Essa é uma frase muito antiga e ninguém sabe a autoria. Sabe-se apenas que foi Marcel Proust quem se encarregou de torná-la conhecida no mundo inteiro e até hoje, a dita frase tem sido refrigério na vida de muitas pessoas. Quer ver? 

Às vezes a gente sem querer se mete numas discussões tolas com amigos -- e até mesmo com familiares --, umas bobagens que não acrescentam nada na vida de ninguém. E numa dessas, quem de nós não foi acusado injustamente de alguma coisa que não fez? e num toque de mágica passou de inocente a réu? e foi julgado e condenado pelo tribunal improvisado que se formou na ocasião? 

Acho que isso acontece com todo mundo. E no calor da discussão ninguém quer saber de nada, todos querem ter razão - em tudo -, ter a última palavra. E você entra nessa e se expõe ao ridículo, e lá vem boicote, doideira e às vezes até inimizades. E você sente na pele a dor da injustiça.

Logo você que vive ajudando e perdoando... que faz doces, que oferece cafezinho, que ouve os choramingos, que faz churrascos, que constrói sempre bons momentos e diz que os ruins ficaram no passado, e ensina que toda mágoa é moeda podre. Logo você que não quer saber de complicações, que odeia brigas e que faz tudo pela paz... será mesmo que nada disso importa? 

Sinto dizer, mas agora não, o circo pegou fogo. E nessas horas os interesses pessoais falam mais alto que a própria razão. E nem tente medidas heroicas para solucionar o problema. Não irão funcionar. Foi mal.

Mas o Anjo do Senhor, sempre a postos, bate no seu ombro com ternura e lhe diz ao pé do ouvido: sossegue, vai passar, vai passar, "o tempo é o senhor da razão". Vá descansar, amanhã será outro dia e tudo mudará. 

Aí, você suspira, recolhe as baterias e sai abatido.

E no outro dia, realmente o assunto é outro. O olhar é outro. O juízo é outro. Acontece que o tempo, definitivamente, costuma revelar a verdade e colocar cada coisa no seu devido lugar. Ninguém sabe direito como isso acontece, mas a tal frase faz todo sentido nos acontecimentos que mexem com a gente em inúmeras ocasiões. E, conforme vamos amadurecendo, vamos entendendo essas filigranas da vida, e nós mesmos vamos nos dando um tempo e nos ajudando a (re)inaugurar novos gestos e a tecer novos momentos... e a nos manter longe, bem longe dos conflitos e discussões acaloradas. 


* * * * * * * * *

sexta-feira, agosto 06, 2021

OS CIPRESTES


Minha participação na BC da amiga Chica proposta no Blog 

"Chica Brinca de Poesia




Assim que bati os olhos, achei a imagem bonita, mas inquietante e perturbadora. Uma imagem real e ao mesmo tempo quase sobrenatural. A sensação que tive foi de abandono e vazio. Milhões de pensamentos povoaram minha mente. Pensei em tanta coisa… naqueles filmes desérticos, glaciais, onde o povo desesperado abandona o vilarejo e corre sem rumo pra fugir da peste, do tsunami, de alguma coisa muito terrível, sei lá. 

Talvez essa sensação incômoda esteja relacionada com o tom acinzentado e taciturno da imagem, ou com aquela nuvem carregada pairando sobre tudo, ou com os ciprestes na frente da casa, em destaque, anunciando não sei o quê. (Ciprestes são árvores associadas ao fim da vida, em várias culturas). 

Mas pensando bem, acho que fiquei impressionada mesmo, foi com o formato e posição dos ciprestes, parecendo figuras humanas enraizadas e solitárias que, como se tivessem vida própria, erguem os braços, clamando, em direção ao céu. 

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Aqui no sul, tem feito dias tão cinzas, tão úmidos e tão frios, que ando meio sorumbática. Desculpem, amigos. 

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Sonho com dias ensolarados e energéticos. Cenários vívidos e aconchegantes.

-Marli Soares Borges-



segunda-feira, agosto 02, 2021

CUSTO-BENEFÍCIO


Custo-benefício
Origami "Sunflower"
Dobrei com papel Kami de 15 cm


Se você batalhou e aguentou até agora é porque tinha motivos. Por que está pensando em desistir? Acabaram-se os motivos? 

