segunda-feira, abril 14, 2014

DE PROBLEMAS E DE VÍCIOS


Li não sei onde que contar problemas é o nosso maior vício. Taí uma coisa que concordo demais.

pássaros, pintura

É vício sim, e cheguei à conclusão que não suporto gente viciada em contar problemas. Faz um tempão que venho dizendo que nossos problemas são iguais a bola de neve. Você já viu uma bola de neve rolar do alto da montanha? Ela sai de lá minúscula e chega ao solo imensa. Tal como os nossos problemas. Quanto mais a gente fala, mais eles se expandem e mais fragilizada a gente fica, nossa voz é muito poderosa. Sei não, mas o ideal seria a gente dividir o problema com alguém, falar, desabafar, equacionar e partir para a solução. E tratar de entender que existem coisas que simplesmente não têm solução, temos que conviver com elas e ponto, "o que não tem remédio, remediado está". Sabedoria antiga e muito verdadeira. Então, para que sofrer sem necessidade? Chega de bater na mesma tecla, falando, relembrando, revivendo, chorando tudo de novo. Se é para reviver alguma coisa, então vamos falar das alegrias, reviver as alegrias, e sorrir tudo outra vez. Assim, quando a bola chegar ao solo estaremos inundados de bons sentimentos e com as forças redobradas. Em resumo, tem duas drogas na vida que nos fazem 'viajar': uma nos joga no inferno e a outra nos tira do chão e faz voar. Se é para ter um vício, escolha uma droga que valha a pena.

"Não é só anestesia que espanta a dor. Rir também".
Boa tarde.
Marli


Aceita um café?

terça-feira, abril 08, 2014

SERÁ QUE FUNCIONA?

body of prof

Encontrei essa foto perdida no baú. É da série "Body of Proof" lembra? Eu gostava demais, não perdia nenhum episódio, pena que acabou. Reconheço que a foto é tosca, mas a frase... bom, a frase é perfeita. Vem lá do século 18, e é muito usada nas salas de autópsias do mundo inteiro. Eis o texto original: 

"Taceant colloquia. Effugiat risus. 
Hic locus est ubi mors gaudet succurrere vitae." 
(Que cessem as conversas. Que fuja o riso. 
Este é o lugar em que a morte se deleita em servir a vida). 

Fico pensando na razão de uma frase assim, tão cheia de vida, continuar sendo usada somente nos portais das salas de autópsias. Sei lá, tem coisas que não entendo, parecem cristalizadas, permanecem ad aeternum, do jeito que estão. Quer saber, vou sugerir ao CFM, uma mudança. Que tal, além das salas de autópsias, emoldurar também o centro cirúrgico de transplantes com o texto completo como consta no original? Afinal, a vida está mesmo imbricada na morte. Ou é a morte que está imbricada na vida? Não importa. Sabemos que os transplantes podem ocorrer a partir de doadores vivos, mas é bem mais comum que ocorram a partir da tragédia da morte prematura, que, com a doação de órgãos ou tecidos, possibilita que outra pessoa tenha uma nova vida. Ora, essa frase se encaixa perfeitamente no propósito de fazer viver. E tem um conteúdo tão profundo e tão rico em interpretações, que pode funcionar como alento para as famílias dos doadores, no sentido de que a morte daquele ente querido não foi em vão, que houve um propósito maior. Aquela morte prematura e inesperada veio socorrer a vida, e, de certa forma, se sobrepôs à própria morte. Penso que essa mudança viria ao encontro das motivações que impulsionam o assunto das doações de órgãos na atualidade.

Mas o que tenho com isso, eu que não sei nada sobre transplantes nem sobre patologia?

Nada e tudo. Faço minha leitura voltada para a estreita relação de transcendência que une a vida e a morte. Penso no morrer e no viver. No viver e no morrer. Na morte, esse desespero que nos acompanha desde sempre.

- Marli Soares Borges -

sábado, março 29, 2014

ATÉ O FIM


oração

Se um dia eu deixar de me comover
diante da beleza das coisas, 
não serei mais eu,
serei ninguém.
Um arremedo de mim.
A isso eu chamo 
não viver. 
É morrer.
Escute, Você aí 
Senhor da vida e da morte: 
não vire as costas para mim! 
Não me negues a emoção 
pura e verdadeira
até o fim. 

- Marli Soares Borges - 

segunda-feira, março 24, 2014

O PEQUENO PRÍNCIPE

antoine de sait exupéry

Le Petit Prince, conhecido no Brasil como "O Pequeno Príncipe", é um romance que foi escrito e ilustrado por Antoine de Saint-Exupéry, e publicado um ano antes de sua morte, em 1944. É citado como o livro francês mais vendido do mundo, traduzido em pelo menos 160 idiomas. É mole?

