quinta-feira, novembro 07, 2013

GARRANCHOS NAS RECEITAS MÉDICAS

“Um médico retirou o útero de uma paciente por engano em Santa Maria de Jetibá, colocando a culpa em problemas na letra que determinava o procedimento a ser realizado naquela paciente que lhe fora encaminhada."

Cada dia, mais me convenço de que há um desajuste entre o que aprendemos na escola e o que precisamos aprender à custa de sacrifícios e erros na vida. Meu Deus, porque a escola não me ensinou a ler garranchos de médicos? Não tenho problema para ler e assinar contratos, cheques e outros tantos documentos importantes que requeiram entendimento, mas quando tenho que comprar remédios ou fazer exames de laboratório, aí sim é um calvário, mas quer saber, isso era o que eu pensava antes do saber.  Sem essa de botar a culpa na escola. Bobagem. Agora exijo respeito por parte dos profissionais da saúde, mormente dos médicos. Recuso-me a aceitar receitas que ninguém entende. Quando algum médico escreve garrancho na receita, reclamo na mesma hora. Na verdade, precisei ir ao Procon apenas uma vez. Mas acontece que pertenço ao contingente das pessoas esclarecidas, que conhecem bem os limites de lá e de cá. A propósito, você sabia que o médico, como qualquer outro prestador de serviços, também está sujeito às leis de defesa do consumidor? Tem alguns que de tanto se incomodarem, resolveram escrever suas receitas direto no computador, o que acho ótimo. Mas embora eu tire de letra essa questão, sei que para muitas pessoas as receitas médicas ainda continuam sendo um problema, e além da doença elas ainda têm que enfrentar dificuldades na hora de comprar os remédios. E as mais pobres acabam jogando fora seu único dinheirinho, comprando remédio errado, porque o atendente da farmácia... pensou que fosse! É preciso esclarecer esse povo, sei lá, parece que o pessoal tem medo de tocar nesse assunto, parece até um tabu, os médicos pintam e bordam com as receitas e fica tudo por isso mesmo, pelo menos é o que tenho visto por aqui. As pessoas mais necessitadas nem sabem que têm direito à uma receita legível.

Puxa vida, porque alguns médicos não cumprem a ética e insistem nos garranchos? E porque os consumidores aceitam de bom grado essa falta de respeito? Não, gente, chega de baixar a cabeça, temos o direito de exigir letra legível nas receitas médicas. É direito, não é favor. O Código do Consumidor nos protege, sem falar nas leis específicas dirigidas ao métier. Só para você ter uma ideia, a obrigatoriedade de letra legível em receituários médicos já vem de muito tempo aqui no Brasil. Em 1932, o Decreto 20.931, que regulamentou a profissão de médico, trouxe em seu artigo 15 a obrigatoriedade de escrever as receitas por extenso e bem legível. Mais tarde, em 1973, a Lei 5.991, dispondo sobre o controle sanitário de insumos farmacêuticos, em seu artigo 35 reforçou ainda mais: "somente será aviada a receita que estiver escrita por extenso e de modo legível". Em 1988 o Conselho Federal de Medicina fez publicar a Resolução n° 1246/88 que, em seu artigo 39 considera antiética a má-caligrafia, além de ser um exemplo de má-prática médica. Atualmente o novo Código de Ética Médica (CEM), em vigor desde 2010, estabelece que o médico deve escrever a receita de forma legível. Aí então, repito a pergunta: porque alguns médicos descumprem a lei e a ética impunemente? Respondo: porque os consumidores permitem. Então... Procon neles! E Ministério Público também. E justiça também. E imprensa também. É hora de botar a boca no mundo.

E como fica a escola no meio disso tudo? Já falei, a escola está certa. Ela nos ensina a escrever e ler letras legíveis. Garrancho na receita é outra coisa, talvez Champolion ajude, mas eu prefiro o Procon.

Humpf! Tem umas buzinadas aqui no meu ouvido: e os atrasos nas consultas? Calma, isso é assunto para outro post. 

Marli Soares Borges, 2013

* Obrigada por compartilhar esse post com seus amigos.
* "Garranchos nas receitas médicas" foi publicado pela primeira vez no Blog da Marli

15 comentários:

  1. Tens razão ! Os garranchos podem ocasionar graves problemas ou, no mínimo, perdas de tempo! Valeu o grito ! beijos,chica

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  2. BOM DIA MINHA FLOR!
    UMA GRANDE POSTAGEM ...PRECISAMOS VALORIZAR MAIS TUDO QUE LEMOS...BJS

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  3. RSRSR meu medico é desses que usam o computador e olhe ele tem letra bonita. Mas diz que prefere não arriscar.
    É eu perguntei e ele foi bem claro dizendo que por ele essa seria uma norma na clinica mas que infelizmente nem todos gostão da ideia. Esses garranços só vão sumir quando o povo souber seus direito e como faze-los valer. outro dia vi uma senhorinha com uma receita garranchenta reclamando. Quando disse a ela que deveria ter dito ao medico que queria letra legivel quase apanhei. Na minha casa todos sabem e pedem letra legivel. Já é uma vitoria. Beijos da Eliane

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  4. É interessante ver como nos "acostumamos" com certas práticas e deixamos para lá. E realmente esquecemos de que o profissional de saúde é também um prestador de serviços e que necessita e deve ser fiscalizado. Ainda mais por estar se responsabilizando por vidas.

