Dia desses, enquanto procurava um livro, dei de cara com outro que nem lembrava mais. Algo assim tipo atirei-no-que-vi-acertei-no-que-não-vi. Mas foi tão legal, recordei tanta coisa... seção nostalgia, pode parar, madame. É um livro fininho, muito simpático, da coleção "Para Gostar de Ler", da Editora Ática, 1983. Quem é da minha época certamente vai lembrar. Eu sei, é antiguinho, qualé, não precisa ficar lembrando isso a toda hora, e minha autoestima, esqueceu? Rsrs. Esses livrinhos realmente faziam a gente gostar de ler. Tem cada coisa boa, uma literatura alegre, pra cima. Sei que tenho mais alguns dessa coleção, mas, onde? Será que alguém levou emprestado? Deixa pra lá. A crônica é do Paulo Mendes Campos e chama-se "Chatear e Encher". Gente, não sei não, mas... de onde saiu mesmo o telemarketing?
"Um amigo meu me ensina a diferença entre 'chatear' e 'encher'.
Chatear é assim:
Você telefona para um escritório qualquer na cidade.
- Alô! Quer me chamar por favor o Valdemar?
- Aqui não tem nenhum Valdemar.
Daí a alguns minutos você liga de novo:
- O Valdemar, por obséquio.
- Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar.
- Mas não é do número tal?
- É, mas aqui não trabalha nenhum Valdemar.
Mais cinco minutos, você liga o mesmo número:
- Por favor, o Valdemar já chegou?
- Vê se te manca, palhaço. Já não lhe disse que o diabo desse Valdemar nunca trabalhou aqui?
- Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí.
- Não chateia.
Daí a dez minutos, liga de novo.
- Escute uma coisa! O Valdemar não deixou pelo menos um recado?
O outro desta vez esquece a presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis.
Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez minutos, faça nova ligação:
Alô! Quem fala? Quem fala aqui é o Valdemar. Alguém telefonou para mim?"Beijos e bom domingo a todos.