segunda-feira, maio 17, 2010

BLOGAGEM COLETIVA - COLORINDO A VIDA - COR BRANCA

Bom dia, pessoal. Por aqui, dia lindo ensolarado, temperatura ótima!! Hoje é o encerramento das blogagens coloridas. Foi ótimo, amei, amei, amei.

Trago então, algumas palavras sobre uma flor maravilhosa, cujos significados muito me sensibilizam, e que eu amo de paixão.

Abram alas, com vocês a flor da liberdade!!!
Maravilhosa, subversiva,
majestosa,
iluminada e guerreira:
A camélia branca!


A    B E L E Z A

A folhagem é brilhante. A flor é linda, esplendorosa! Seu nome? Camélia. Tem várias cores, mas sou louca pela camélia branca. Ela embeleza o jardim e quando colhida, enfeita nossa casa. E como faz bem ao coração!!! É a primeira a florir depois do inverno, anunciando a chegada da estação das flores. Cheguei!!!

O     E L A N

Já disse, sou louca pela camélia branca, e depois que fiquei sabendo de suas passagens maravilhosas pela história do Brasil, então nem se fala! É tudo junto, é a beleza da flor aliada à sensibilidade, inteligência e articulação de pessoas conectadas no mundo, que souberam transformá-la num símbolo magnífico, num verdadeiro elan para a vida de quem tanto sofria nos tempos de antigamente. Confesso que às vezes me bate uma nostalgia, um não sei que, ao ver, hoje em dia, pessoas tão desligadas dos problemas do mundo, que parecem viver noutro planeta. Deixa pra lá, taí a idéia pra uma crônica.

Mas o que importa dizer é que a camélia branca simbolizou no passado um movimento libertador, um movimento underground, subterrâneo e subversivo. Você sabia? Sim, no final do séc. XIX ela esteve superenvolvida no Movimento Abolicionista, tanto que hoje é o símbolo oficial da Abolição.

Olha só como foi. Na época da escravatura a Lei não permitia que ninguém desse abrigo aos escravos fugitivos e quem os ajudasse pagava pesadas multas. Evidente que os abolicionistas tinham que andar de boca fechada e guardar segredo sobre os esconderijos (quilombos) dos escravos que conseguiam fugir. E o que fazer para se identificarem?

Adivinhou. Usavam na lapela, uma camélia branca. A camélia então era o "logo" dos abolicionistas, a senha que os identificava. Ter uma camélia branca na lapela era sinal de ajuda e compromisso com a causa. Não é maravilhoso?  A propósito, será que a moda da flor na lapela não surgiu daí?


Cada vez me apaixono mais, acho ela mais linda ainda!!!!

E tem aquela da Princesa Isabel. Quando o imperador Dom Pedro II foi pra Europa, ela promoveu o "Baile das Flores". Seu vestido? Todinho aplicado com camélias brancas! Nem é preciso dizer que os conservadores ficaram p... da vida! Viram? Os abolicionistas tinham o aval, não só de Rui Barbosa, como também da Princesa Isabel.  E todo mundo de bico calado!!!

Que coisa, quantos segredos contidos na camélia branca, e ninguém nunca nos contou. Fiquei sabendo que se não fosse o discurso de um tal de Silva Jardim (desculpe, era um figurão da época, não sei  nada dele..., hehe.) que registrou esse episódio e algumas pistas garimpadas pelo historiador Eduardo Silva, (Instituto da Casa de Rui Barbosa) e a gente não saberia nadinha. Vamos aplaudi-los, é só o que podemos fazer agora!!! Clap,clap,clap!!! Boa gurizada!!!

Bom, agora deixa eu contar pra vocês outras coisinhas interessantes.

Quem ainda não viu Chanel com sua bela camélia branca sobre a lapela negra?
Isso mesmo, ela escolheu a camélia para ser o símbolo de sua grife porque sentiu que estaria muito bem representada, uma vez que integrava o contingente de mulheres que conseguiram  escolher outro lugar no mundo, fugindo das convenções. Aliás, escolha bem adequada, penso eu, já que na França a camélia era o símbolo das prostitutas, artistas, atrizes, cantoras e dançarinas de cabaret, ou seja, simbolo de gente nada convencional.


Nossa(!) tem zilhões de coisas envolvendo essa flor.  Ela é muiiito famosa! Só o fato de Alexandre Dumas Filho (1824-1895) ter escrito sua peça "A Dama das Camélias", já bastaria para a fama, mas uma coisa puxa outra e a referida peça teatral acabou inspirando Verdi a escrever a aplaudidíssima ópera "La Traviatta". É mole?

