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sexta-feira, novembro 26, 2021

O TCHUCO

A valentia sumiu e a voz tremeu
Cuidado, ele está vindooooo...


- Marli Soares Borges



Eu sei que você não sabe, mas é dele que eu quero falar. 

"Tchuco" é o nome que demos a uma entidade sobrenatural que existe - "de verdade" - aqui no sítio e que aparece na mata, em noites de lua cheia, geralmente no verão. Todos daqui já o viram e cada qual tem um 'causo' espantoso, mágico ou inesquecível para contar. 

Eu também tenho.

Aconteceu em meados de 1995, 96, sei lá. Mas foi há quase trinta anos. Era tudo gente moça, na faixa dos vinte e poucos; menos eu, que beirava os quarenta.

Quando meu irmão mais moço, - bem mais moço do que eu - começou a contar as peripécias do Tchuco, os colegas dele não acreditaram. Talvez porque os 'causos' denunciassem a existência de um ser sobrenatural aqui no sítio, não sei. O fato é que eles achavam tudo muito estranho e impossível de acontecer. Mas meu irmão insistia: "gente é a mais pura verdade!" e os amigos insistiam em dizer que era pura conversa fiada. Ah é? pensam que estou mentindo? Cansei. Agora eles vão ver o que é bom pra tosse. Vou armar uma pegadinha e eles irão acreditar na marra. Me aguardem. E, com essa ideia na cabeça, meu irmão continuou a contar as histórias, mas passou a caprichar nos detalhes e, pacientemente, foi povoando de quimeras a memória e a imaginação do grupo.  

Há uma lei universal que diz que quando você estiver com medo, tudo vai te apavorar, qualquer som parecerá aterrorizante. E se você for realmente tomado pelo pavor, não haverá nada que possa ser feito, a não ser correr à toda velocidade até sentir-se novamente em segurança. Mas daí, o medo já atingiu uma intensidade tal, que você só quer saber de enfiar a cabeça num buraco e esquecer esse mundo cruel, rs.

Desta feita, meu irmão combinou com meu filho, então adolescente, para darem um cagaço naquela turma de marrentos. Na sequência, tio e sobrinho trataram de elaborar o cenário perfeito para que o susto "já chegasse assustando". Meu filho rapidamente convidou um auxiliar e sem demora, iniciaram os preparativos. Quem precisa de fantasias se tiverem sacos plásticos, lençóis, cordões e a cumplicidade perfeita dos avós para rápidas montagens e amarrações? Depois é só esperar a hora de agir: nem antes, nem depois, no momento exato. 

Favor prestar atenção aos elementos essenciais da história: medo, - muiiiito medo, - susto e pavor. E os ingredientes: noite de verão, lua cheia, campo, mata fechada, churrasco e cerveja. 

Na data combinada para o churrasco, os amigos chegaram eufóricos, prontos para se divertirem. O grupo era pequeno, pouco mais de quinze pessoas, tudo gente da cidade, ávidos por aventuras em cenários diferenciados e, claro! todos já sabiam da probabilidade de avistarem o Tchuco na mata, entre as árvores. 

A noite estava perfeita e a lua brilhava no céu. Nas noites de lua cheia, a luz é muito clara no campo, mas cria sombras assustadoras na mata. E a mata é um território de imaginações! Pois bem. O churrasco transcorreu de boas. Muita carne, muita cerveja e muita risada. Após a comilança veio a contação de causos de assombro. E mais risadas. Lá pelas tantas, pertinho da meia noite, quando as palavras não cabiam mais na boca, um deles lascou: "e aí, ninguém vai nos apresentar o Tchuco?" 

Meu irmão quase deixou escapar uma risadinha, mas conseguiu se conter a tempo e falou com a maior seriedade: vocês querem mesmo entrar no mato pra verem o Tchuco? Tudo bem, fica logo ali, após aquela clareira, e apontou com o dedo. Mas, já sabem, terão que ir sem lanternas, pois ele só se deixa ver na claridade da lua. Não irei com vocês porque tenho que cuidar das cervejas no freezer, pra evitar que congelem, rs.

Por óbvio, meu filho e seu amigo, - que conheciam o sítio como a palma da mão -, já estavam a postos, escondidos entre as árvores, devidamente paramentados, esperando apenas o momento decisivo para colocarem o plano em ação. 

Com rigor técnico, meu irmão preveniu os amigos que andassem em silêncio, prestassem bastante atenção no entorno, observassem os movimentos do mato e que, sobretudo, ninguém se dispersasse. Que ficassem todos juntos. Arrematou dizendo que se avistassem o Tchuco não haveria perigo: ele é uma criatura estranha, da noite, mas é do bem. E que ninguém precisava ter medo.

Medo? Ora, medo. Era só o que faltava! E por acaso alguém aqui tem medo do Tchuco? uma assombraçãozinha de nada? Quem vai ficar com medo é ele, isso sim! Criatura estranha? Nem vem.

E lá se foram eles, desbravadores, sorridentes, cheios de si, prontos para a grande aventura, talvez a única oportunidade de conhecerem um habitante do mundo sobrenatural. 

Para maior 'segurança', meu irmão foi com eles até um pedaço orientando sobre os cuidados que deveriam ter ao andarem de noite na mata, sem iluminação. Explicou que em alguns lugares a claridade da lua não entra devido a densidade das árvores, e falou sobre como se comportarem caso cruzassem com algum morcego desavisado. Já viram um morcego à luz do luar? E que não se assustassem com as corujas nem com os gambás que saem à noite para se alimentarem. Às vezes aparecem alguns bugios, mas são poucos. 

Recomendados, eles seguiram em silêncio, tão quietos que se ouvia a respiração. 

Assim que avançaram um pouco na mata começaram a ouvir uns estalos. Isso é nas árvores? alguém perguntou baixinho. Apuraram o ouvido e arregalaram os olhos. E começaram a sussurrar: ô meu, olha ali na árvore, que é aquilo? Olha ali, olha ali, tem uma coisa se mexendo ali atrás. Vocês viram o que eu vi, lá adiante? Gente... que é isso? Quéissuuu? Uns sons esquisitos que ninguém conhecia. Seriam sons sobrenaturais? Ou eram apenas os sons do mato e do campo? Seria o andar de algum animal noturno? E aquela sombra encostada na árvore? meu Deus. 

A poucos passos perceberam um movimento rápido como uma chispa. Mais adiante, outro, e mais outro. As chispas sumiam e voltavam e, no escuro, ninguém conseguia ter a menor ideia do que se tratava. E o medo, construído no solo fértil da imaginação, começou a agir. Mas ninguém falou nada, não queriam dar o braço a torcer. 

