SOMOS TODOS DIFERENTES
Num dia de temporal, da varanda de minha casa vi a fúria do vento e a chuvarada cair. Confesso que senti um medo maior que o mundo, mas também confesso que naqueles poucos instantes em que a ventania impiedosa devastava o sonho de tanta gente, meu pensamento fixou-se na nossa impotência e pequenez diante da natureza agigantada e enfurecida. Naquela hora, a gente só podia... rezar.
Numa outra ocasião também, meu avião não pôde decolar devido ao terrível, abominável temporal. E fomos obrigados a aguardar dentro da aeronave, de portas fechadas, mais de hora, até que o tempo permitisse a decolagem. Só eu sei, naquela noite, o quanto desejei estar perto de minha família, meu marido, meus filhos, netos, minha casa, enfim, de todos os meus afetos. Tão longe e inacessíveis de mim.
Nem os reis e presidentes, nem os juízes e os doutores poderiam modificar nenhuma daquelas situações. Estávamos todos reduzidos a nossa humanidade, reféns de nossa insignificância. O acaso ali estava, bem no meio do caminho, sujeitando a todos nós, independente de nossas diferenças sociais e econômicas.
Uma coisa que venho notando é que na hora do sufoco todo mundo é igual, somos todos irmãos! Ahã. Mas quando a vida volta ao normal, volta também o embalo insalubre da cara feia, do mau humor, da presunção e da arrogância. Socializa-se a desgraça e capitaliza-se a alegria. Que coisa mais angustiante é esse tipo de vida. Fico pensando no que essas pessoas sentem, no que as leva a viverem assim, se achando. Sei lá, parece-me que jazem envoltas numa fantasia de onipotência, parecem anestesiadas.
Avemaria, tá na hora de acordar! É hora de reconhecer que efetivamente ninguém é igual a ninguém, somos todos diferentes. Mas é preciso aceitar o fato de que nossas diferenças não podem servir de motivo para que uns se julguem maiores e melhores que os outros, e os tratem com desdém, numa relação inexplicável de arrogância e presunção. É urgente um remanejo de atitudes.
Quer saber? Nesse mundo cujo dinamismo, por vezes, apresenta-se tão exacerbado e tão complicado, a cordialidade não é favor, é necessidade. E a solidariedade também. Se houve um tempo em que a sociedade tolerou atitudes hostis, hoje em dia ninguém mais está com paciência para ser espezinhado. Ao que tudo indica, o saco encheu.
Valeu gente. Fui.
Beijos.
Imagem aqui.
Querida Marli,
ResponderExcluirApesar de tudo isso que você falou, que eu concordo plenamente, acho que hoje em dia o mundo vive uma escassez de solidariedade, cordialidade, gentileza.
O que vejo é cada vez mais cureldade, prepotência, ambição desmedida e coisas bem piores.
Desculpe-me mas é o que penso.
Bjo e boa noite
Menina,
ResponderExcluirE esse pica-pau aí na arca? Covardia!...
Eu também percebo que ,às vezes, somos solidários só quando estamos dividindo o mesmo infortúnio. Passada a tempestade, a bonança é desfrutada por cada qual no seu canto.
Um grande beijo
P.S.: Sabia que amanhã tem votação de novo?
Marli, essa charge vem com uma frase, que enfeita muito bem o seu texto. Diz que em toda e qualquer situação tem um F.D...(*$#&)! Pois é! Os presunçosos, arrogantes, prepotentes e maiores responsáveis pela miserabilidade, são exatamente assim, embora engravatados e na mordomia do poder.
ResponderExcluirSão os melhores mestres em socializar a desgraça e capitalizar a alegria! E quantos ainda aceitam o "cabresto", a rédea e o arreio!
Precisamos acordar, definitivamente, para a cidadania!
Abraços!
Bela e sábia crônica, Marli. Gentileza, solidariedade e amor autênticos por todos é o que mais precisamos nos dias atuais. Parabéns!! Uma ótima semana para você, beijos ;)
ResponderExcluirAinda acredito e muito na bondade do ser humano. Belo e reflexivo texto amiga.
ResponderExcluirBjos achcolatados
Seus textos são sempre tão reflexivos. Não há dúvida que na hora do desespero nos tornamos mais próximos, mais humanos. Não sei se estou me tornando mais otimista, mas acho que estamos nos tornando mais solidários.
ResponderExcluirMuito bom
Marli, olha numa parte do texto voc~e diz: "na hora do sufoco somos todos irmãos"..rsrsrs nossa..que verdade, e isso presencio constantemente, infelizmente.
ResponderExcluirbeijos e Boa semana!
Marli,
ResponderExcluirhá uma necessiadade de sermos cordiais, compreensivos, pois sabedores da própria fragilidade como seres humanos. No entanto, tem aqueles que não conseguem ainda se verem iguais a todos porque o orgulho e o egoismo encobrem qualquer sinal de lucidez. Mas, estes, infelizes, irão aprender pela dor porque serão tocados em seus pontos fracos e mostrados a todos as suas fraquezas. Isso dói demais, muito mais do que imaginamos. Assim, o mundo um dia há de ser um mundo pacífico. Tenhamos confiança nisso e façamos sempre a nossa parte!!!
Minha amiga, beijo de luz em teu belo coração e que possas ter uma excelente semana!!!
