terça-feira, agosto 10, 2021

A (IM)PACIENTE


Dessa vez tive uma surpresinha


Com a história da pandemia, morri de medo e fiquei em casa. E não fiz meus controles semestrais de laboratório, nem ressonâncias, nem endoscopias, nem nada. Esqueci meu fígado, abandonei a hepatopatia grave que tenho. Claro que eu tinha que ter medo, com essa comorbidade eu seria a primeira a embarcar se tivesse covid. Decidi agir como se meu fígado fosse perfeito e esperei até completar as vacinas. E, de mais a mais, eu tenho 72, dá licença.

Devidamente vacinada, voltei a ser paciente e, sem reclamar, no início de julho fiz todos os exames habituais. Dessa vez tive uma surpresinha: precisaria fazer um procedimento hepático urgente e inadiável. De imediato meu hepatologista comunicou-se com seu colega radiologista-intervencionista que, após examinar as imagens, decidiu fazer o procedimento com a máxima urgência. E lá fui eu pro Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre-RS, hospital que só conhecia como acompanhante e visitante. 

O pós-cirúrgico foi um pouco dolorido, mas, eu já sabia o que me esperava. O principal é que correu tudo bem, sem intercorrências. O controle, - o "fala verdade" - será feito daqui a três meses via RM (Ressonância Magnética). (O que não gostei é que antes, eu fazia RM de seis em seis meses, agora terei que fazer de três em três). 

Fiquei no hospital só o tempo da recuperação e, em seguida voltei para casa. Achei o atendimento de primeira, ótimas dependências e um belo serviço de acolhimento e hotelaria. 

Hoje, 36 horas depois, sinto apenas um desconforto e uma dorzinha leve e suportável. 

Vida que segue. 

-Marli Soares Borges-

O TEMPO É O SENHOR DA RAZÃO


O tempo é o senhor da razão



-Marli Soares Borges (c) 2014



"O tempo é o senhor da razão". Essa é uma frase muito antiga e ninguém sabe a autoria. Sabe-se apenas que foi Marcel Proust quem se encarregou de torná-la conhecida no mundo inteiro e até hoje, a dita frase tem sido refrigério na vida de muitas pessoas. Quer ver? 

Às vezes a gente sem querer se mete numas discussões tolas com amigos -- e até mesmo com familiares --, umas bobagens que não acrescentam nada na vida de ninguém. E numa dessas, quem de nós não foi acusado injustamente de alguma coisa que não fez? e num toque de mágica passou de inocente a réu? e foi julgado e condenado pelo tribunal improvisado que se formou na ocasião? 

Acho que isso acontece com todo mundo. E no calor da discussão ninguém quer saber de nada, todos querem ter razão - em tudo -, ter a última palavra. E você entra nessa e se expõe ao ridículo, e lá vem boicote, doideira e às vezes até inimizades. E você sente na pele a dor da injustiça.

Logo você que vive ajudando e perdoando... que faz doces, que oferece cafezinho, que ouve os choramingos, que faz churrascos, que constrói sempre bons momentos e diz que os ruins ficaram no passado, e ensina que toda mágoa é moeda podre. Logo você que não quer saber de complicações, que odeia brigas e que faz tudo pela paz... será mesmo que nada disso importa? 

Sinto dizer, mas agora não, o circo pegou fogo. E nessas horas os interesses pessoais falam mais alto que a própria razão. E nem tente medidas heroicas para solucionar o problema. Não irão funcionar. Foi mal.

Mas o Anjo do Senhor, sempre a postos, bate no seu ombro com ternura e lhe diz ao pé do ouvido: sossegue, vai passar, vai passar, "o tempo é o senhor da razão". Vá descansar, amanhã será outro dia e tudo mudará. 

Aí, você suspira, recolhe as baterias e sai abatido.