Foi então que a valentia sumiu e a voz tremeu: é ELE! e numa fração de segundo tudo aconteceu! Foram surpreendidos por um vulto que corria e saltava entre as árvores. Ora aparecia aqui, ora ali, como um relâmpago. Era uma figura esvoaçante e fluída, sem contornos específicos. Tinha uma aura misteriosa que pairava sobre sua cabeça como uma bruma, e seus rápidos movimentos cortavam o ar em manobras inesperadas de avanço e recuo. Um ser extremamente desafiador. Feito um sátiro. Ou um fantasma sem cor. 

A turma congelou. Que fazer, avançar ou recuar? 
C U I D A D O !  ele está vindoooo... 

E, pernas para que te quero!  

Foi um entrevero, uma gritaria como eu nunca tinha visto. Era gente correndo e se batendo, era gente correndo e atropelando os cachorros, era gente enveredando pra dentro das cocheiras e acordando os cavalos, era gente correndo sem rumo pelo campo aberto... um verdadeiro deus nos acuda. Até o galo se confundiu e começou a cantar. 

Aturdidos e incrédulos eles só pararam de correr quando chegaram novamente ao local do churrasco. Ninguém me contou, eu vi: eles tomaram um susto pra ninguém botar defeito! Simplesmente perderam o chão!

Depois do caso passado todo mundo desandou a rir. E ficaram ainda por um bom tempo morrendo de rir, uns da cara dos outros. Ninguém conseguia parar, nem eu. Minha barriga doía de tanto rir. Eu, meu irmão, meu filho e o amigo dele, ríamos por uma razão (você já sabe) e eles por outra. 

E a festa continuou por mais algumas cervejas e outras tantas risadas. Aos poucos, a turma foi pegando a estrada. (naquele tempo podia-se dirigir depois das cervejas). 

Foi uma noite memorável, uma grata e sorridente recordação. 

Não sei se alguém ficou sabendo da 'pegadinha', mas aposto que eles enchem o peito e, orgulhosos, contam pra seus filhos e netos, que numa noite de lua cheia estiveram cara a cara com o Tchuco, um ser sobrenatural, quimérico e desafiador. E que heroicamente sobreviveram. 

E que ninguém duvide, eles não estão mentindo. A mentira é outra; e foi armada em cima de uma verdade que ninguém queria acreditar. E isso é coisa que se faça? Não sei, mas fizeram, e eu vi a cena e os bastidores. E por falar em verdade, onde andará o Tchuco que há tempos ninguém vê? 


* * * * * * * * * *

quinta-feira, setembro 16, 2021

MEU REINO PRA REVER AQUELA TARDE


A Igreja era tão grande, mas tão grande que...

De tempos em tempos começo a fuçar nas minhas lembranças e aparece cada uma! 
O que vou contar é uma história boba, sem a menor graça, mas aconteceu comigo e está na minha cabeça há décadas. E cada vez que lembro, fico com uma pulga atrás da orelha. 


Eu devia ter uns cinco ou seis anos e morávamos - eu e meus avós - numa casa afastada da cidade. Meus dois únicos amigos, Elisa e Marquinhos, moravam na casa ao lado e eram irmãos, lembro deles até hoje. Costumávamos brincar no quintal da minha casa. Mas naquela tarde não teve brinquedo de pega-pega, estava muito calor e o sol fritando. Então resolvemos dar um passeio: visitar a igreja que estava sendo construída ali na esquina, dois terrenos depois. Passamos por debaixo da cerca e saímos escondidos, pois estávamos proibidos de pisar fora do nosso local de brincar. Chegamos na construção e ficamos embasbacados: a igreja era tão grande, mas tão grande que me deu até um arrepio na espinha, parecia que a gente havia encolhido. Olhamos para cima e nosso olhar se perdeu nas alturas. Mas, corajosos, seguimos em frente, pé ante pé, olhos arregalados e bico calado. Todo cuidado é pouco. 

Foi então que vimos os respingos... Pior! sentimos uma saraivada de gotas grossas, milhares, de um vermelho intenso que mais parecia... sangue. Como assim? ninguém está machucado, ai meu Deus, e agora? por que fomos sair escondidos? onde se viu entrar numa igrejona assim, sozinhos? E se tiver um vampiro na tocaia? ou uma alma do outro mundo? por que não ficamos brincando como sempre no nosso santuário? Olhamos pra todos os lados e nada, nenhuma viva alma, um silêncio mortal. E o medo tomou conta de nós. Apavorados saímos dali à toda velocidade, correndo a mil, debaixo daquele sol escaldante. Cheguei em casa alucinada, no maior suadouro e lembro que minha vó me abraçou e não disse uma palavra, apenas secou meu rosto, me deu um pouco d'água e esperou até que eu me acalmasse. Mais tarde ela pediu pra eu contar "tudo", mas não havia nada para contar. Ninguém tinha um arranhão sequer, ninguém sentiu nenhuma dor e ninguém viu nada perigoso. Pensei, pensei e a única coisa real que vimos, uns nos outros, foram uns respingos vermelhos nas nossas roupas. E era coisa pouca. 

Por causa desse "passeio" escondido, fiquei de castigo um tempão sem brincar com meus amigos (que também ficaram de castigo).

Não tem mais minha vó, não tem mais Elisa, não tem mais Marquinhos e minha casa de menina não existe mais. Fecho os olhos para ver melhor e... ah, como eu queria colher margaridas com minha vó, uma vez só, só mais uma, naquele canteiro tão lindo que ela plantava e cuidava com tanto amor! 

Faz bem uns trinta anos que passei por lá novamente, queria rever um pedacinho da minha vida. E avistei a igreja. Sim, ainda existia, desgastada pelo tempo. E para minha surpresa, era uma igrejinha minúscula, pouco mais que uma capela. Meu olhar infantil viu além da aparência e o medo deve ter completado o 'serviço', rs. Quando lembro desse 'causo' sempre acho que falta alguma coisa. Pode ser que nessa volta à infância, minha memória tenha esquecido ou inventado algum detalhe, afinal não sou mais a mesma que vivenciou a história. Meu reino pra rever aquela tarde, em todos os detalhes e saber exatamente o que aconteceu! 

Gosto muito dessas lembranças pueris que a memória me faz reviver. Além da vitalidade que me trazem, representam para mim um alento, uma distração, um refúgio nos dias da minha velhice.

- Marli Soares Borges -

domingo, junho 15, 2014

DA SÉRIE GATICES III



dongo lixo



A gente nunca sabe quando faz as coisas certas na vida. Mas hoje, agora, nessa noite fria, nessa umidade que gela até os ossos, comecei a matutar... às vezes a gente sabe sim. 