E como não poderia deixar de ser, "A Dama das Camélias" também virou um filme com o mesmo nome, que foi protagonizado pela belissima Greta Garbo (1905-1990). Gente, eu vi esse filme. É tri. E..., vou ficando por aqui. Ops, até rimou, rsrs!

Mas ao encerrar esse post, não posso deixar de lado o contraponto, característica básica da cor branca. E qual é esse contraponto? A cor preta. Branco e preto, preto e branco, Yin e Yang, antiga representação chinesa do dualismo. O Yin é o feminino, o Yang é o masculino. Esse antigo símbolo mostra que um só faz sentido ao lado do outro, um só existe porque o outro também existe. Há necessidade de integração das duas forças.


Yin atrai Yang que atrai Yin e assim infinitamente.
Não há conflito ou disputa entre preto e branco, feminino e masculino, mas sim a complementação de um pelo outro.  Mulheres e homens, homens e mulheres, companheiros de jornada.

Espero que gostem do post.
Saiba mais: link
Beijos. Fui.

domingo, maio 16, 2010

O RON RON DO GATINHO

Olá!

Hoje é domingo e eu trouxe pra vocês um poema supermimoso, pelo menos eu acho. Foi escrito por um poeta maranhense, um gatófilo muito especial, iluminado, que, não sei como, ainda não tem em seu currículo um prêmio nobel de literatura. Mas estou aqui torcendo, um dia é um dia. 

Que tal essa frase "A arte existe porque a vida por si só, não basta"?  É dele. Precisa mais apresentações?  Seu nome: Ferreira Gullar. Nome do poema: "O RON RON DO GATINHO".

Na foto, minha nora Michelle e Hoe.

 

O gato é uma maquininha
que a natureza inventou;
tem pêlo, bigode, unhas
e dentro tem um motor.
Mas um motor diferente
desses que tem nos bonecos
porque o motor do gato
não é um motor elétrico.
É um motor afetivo
que bate em seu coração
por isso faz ronron
para mostrar gratidão.
No passado se dizia
que esse ronron tão doce
era causa de alergia
pra quem sofria de tosse.
Tudo bobagem, despeito,
calúnias contra o bichinho:
esse ronron em seu peito
não é doença - é carinho.



Beijos e bom domingo.

quinta-feira, maio 13, 2010

JUSTIÇA ATRASADA

Olá!

Rui Barbosa tem essas palavras que, desde que tomei conhecimento, concordei e concordo. Diz ele que "Justiça atrasada é injustiça, qualificada e manifesta". Que a Justiça deve ser feita na hora, no momento do ultrage, do sofrimento, do dano. Sem delongas, porque se for tardia, não mais será justiça, mas se transformará em vingança, que ao Direito repudia. Pois bem. Li ontem uma notícia que trago aqui pra vocês lerem comigo, pensarem e comentarem.  


Milan Kundera denuncia o absurdo da situação vivida por Polanski Agência AFP

PARIS - O escritor tcheco-francês Milan Kundera manifsetou seu apoio a Roman Polanski em uma nota publicada no jornal Le Monde, onde denuncia o abusrod da situação do cineasta em prisão domiciliar na Suíça desde 4 de dezembro de 2009.
Negando-se a comentar o aspecto jurídico do caso Polanski, o escritor afirma que a "arte europeia, sua literatura, seu teatro, nos ensinou a rasgar a cortina das regras jurídicas, religiosas, ideológicas e a ver a existência humana em toda sua realidade concreta".
"Fiel a esta cultura", acrescenta Kundera, "me nego a ficar cego ante o absurdo da situação de Polanski, perseguido por um ato que ocorreu há 33 anos, que foi há muito tempo perdoado por todos os atores do drama e cujo julgamento prolongado até o infinito não proporcionará nada de bom a ninguém, a ninguém, a ninguém".
"Se a Europa continua sendo a Europa, se continua sendo herdeira de sua própria cultura, não poderá suportar o silêncio absurdo desta cruel pantomima representada em um chalé suíço", escreve o autor de "A insustentável leveza do ser", que afirmou que não conhece Polanski pessoalmente.
Perseguido pela justiça nos Estados Unidos em 1977 por ter mantido relações sexuais com uma menor, o cineasta chegou na ocasião, depois de 42 dias de prisão, a um acordo com a justiça, mas precisou fugir para se exilar na França depois de uma mudança de opinião do juiz.
Polanski foi detido em cumprimento de uma ordem de captura internacional americana em 26 de setembro passado, ao chegar a Zurique para assistir a um festival de cinema. Foi libertado em 4 de dezembro sob fiança e se encontra desde então sob prisão domiciliar em seu chalé de Gstaad.  06/05/2010.
Leia direto na fonte: JBONLINE
Era isso. Fui. Até breve.

quarta-feira, maio 12, 2010

EXPERIÊNCIA TEM SEU VALOR

Olá!

