Coitado de quem segue a vida isolado, acreditando que é a causa primeira e última de suas próprias ações. Engana-se quem assim pensa. Ao contentar-se apenas com o que sua própria razão lhe diz, você enfraquece como pessoa, porque constrói uma imagem distorcida de você mesmo, uma imagem irreal dentro do mundo real. E protagonizando esse paradoxo, não me admira que você deixe de levar em consideração as razões dos outros. Você pensa que pensa, mas na verdade, seu pensamento jaz inerte no seu mundinho, afastado da dinâmica da vida e alheio às conexões diárias de todos nós. E quem não interage no mundo, jamais conseguirá perceber as conexões que sustentam a vida. Por isso é que você ainda não percebeu que nosso barco está afundando e que temos -- todos juntos -- que impedir essa desgraça. Querendo ou não, estamos todos ligados uns aos outros, numa relação de absoluta interdependência, ou seja, dependemos uns dos outros para viver e sobreviver nesse planetinha azul. E a cada dia que passa a dependência é maior, portanto urge encarar a realidade: nosso planeta está nas últimas, chegou a hora de abrir os olhos, de pensar coletivamente e manter a vida no mundo. Será que é tão difícil entender a dimensão da conectividade que nos une? Fico boba de ver o comportamento individualista de algumas pessoas que descaradamente, insistem em agir na base do eu-comigo-e-os-outros-que-se-danem. Acredito que diante da destruição da natureza, das doenças e da miséria, somente a ação solidária de todos terá o condão de amenizar o caos social e a fome que se avizinha. É condição básica que se resgate a solidariedade, palavra que utilizo aqui, especificamente como: o sentido moral que vincula o indivíduo à vida e aos interesses da humanidade. Precisamos socorrer-nos mutuamente, antes que seja tarde.
- Marli Soares Borges -