Enquanto vou digitando e o Nilton vai acompanhando mais um jogo da Copa na TV, o Dongo - aquele gatinho pretinho, meu netinho peludinho - está na caminha dele, embaixo do split, aproveitando o calorzinho e dormindo um soninho legal. Ele está tranquilo, de barriga cheia, com a saúde em dia, amado e protegido. E ele sabe disso, ele sente, tenho certeza. 

Mas se o Dongo vive aqui na terra, num céu assim tão azul, é porque minha nora, num ato de coragem, enfrentou uma situação inusitada e o resgatou do inferno. Para quem não sabe, vai um resuminho básico: ano passado, ele era apenas um micro gatinho, poucos dias nascido e lá estava, desesperado de fome... jogado no meio do lixo! Abandonado como um objeto sem valor. 

Quando boto os olhos nele e começo a pensar, e me dou conta do que poderia ter-lhe acontecido, me arrepio até os dentes. Certamente se estivesse vivo esse gatinho tão amável, estaria sofrendo todos os tipos de atrocidades nas mãos de crianças estúpidas e grosseiras e de adultos ignorantes. Ainda bem que, para ele, a história teve outro desenrolar. Mas não posso deixar de pensar nos outros, seus irmãos de ninhada, meu Deus, como é possível isso? Como permites que os animais dividam seus espaços conosco, suas existências conosco e você os coloque assim no mundo, tão indefesos, sempre à nossa mercê? Não entendo, e quer saber? entro em parafuso com esse pensamento. Ao mesmo tempo, me parece impossível que um ser vivo, completamente indefeso, possa ter sua vida vilipendiada assim, vítima inocente da perversidade humana. 

No caso especial, - do Dongo - ainda me incomoda saber que essa gente imunda escapou impune, mas infelizmente não foi possível identificar ninguém. E vai me batendo uma amargura... então, antes que me dê aquele banzo pelas injustiças do mundo, vou largar o computador e bater uma fotinho legal. Taí a foto, pra você ver a mordomia. E eis que uma sensação de serenidade toma conta de mim. É. Não se pode fazer tudo por todos, quem me dera, mas o ideal sempre irá se contrapor ao real. É mais ou menos como o bem e o mal. O mundo é assim, por mais que nos custe reconhecer. E nem pense em dizer que estou sendo maniqueísta. Não mesmo.

Mas como eu estava dizendo, algumas coisas a gente acerta. E minha nora acertou. E hoje em dia não me imagino mais sem esse netinho peludinho. Esse gatinho pretinho e... gordinho. E de regime! Um discreto regime, rsrsrsrs... que é para não perder a forma, rsrsrsrsrs! 

- Marli Soares Borges -

quarta-feira, abril 30, 2014

DA SÉRIE GATICES II


Vida dupla, coisa de humanos? Sei não.

Mondongo Borges
“Gatos são pessoas misteriosas.
Há mais coisas passando naquelas mentes do que nós podemos imaginar” 

(Sir Walter Scot)


Ontem o Dongo só veio aqui à noite e confesso que eu já estava com saudades. É a primeira vez que vejo um gatinho vivendo uma vida assim, morando em duas casas. Admiro a desenvoltura com que ele transita nesses dois universos. Mas eu queria mesmo era saber o que ele pensa, tenho certeza que pensa, e muito. Quando ele me olha com aquele olhar dourado e "arruma" suas orelhinhas, é óbvio que está pensando. Aqui um parêntese, preciso dizer uma coisa, apesar de eu ser avó, é a primeira vez que convivo com um gatinho. Por isso, tantas novidades, (sim ainda existe primeira vez para mim, rsrsrsrs.)


Nossa, como ele dorme, fico abobada. Outra coisa, tenho certeza que ele confia em nós, mas ao mesmo tempo ele me parece tão desconfiado. Ouvi dizer que os gatos são assim mesmo, desconfiados e dorminhocos. O Nilton diz que ele é assim porque é um felino e um caçador nato. Um caçador? Essa é boa, diz o Mateus. Caçador que não caça, que só come e dorme! Nunca vi.


Na minha opinião, o Dongo é muito mais que um caçador ele é um gatinho superespecial, um frajolinha muito fofo que me faz companhia todas as tardes. Batemos longos papos, mas eu sempre acabo falando demais, avemaria, como falo abobrinhas! E ele fica ali me ouvindo, com toda a paciência do mundo, e ainda faz "zóinho" para mim. E depois suas pupilas se dilatam e ele me encara, e ele sabe que esse olhar amolece os corações mais duros. Óbvio que não resisto, eu morro! Abraço-o, e então eu posso ouvir aquele ronronar baixinho, como um motor.


Ora se ele fosse somente um caçador, agiria assim? Jamais. Quer saber? Desde que ele me ensinou seu código secreto, eu descobri que na verdade, ele até pode ser um felino-caçador, mas antes de tudo, é um grande filósofo, uma criatura cativante e mágica. Suas palavras são poucas, mas incrivelmente objetivas e abrangentes, -- sim, eu sei que isso é próprio dos sábios--. A senha é singela: "MIAU". Com um simples miau e algumas entonações específicas, ele diz tudo o que precisa ser dito!


Ele anda pela casa atrás de mim, sempre. E só bebe água direto da torneira, água no potinho não tem vez. E se fico aqui no computador, ele me acompanha, e se me descuido ele vai direto para o teclado, porque acredita que tudo que existe por aqui faz parte de seu acervo pessoal. E alguém por acaso, ousa duvidar? À noite quando me sento para ver TV, ele se instala no meu colo, e fica ali atiradaço, até a hora de voltar para casa.


É. Mas nem tudo são flores e ele adora mordiscar as folhas do bonsai do Nilton. Nossa, tive que tirar de circulação, imagina só quem morre, se o Dongo detonar um bonsai de 33 anos?!


Minha filha diz que os animais também têm seus carmas e dharmas e eu acredito que sim. Até porque o Dongo é um caso típico de dharma: a Michelle o encontrou no lixo, um micro-gatinho, todo enlameado, no portal da morte. Então, tem gente que diz que ele tirou a sorte grande, pois agora tem uma família, pai, mãe e avós, que lhe dão afeto, amor e atenção. Mas eu sei que essa sorte não foi só dele. Também nós, eu e Nilton, Mateus e Michelle, fomos premiados com esse bilhete.