Nada contra a desistência que muitas vezes é sinal de inteligência, afinal, de que adianta insistir no impossível? Sim, tem coisas que são impossíveis de conseguir... você até consegue... no fim da vida. E a vida é muito curta. 

A meu ver, você está diante de uma questão de custo-benefício, (duas palavrinhas poderosas que mexem com as nossas vidas). Avalie os dois lados da questão, decida-se e toque sua vida para frente. Não ligue para o que os outros dizem, cada um sabe de si. 

Digo isso para que você não pise em falso. 

Que me perdoem os poetas, mas lidar com a realidade inclui outras ferramentas.

- Marli Soares Borges -

domingo, agosto 01, 2021

EU QUE NÃO SEI NADAR - BC406



Minha participação na BC proposta no Blog "Devaneios e Desvarios"

Uma imagem 140 caracteres




No amanhecer dourado
Um veleiro a navegar
A imagem era tão linda
Que comecei a sonhar

Mas logo voltei a mim
Deus me livre o alto mar
Jamais teria coragem
Eu que não sei nadar

-Marli Soares Borges-

quarta-feira, julho 28, 2021

O BLOQUEIO DO "NÃO"



Hoje vou falar um pouquinho sobre o "não", essa palavra tão pequena, mas que traz consigo conflitos e responsabilidades. A primeira vista parece tão fácil dizer não, não posso, não quero, etc. Mas é muito difícil e complicado, principalmente porque a gente é do bem, adoramos ajudar os outros e adoramos agradar. Mas o xis da questão é outro: quando evitamos dizer “não” a um pedido que a gente já sabe que não vai conseguir atender, causamos problemas não só a nós, mas também aos outros que depositaram sua confiança em nós. E isso vai se refletir tanto em nossa vida pessoal, como na profissional.

Pense na violência que praticamos contra nós mesmos ao dizer “sim” quando deveríamos dizer “não”. Colocamos um peso a mais em nossas costas, uma sobrecarga muitas vezes desnecessária. Será que temos mesmo que carregar os macaquinhos dos outros? Sem falar que com essa atitude "boazinha", poderemos estar enganando o outro. A propósito, você conhece a história dos macaquinhos? É assim: 
Era uma vez uma garota que tinha um macaquinho de estimação, lindo, bem cuidado, saudável e cheiroso! Todos admiravam aquele bichinho e não demorou para que começassem a pedir ajuda, que ela cuidasse também dos macaquinhos deles. Ela aceitou o encargo, mesmo sabendo que eram muitos e que talvez não conseguisse cuidar bem de todos. Mas cuidou, cuidou e cuidou. Acontece que não deu conta e cuidou mal dos bichinhos e os resultados foram péssimos. Até o seu próprio macaquinho, antes tão bem cuidado e saudável, acabou adoecendo.
Resultado: Ela perdeu a credibilidade perante as pessoas que haviam depositado confiança em seu trabalho. Se tivesse conseguido dizer "não", teria evitado esses dissabores e cada uma daquelas pessoas teria procurado outra forma de resolver seus problemas.

Contei essa história para mostrar a você até onde pode ir a sobrecarga causada pelo bloqueio do “não”. Dizer “sim” indevidamente causa estresse e sobrecarrega você, que, com toda a certeza, atrasará ou deixará de cumprir aquilo a que se propôs. É um duplo prejuízo e resulta, para ambas as partes, em frustração e rejeição, além de fazer com que você deixe de ser levado(a) a sério.

Tenha coragem de dar um basta. Comece por aquela turma que está sempre pedindo para que você faça alguma coisa que é atribuição deles. Se o pedido vai bagunçar sua vida, nem pense duas vezes: diga logo um "não". Se silenciar, a chance de se arrepender será muito grande. Pense que o "não" pode até ser uma forma de ajudar a pessoa a encontrar seu caminho, de ajudá-la a crescer. 

Mas lembre-se, diga um "não" gentil e educado. Isso fará com que você não se sinta mal e evitará que a pessoa se indisponha com a sua negação. É importante deixar claro que você não é simplesmente “do contra”. Convém evitar confusões dessa natureza.

Enfim, o "não" é uma palavra muito importante que deve ser dita no momento certo. Se todos soubessem dizer "não" nas horas certas, tudo seria diferente, em casa, no trabalho e no País.