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  5. É blogar é bommmmm!
    Vc sempre com assuntos pra pensar. Afinal alguem tem que puxar a corda né. sempre passo por aqui pra ver se tudo continua em ordem . Fiquei feliz quando vi que ainda tvas na ativa. mais um beijo da Eliane.

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  6. APOIADO, Marli,
    eu sabia das determinações sobre a legibilidade nas receitas, mas desconhecia a possibilidade da reclamação no Procon.O que nos desanima é que os menos favorecidos, em grande maioria, desconhecem ambos os recursos em seus direitos de pacientes cidadãos.
    Teu post precisa se espalhar na web.
    Bjkas,
    Calu

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  7. Muito bem levantado por aqui este tema, Marli, realmente acho um absurdo, ou melhor dizendo, uma falta de respeito para com o paciente, uma letra com garranchos, não há necessidade disso para comprovar que é médico, isso já era.
    Tenho ido em médicos ultimamente que utilizam o computador e impressora para passar a receita, só não gosto quando estou lhes falando e eles estão de olho na telinha. Dá uma reiva. rsss
    beijos cariocas



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  8. Eles mesmos não entendem o que escrevem...
    BeijonLisette.

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  9. É um absurdo mesmo.
    O médico se forma tantos anos e não tem a capacidade de escrever decentemente?
    É demais pra mim.
    Ridículo mesmo. Nossos direitos estão sendo violados, muitos sofrem com isso, tomam remédios errados e, pior, quando isso acontece dessa forma. Tirar o útero é demais já.
    Onde vamos parar com isso?

    M&N | Desbrava(dores) de Livros

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  10. Olá, querida Marli
    De fato, noutro dia tive problema com uma receita... tudo o que falou é verdade...
    Quanto à espera no atendimento, é um absurdo e isso nos planos de saúde... que dirá pelo SUS?!
    Tem uma pequena festinha no meu blog e venho lhe convidar pois é seguidora do mesmo... será um prazer t~e-la conosco festejando...

    http://www.espiritual-amizade.com.br/2013/11/amizade-virtual-2-anos-do-blog.html#comment-form

    Bjm de paz e bem

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  11. Boa noite querida, a minha visita hoje é para divulgar meu novo blog. Criei mais um com o nome FILOSOFANDO NA VIDA, para postar minhas produções textuais, pensamentos e poesias. Ficarei feliz com sua visita e se me de o prazer de curtir mais este projeto.
    O linque do blog é:
    http://filosofandonavidaproflourdes.blogspot.com.br/
    Uma linda noite e que a paz Divina esteja sempre com você e sua família.
    Bjuss ,profª Lourdes Duarte

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  12. Prezada Marli;
    Muito bem levantada essa questão. Nunca tive esse problema, ao contrário, sempre nos deparamos com médicos que tinham a caligrafia bonita, até. Mas temos casos na família em que o farmacêutico se recusou a "decifrar" o que estava escrito por receio de fornecer a medicação errada. E toca ligar pro Dr. pra saber o que estava escrito. E o displicente não se lembrava, não anotou na ficha! Meus primos não chegaram a ir ao Procon mas deu um bafafá danado. Abç,
    Adh

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  13. Bom dia,Marli,
    vim te contar que hoje teu comentário adoça o post da série do Fractais.Obrigada por trazer-nos boas palavras.
    Bjkas e lindo fim de semana.
    Calu

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  14. Pior que acontece do atendente na farmácia, decifrar errado e o paciente ingerir um remédio que não lhe serve.
    Vamos exigir sim, receita legível.
    xeros

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  15. Oi, precisei fazer um remédio numa farmácia de manipulação e na hora de passar a fórmula não houve jeito, a sugestão, dada pela atendente, foi eu fotografar a receita e enviar por e-mail.
    E foi o que eu fiz, mas claro, fotografar, diminuir um pouco a foro e enviar, deu um trabalho.
    Concordo com receitas impressas, letra legível e hoje em dia todo mundo tem um computador, e acho que os médicos que ainda não tem, deveriam adotar, porque letras feias não dá mais.
    Belo post.
    Abraços.

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BOM VER VOCÊ POR AQUI!
Procurarei responder a todos e retribuir as visitas com a maior brevidade possível. Abraços. Marli