E no outro dia, realmente o assunto é outro. O olhar é outro. O juízo é outro. Acontece que o tempo, definitivamente, costuma revelar a verdade e colocar cada coisa no seu devido lugar. Ninguém sabe direito como isso acontece, mas a tal frase faz todo sentido nos acontecimentos que mexem com a gente em inúmeras ocasiões. E, conforme vamos amadurecendo, vamos entendendo essas filigranas da vida, e nós mesmos vamos nos dando um tempo e nos ajudando a (re)inaugurar novos gestos e a tecer novos momentos... e a nos manter longe, bem longe dos conflitos e discussões acaloradas. 


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sexta-feira, agosto 06, 2021

OS CIPRESTES


Minha participação na BC da amiga Chica proposta no Blog 

"Chica Brinca de Poesia




Assim que bati os olhos, achei a imagem bonita, mas inquietante e perturbadora. Uma imagem real e ao mesmo tempo quase sobrenatural. A sensação que tive foi de abandono e vazio. Milhões de pensamentos povoaram minha mente. Pensei em tanta coisa… naqueles filmes desérticos, glaciais, onde o povo desesperado abandona o vilarejo e corre sem rumo pra fugir da peste, do tsunami, de alguma coisa muito terrível, sei lá. 

Talvez essa sensação incômoda esteja relacionada com o tom acinzentado e taciturno da imagem, ou com aquela nuvem carregada pairando sobre tudo, ou com os ciprestes na frente da casa, em destaque, anunciando não sei o quê. (Ciprestes são árvores associadas ao fim da vida, em várias culturas). 

Mas pensando bem, acho que fiquei impressionada mesmo, foi com o formato e posição dos ciprestes, parecendo figuras humanas enraizadas e solitárias que, como se tivessem vida própria, erguem os braços, clamando, em direção ao céu. 

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Aqui no sul, tem feito dias tão cinzas, tão úmidos e tão frios, que ando meio sorumbática. Desculpem, amigos. 

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Sonho com dias ensolarados e energéticos. Cenários vívidos e aconchegantes.

-Marli Soares Borges-



segunda-feira, agosto 02, 2021

CUSTO-BENEFÍCIO


Custo-benefício
Origami "Sunflower"
Dobrei com papel Kami de 15 cm


Se você batalhou e aguentou até agora é porque tinha motivos. Por que está pensando em desistir? Acabaram-se os motivos? 

Nada contra a desistência que muitas vezes é sinal de inteligência, afinal, de que adianta insistir no impossível? Sim, tem coisas que são impossíveis de conseguir... você até consegue... no fim da vida. E a vida é muito curta. 

A meu ver, você está diante de uma questão de custo-benefício, (duas palavrinhas poderosas que mexem com as nossas vidas). Avalie os dois lados da questão, decida-se e toque sua vida para frente. Não ligue para o que os outros dizem, cada um sabe de si. 

Digo isso para que você não pise em falso. 

Que me perdoem os poetas, mas lidar com a realidade inclui outras ferramentas.

- Marli Soares Borges -

domingo, agosto 01, 2021

EU QUE NÃO SEI NADAR - BC406



Minha participação na BC proposta no Blog "Devaneios e Desvarios"

Uma imagem 140 caracteres




No amanhecer dourado
Um veleiro a navegar
A imagem era tão linda
Que comecei a sonhar

Mas logo voltei a mim
Deus me livre o alto mar
Jamais teria coragem
Eu que não sei nadar

-Marli Soares Borges-

quarta-feira, julho 28, 2021

O BLOQUEIO DO "NÃO"



Hoje vou falar um pouquinho sobre o "não", essa palavra tão pequena, mas que traz consigo conflitos e responsabilidades. A primeira vista parece tão fácil dizer não, não posso, não quero, etc. Mas é muito difícil e complicado, principalmente porque a gente é do bem, adoramos ajudar os outros e adoramos agradar. Mas o xis da questão é outro: quando evitamos dizer “não” a um pedido que a gente já sabe que não vai conseguir atender, causamos problemas não só a nós, mas também aos outros que depositaram sua confiança em nós. E isso vai se refletir tanto em nossa vida pessoal, como na profissional.