- Marli Soares Borges -



Em tempo: Só para esclarecer: o Dongo é "filho" da Michelle e do Mateus. E o nome oficial dele é Mondongo Borges - https://www.facebook.com/mondongo.borges?fref=ts

sexta-feira, abril 25, 2014

COMUNICAR É SEMPRE UM DESAFIO

Marcas de batom no espelho

Numa escola, não sei onde, estava ocorrendo uma situação inusitada: algumas meninas, todos os dias beijavam o espelho para remover o excesso de batom, e isso dava uma trabalheira dos infernos para o zelador fazer a limpeza. E no dia seguinte, tudo de novo, lá estavam as malditas marcas. O diretor, indignado, juntou as meninas no banheiro e explicou pacientemente que era muito complicado limpar o espelho com aquelas marcas que elas faziam. Adiantou? Nadinha. No dia seguinte, tudo igual, as marcas de batom no mesmo lugar. Bom, aí o diretor se irritou e resolveu mudar de estratégia. Reuniu as meninas no banheiro e chamou o zelador para que demonstrasse a dificuldade do trabalho. O zelador, calmamente, pegou um pano, molhou no vaso sanitário e passou no espelho. Maravilha! Como num passe de mágica as marcas de batom sumiram instantaneamente! Pois é. Às vezes, precisamos diversificar os métodos para alcançar os resultados.
  • Bondade que nunca repreende, não é bondade: é passividade.
  • Paciência que nunca se esgota, não é paciência: é subserviência.
  • Serenidade que nunca se altera, não é serenidade: é indiferença.
  • Tolerância que nunca replica não é tolerância: é imbecilidade.

Beijos
Marli


Em tempo: (pra variar, rsrsrs) Encontrei vários textos em diversos sites da internet, com inúmeras autorias e outras tantas versões, cada uma diferente da outra. Então APROVEITEI APENAS A IDEIA e escrevi do meu jeito. Espero que gostem.

segunda-feira, abril 14, 2014

PARA QUEM PENSA QUE VIAJAR DE AVIÃO É BELEZA PURA


Nos aviões deveria ser assim, mulheres, maridos e crianças para cá e os outros para lá. E não tudo junto, misturado como acontece. Deveria haver uma área sem crianças, ou melhor dizendo, uma área só para crianças, principalmente nos trechos longos. A paz reinaria e o berreiro dos pirralhos não atormentaria as pessoas inocentes que viajam -- mal, cada vez pior -- nos aviões. Ontem viajei para Teresina, Piauí. Vim de Porto Alegre - RS, viagem longa, conexão em S.Paulo e quase quatro horas esturricada num avião da Gol que é disparado, a pior das companhias aéreas, mas tudo lotado, que fazer? No segundo trecho, quando vi aquele batalhão de crianças e bebês de colo esperando para embarcar, literalmente gelei! Me deu uma intuição... olha se pudesse teria desistido ali mesmo pois não é a primeira vez que sofro com creches a bordo. Não adianta disfarçar, no avião criança incomoda e enche o saco demais, exatamente como aconteceu. A viagem foi insuportável, uma sinfonia de berros e chorinhos estridentes que ninguém merece. Um berrava daqui e outro respondia de lá e os maiores aproveitavam o embalo e gritavam também, (isso quando não se agarravam a tapas, sem falar nos chutes na poltrona, e nas conversas que extrapolavam os decibéis, eu vi e ouvi, bem ali na minha frente). Os papais e mamães enlouquecidos, coitados, naquela hora, vai fazer o quê? Gente, era berro, não era chorinho fofo. O voo inteiro, um inferno. Da próxima vez, se eu avistar uma creche na fila do embarque, juro que não viajo.

Outra coisa que não entendo: os(as) malas com as malas! Tem uma pá de gente-mala que literalmente embarca trazendo a casa nas costas. Ora, ali mesmo na fila dá para perceber que as bagagens não irão caber no lugar destinado na aeronave. Mas a tripulação não vê, ou faz de conta. E deixa passar. Depois lá dentro do avião é um deus nos acuda. Sei lá, parece pirraça com os infelizes -- como nós, meu marido e eu -- que pacientemente despachamos nossas bagagens.


Semana passada quando retornamos de Caldas Novas, (de Azul), embarcou uma mala, ops uma mulher, jovem, bonita e bem vestida. Dá só uma espiada na bagagem da dita cuja: uma malona, uma sacolona, uma sacolinha e uma bolsona e ainda por cima outra sacola -- linda, tenho que reconhecer -- com um presente comprado em boutique. Não deu outra, o avião lotadaço e a mulher ali, no 26, trancando a fila. Simplesmente não havia lugar. E eu sentada mais atrás, no lado oposto, observando. Entrei antes sou prioridade, oras. Sabe o que ela fez? Jogou, de qualquer jeito as tralhas por cima do banco, a malona no chão, em pé, porque não coube deitada e a bolsa e sacolas no colo de uns caras da frente que se ofereceram para ajudar. E se aboletou na cadeira da janela, com as pernas levantadas, avançando no banco do meio, atrapalhando e tirando o lugar da pessoa ao lado, uma senhora de meia idade. Óbvio, o voo atrasou, porque daí então a comissária viu o caos, e não sabia o que fazer. Acabou que a tal mulher ainda foi privilegiada! Acredita? Pois é, ela e suas tralhas viajaram muito bem obrigada. Foram acomodadas nos lugares especiais, que estavam vazios, em consideração aqueles que pagam mais caro pelo espaço extra. Brazzziiillll, zil, zil, zil.

Por hoje é só. Outro dia contarei mais algumas historinhas que testemunho, em pleno voo, no espaço indevassável das aeronaves.

Beijos a todos.
Marli

Créditos: imagens retiradas do Google.

quinta-feira, março 06, 2014

DE URUBU E URUCUBACA


Jamais pensei que acreditaria em olho gordo. Até o dia em que acreditei.

Naquele tempo - minha adolescência - era moda as pessoas decorarem o interior de suas casas com plantas ornamentais, principalmente samambaias, plantadas em vasos suspensos, -- aliás, ouvi dizer que a moda está voltando. E vovó tinha várias, e cuidava de todas com amor. Mas havia uma que se destacava, parecia uma renda e era a mais linda de todas. De um verde brilhante era uma planta adulta, forte e saudável. Até que um dia, se não me engano, num sábado, bateram palmas lá fora e vovó correu para atender. Era a vizinha do lado que viera conversar um assunto importante, sei lá... Só sei que assim que ela deu com os olhos na samambaia, desdobrou-se em elogios: coisa mais linda, como você consegue? Deus, ela é toda rendada! Olha, estou maravilhada, esta sim ficaria bonita na minha sala, você me dá uma muda? Claro, disse vovó, assim que 'brotar', farei a muda para você. E a vizinha falava no tal assunto importante e voltava a elogiar a planta. E vovó, que no início estava feliz com os elogios, passou a sentir-se meio desconfortável, com um não-sei-quê de aflição que não conseguia entender, e por isso foi tratando de 'despedir' a visita. Ufa, graças a Deus ela foi embora, suspirou vovó aliviada. Na sequência, entramos na sala e... bom, aí, tomamos o maior susto. A folhagem antes viçosa, jazia agora murcha, A-CA-BA-DA, nem sombra do que fora há poucos instantes! Não conseguimos recuperá-la de jeito nenhum. Estava mortinha da silva e seu destino foi o lixo. E vovó ficou inconsolável.