-Marli Soares Borges-


domingo, julho 25, 2021

SERENDIPIDADE




A gente corre tanto, programa tanta coisa na vida e vem uma pandemia e desprograma tudo. Pois é. Mas não dá pra ficar só choramingando, estamos vivos e precisamos seguir nosso caminho. Que tal usar esses tempos sombrios para deixar o acaso acontecer e ampliar nossas perspectivas? afinal, as grandes descobertas aconteceram por acaso. Mas não se engane. Acontecer por acaso não é a mesma coisa que acontecer ao acaso. No cerne das novas descobertas, é certo que, -- antes -- alguém olhou com atenção à sua volta e percebeu o que estava "borbulhando" no momento. Ou seja, interpretou os sinais. A percepção é uma ferramenta tão antiga como o mundo: ela abre a mente e expande os horizontes. O poder da percepção oportuniza experiência, curiosidade, imaginação e acaso. Um estado de espírito chamado SERENDIPIDADE: a arte de encontrar o inesperado. 

-Marli Soares Borges-

sexta-feira, julho 23, 2021

UMA IMAGEM 140 - FIOS EMARANHADOS - BC405


Minha participação na BC proposta no Blog "Devaneios e Desvarios"




Fios de celular emaranhados!?! Sem novidades. Na vida, as conexões são exatamente assim: há momentos tranquilos e momentos bastantes confusos.

-Marli Soares Borges-

quinta-feira, julho 22, 2021

DESAFIO 248 - PEQUENAS COISAS DA VIDA

Desafio nº 248



Proposta: 

"Em tempo de férias, o tempo desacelera e reparamos nos detalhes, nas pequenas coisas da vida. Pois façam uma lista das pequenas coisas da vida, ou utilizem apenas essa ideia para 
escreverem o vosso texto em 77 palavras."


MINHA PARTICIPAÇÃO:


Para mim, cada pequena coisa da vida sempre vai ter o valor que lhe atribuo: ou pode tirar minha paz, ou pode fazer a minha alegria. Tudo vai depender do meu olhar e percepção, bem como, da minha capacidade de exercitar a gratidão, pois é nas pequenas coisas da vida que reside a parte mais ditosa das nossas emoções. Infelizmente, essas pequenas coisas se parecem com as estrelas, estão sempre brilhando, mas nós, poucas vezes as apreciamos. 

-Marli Soares Borges-

quarta-feira, julho 21, 2021

DAS DECISÕES E LOUCURAS



Ainda que muitos, - amigos e ou afetos -, tentem demover-lhe de algum projeto que sua alma deseja e quer, não se incomode. Essas pessoas não fazem por mal, pelo contrário, querem o seu bem. Elas falam e questionam sua escolha, porque estão viciadas em seguranças e certezas. Mas, pensando bem, é a própria finitude da vida que nos mostra que certeza e segurança não passam de utopias. 

Tem decisões que a gente precisa tomar na hora, com o conhecimento que se tem naquele momento, ou perde o bonde. Tal é o fio da navalha em que vivemos. 

E você pode estar numa situação dessas, frente à possibilidade que surgiu de tirar do papel um projeto que você idealizou. Se houver tempo, calcule os riscos e decida-se. Se não houver tempo, decida-se, assim mesmo. Não deixe o bonde passar simplesmente sem nada decidir. Enquanto estamos vivos sempre é possível começar algum projeto, recomeçar outro e porque não, retomar e continuar outros tantos. 

O tempero da vida são nossos projetos, ações e atitudes que coroam os desejos da nossa alma. Nessa vida difícil e incerta, algumas loucuras são aceitáveis. Algumas, eu disse, (mas isso é outro assunto).

-Marli Soares Borges-

domingo, julho 18, 2021

DIA DO TROVADOR

 


18 de julho - Dia do Trovador


-

Trovador hoje é teu dia
E quero te homenagear
E dizer dessa alegria
Que me traz o teu cantar.
-

Parabéns por essa trova
Que escreves com primor
E que sempre se renova
Cada vez com mais valor!
-

Marli Soares Borges

sexta-feira, julho 16, 2021

AMIGOS PRA TODA VIDA



Participando novamente da BC "Botando a Cabeça Pra Funcionar", que acontece nos dias, 5, 15 e 25, coordenada pela querida Chica. A proposta é fazer uma interpretação livre de uma imagem.



