Vou repassar pra você um poema que recebi hoje. Acho que vale a pena. Foi encontrado nos pertences de uma velhinha, num hospital de doenças da velhice. Foi o único bem que ela deixou. Pra variar está sem autoria, o que acho uma sacanagem. Porque não colocaram logo o nome da velhinha, se sabiam que foi ela quem escreveu? Pois é, mas pelo que li no email, o dito poema foi publicado na edição de Natal da "União para a Saúde Mental", (sei lá o que é isso), na Irlanda do Norte. Não me pergunte nada, não saberei responder. Estou vendendo o peixe pelo preço que comprei. Mas bem que eu gostaria de ver a tal publicação, só pra conferir os créditos! Tsc, tsc.
Mas quero registrar aqui, as minhas impressões.
Achei o poema delicado, simples e extremamente sensível. De uma riqueza emocional que quase não se vê, hoje em dia, nas poesias. Os sentimentos estão muito bem desenhados, e em certas passagens até me senti abduzida pra dentro do texto, -- o que obviamente denuncia que sou uma dinossaura --. Muito detalhe, muita sutileza, muita vida vivida. Um lindo poema.
A VELHA RABUGENTA
Que vêem amigas?
Que vêem?
Que pensam quando me olham?
Uma velha rabugenta não muito inteligente de hábitos incertos,
Com seus olhos sonhadores fixos ao longe?
A velha que cospe comida
Que não responde ao tentar ser convencida...
"De, fazer um pequeno esforço?"
A velha, que vocês acreditam que não se dá conta
Das coisas que vocês fazem
E que continuamente perde a sua escova ou sapato?
A velha, que contra sua vontade,
Mas humildemente lhes permite fazer o que queiram,
Que me banhem e me alimentem,
Só para o dia passar mais depressa...
É isso que vocês acham?
É isso que vocês vêem?
Se assim for, abram os olhos, amigas,
Porque isso que vocês vêem não sou eu!
Vou lhes dizer quem sou,
Quando estou sentada aqui,
Tão tranquila, como me ordenaram...
Sou uma menina de dez anos,
Que tem pai e mãe,
Irmãos e irmãs que se amam.
Sou uma jovenzinha de dezesseis anos.
Com asas nos pés, e que sonha encontrar seu amado.
Sou uma noiva aos vinte
Que o coração salta nas lembranças,
Quando fiz a promessa que me uniu até o fim de meus dias
Com o AMOR de minha vida.
Sou ainda uma moça com vinte e cinco anos,
Que tem filhos,
Que precisam que eu os guie...
Tenho um lugar seguro e feliz!
Sou a mulher com trinta anos
Onde os filhos crescem rápido
E estamos unidos com laços que deveriam durar para sempre...
Quando tenho quarenta anos
Meus filhos já cresceram e não estão em casa...
Mas ao meu lado está meu marido
Que me acalenta quando estou triste.
Aos cinquenta, mais uma vez comigo deixaram os bebês, meus netos,
E de novo tenho a alegria das crianças,
Meus entes queridos junto a mim.
Aos sessenta anos, sobre mim nuvens escuras aparecem,
Meu marido está morto;
Quando olho meu futuro me arrepio toda de terror.
Os meus filhos se foram,
E agora tem os seus próprios filhos...
Então penso em tudo o que aconteceu e no amor que conheci.
Agora sou uma velha.
Que cruel é a natureza...
A velhice é uma piada
Que transforma um ser humano em um alienado.
O corpo murcha.
Os atrativos e a força desaparecem.
Ali, onde uma vez teve um coração
Agora há uma pedra.
No entanto nestas ruínas, a menina de dezesseis anos ainda está viva.
E o meu coração cansado,
Ainda está repleto de sentimentos vivos e conhecidos.
Recordo os dias felizes e tristes
Em meus pensamentos volto a amar e a viver o meu passado.
Penso em todos esses anos que se foram,
Ao mesmo tempo poucos,
Mas que passaram muito rápido,
E aceito o inevitável...
Que nada pode durar para sempre...
Por isso, abram seus olhos e vejam
Diante de vocês não está uma velha mal-humorada,
Diante de vocês estou apenas “EU”...
Uma menina, mulher e senhora.
Viva...! E com todos os sentimentos de uma vida...
Beijos a todos.
Que vêem amigas?
Que vêem?
Que pensam quando me olham?
Uma velha rabugenta não muito inteligente de hábitos incertos,
Com seus olhos sonhadores fixos ao longe?
A velha que cospe comida
Que não responde ao tentar ser convencida...