Verdade, gente.

Olho gordo, disse vovó, inveja da braba, isso sim! Jogou urucubaca em mim e matou minha folhagem! A inveja é uma tristeza, minha filha! Fuja das pessoas invejosas. Valha-me Nossa Senhora!

Guardei aquele episódio na memória e durante muito tempo acreditei em olho gordo. Hoje em dia, não mais. Aprendi que a inveja cumpre sua sina é no coração dos invejosos. Puxa vida, que tipo de gente é essa, que não consegue suportar o sucesso e a felicidade dos outros? Para quê, carregar no olhar esse roubo de energia vital? Dúvidas, sempre dúvidas. Contudo, a idade avançada clareou em mim algumas coisas e penso que embora a inveja mate -- como vovó passou a me catequizar pela vida afora --, ela (a inveja) não tem tanto poder assim. Temos mais é que enfrentá-la com armas de longo alcance: alegria, senso de humor e firmeza. Não vejo a menor necessidade de esconder as coisas novas, o sucesso, e muito menos os dons pessoais que desenvolvemos ao longo da vida. E nada de falsa modéstia também. O ingrediente básico é um só: o bom senso. É assumir -- com firmeza e merecimento -- as riquezas que nos pertencem, mas por outro lado, não pegar carona na ingenuidade e sair por aí alardeando sua vida, seus projetos e esperanças. E por favor, sem ostentações, ok? Assim você acaba atiçando a inveja dos outros!

Xô urubuzada! A urucubaca não me pertence!

Talvez vovó pudesse ter saído ilesa daquele olho gordo, se tivesse conseguido cortar o padrão vibratório da invejosa, usando e abusando do senso de humor, da alegria e da presença de espírito, virtudes que sempre foram tão marcantes em sua personalidade. Mas ela se deixou tocar pelo medo e ficou sem ação.

-Marli Soares Borges -
* Nada contra os urubus (as aves não têm culpa de nada, rsrsrs)

segunda-feira, fevereiro 10, 2014

UM SONO QUE NÃO É SONO


Millôr disse que estamos condenados à esperança. Concordo. Uma das mais assustadoras sentenças condenatórias que poderíamos receber no processo da vida, é a esperança. Do verbo esperar, bem entendido. Os que recebem tal sentença, a menos que apelem para a Luz, restarão invariavelmente aprisionados na estagnação pessoal e social. Eles simplesmente desistirão da viagem, "na véspera de não partir nunca, ao menos não há que arrumar malas", ah, meu amigo Pessoa, você foi direto na jugular! Tenho medo dessa esperança "pirata", essa bruxa perversa que sufoca e aprisiona as pessoas numa prisão insalubre. Deixa você fora do ar, dormindo... eternamente. Inerte como naquele filme, onde o gigante deitado em berço esplêndido, espera não sei o quê. Dorme um sono pegajoso, que não é sono, é uma absurda inação. (Esse filme costuma passar muito por aqui). Mas, fora da prisão, a vida segue outro rumo. Na liberdade as pessoas enxergam a Luz! Livres da esperança "pirata" todos têm plena capacidade de agir e fazer acontecer! Animam-se a lutar, a viver e a buscar. Porque sabem que, longe da inércia, há possibilidade concreta de conquistarem os sonhos possíveis. Isso é o que eu chamo, gozar os efeitos da verdadeira Esperança, aquela do verbo esperançar. Um santo remédio, como diria minha esperta avó.
- Marli Soares Borges -

sábado, junho 11, 2011

EM BANHO-MARIA

Olá turma,

Poucas vezes encaro a direção do carro. Por uma questão de foro íntimo: não gosto de dirigir. Ainda mais nesse trânsito maluco. Meu marido, filhos, genro e nora dirigem para mim. Dirijo só por necessidade. Logo, nunca considerei a hipótese de dirigir a caminhonete de minha filha. Quando ela me falava, mãe é mais fácil pra ti, experimenta, é tudo automático, tu não tens que te preocupar com nada e blablablá, eu recorria a todos os chavões pra encerrar o assunto: só dirijo o meu peugeot. Ponto. E quando eu quiser. Ponto. Pra que vou pegar essa enorme caminhonete, sem embreagem? Sem mudanças? Tô fora.

Hoje, depois de ter dirigido, por absoluta necessidade, durante uma semana inteirinha, a tal caminhonete, já penso diferente. Quer saber? Amei! Moleza, é só cuidar o volante. Um legítimo carro de preguiçoso, rsrs. Acelero e ela anda; freio e ela pára. E na subida, arranca sem descer um centímetro para trás. (Seguinte: esse é um segredo que conto só pra você, pois pretendo continuar no meu embalo de sempre, com motoristas e tudo o mais, hehe).

Chega de papo furado. Falei, falei e não contei o que me levou a encarar a direção com tanto empenho. Olha só. Meu marido aprontou. Esse verbo aí fica por conta da minha netinha: "Ô vô, que foi que tu aprontou?" Malandra. Rsrs.

Ele quebrou a perna direita em cinco lugares. C i n c o. Ninguém merece. Segunda vai direto pra cirurgia. Estamos no maior sufoco, rezando, pedindo a proteção divina. Que coisa, ele estava aqui no sítio, simplesmente caminhando, quando trancou o pé na raiz duma árvore, o corpo alavancou e pimba! Agora? Bom, agora os cuidados necessários. No mais, ele precisa de duas coisas básicas: espaço pra espichar a perna e... motorista! Tsc, tsc. Sentiu?

É neguinha, chegou a tua vez. Hora de arregaçar as mangas e carregar o marido pra lá e pra cá, enquanto for necessário. Onde? Na caminhonete, oras! Com aquele espação não tem perna que aperte. Ainda bem que a Hilux SRV - é esse o nome dela - já me tranquilizou: vai me levar pra onde eu quiser, é só acelerar e frear. Touché.

Moral da história: "nunca despreze a caminhonete de sua filha, um dia teu marido pode aprontar, e você vai precisar umas caronas, e então...".

Beijos a todos

segunda-feira, novembro 22, 2010

ÚTIL E AGRADÁVEL

Olá!