Gente, recebo diariamente uma tonelada de emails, a maioria imprestável, puro lixo eletrônico, mas às vezes, acho algumas coisas interessantes e acabo guardando. Dia desses, fazendo uma limpezinha básica no lap, encontrei essa pérola. Olha, eu achei um barato, espero que vocês gostem. Se não gostarem, que posso fazer, mas saibam que a intenção foi das melhores. Enfim, é uma bobagem, mas no fundo, tem razão de ser, de certo, foi por isso que guardei. Confiram! Quem escreveu? Não sei, tô passando pra você do jeito que recebi.

 
"O fazendeiro resolve trocar o seu velho galo por outro que desse conta das inúmeras galinhas. Ao chegar o novo galo, e percebendo que perderia as funções, o velho galo foi conversar com o seu substituto:
- Olha, sei que já estou velho e é por isso que meu dono o trouxe aqui, mas será que você poderia deixar pelo menos duas galinhas para mim?
- Que é isso, velhote?! Vou ficar com todas.
- Mas só duas, insistiu o galo.
- Não. Já disse! São todas minhas!
- Então vamos fazer o seguinte, propõe o velho galo, apostamos uma corrida em volta do galinheiro. Seu eu ganhar, fico com pelo menos duas galinhas. Se eu perder, são todas suas.
O galo jovem mede o velho de cima abaixo e pensa que o velho não será capaz de vencer.
- Tudo bem, velhote, eu aceito.
- Já que, realmente minhas chances são poucas, deixe-me ficar vinte passos a frente, pediu o galo.
O mais jovem pensou por uns instantes e aceitou as condições do galo velho.
Iniciada a corrida, o galo jovem dispara para alcançar o outro galo. O galo velho faz um esforço danado para manter a vantagem, mas rapidamente está sendo alcançado pelo mais novo. Então o fazendeiro pega a sua espingarda e atira sem piedade no galo mais jovem. Guardando a arma, comenta com a mulher:
- Num tô intendendo, uai! Já é o quinto galo boiola que a gente compra esta semana! Ele largou as galinha e tava correndo atrás do galo velho, Vê se pode????????

Moral:
Nada Substitui a Experiência!"
Era isso. Até mais. Fui.
Imagem: Releitura do Galo de Aldemir Martins por Kátia Almeida (Google).

segunda-feira, maio 10, 2010

BLOGAGEM COLETIVA - COLORINDO A VIDA - COR VERDE

Olá!

Obrigada por estarem sempre aqui me prestigiando com seus comentários! Esse carinho não tem preço, vocês sabem.

Ao post verde.

Parece fácil, mas não é. Escrever o quê, com esse festival de verde ao meu redor? Como fazer escolhas com excesso de opções? Deixe-me ver. Tem a natureza, toda vestida de verde, esplendorosa, celebrando a juventude do mundo. Tem o mar, num verde azulado, imenso, brilhante e único. E tem aquele garotinho bronzeado, com seu olhar verde-água, meu Deus, aquele olhar translúcido não merece um post?

E o verde-bandeira do meu Brasil? Ah, esse tom de verde é muito lindo, de um fascínio sem par. E isso me lembra, na mesma hora, daquele pintor brasileiro que não tem vergonha de pintar nossas cores. Sim senhor, e o verde é uma constante em sua obra. Quer mais? Ele tem projeção internacional. Seu nome? Aldemir Martins, 88. Oh, my God, esse eu não saberia reverenciar.



E o sapo? É, daria um post bem legal, pois é. Mas porque diabos o sapo não lava o pé? Será mesmo que ele não qué? Maldição, nem os filósofos conseguem descobrir. Tá bom, nada de sapo com chulé.

