Nos aviões deveria ser assim, mulheres, maridos e crianças para cá e os outros para lá. E não tudo junto, misturado como acontece. Deveria haver uma área sem crianças, ou melhor dizendo, uma área só para crianças, principalmente nos trechos longos. A paz reinaria e o berreiro dos pirralhos não atormentaria as pessoas inocentes que viajam -- mal, cada vez pior -- nos aviões. Ontem viajei para Teresina, Piauí. Vim de Porto Alegre - RS, viagem longa, conexão em S.Paulo e quase quatro horas esturricada num avião da Gol que é disparado, a pior das companhias aéreas, mas tudo lotado, que fazer? No segundo trecho, quando vi aquele batalhão de crianças e bebês de colo esperando para embarcar, literalmente gelei! Me deu uma intuição... olha se pudesse teria desistido ali mesmo pois não é a primeira vez que sofro com creches a bordo. Não adianta disfarçar, no avião criança incomoda e enche o saco demais, exatamente como aconteceu. A viagem foi insuportável, uma sinfonia de berros e chorinhos estridentes que ninguém merece. Um berrava daqui e outro respondia de lá e os maiores aproveitavam o embalo e gritavam também, (isso quando não se agarravam a tapas, sem falar nos chutes na poltrona, e nas conversas que extrapolavam os decibéis, eu vi e ouvi, bem ali na minha frente). Os papais e mamães enlouquecidos, coitados, naquela hora, vai fazer o quê? Gente, era berro, não era chorinho fofo. O voo inteiro, um inferno. Da próxima vez, se eu avistar uma creche na fila do embarque, juro que não viajo.
Outra coisa que não entendo: os(as) malas com as malas! Tem uma pá de gente-mala que literalmente embarca trazendo a casa nas costas. Ora, ali mesmo na fila dá para perceber que as bagagens não irão caber no lugar destinado na aeronave. Mas a tripulação não vê, ou faz de conta. E deixa passar. Depois lá dentro do avião é um deus nos acuda. Sei lá, parece pirraça com os infelizes -- como nós, meu marido e eu -- que pacientemente despachamos nossas bagagens.
Semana passada quando retornamos de Caldas Novas, (de Azul), embarcou uma mala, ops uma mulher, jovem, bonita e bem vestida. Dá só uma espiada na bagagem da dita cuja: uma malona, uma sacolona, uma sacolinha e uma bolsona e ainda por cima outra sacola -- linda, tenho que reconhecer -- com um presente comprado em boutique. Não deu outra, o avião lotadaço e a mulher ali, no 26, trancando a fila. Simplesmente não havia lugar. E eu sentada mais atrás, no lado oposto, observando. Entrei antes sou prioridade, oras. Sabe o que ela fez? Jogou, de qualquer jeito as tralhas por cima do banco, a malona no chão, em pé, porque não coube deitada e a bolsa e sacolas no colo de uns caras da frente que se ofereceram para ajudar. E se aboletou na cadeira da janela, com as pernas levantadas, avançando no banco do meio, atrapalhando e tirando o lugar da pessoa ao lado, uma senhora de meia idade. Óbvio, o voo atrasou, porque daí então a comissária viu o caos, e não sabia o que fazer. Acabou que a tal mulher ainda foi privilegiada! Acredita? Pois é, ela e suas tralhas viajaram muito bem obrigada. Foram acomodadas nos lugares especiais, que estavam vazios, em consideração aqueles que pagam mais caro pelo espaço extra. Brazzziiillll, zil, zil, zil.
Por hoje é só. Outro dia contarei mais algumas historinhas que testemunho, em pleno voo, no espaço indevassável das aeronaves.
Beijos a todos.
Marli
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