A novidade dessa semana é que estou em Recife, eu e meu marido, à beira-mar, no 13º andar. Uma vista privilegiada para o mar, e que marzão! Mas estamos trabalhando direto, eu na minha, e ele na dele, óbvio. Temos muito o que fazer, haja fôlego.

Gosto tanto de Recife, tanto mesmo, que às vezes me pego sonhando em morar por aqui. Rejuvenesço, nem sei porquê. Acho que é o ar, sei lá..., a praia que adoro. Recife é um lugar lindo, (eu acho!) cheio de pessoas circulando, alegres e sorridentes, em férias, soltando a franga. Gente interessada apenas em se divertir e gozar o descanso merecido. E, embora estejamos aqui para trabalhar, esse ar praiano e esse hotel maravilhoso já é um plus. Cidade litorânea é outro departamento, outra energia.

Praia?

Só vi de longe, hoje cedo, da janela do hotel. Nosso dia de praia será na quinta-feira e iremos a Porto de Galinhas. Talvez a gente dê uma chegadinha em Carneiros também. Tudo vai depender da nossa disposição. Já estivemos lá, em outras oportunidades, mas faz tempo. Agora iremos novamente, dar uma conferida.


Chegamos aqui em Recife ontem, domingo, e, à noite, da minha janela, avistei a famosa feira de artesanato da Boa Viagem, (que adoro, o hotel fica bem pertinho), mas não fomos lá. Dava tudo pra ter ido, mas o cansaço falou mais alto. E hoje, segunda, teriamos que ir trabalhar muito cedo. Mas parece que terça abre à noite. Então iremos, se Deus quiser. Pretendo bisbilhotar tudinho.

Bom, como já deu para perceber, não tive tempo pra escrever nada hoje, sorry, passei o dia ocupada no trabalho, o dia inteirinho lendo processo. Depois do passeio de quinta é que começarão as novidades, mas só vou contar quando voltar. Aguentaí. Faço um relatório superdetalhado, ok? Mas hoje, realmente precisei dar uma alavancada num caso complicado, afinal, foi por isso que o cliente me chamou. Retorno aos pagos sábado à tarde.

Beijos

quinta-feira, outubro 21, 2010

TOMOU AÇAÍ, FICOU.

Olá!

Já te contei? Estou em Belém, no Pará. Fugi um pouco do frio. Uma semaninha só, mas está valendo demais! Estou me sentindo tão bem. Esse lugar me tocou profundamente. É um lugar lindo, seguro, a comida é ótima e oferece um misto de natureza e civilização. É frequentado por pessoas simpáticas e despojadas. Quero voltar, com certeza. Desde que cheguei tenho saboreado o energético açaí paraense. Genuíno, puríssimo. Típico da região. Muito bom! Diz que os antigos costumavam anunciar: “Quem vem ao Pará, parou; tomou açaí, ficou”

Falando em açaí, preciso dividir com você uma coisa que não me entra na cabeça. Escuta só. Pra uma parcela expressiva da população pobre, o açaí é um alimento, às vezes, a única refeição forte do dia. As crianças, na falta do leite, bebem o suco na mamadeira. Beleza? Nada! Elas bebiam. Pois fiquei sabendo que hoje em dia, os paraenses estão comendo menos açaí. Está muito caro, eles não podem comprar. Você consegue entender isso? 

Por Deus, a gente sabe que o mundo não é justo, que as coisas são assim como são. Mas eu me pergunto: porque puxar o tapete dessas pessoas? Exigências de mercado? Olha, eu não entendo nada desse assunto, mas quando acontece esse tipo de coisa, acho que o mínimo que se pode fazer é procurar soluções para amenizar a situação. As crianças já não podem tomar leite, e agora nem açaí? A riqueza da região está indo embora? Como? Porquê? 

Pra não falar besteiras, tratei de me informar e veja só. Há cerca de dez anos o gosto e as propriedades medicinais do açaí invadiram as academias e praias do Rio e São Paulo. Na onda da eterna juventude e da saúde total, o açaí acabou entrando direto na dieta dos naturalistas, atletas e idosos. Os Estados Unidos e a Austrália importam cada vez mais. Resultado? O açaí ficou tão popular que acabou elitizando-se. Atualmente é oferecido (misturado) em quase todos os Estados brasileiros. E como sobremesa. (Puro mesmo, só direto na fonte, onde estou agora).

O New York Times numa excelente matéria assinada por Seth Kugel, mostra como o açaí é consumido no Pará, no Rio de Janeiro e nos Estados Unidos. Ele comprovou o que os paraenses já sabem e sentem na pele: o preço aumentou com a exportação

Para ir ao site do The New York Times e ler na fonte – pode clicar aqui. Nessa mesma matéria tem um slide show, de onde eu colei as duas fotos que estão aí em cima. O link das fotos pra você ir direto, está aqui.

Leia sobre as propriedades medicinais aqui.

Era isso. Beijos. Fui.

sábado, outubro 16, 2010

CARTÃO DE VISITAS

Olá!

Ontem acompanhei meu marido numa pequena viagem, a trabalho. Já falei pra você, adoro viajar de carro. Passo Fundo fica a pouco mais de 300km de Porto Alegre. Saímos de manhã bem cedinho e às 14h30h iniciamos o retorno.


Beleza! Trânsito tranquilo. Às 18h já estávamos chegando em Porto Alegre e, pelo pouco que faltava percorrer, calculamos que, no máximo, em uma hora estaríamos em casa. Era isso. Mas, esquecemos um detalhe: o suplício que é chegar em Porto Alegre, via Canoas! A entrada da capital, a essa hora, é um péssimo cartão de visitas. Uma tristeza, o trânsito simplesmente não anda. Dá nos nervos. Nas proximidades do Aeroporto Salgado Filho, bateu a aflição: todos os carros do mundo estavam ali parados e, descobrimos que não há uma ruazinha lateral pra gente fugir. Misericórdia.

Aí você anda mais um pouco e dá de cara com um dos motivos daquela tranqueira toda: o viaduto Leonel Brizola. Desde que foi entregue --em 2008--, esse viaduto vem aumentando os transtornos no trânsito. Os taxistas até o apelidaram de "Viaduto da Tranqueira", "Viaduto da Politicagem", pois essa construção nada mais é do que um elefante branco, pra passarem três ou quatro carros em cima. E o problema pontual, que há muito pede solução, continua atirado às traças. Quem está chegando à Porto Alegre, por essa via de acesso, sinceramente, tem vontade de voltar. Mas se você chegou até Canoas, esqueça, você agora está no brete, e isso quer dizer que você não pode nem sequer arquitetar um plano de fuga. Portanto, aguentaí.