Não esqueço da esmeralda, pedra preciosa, jóia majestosa, chiquérrima, uma poesia sem palavras. Mas, sinceramente, eu nem saberia o que dizer, até porque a considero uma das mais puras magias da natureza.

E o nosso chimarrão gaúcho, quente, revigorante, amistoso, verde-profundo? Mas bah tchê, esse aí, até pra falar nele tem que ter um ritual e, caso eu esqueça algum detalhe, vocês vão me detonar. Okay, mas não deixo por menos: o chimarrão gaúcho é um baita ajuntador de amigos!

E o limão? Cheiroso, saboroso, energético. Você já provou o chá de limão? Prove e depois me conte. E a limonada então, com aquele gostinho de frescor?  E tem também o abacate. Humm, a-do-ro, é tri. Sei, sei. Tem um montão de coisa boa... mas entenda, eu é que não me dou bem escrevendo sobre sabores. Grrrr.

Que tal falar na cor-símbolo das artes médicas: o verde das togas que os médicos usavam lá na Idade Média, simbolizando a imortalidade? E se eu abordasse a esperança, a calma que o verde supõe? Caracas, tô é muito chata. Mas tenho cá minhas razões, pois esses temas superiores, a turma da blogosfera, certamente, vai mandar muito bem com suas poesias, textos, crônicas e lindas imagens. E eu?  Help.

Bom, já vimos, até aqui, nada feito. Mudarei de direção, seguirei outras veredas.

Quer saber? Vou mesmo é homenagear alguém. Não, não é dondoquice não. Ele foi o meu herói dos quadrinhos durante um tempão, meu fetiche na adolescência. Ele é ótimo, um fofo, verde, verde, verde... e andei lendo que ele vai ressurgir ultramoderno agora, num longa. Parece que é pra 2011. Ops!!! Acabei de descobrir uma coisa: já sei de onde saiu minha vocação jurídica. Óbvio, ele fundou a Liga da Justiça! E arregimentou uma tropa! Taí. Veja você, se não fosse essa blogagem coletiva, juro que seguiria pelo resto da vida atribuindo minha vocação ao meu-alto-senso-de-justiça, o que, convenhamos, seria injustiça com o meu herói.

Então, já adivinharam quem é quem? Ah não? pois então vejam:



L A N T E R N A    V E R D E

O Lanterna Verde é um super-herói dos quadrinhos, que surgiu em 1940. O Lanterna Verde atual foi lançado nos quadrinhos da década de 60, e sua identidade era a de Hal Jordan, membro fundador da Liga da Justiça da América.  Em 1970 ele foi repaginado e apareceu numa nova série de quadrinhos, de cunho social. Foi então que consolidou-se definitivamente como herói popular, pouco importando que nas séries seguintes os temas abordados fossem mais cósmicos.




Quem quiser saber mais, já sabe: direto no Google.
Ah, e aqui tem um link para os aficcionados (como eu, rsrs!).

Beijos. See you later. Fui.

domingo, maio 09, 2010

MANHÊEEE...

Olá, todo mundo!

Hoje é dia das mães e eu quero homenagear aqui, em primeiro lugar minha mãe, dona Odete, depois minha filha Daniela (que também é mãe), e a seguir, minha nora Michelle (que um dia será mãe, e tomara que seja logo, rsrs!) e, na sequência,

t o d a s    a s    m ã e s    d o    m u n d o.

É certo que embora a tecnologia tenha inventado milhões de coisas para agradar às mães, ainda não inventou algo que substituisse essas palavras tão simples, mas que, com toda a sinceridade, anuncio aos quatro ventos:

Mãe, eu te amo. Feliz Dia das Mães!

Pra fazer essa homenagem, aproveitei a cara de hoje do tio Google, que achei muito fofa e além do mais, ele é megapopular e suponho que todas as mães irão apreciar. E por falar em apreciar, APRECIE SEM MODERAÇÃO!!!!












Um pouquinho de mamãe!

Minha mãe é ariana das boas, disciplinada, pra-frente, amiga. Tem 76 e parece minha irmã. Não é metida e nem enche o saco de ninguém. Já passou um montão de trabalho na vida, (que eu sei) e continua numa boa, nem parece. É gente finíssima. Nossa diferença de idade é mínima,  por isso ela tem mais é que "me respeitar", oras!  Hoje à tarde irei na casa dela, dar meu abraço filial. Vou aproveitar e bater uma foto de nós duas pra vocês verem como tenho razão, parecemos duas irmãs. Gente, na idade em que nós estamos, 16 anos não é diferença. Mesmo.
Beijos. Fui

sexta-feira, maio 07, 2010

DOLCE FAR NIENTE



Beleza,  final de semana chegando, muitos planos, ou nenhum, apenas ficar em casa no dolce far niente. Quer coisa melhor?  Eu acho ótimo, só no bem-bom, rsrs. Aproveitando a sexta, achei legal brincar um pouquinho com as rimas. Olhaí o resultado. Espero que gostem.
  