"De, fazer um pequeno esforço?"
A velha, que vocês acreditam que não se dá conta
Das coisas que vocês fazem
E que continuamente perde a sua escova ou sapato?
A velha, que contra sua vontade,
Mas humildemente lhes permite fazer o que queiram,
Que me banhem e me alimentem,
Só para o dia passar mais depressa...
É isso que vocês acham?
É isso que vocês vêem?
Se assim for, abram os olhos, amigas,
Porque isso que vocês vêem não sou eu!
Vou lhes dizer quem sou,
Quando estou sentada aqui,
Tão tranquila, como me ordenaram...
Sou uma menina de dez anos,
Que tem pai e mãe,
Irmãos e irmãs que se amam.
Sou uma jovenzinha de dezesseis anos.
Com asas nos pés, e que sonha encontrar seu amado.
Sou uma noiva aos vinte
Que o coração salta nas lembranças,
Quando fiz a promessa que me uniu até o fim de meus dias
Com o AMOR de minha vida.
Sou ainda uma moça com vinte e cinco anos,
Que tem filhos,
Que precisam que eu os guie...
Tenho um lugar seguro e feliz!
Sou a mulher com trinta anos
Onde os filhos crescem rápido
E estamos unidos com laços que deveriam durar para sempre...
Quando tenho quarenta anos
Meus filhos já cresceram e não estão em casa...
Mas ao meu lado está meu marido
Que me acalenta quando estou triste.
Aos cinquenta, mais uma vez comigo deixaram os bebês, meus netos,
E de novo tenho a alegria das crianças,
Meus entes queridos junto a mim.
Aos sessenta anos, sobre mim nuvens escuras aparecem,
Meu marido está morto;
Quando olho meu futuro me arrepio toda de terror.
Os meus filhos se foram,
E agora tem os seus próprios filhos...
Então penso em tudo o que aconteceu e no amor que conheci.
Agora sou uma velha.
Que cruel é a natureza...
A velhice é uma piada
Que transforma um ser humano em um alienado.
O corpo murcha.
Os atrativos e a força desaparecem.
Ali, onde uma vez teve um coração
Agora há uma pedra.
No entanto nestas ruínas, a menina de dezesseis anos ainda está viva.
E o meu coração cansado,
Ainda está repleto de sentimentos vivos e conhecidos.
Recordo os dias felizes e tristes
Em meus pensamentos volto a amar e a viver o meu passado.
Penso em todos esses anos que se foram,
Ao mesmo tempo poucos,
Mas que passaram muito rápido,
E aceito o inevitável...
Que nada pode durar para sempre...
Por isso, abram seus olhos e vejam
Diante de vocês não está uma velha mal-humorada,
Diante de vocês estou apenas “EU”...
Uma menina, mulher e senhora.
Viva...! E com todos os sentimentos de uma vida...
Beijos a todos.
Uma poesia que espelha o passar do tempo com todas as suas fases que compõe a vida e creio, felizes são os que as podem viver.
ResponderExcluirTodas estas fases não vão embora, ficam marcadas na experiência adquirida, que é algo maravilhoso, pois aqui estamos neste planeta para evoluir.
Vivenciar todas estas etapas só pode trazer felicidade...
Beijos,
Élys(74 anos)
As fases da vida... Muito bom bom quando as pessoas decidem se abrir e abrigar no mundo o mundo que existem nelas....
ResponderExcluirAdoro poesias!!
Abraços Marli!!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPodia ter sido escrita por qualquer mulher mais sensível, Marli.
ResponderExcluirGostei muito.
Na velhice somos mesmo todas as que passaram por nós, nas décadas vividas. Já me vejo assim, penso no que fui, no que já não sou, às vezes fico alegre, às vezes me entristeço e me apavora o desconhecido, a velhice mesmo, além dos 80 anos, digamos...rsrs
Mas vamos acumulando riquezas, para ter do que nos lembrar e agradecer.
Beijo!
Que lindo Marli!
ResponderExcluirFaz pensar e muito no valor do tempo, no poder da Vida!
Só digo que nunca vira pedra, um coração assim!
Um lindo poema com certeza cheio de raras riquezas...!
Bejos de Luz Gratidão!
Seu amigo William
Grato pela partilha!
Linda poesia e faz muito pensar! Bom te ver de volta! beijos,chica
ResponderExcluirOi, Marli.
ResponderExcluirPoesia recheada de sensibilidade. Muito bonita!