E, pra completar, embaixo do tal viaduto ainda colocaram semáforos! Vai ver pra solucionar aquela tranqueira constante, os doutores do trânsito pretendiam mesmo era colocar os tais semáforos, mas pra não fazer feio perante os usuários com uma solução tão ingênua, resolveram construir um viaduto. Rsrs!! É pra matar!!! Haja saco. Eu falei doutores do trânsito? Ops. Desculpe, acho que me enganei. Mas você sabe muito bem a quem me referi.

Só pra constar: chegamos em casa às 22h! É mole?

Beijos e um ótimo final de semana.

quarta-feira, setembro 29, 2010

UMA GELADA

Olá, todo mundo

Em julho passado estávamos no aeroporto, no Rio, voltando pra casa, meu marido e eu. Um movimento absurdo, tumultuado, check-in quilométrico. Entramos na fila. E pra completar, bem na nossa frente, uma garota de casaco verde, completamente sem noção, estava aos berros no celular. Falava pelos cotovelos, quase surtando. Puxa vida. Aí lembramos das prioridades. Que babaquice a nossa amargando por aqui nessa doideira! E lá fomos nós para a fila privilegiada. Yess! Só meia dúzia de velhinhos e duas gestantes gravidíssimas. Ufa, daqui a pouco estaremos livres e vai sobrar tempo até para um cafezinho. Beleza. :))


Gente, pura enganação. A tal fila simplesmente não andava. Cadê o atendente? Sumira. Ao reaparecer, entregou os documentos para o primeiro da fila e passou a atender o próximo, ops, a próxima, uma das grávidas. Levou um tempão, falando, gesticulando, pegou alguns papéis e... aff, sumiu de novo! Muito, muito tempo depois ele retornou. A passos lentíssimos, ostentando a mais genuína indolência.

E a gente ali, esperando, em pé, na fila. Enraizados. Lá pelas tantas, quase arranquei meus cabelos, você nem imagina quem passou zunindo por mim. A tal garota do casaco verde! Bom, a essas alturas meu marido bufava. Misericórdia. Será que atiramos pedras na cruz? Olhei para a ex fila. Continuava enorme mas, adivinha, ela ANDAVA!!! Esse era o lance. A fila andava.

Abro um parêntese gigante: fico muito irritada com a burrice alheia. Sabe quem estava atendendo o check-in dos idosos? Um idoso. Sem problemas se ele tivesse experiência no babado. Mas não! Pelo que pude observar ele era completamente inexperiente, a Lentidão em pessoa, uma tartaruga cansada. Ah, tá rindo né... mas naquele momento eu queria ... bom deixa pra lá. Rsrs. Sei que atender prioridades não é mole, por isso mesmo, esse tipo de serviço exige atendentes ágeis, espertos e experientes. E, vamos combinar, de preferência jovens, com mais energia pra aguentar o pique. Stop. Não vou falar mais. Só de lembrar acabo me irritando e enchendo tua paciência. Eita burrice: pesa muito raciocinar? Fecho o parêntese gigante.

Tenho notado que o atendimento às prioridades não está sendo respeitado como deveria. O objetivo de diminuir o tempo de espera, em respeito às limitações humanas, está, aos poucos, esvaziando-se. E nós estamos permitindo, aceitando, avalizando. Cuidado o efeito bumerangue!!!

Fica aqui o alerta: Reclame. Se ninguém atender, reclame mais alto. Se não conseguir, chame a polícia (discretamente, senão eles arrumam rapidinho e dizem na sua carinha que você está mentindo). Registre um B.O. e siga em frente. No Judiciário, como eu fiz. Lei é lei. Chega de ser bobo da corte.

Beijos

segunda-feira, julho 12, 2010

O OUTRO LADO DA MOEDA

Olá!

Não tem coisa pior do que esperar. Ressalvando-se a gravidez, todas as esperas são terríveis. Era assim que eu pensava, e na minha juventude, sempre odiei o verbo esperar. Mas veja você como são as coisas. Pois não é que fui casar justo com um homem que tem uma profissão que o obriga a viajar? (Quando casei não era assim, mas ele terminou a faculdade e então... grrrr). Bom, das duas uma, ou eu aprendia a esperar ou me ferrava.


Fazer o quê, preferi aprender. Posso dizer que conheço o verbo esperar em todas as suas nuances e declinações. Espero no frio e no calor. Espero de manhã, de tarde, de noite, de madrugada. Sou Phd em esperar. O aeroporto é minha segunda casa. Sei tudo sobre saída e chegada de aviões. É lá que me instalo, eu e meu arsenal variável: às vezes livros, palavras cruzadas, lap, revistas... E, de quebra, instalo também o meu olhar panorâmico! Gosto de observar o ir e vir das pessoas e suas atitudes. Tenho histórias para contar.

Toda semana estou no aeroporto esperando meu príncipe (des)encantado, rsrs! E sei que ele chegará saudoso, louco pra ir pra casa e retomar a convivência comigo, nossos filhos e nossos netos. (E nossos cachorros também!). Assim que ele chega, tem beijo e um baita abraço e a gente segue até o carro. Agora falta pouco. Logo, logo estaremos novamente em nossa casa. É sempre assim, essas coisas ninguém muda, hehe.

Se gosto desse modus vivendi? Gosto. Aprendi a tirar de minhas circunstâncias o que de melhor elas têm pra me oferecer.

A convivência nesses moldes está muito longe de ser um castigo. Tenho tempo livre para alimentar meu espírito, para trabalhar, ler, pensar, planejar, enfim fazer tudo o que me der na telha. E não posso negar que essa separação forçada traz mais saudades e estimula nossos reencontros. E, decididamente deixamos de lado as mazelas diárias, preferimos aproveitar ao máximo o tempo que temos para ficar juntos e conviver com nossos afetos. É a velha história: a vida é uma só, hehe.  (O portão eletrônico estragou, o micro deu pau? Isso a gente fala e resolve depois, durante a semana, por msn, telefone, sei lá. Os problemas vão surgindo e a gente vai resolvendo. Easy. Mas por favor, sábado e domingo, definitivamente não!!)

O chato de viver assim, (boa parte do tempo um lá e outro cá), é que muitas vezes a gente deixa de compartilhar aniversários, aquele filme especial, etc, coisas banais que compõem a vida de um casal.  Mas tudo tem um preço.  Licença, vou ter que parar, o príncipe tá chegando, tchau!!!

E você, já passou por alguma experiência semelhante? Que acha?

Beijos.

quarta-feira, julho 07, 2010

O QUE ME FEZ UMA BLOGUEIRA?

Olá todo mundo!