Sexta-feira, maravilha!
É Dia da Alegria
É hoje!!! Vem abraçar
O Sorriso e a Magia.

Eu sei, o sorriso foge
quando as coisas não vão bem.
Mas é possível lutar
E a cabeça levantar.

Abra as portas pra Alegria
Deixe o sorriso chegar
E ao menos por instantes,
a vida iluminar!

Acredite, assino embaixo
a alegria faz milagres,
ilumina o pensamento
e acalma os pesares.

Não perca nenhum minuto
Aproveite bem o dia
Cante alguma melodia
Se embriague de energia.

Sim! Insista em festejar
o Dia da Alegria
Por favor, ande mais leve
Encare o mundo e sorria!

Fiquem com Deus. Fui. Beijos.

Ah, ia me esquecendo, ontem assisti um vídeo da Isabel Allende. Uma palestra maravilhosa. Coloquei o link no final do post anterior, aí embaixo. Estou avisando porque acho que muita gente não viu, pois foi só ontem que achei, e o pessoal já tinha lido o post e comentado. Fica aqui a sugestão pra quem quiser. 

quarta-feira, maio 05, 2010

A CASA DOS ESPÍRITOS


Quando li pela primeira vez o livro de Isabel Allende "A Casa dos Espíritos", gostei muito, e tempos depois, quando tornei a ler, com uma bagagem de vida um pouquinho (hehehe!) maior, simplesmente adorei! Sou fã de realismo fantástico e este é um dos fios condutores da escrita de Allende. (Notáveis influências de Garcia Marquez, que é outro escritor que amo de paixão).

Quando foi lançado, em 1985, "A Casa dos Espíritos" foi um sucesso absoluto. O livro tem quase 500 páginas e a gente entra num mundo mágico desde a primeira frase. A história é comovente, marcada pela magia, pelo amor e pela tragédia. Arrependi-me de não ter feito esse post no dia 08 de março, o tal de "dia da mulher". É que Isabel Allende, nesse livro, presta tributo às mulheres do mundo inteiro, na medida em que traz à tona, a dor de toda uma geração de mulheres chilenas. E ao mostrar a violência do regime totalitário, do machismo e da misoginia do poder patriarcal (sempre fortalecido no aparelho repressivo do Estado), ela nos convida a exorcizar a culpa e a refletir sobre a liberdade e a justiça. Pelo que sei, boa parte da história é verídica e ela própria, quando questionada a respeito, afirmou que as mulheres da história realmente existiram. Bom, é só ler a dedicatória: "A minha mãe, minha avó e às outras mulheres extraordinárias desta história." E atenção, o livro é também um alerta aos que vivem acostumados à anestesia do esquecimento: "É a perda da memória, e não o culto à memória, que nos fará prisioneiros do passado".

O romance se passa, no início do século XX e conta a história das famílias Del Valle e Trueba, com suas ideologias totalmente opostas. A revolução no Chile que terminou com o golpe militar de 1973 e derrubou o presidente Salvador Allende (tio da autora) é o cenário que influenciou a dinâmica da narrativa.

Tudo gira ao redor do patriarca Esteban Trueba, mas a narrativa é feminina, sob a perspectiva das mulheres (do clã), que lutam pelo que acreditam. Mas, a meu ver, não é uma narrativa feminista, é bem mais profunda do que isto, pois mostra a luta da mulher pelos seus direitos, numa sociedade tipicamente masculina. No decorrer da leitura, a gente se depara com dois discursos, de um lado a verdade masculina-conservadora, e de outro, a feminina-progressista. No entanto, e, no meu pensar, esse é o grande diferencial da obra, o leitor tem possibilidade de reconhecer as razões de cada personagem, num exercício dialético que democratiza o próprio espaço textual.

