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quinta-feira, agosto 14, 2025

SIM, EU ME IMPORTO




- Marli Soares Borges -

Seu direito começa onde termina o meu. Ouço essa cantilena desde que me conheço por gente e hoje em dia, vendo tantos disparates acontecerem em nome do Direito e da Justiça, fico pensando nessa burrice incremental que atinge as pessoas. Para viver em paz precisamos reconhecer e respeitar os limites de cada um. Puxa vida, qual é o problema? Por quê, sempre que o direito se encontra com o dever acontece um conflito? 

Ah, não acredita? Que me diz dessa gente que fuma em local público num ostensivo abuso ao direito alheio de respirar um ar livre de fumaça de cigarro? e esse povo que fala no celular, aos berros, sem se importar com os que estão ao redor? e os que não esperam sua vez de falar e se metem nas conversas dos outros na maior cara dura? e o lixo descartado indevidamente? E por aí vai.

Nos tempos bíblicos Jesus Cristo, pressentindo o caos social, tratou de dar a letra: "não faças ao outro o que não queres que se faça a ti". Sábio, o Mestre sempre foi um notável defensor da empatia. Mas ninguém ligou e o caldo entornou. 

Empatia é colocar-se no lugar do outro para saber como agir em determinada situação. Sentir o que a outra pessoa sentiria, caso você estivesse na situação vivenciada por ela e tentar compreender experiências e visões de mundo diferentes das suas. A empatia ajuda nos relacionamentos pessoais, sociais e amorosos: família, amigos e colegas de trabalho, entre outros.

Empatia é um sentimento próprio do ser humano, mas algumas pessoas possuem grande dificuldade de desenvolvê-la, ou porque têm muitos preconceitos ou simplesmente porque não estão dispostas a ouvir as aflições do outro. 

Só a empatia nos fará entender que não basta EU ter vontade de falar, é preciso que o OUTRO esteja com vontade de ouvir, pois se é certo que EU tenho o direito de falar, também é certo que o OUTRO tem o direito de não querer me ouvir. 

Precisamos nos importar com o outro. Ouvir o que o outro tem a dizer, sem pré-julgamentos... apenas ouvir. 

Sim, eu me importo.

💜💜💜

quinta-feira, novembro 18, 2021

AINDA RESTA-ME O SONHO


Também tenho minhas utopias.
A luz ficou lá fora.


- Marli Soares Borges



Dia desses eu estava meio down e o poeta me disse ao pé do ouvido: "Se as coisas são inatingíveis… ora! não é motivo para não querê-las… que tristes os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas!"  Gosto taaaanto do Quintana.  


Não sou mais quem eu era. Noutros tempos eu vivia no país do futuro e queria mudar o mundo; achava que podia, afinal eu tinha as ferramentas: juventude, força e garra. E para mim isso era o bastante. Durante anos de minha vida estive ocupada nesse propósito. Hasteei a bandeira dos valores perenes: amor, gentileza, trabalho, responsabilidade, empatia, honra e justiça. 

E eis que o futuro chegou e as novas gerações estão por aí fervilhando, no meio de outras mais novas ainda, transbordantes de tecnologias para suprir necessidades em todos os campos do conhecimento. Pelo menos é o que se diz à boca pequena. Mas acho que essa lógica não deu muito certo; alguma coisa se perdeu pelo caminho. 

Os arautos do rei mumificaram-se nos poderes constituídos e não há saída para que as pessoas comuns que trabalham e ganham seu próprio dinheiro, façam, pacificamente, a lei valer a seu favor. A porta bateu com a chave do outro lado e a luz ficou lá fora. Do lado de cá, restou um imenso teatro onde vive-se de encenações. A simpatia aparece como protagonista, sempre usada para aliciar, incitar e subornar. O que não falta é gente sorridente e simpática. E a falsidade grassa acobertada pela simpatia. As virtudes jazem num canto, abandonadas como coisa sem valor.

Então eu olho no buraco da fechadura e vejo a luz do outro lado. Volto para mim e vejo como o tempo passou! meu corpo envelheceu tanto... já não tenho força física pra meter o pé e abrir a porta. O tempo e a vida gastaram o meu corpo. Mas, que fazer? c'est la vie. Por sorte, o tempo nada pôde contra meu espírito acostumado a suportar adversidades. 

Ainda resta-me o sonho. 

E no meu sonho há luz. E há pessoas honestas e conscientes de suas responsabilidades planetárias; há justiça funcionando; há governo governando; há direitos e deveres garantidos e há pluralidade assegurada. Também tenho minhas utopias. Continuo sonhando com um mundo melhor, com pessoas melhores, solidárias e fraternas. 
 
Ainda resta-me a palavra, minha ferramenta de todas as horas. E irei usá-la enquanto puder: jogarei ao vento palavras polinizadoras de serenidade e empatia: "não faças aos outros o que não queres que se faça a ti". 

E até a última sílaba do registro dos tempos, pretendo usar a palavra para manter viva a fé, a esperança e a coragem; clarear as mentes e tocar os corações. O mundo ainda pode ser um lugar melhor para se viver. 

Falo de possibilidades. E acredito nisso.

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