Oi Marli!
ResponderExcluirQue texto bem escrito e que idéias coerentes você tem para nos mostrar!
Adoro muito tudo isso...rs...
Eu sou por vezes descrente e em outras ocasiões (maioria), uma eterna otimista. Eu vejo tanta solidariedade nascer no meio das tragédias e pessoas simples se tornam grandes, muito maior que todas as pessoas más intencionadas juntas.
Uma vez vi uma crônica do Alexandre Garcia, comparando um gesto solidário na época do terremoto do Haiti com um ato deslavado de um desses põedinheironacueca, e o segundo pareceu tão insignificante perto da pessoa humilde, mas grandiosa de coração, que se fosse comigo, eu doava tudo e ia pro Haiti lavar os pés daqueles voluntários, de tão vergonhosa que se fez a situação do corrupto.
É isso... não sei se fui clara, cansadinha por hoje.
Bjos.
Belo texto Marli,
ResponderExcluir'Se socializa a desgraça e se capitaliza a alegria'
Qualquer um vai dizer que passou por momentos da 'socialização' como as que vc passou, mas poucos se dão conta que tudo são 'provas'.
Oxalá se todos ficamos atentos a esses deslizes da alma!!
amiga, beijo grande.
É isso aí. deixemos de carrancas e prepotências. Beijos linda semana. Que encontre muitos sorrisos por aí.
ResponderExcluirFalou tudo Marli.
ResponderExcluirBelo texto.
beijos
Marli, amiga!
ResponderExcluirSimplesmente AMEI o teu texto...
Saio com varios sorrisos no rosto!
Beijos, flores e muitos sorrisos!
Uma coisa que venho notando é que na hora do sufoco todo mundo é igual, somos todos irmãos! Ahã. Mas quando a vida volta ao normal, volta também o embalo insalubre da cara feia, do mau humor, da presunção e da arrogância. Socializa-se a desgraça e capitaliza-se a alegria.
ResponderExcluirEu concordo principalmente neste resumo.
Mas o que fazer?
Ser de bom humor já é um item bem bom!
com carinho MOnica
Oi amiga
ResponderExcluirGostei do seu blogue.
Está muito bom.
Parabéns
Bjos
Maria
Olá minha querida amiga Marli Borges, muito bom! Realmente, precisamos mudar a cara e abrir mais o coração para a alegria, para o prazer e deixar fluir toda a energia positiva de dentro, para uma bom viver e se relacionar mais alegremente com todos, parabéns pelo belo texto.
ResponderExcluirforte abraço
C@urosa
Marli, você já está virando minha ídola. rsrs. É porque seu pensamento me parece tão próximo de minha forma de enxergar a realidade.. Olha só o que eu tinha escrito lá no RL ontem: A natureza nos fez diferentes biologicamente, psicologicamente e nós nos juntamos para provar que temos que ser diferentes socialmente e economicamente. E isso se tornou culturalmente trágico. Um abraço grande e ótima semana. Paz e bem.
ResponderExcluirAdorei querida Marli...concordo plenamente com você...bobagem crer que apesar de sermos tão individuais em características, podemos viver isolados do mundo...todos de alguma maneira precisam de todos...e especialmente em maus momentos vemos o quanto somos também tão parecidos.
ResponderExcluirLinda semana pra ti!
Beijinho
Valéria
mandou bem. maravilha. é bom começar a semana assim, com uma amiga dizendo coisas que todos deveriam ouvir. boa semana
ResponderExcluirAté porque, como dizia alguém: THERE IS NO JUSTICE JUST US...
ResponderExcluirMuito bom seu post!
BEIJOS
Oi Marli concordo com o seu alerta e mais...enquanto todos nós não aprendermos que somos iguais, todos padecerão. Não importa a cor da pele, a religião, nada. O que importa mesmo é o sentimento de solidariedade. É a generosidade de todos os dias.
ResponderExcluirAmanhã estarei por aqui para ler sua história.
Um beijinho
"Nossenhora", Marli.
ResponderExcluirQue espetáculo de texto.
Menina, vc falou tudo e muito bem por sinal.
A limitação do ser humano só é sentida quando o mal que pensamos ser só do outro, nos atinge.
Isso precisa de ser publicado em um órgão de maior alcance.
Muito bem! Aplausos para ti.
Bjs no coração!
Nilce
Marli,
ResponderExcluirLegal mesmo o seu texto e só podemos concordar com tudo, afinal o "cerumano" ainda não se tocou que para ser feliz tem que ser bom, amigável e ter compaixão.
bjs cariocas
Eita mulher arretada e sábia! Falou tudo e bem! Concordo e assino embaixo! Beijão.
ResponderExcluirSua crônica verdadeira, aborda um dos aspectos mais difíceis da vida humana - a convivência entre os iguais. Homens ou mulheres, não importa, somos iguais perante Deus e nos fazemos desiguais de acordo com as oportunidades que recebemos de graça - que para uns chegam após grande esforço e para outros após esforços até maiores, não chega e outros ainda, sem qualquer esforço recebem. E isto você magnificamente relata nos dois últimos parágrafos desta excelente conversa.
ResponderExcluirAdorei vir por aqui, estou te segindo, também.
O mundo está precisando de solidariedade, gentileza e sentimento fraternal. Lindo texto. Beijos.
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