Clara, Clarividente como era chamada, é o personagem principal e está presente na história, desde a infância até sua pós-morte. Ela é o alicerce da família, o equilíbrio e o elo de ligação entre todos. Com seus incompreendidos poderes premonitórios e visão espiritualizada da vida, desde pequena, Clara surpreendia a todos com suas capacidades telepáticas - conseguia ler a sorte, mover objetos com o pensamento e prever o futuro. Sua capacidade telepática era tão acentuada que os objetos movimentavam-se como se tivessem vida própria. Em seus cadernos de anotar a vida, escrevia o que sentia e colocava lá tudo o que acontecia no dia-a-dia. − Aliás, a saga da família, Alba só conseguiu relatar porque Clara (sua avó) deixou registros em seus "cadernos de anotar a vida". − A morte misteriosa de sua irmã Rosa, "a Bela", fez Clara emudecer de culpa, achando que sua previsão teria dado causa àquela morte prematura. Só quebrou o silêncio, nove anos depois, para anunciar que se casaria em breve. O noivo? Esteban Trueba, que ela já havia previsto, muito tempo antes, que se tornaria seu marido.

Para os padrões da época, Clara não foi uma boa dona-de-casa. Estava sempre às voltas com suas telepatias e premonições. Vivia num mundo à parte, ajudava os necessitados e conversava com os espíritos. Era ausente, mas sempre presente na família. Era avessa a assuntos fúteis e não sentia ciúmes do marido, "nem ao menos percebia quando ele a desejava ou sentia ódio por ela, era distraída". Com sua inteligência brilhante, ela sabia que o medo era o alicerce do sistema de dominação a que os camponeses e as mulheres eram submetidos naquele momento histórico. (E essa inteligência sensível sempre irritou seu marido, afinal ele era a autoridade, o pai e senhor... Jamais ele poderia imaginar que seu temperamento impulsivo, violento e cruel e que suas idéias arcaicas refletiriam com tanta contundência no futuro de sua família).

Esteban Trueba era um homem truculento, representante ferrenho da sociedade falocrática, que nega à mulher voz e participação na sociedade. Acreditava que Nívea (mãe de Clara) estava "mal da cabeça" porque ela lutava para que as mulheres tivessem direito ao voto. Ele nunca compreendeu a força do silêncio de Clara, ao contrário, ele o considerava (o silêncio) uma virtude.(!) Era dado a acessos de raiva e Clara sofreu muito nas mãos dele. Também costumava descarregar sua ira contra os trabalhadores, que no seu entender não tinham direito nenhum, apenas deveres. Mas ao ler a gente acaba percebendo que também ele, era fruto de uma época, cujos valores o tornaram um homem solitário, amargo e rancoroso. Associava o autoritarismo ao paternalismo, transformando em dependentes os que o cercavam, e comprava-lhes a fidelidade com alguns litros de leite e bônus cor-de-rosa (trocados nos armazéns da fazenda que eram seus), casinhas de alvenaria e uma escola, mas era partidário de que os camponeses não tivessem muitos conhecimentos, pois sabia que a ignorância daquele povo é que eternizava os privilégios que possuia.

Cada um dos personagens está retratado na história com seus questionamentos existenciais e suas formas de participar no contexto social de sua época.

Impressionou-me o significado dos nomes das mulheres: Nívea, Clara, Blanca e Alba. Observe a escolha que a autora fez desses nomes. Todos eles estão carregados de simbologia, compondo uma cadeia de sinônimos que aponta para a LUZ. Alba, último elo dessa cadeia, é o alvorecer de um novo dia, uma esperança e uma promessa. Aliás, a própria estrutura circular da escrita, que começa e termina com a mesma frase, nos remete para uma idéia de recomeço: "Barrabás chegou à casa da familia por via marítima". Há ainda outra mulher, de importância ímpar, chama-se Férula, cujo nome também é simbólico. Ela é a irmã e o "carma" de Esteban. Como se vê, Allende brilhou também nesse particular.
Chega, vou parar senão me empolgo e conto o livro. ;)

Que livro!
Era isso. Fui. Até breve.

A t u a l i z a n d o : esqueci de falar no filme. Não gostei, não tem nada a ver com o livro, muda completamente o foco.  A meu ver, transforma e banaliza uma história tão linda!( Aff). Não é que o filme seja ruim, entenda. Acontece que não é a história contada no livro, ah isso não!! Não é mesmo!! Ouvi dizer que Allende abominou, parece até que surgiram alguns problemas, mas não tenho certeza. Mas se é verdade, ela está com toda a razão.

Gente, olhem essa palestra de Allende, é de chorar!