Esta é a imagem.
A seguir, a leitura que fiz



Dizer que cachorro e gato
São naturais inimigos
É um preconceito cruel
E às vezes um castigo.

Um castigo porque um deles
Acaba ficando sem lar
E o que eles mais precisam
É uma casa pra morar.

Cachorro e gato podem ser
Amigos pra toda vida
Mas pra isso acontecer
É preciso dar guarida.

Se os humanos procurassem
Interpretar os sinais
Poderiam ajudar
Na interação dos animais.

A convivência diária
é aprendizado de todos:
dos que só sabem latir
e dos que só sabem miar

E mais ainda
Dos que conseguem falar
e comunicar seu pensar.

-Marli Soares Borges-

segunda-feira, julho 12, 2021

PALAVRA MÁGICA - DESAFIO 247






S U P E R C A L I F R A G I L I S T I E X P I A L I D O S O

Proposta: utilizando apenas as letras dessa palavra, descobrir pelo menos 
7 palavras com 5 letras ou mais e escrever um texto.

Não escrevo porque saiba escrever. Escrevo apenas porque gosto, porque me sinto bem. Estou sempre querendo dizer coisas. Escrever é um vício. As palavras me atropelam durante o dia e me aprisionam à noite na tela do editor. É difícil contê-las, mas não querem mais falar em máscara nem álcool gel, muito menos em pandemia. Querem passear, sorrir, sair e encontrar-se com amigas. Já lhes pedi que se aquietem, que parem de importunar. Mas elas não ouvem.

-Marli Soares Borges-

sábado, julho 10, 2021

LIVRES PARA BRINCAR

 

Esta é minha participação na BC proposta no Blog "Devaneios e Desvarios

UMA IMAGEM, 140 CARACTERES #403



Criança, cachorro e bola
num sábado ensolarado?
Acabou a pandemia 
e as brincadeiras voltaram?
Desculpe, esse é meu sonho,
por enquanto, fantasia.

-Marli Soares Borges-

sexta-feira, julho 09, 2021

MIRAGEM

 

Minha participação na BC da Norma, para o mês de julho.

"Uma imagem, um conto

As imagens que compõe esse projeto, 
são do calendário dos 
"Pintores com a Boca e os Pés". 

“Em contato com a natureza” 
Fernando Fernandes dos Reis


Naquele verão eles avistaram novamente o barco. Todo o povoado conhecia a história. Aquele lindo barco aparecia a desaparecia do nada e os moradores morriam de medo. Era um perigo, ninguém podia chegar perto. Era preciso ignorar o barco e tratar de esquecer. Era de outro mundo, diziam, e quem insistisse em olhar, estaria perdido. 

Mas não adiantou avisar nem aconselhar o casal de apaixonados. Não adiantou pedir-lhes que virassem as costas, que fugissem dali, que ignorassem, que o barco era lindo, mas que não era de passear. Eles só viam a beleza do barco. E chegaram tão perto e ficaram tão fascinados que não deram ouvidos a mais nada. Como se atendessem a um chamado, subiram no barco e, sob os protestos dos moradores da região, despediram-se e partiram. Sorridentes e felizes, eles só queriam aproveitar a vida. 

E foi a última vez que foram vistos. 

Ninguém sabe o que realmente aconteceu. Tem gente que jura que o barco foi completamente destruído num temporal. Alguém lembra de ter visto pedaços do casco enterrados na areia. E outros acham que o casal era apenas uma miragem. 

Mas o fato é que o barco, de vez em quando ainda aparece. Da última vez que apareceu, todos viraram as costas e, se perguntarem, ninguém viu.

Marli Soares Borges

quarta-feira, julho 07, 2021

LAREIRA E FLOR



Aqui estou participando novamente da BC "Botando a Cabeça Pra Funcionar", que acontece nos dias, 5, 15 e 25, coordenada pela querida Chica. A proposta é fazer uma interpretação livre de uma imagem.



Esta é a imagem. 
A seguir, a leitura que fiz.


Essa foto sugestiva
Rende muita inspiração
Quem não pensa em viajar
Nas asas da imaginação?

Uma lareira brilhante
Ativa logo a emoção
E nos traz sempre à lembrança
As coisas do coração

Você viu que flor graciosa
Enfeitando o ambiente?
Entrou em cena, gloriosa
Colorida e envolvente.