Como eu ando me "pondo em dia" com os blogs, vou comentar, aqui, o anterior. Lindas pinturas da Georgia O'Keef! Hoje, com a aposentadoria, dedico boa parte de meu tempo às flores. Principalmente às orquídeas. Embora estilizadas, a Georgia pintou várias orquídeas. A branca, em sua plenitude. E várias outras que aparecem na sua postagem, apenas detalhes do labelo. Realmente, existem orquídeas com flores minúsculas, de 1 a 2 milímetros. Mas também temos orquídeas com flores de até mais de 20 cm. De qualquer forma, uma bonita coleção de pinturas. De muito bom gosto.
Abração,
JF
OI MARLI, QUE BOM QUE ESTAIS ENTRE NÓS OUTRA VEZ, REALMENTE É MUITO LINDO ESTE POEMA, EMOCIONA, O PRIMEIRO PENSAMENTO QUE VEM É QUANDO CHEGAR A NOSSA VEZ, SABEMOS QUE CADA UM É DIFERENTE, MAIS NÃO DEIXAMOS DE PENSAR. UM ABRAÇO CARINHOSO CELINA
ResponderExcluirMarli, lindo texto!! Infelizmente a maioria das pessoas não entendem o processo do envelhecimento e não sabem tratar uma pessoa quando ela fica idosa. O idoso conserva os mesmos sentimentos, desejos,alegrias e tristezas..só que a maioria das pessoas não olham ele por esse ângulo. O texto reflete o que a maioria dos idosos sentem e ela falou de uma propriedade ímpar. Parabéns pelo belo blog, já estou te seguindo. Abraços. Sandra
ResponderExcluirOi Marli, Bom final de semana.
ResponderExcluirObrigada pela visita.
Seguindo...
Nossa! Simplesmente perfeito... faz a gente refletir sobre este momento da vida... adorei!
ResponderExcluirBeijo, beijo!
She
Passando para te desejar um excelente domingo!! Abraços. Sandra
ResponderExcluir
ResponderExcluirEmocionante! E traz melancolia. Como estaremos quando e se estivermos na mesma condição desta senhora?
Ainda bem que uma vida bem vivida deixa lembranças que alimentam uma fase menos feliz da vida.
Ótimo domingo para você, Marli.
Beijo.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi Marli, lindo poema.A impressão que tenho é de uma velhinha que quer retratar no poema a lucidez que acham que ela não tem. Não é a velhice que a fez criar este sentimento e sim a discriminação das pessoas pelo idoso. Acho que a melhor mensagem dela: Abram os olhos vocês, porque estou ciente de tudo que se passa.Ela não deixou bens, mas uma lição de vida!
ResponderExcluirOi Marli, obrigada obrigada e obrigada mais uma vez ,pelo lindo comentario la comigo. Amei saber que vc ja conhece a neve e eu de alguma forma, ajudei na lembranca ;-)
ResponderExcluirEsse texto me lembrou mt um que li alguns anos do Bertolt Brecht, o da avó ingrata. É tao bonito!!! Ele fala de uma avó que parecia nao ligar pros netos, só cuidava de sua vida pessoal, e ela era rodeada de amigos. Um texto lindo que nos faz pensar em como algumas pessoas sao egoistas e cegas, e so pensam em si mesmas (esse nao era o caso da avó, mas do filho que conta a historia).
Bom é isso, um beijo e ótimo domingo!
UMA POESIA QUE É UMA VERDADE PARA TODOS. TODOS NÓS VAMOS ENVELHECER E HOJE,SESSENTA ANOS NÃO É MAIS O LIMITE,MAS APENAS O COMEÇO DE UMA NOVA FASE,QUE PODE SER A FASE FINAL...OU NÃO!
ResponderExcluirFELIZ NATAL PARA VOCÊ MARLI.QUE ESTES DIAS RESTANTES DE 2012 SEJAM CHEIOS DE SONHOS ESPERANÇA,HARMONIA,PAZ E AMOR.E QUE VOCÊ ESTEJA JUNTO DOS QUE VOCÊ AMA. E que 2013 seja próspero a todos.
Olá, querida Marli
ResponderExcluirPasso, com calma, bem antes da data, para desejar-lhe, com carinho fraterno, que vc tenha Boas Festas neste fim de ano!!!
"A felicidade é com a gota de orvalho numa pétala de flor, brilha tranquila, depois que leve oscila e cai como a lágrima de amor".
Que vc seja muito abençoada e feliz!!!
Bjs fraternos de Boas Festas
Passo para te desejar um Feliz Natal e um 2013 em GRANDE!
ResponderExcluirBeijo carinhoso.
Graça