Pense na violência que praticamos contra nós mesmos ao dizer “sim” quando deveríamos dizer “não”. Colocamos um peso a mais em nossas costas, uma sobrecarga muitas vezes desnecessária. Será que temos mesmo que carregar os macaquinhos dos outros? Sem falar que com essa atitude "boazinha", poderemos estar enganando o outro. A propósito, você conhece a história dos macaquinhos? É assim: 
Era uma vez uma garota que tinha um macaquinho de estimação, lindo, bem cuidado, saudável e cheiroso! Todos admiravam aquele bichinho e não demorou para que começassem a pedir ajuda, que ela cuidasse também dos macaquinhos deles. Ela aceitou o encargo, mesmo sabendo que eram muitos e que talvez não conseguisse cuidar bem de todos. Mas cuidou, cuidou e cuidou. Acontece que não deu conta e cuidou mal dos bichinhos e os resultados foram péssimos. Até o seu próprio macaquinho, antes tão bem cuidado e saudável, acabou adoecendo.
Resultado: Ela perdeu a credibilidade perante as pessoas que haviam depositado confiança em seu trabalho. Se tivesse conseguido dizer "não", teria evitado esses dissabores e cada uma daquelas pessoas teria procurado outra forma de resolver seus problemas.

Contei essa história para mostrar a você até onde pode ir a sobrecarga causada pelo bloqueio do “não”. Dizer “sim” indevidamente causa estresse e sobrecarrega você, que, com toda a certeza, atrasará ou deixará de cumprir aquilo a que se propôs. É um duplo prejuízo e resulta, para ambas as partes, em frustração e rejeição, além de fazer com que você deixe de ser levado(a) a sério.

Tenha coragem de dar um basta. Comece por aquela turma que está sempre pedindo para que você faça alguma coisa que é atribuição deles. Se o pedido vai bagunçar sua vida, nem pense duas vezes: diga logo um "não". Se silenciar, a chance de se arrepender será muito grande. Pense que o "não" pode até ser uma forma de ajudar a pessoa a encontrar seu caminho, de ajudá-la a crescer. 

Mas lembre-se, diga um "não" gentil e educado. Isso fará com que você não se sinta mal e evitará que a pessoa se indisponha com a sua negação. É importante deixar claro que você não é simplesmente “do contra”. Convém evitar confusões dessa natureza.

Enfim, o "não" é uma palavra muito importante que deve ser dita no momento certo. Se todos soubessem dizer "não" nas horas certas, tudo seria diferente, em casa, no trabalho e no País.

-Marli Soares Borges-


domingo, julho 25, 2021

SERENDIPIDADE




A gente corre tanto, programa tanta coisa na vida e vem uma pandemia e desprograma tudo. Pois é. Mas não dá pra ficar só choramingando, estamos vivos e precisamos seguir nosso caminho. Que tal usar esses tempos sombrios para deixar o acaso acontecer e ampliar nossas perspectivas? afinal, as grandes descobertas aconteceram por acaso. Mas não se engane. Acontecer por acaso não é a mesma coisa que acontecer ao acaso. No cerne das novas descobertas, é certo que, -- antes -- alguém olhou com atenção à sua volta e percebeu o que estava "borbulhando" no momento. Ou seja, interpretou os sinais. A percepção é uma ferramenta tão antiga como o mundo: ela abre a mente e expande os horizontes. O poder da percepção oportuniza experiência, curiosidade, imaginação e acaso. Um estado de espírito chamado SERENDIPIDADE: a arte de encontrar o inesperado. 

-Marli Soares Borges-

sexta-feira, julho 23, 2021

UMA IMAGEM 140 - FIOS EMARANHADOS - BC405


Minha participação na BC proposta no Blog "Devaneios e Desvarios"




Fios de celular emaranhados!?! Sem novidades. Na vida, as conexões são exatamente assim: há momentos tranquilos e momentos bastantes confusos.

-Marli Soares Borges-