Essa foto acende as luzes
Do descanso e do sossego
Momentos tão delicados
De calor e aconchego.

Meus aplausos à Fabíola
Por mostrar o seu talento
Numa foto tão bacana 
Que aguça o pensamento.

-Marli Soares Borges-

terça-feira, julho 06, 2021

MEDO E CORAGEM

 

"Um Grito de Alegria"
 - Releitura de "O Grito" de Edvard Munch -
Site Makepic Quadros Decorativos


Não conheço ninguém imune ao medo, mas conheço muita gente corajosa que enfrenta o medo. 

O medo e a coragem são riquezas existenciais, aprendizagens dinâmicas e significativas que incluem a aceitação de nossos limites e nossa história de vida. Já fraquejei inúmeras vezes, mas também já enfrentei o medo com valentia e coragem. Muitos medos e muitas coragens.

Mas, tem dias que minha coragem pega um cochilo e um medo gigante se instala em mim, o pior de todos, o que não tem remédio. E isso acontece exatamente no momento em que, num descuido, dou asas a pensamentos perturbadores. Aí, a primeira coisa que me vem à cabeça é um pensamento, que, no dizer de Camus, traduz "o desespero maior que todos temos": a certeza de que esse planetinha azul é só uma estação experimental, um lugar onde estou ancorada apenas para cumprir algumas tarefas e depois -compulsoriamente- terei que seguir viagem rumo ao desconhecido. 

(O quê? viajar rumo ao desconhecido? Peraí). 

Sempre gostei -e continuo gostando- de viajar e conhecer lugares novos, mas nunca viajo sem antes ler sobre o lugar de destino e conferir algumas dicas de viagem. A bem da verdade, "rumos desconhecidos" não me atraem, quero mais é viajar pra lugares bacanas e dar uns gritos de alegria, como o carinha aí dessa imagem que postei.

Analisando friamente, parece bizarra essa viagem rumo ao desconhecido, surreal até. Mas, nada disso! Aqui, tudo é absolutamente real, público e notório. Tão real que, quase sempre, ignoro as entrelinhas e passo batido, pois se começar a pensar, o medo se instala e um arrepio gelado me percorre a espinha. Surtada, começo a pensar num monte de coisas que, hoje em dia, inevitavelmente, culminam nessa situação de angústia mundial que estamos vivendo: ah, meu Deus, quando acabará essa aflição que tomou conta do mundo? 

Reconheço que para mim o excesso de realidade é bastante perturbador. Preciso de um oásis para atravessar o deserto. Ainda bem que tenho o meu: minhas artes manuais, -abençoadas artes!- que me fazem adejar aqui e ali e voar com as estrelas! Distraída, nem vejo a coragem chegar, não a vejo, mas sinto-lhe o vigor, que espanta o medo e me fortalece por inteiro. Quer saber o segredo? anote aí: tudo isso é divino. Essas artes, essa coragem e essa disposição que me movem, tudo vem de Deus. É socorro divino, amparo maior, que sempre agradeço, de joelhos!

Parabéns aos viajantes - se é que existem alguns - que conseguem transitar nesse planetinha, sem qualquer temor.

Marli Soares Borges



quinta-feira, julho 01, 2021

PALAVRAS NÃO DITAS



O desafio para o mês de junho, proposto por Marta Vinhais, do Blog "Com Amor" é escrever um pequeno texto e/ou poema sobre as palavras. Começar por "Nem todas as palavras são de amor". Explicar: o que escondem quando não são palavras de amor? As palavras definem realmente o destino de alguém? ou são simplesmente ocas?




Esta é a minha participação no desafio 

"Nem todas as palavras são de amor"...
Tem palavras sinceras e palavras mentirosas
Tem palavras atrevidas, sem noção e exibidas
Tem palavras doloridas, que ferem e vão além
E de certa forma definem o destino de alguém.

As palavras não são ocas, elas têm força e poder
Podem nos desesperar, ou nos fazer alvorecer

Cada palavra não dita, também pode nos magoar
Pode ser a mais maldita e impossível de olvidar.

Mas no meio disso tudo, lembro sempre as coloridas
São essas, as que mais gosto, palavras de todas as cores...
Estão sempre me animando e impulsionando na vida
E dizem tudo que sabem pra manter meu bom humor
Sábias, jamais esquecem, de falar sempre de AMOR!

