domingo, novembro 22, 2015

RÁPIDA NO GATILHO



rapidez, gatilho



Cardiologista fumante, nutricionista obeso, músico que ouve funk... o ser humano é um mar de ambiguidades. Sempre fico com uma pulga atrás da orelha quando vejo um escritor(a) que nunca publicou um livro de destaque, ditando regras sobre o que se deve ou não deve escrever, dando dicas de como ser um escritor de verdade. Nem conquistou o mercado e quer dar a receita do sucesso? É a mesma coisa que macumbeiro(a) que vive na maior miséria e promete prosperidade ao cliente. E o vidente que não "vê" quem está do outro lado da linha no telefone? Ué, e ele não é vidente, rsrsrs? E os padres aconselhando casais. Faz-me rir. Claro que dependendo dos campos de "expertise" nem sempre o especialista necessita vivenciar o tema do seu estudo, veja-se o câncer, a aids, o suicídio, etc. Mas tem gente que força a barra mesmo. Nunca fizeram nada de relevante em determinada área e já querem ditar regras. Mas tudo bem, se você for competente como essa telefonista aqui: a pessoa assiste na TV a propaganda de um remédio para emagrecer. Liga e pede informações sobre o produto. Lá pelas tantas surge a dúvida: se esse remédio é tão milagroso assim, porque o apresentador não toma para ficar magro e elegante? E a telefonista responde: ele não precisa: ele é gordo de nascença e, ao contrário dos clientes, não é neurótico com o peso dele... kkk

Marli Soares Borges

terça-feira, novembro 17, 2015

MINI CONTO



Era uma vez uma rede social que ligava pessoas. Com o tempo essa rede foi crescendo e virou um palco, um lugar onde todos eram, de alguma forma, incomuns: mais bonitos, mais inteligentes, mais cultos, mais generosos... enfim, mais interessantes. E as pessoas que antes estavam acostumadas a expressarem livremente seus pensamentos, começaram a sentir-se embaraçadas e constrangidas. Ninguém conseguia mais falar com naturalidade sobre sua vida. Então passaram a compartilhar com os outros apenas os seus sucessos, os seus melhores eus. E aquela rede social que antes era tão bacana, passou a ser um local de gerenciamento de imagens, onde as pessoas só se animavam a aparecer fantasiadas, com máscaras e filtros de todas as cores. E assim a conexão humana foi enfraquecendo, enfraquecendo e dissipou-se no ar. E todos viveram felizes para sempre. Mentira. A história ainda não acabou e ninguém anda muito feliz com isso. 

Marli Soares Borges

quinta-feira, novembro 12, 2015

NUNCA VI TANTA LAMA



Não há mais rio --
Nas águas turvas de lama
ouço o som da morte.


Marli Soares Borges




Imagem Google - Tragédia em MG: Barragem se rompe e enxurrada de lama destrói distrito de Mariana