Ganhei da amiga Denise, do Blog Tecendo Idéias, um selinho muito esperto. O Blog da Denise é um cantinho encantador, recheado de coisas boas de ler. Você não pode deixar de dar um pulinho , pra conhecer.  Obrigada, Denise! Um beijo grande.

O selinho você encontra postado na GALERIA, ao lado, na side bar. É só clicar em selinhos e pronto! 


* * *

O QUE ME FEZ UMA BLOGUEIRA?

Um blog? Eu? Ora blogs! Nunca imaginei.

Pensando bem, eu sempre tive uma quedinha pra essa vida blogueira. Gosto de ler e escrever, gosto de computador e gosto de internet, então... mas daí a ter um blog, bem aí é outra história.

Era muito grande a minha curiosidade e girava em torno de duas questões: eu queria saber como funcionava esse tal de blog e porque diabos atraia tanta gente. Tratei de observar, à distância, de bico calado. Vem cá mãe, vem aprender, é fácil. Ô mãe, tu não quer mesmo aprender? Não, não quero. (Mas é claro que eu queria, eu tava era me fazendo. Que vergonha, hehe). É que meu sexto-sentido estava ali, matraqueando na minha orelha, não vai, isso é coisa de doido, isso vicia, foge enquanto é tempo, conserva tua sanidade. Aterrissa mulher, o word é tão legal, pra quê blog?

Mas não adiantou. Eu tinha que desvendar o mistério! (Ou seria o destino me chamando?) Um dia resolvi observar bem de perto, meu filho, em plena atividade bloguística. Foi então que vi os comentários. Nossa! Me apavorei. Não mesmo, ninguém me pega, isso decididamente não é pra mim, imagine o que irão dizer dos meus textos, eu que nem sei escrever e blablabla. É muito complicado. Virei as costas e dei o fora. Não quero conversa com blogs!

E foi assim, até que minha nora resolveu aprontar. E sabe o que ela fez? Criou um blog e me deu de presente! Olhe, esse é seu espaço. Escreva o que quiser. Aproveite, aqui você pode deitar e rolar. Gente, pra mim foi uma surpresa e ao mesmo tempo um grande susto! Mas resolvi encarar, no fundo era tudo o que eu andava querendo. Sufoquei aquele ridículo sexto-sentido e me atirei. E encarei o blog com o cego entusiasmo dos inocentes, supondo que tudo não passaria de uma ligeira distração, mais ou menos como ir ao cinema. E comecei a desbravar a tenebrosa selva da blogosfera.

Meu primeiro post foi uma poesia, linda, de um poeta que adoro. Segui postando poesias, eu e meu blog, numa relação amistosa, porém carregada do respeito místico que o desconhecimento impõe. Textos de minha autoria nem pensar. Caí num dilema cruel. E isso foi me chateando, até que um dia fiquei p... da vida e tive que, literalmente, engolir uma imperiosa compulsão de quebrar o lap e largar o blog! Caracas. Que há comigo?

Pura sandice. Mas reagi, tomei coragem e postei um texto meu. E sabe o que mais? Vieram os comentários e eu A-DO-REI! E vieram as amizades e eu A-DO-REI! Agora entendo porque, afinal, as pessoas se encantam com os blogues. São interações virtuais, sim. Mas são verdadeiras e habitam um lugar real no coração da gente! E são cheias de luz. Confesso que fico sensibilizada demais com essa troca de idéias e saberes que acontece nas postagens. Assuntos diversos, todos eles interessantes. Me divirto e me emociono. Taí, me apaixonei, rsrs.

Agora sou blogueira assumida, de carteirinha. Quem me vê na vidinha real, no dia-a-dia, nem imagina que à noite, ando de blog em blog! Mas você sabe, você conhece minha alma blogueira. E isso me gratifica e seduz.

Pois é, amigas e amigos. Tudo muito bonito, mas preciso dizer uma coisa, jogo limpo, você sabe. É o seguinte: quero pedir desculpas publicamente ao meu sexto-sentido, que injuriei. Desculpa aí, cara, você está e sempre esteve com a razão. Esse negócio de blogar é mesmo arrebatador, terrivelmente viciante, uma perdição!! (Adorável, mas é uma perdição!! Rsrs).

Gente, acho que não tô batendo bem, olha só a música que anda tocando na minha cabeça: "Daqui eu não saio, daqui ninguém me tira". Pô, e você, ainda continua não gostando de blogar? Ora blogs, faça-me o favor!

Era isso. Beijos. Fui.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

CADÊ O TAXI?

Se tem uma coisa que acho cansativo nas viagens de avião é, na chegada, pegar as malas e o taxi. É que, em condições normais, a gente já chega cansada e esses trâmites costumam atrasar um pouco. Mas você verá que o atraso que vou relatar, é absolutamente inaceitável. Veja só. Viajando a trabalho, eu e meu marido, chegamos ao nosso destino às 0h10min. Estávamos cansados, mas na esperança de que, mais um pouquinho e a gente estaria no hotel descansando. Ledo engano! As coisas foram muito diferentes! Primeiro as malas. Uma verdadeira tortura chinesa. Simplesmente assim, o tempo passando e nós esperando. E a esteira andando. Vazia. Até que lá pelas tantas, depois de muito esperar, eis que surgem elas, as malas! Pronto, agora só faltava o táxi. Mandaram-nos pegar um taxi direto. − É bem ali, ó. E o pessoal correndo, literalmente. E então sentimos a maldade. A fila era quilométrica e nem sinal de taxi. Notei que havia um homenzarrão correndo de um lado para o outro e dizendo que estava organizando a fila. Enquanto isso, o tempo passava e o pessoal cansado começou a reclamar.
E o taxi? Cadê o taxi? − É que só temos trinta taxis senhor, e eles vão e voltam e tem que esperar. (Isso mesmo, 30 taxis para atender todo aquele pessoal, calculei por alto, umas cem pessoas). − Se quiserem, vão se queixar ali ó, na INFRAERO, a culpa é deles. Então lembrei que na chegada, dentro do avião éramos tratados como clientes. Com agradecimentos e tal. E agora, ninguém é mais cliente? Bem, pelo que senti, nesse aeroporto, desceu do avião, bailou. O pessoal responsável pelos serviços aeroportuários não demonstra a menor preocupação com quem viajou. Sem chances. Sabe que horas conseguimos entrar no taxi? Às 2h18min!  Desculpe-me o desabafo, mas chegar no aeroporto e esperar duas horas para pegar a mala e tomar o taxi? É demais, você não acha?  O nome do aeroporto? Aeroporto Internacional de Campo Grande. A gente perguntava e nos respondiam: aqui é assim mesmo.

Fui. Até breve.