Vou dizer uma coisa pra você. Faz muito tempo que li e venho lendo esse livro. Não o dispenso, pois ele é para mim a representação poética da criança que existe dentro de cada um de nós. É um livro-infantil-para-adultos. A cada leitura que faço encontro um novo significado. É impressionante, mas no decorrer da história a gente vai percebendo nossas mazelas, a inversão dos valores, os equívocos que cometemos ao avaliar as coisas e as pessoas que nos rodeiam e como esses julgamentos nos remetem, insidiosamente,  à solidão física e psíquica.

Acontece que ao assumir a postura definitiva de adultos, enfiamos a cabeça em nossas preocupações e acabamos sepultando para sempre a criança que fomos. Para Exupéry os adultos eram incapazes de entender o sentido da vida, pois haviam abandonado a criança que um dia foram. Ele achava difícil para os adultos (esses seres estranhos) compreenderem toda a sabedoria de uma criança.

Aff. Será mesmo que nos tornamos 'gente grande' e esquecemos que um dia fomos crianças?

A história é muito legal e acontece bem no meio do deserto, após o avião do autor sofrer uma pane (ah, esqueci: na Segunda Grande Guerra ele era piloto). Começa com o principezinho acordando o autor, com essas palavras: "Desenha-me um carneiro"? A partir daí, temos o relato das fantasias de uma criança, que com pureza e ingenuidade, questiona as coisas mais simples(?) da vida. O livro é recheado de personagens inusitados e plenos de simbolismos. Adoro a passagem onde a raposa ensina ao principezinho o segredo do amor: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”. 

Vamos matar a saudade e ler um trechinho?
"Levei muito tempo para compreender de onde viera. 
O principezinho, que me fazia milhares de perguntas, não parecia sequer escutar as minhas. Palavras pronunciadas ao acaso é que foram, pouco a pouco, revelando tudo. Assim, quando viu pela primeira vez meu avião (não vou desenhá-lo aqui, é muito complicado para mim), perguntou-me bruscamente:
- Que coisa é aquela ?
- Não é uma coisa. Aquilo voa. É um avião. O meu avião.
 Eu estava orgulhoso de lhe comunicar que eu voava. Então ele exclamou :
- Como ? Tu caíste do céu ?
- Sim, disse eu modestamente.
- Ah! Como é engraçado...
E o principezinho deu uma bela risada, que me irritou profundamente. Gosto que levem a sério as minhas desgraças. Em seguida acrescentou:
- Então, tu também vens do céu ! De que planeta és tu ?
Vislumbrei um clarão no mistério da sua presença, e interroguei bruscamente:
- Tu vens então de outro planeta ?
Mas ele não me respondeu. Balançava lentamente a cabeça considerando o avião :
- É verdade que, nisto aí, não podes ter vindo de longe...
Mergulhou então num pensamento que durou muito tempo. Depois, tirando do bolso o meu carneiro, ficou contemplando o seu tesouro.
Poderão imaginar que eu ficaria intrigado com aquela semiconfidência sobre « os outros planetas ». Esforcei-me, então, por saber mais um pouco :
- De onde vens, meu bem ? Onde é tua casa ? Para onde queres levar meu carneiro ?
Ficou meditando em silêncio, e respondeu depois :
- O bom é que a caixa que me deste poderá, de noite, servir de casa.
- Sem dúvida. E se tu fores bonzinho, darei também uma corda para amarrá-lo durante o dia. E uma estaca.
A proposta pareceu chocá-lo :
- Amarrar ? Que idéia esquisita !
- Mas se tu não o amarras, ele vai-se embora e se perde...
E meu amigo deu uma nova risada :
- Mas onde queres que ele vá ?
- Não sei... Por aí... Andando sempre para frente.
Então o príncipezinho observou muito sério :
- Não faz mal; é tão pequeno onde moro !
E depois, talvez com um pouco de melancolia, acrescentou ainda :
- Quando a gente anda sempre para frente, não pode mesmo ir longe..."

* Os grifos são meus.
* Post publicado originalmente em 28.03.2011

- Marli Soares Borges -

domingo, março 23, 2014

VAMOS BRINCAR COM A CHICA? (2)





A minha frase é:

- Comichão: palavra que me causa coceira instantânea. -

sexta-feira, março 21, 2014

UMA IMAGEM 140 CARACTERES (3)

gramado

Chega, preciso descansar um pouco.
Estou tão feliz, hoje sim consegui tocar de verdade!
Tem gente que pensa que tocar violão é fácil. Não é.

- Marli Soares Borges -

* Participando da blogagem coletiva nos blogues: Meus Devaneios Escritos e Devaneios e desvarios