Marli Soares Borges

terça-feira, junho 29, 2021

ALICE'S ADVENTURES IN WONDERLAND (RPS)

 


Quando a gente quer chegar em algum lugar é sempre bom ter um caminho em mente. 

Ora, quem não sabe? Pois é. Mas tem muita gente que segue andando às cegas por aí. E isso não é de agora. Quer ver? Leia esse diálogo -- superbatido, eu sei -- publicado em 1865. Ah sim, o livro é Alice's Adventures in Wonderland, frequentemente abreviado para Alice in Wonderland (Alice no País das Maravilhas), a obra mais conhecida de Charles Lutwidge Dodgson, sob o pseudônimo de Lewis Carroll. 
-- Você poderia me dizer, por gentileza, como é que eu faço para sair daqui?
-- Isso depende muito de para onde você pretende ir - disse o Gato.
-- Para mim tanto faz, para onde quer que seja... 
-- Então, pouco importa o caminho que você tome - disse o Gato.
Lembro seguidamente esse livro. Aliás, acho que esse é um livro que deve ser lido em todas as idades. Na infância a gente tem uma ideia completamente diferente da que vai ter, mais tarde, na adolescência. E na fase adulta os horizontes se ampliam. E é precisamente aqui que o mundo de Alice se descortina e ela passa a fazer a sua própria leitura da vida e do mundo. E a gente junto. 

E o que dizer das suas descobertas? é um mundo. O mundo de Alice! 

Estou escrevendo e pensando em como nosso entendimento se modifica nas diferentes etapas da vida. Pelo menos, comigo tem sido assim. O passar do tempo tem lá seus segredos. E o livro também: a cada leitura uma nova descoberta! 

Marli Soares Borges

terça-feira, junho 22, 2021

O BARCO DA VIDA

Esta é minha participação na BC da Norma Emiliano, do Blog "Pensando em Família".
A proposta é escrever um conto com a imagem dada.



Positiva e alegre. Em sua casa, tudo funcionava perfeitamente, afinal, ela, insubstituível, empurrava o barco da vida com todas as suas forças e sempre arranjava as coisas de cada um. Com rapidez e perfeição, como era do seu feitio. Ela não era pessoa de fugir de suas responsabilidades de mãe, esposa e administradora da casa.

O tempo correu seu tempo. Alegrias genuínas ela não teve mais, mas estava tão ocupada em tocar a vida, que nem sentiu falta. E envelhecia sem perceber. E ninguém dizia nada, tudo era muito natural. Com o correr do tempo ela foi perdendo as forças e sentindo-se triste e só. Perdeu a vontade de tudo, até de olhar-se no espelho para pentear seus cabelos. Quando a cabeça ficou toda branca, disseram-lhe que parasse com o trabalho e fosse descansar. Que iriam substituí-la. E, de fato, no seu lugar, tiveram que colocar várias pessoas, a peso de ouro, para manejar as lidas. Mas o pessoal não se importou e tudo continuou funcionando muito bem. A vida seguiu para todos. As coisas simplesmente se arranjaram. 

Ninguém mais quer saber de mim, ela pensou. Ninguém mais precisa de mim. Que faço agora? Que fiz eu nesse tempo todo? Porque não cuidei de mim? talvez, se tivesse me cuidado, eu não estivesse tão acabada assim. E percebeu com tristeza, que seus olhos não viam na vida a mesma graça daqueles tempos distantes em que levava a vida mais leve e não se achava insubstituível a ponto de gastar suas forças como se fosse a única trabalhadora do mundo. Foi então que lembrou-se de sua infância e das palavras de Dona Clarice, sua querida avó: "a gente tem o direito de deixar o barco correr... as coisas se arranjam, não é preciso empurrar com tanta força”. 

Marli Soares Borges

segunda-feira, junho 21, 2021

MEU TEMPO MUDOU (BC 400)

Esta é minha participação na BC proposta no Blog "Devaneios e Desvarios" 

UMA IMAGEM, 140 CARACTERES #400

Parabéns Mari pelo número expressivo de blogagens coletivas!



Joguei meu relógio fora
Não quero saber mais disso
Meu tempo é aqui e agora
Chega de compromisso
Quero andar a vida afora
Com calma sem reboliço!

Marli Soares Borges

(Nota: meu post está restrito a 140 caracteres conforme propõe a BC