terça-feira, abril 07, 2015

O MINISTÉRIO DA VERDADE

planeta de papel

Li por aí uns papos sobre jornais digitais, sobre a bobagem que estamos fazendo em manter jornais em papel, coisa mais antiga. Para que atolar o planeta de papel? Para que manter jornais impressos, se encontramos tudo online, a um clique de nós? Ok, ok. Mas confesso que nesse quesito, tenho muitas reservas. Desde que li, ha muito, "1984" (de Orwell), nunca mais esqueci o "Ministério da Verdade". Fiquei impressionada com o tal ministério cujo objetivo era exatamente o oposto da Verdade: ele era diretamente responsável pela falsificação da história. (Em Novilíngua, porém, o nome era bem apropriado, já que “verdade” é aquilo que o Estado quer que seja verdade). De fato, o tal "Ministério da Verdade" cuidava nas notícias, entretenimento, artes e educação e seu propósito era reescrever a história e alterar os fatos, de forma que eles se encaixassem na doutrina do Partido. Por exemplo, se o Grande Irmão (chefão do Partido) fizesse uma previsão que se revelasse errada, os funcionários do Ministério deveriam reescrever a história de forma que a previsão do Grande Irmão (chefão do Partido) estivesse correta. Deveriam criar a ilusão de que o Partido é absoluto, eternamente correto e forte. Como se vê, era um ministério muito especial. Ele apagava as lembranças e alterava a história. Vai daí que volta e meia me vem à cabeça uma coisa terrível: hoje em dia temos um arsenal tecnológico fantástico ao nosso dispor. Pois bem, você já imaginou, como seria fácil hoje em dia, modificar rapidamente quaisquer registros, se não houvesse jornais impressos, se houvesse apenas a mídia digital? Seria facílimo, como também facílimo seria ao governo exercer uma fiscalização difusa e controlar a vida dos cidadãos, invadindo 'legalmente' os direitos individuais. O quê? Paranóia minha? Negativo. Já tem gente louca -- moluscamente, dilmamente, petralhamente louca -- querendo reescrever a história. Temos que ficar antenados. Por isso, acho muito importante que os jornais e todos os registros em papel, a despeito de sua alegada falta de praticidade atual, permaneçam existindo e convivendo com a mídia digital através dos tempos. Precisamos ter um mínimo de certeza de que nossa história permanecerá intacta. Já conseguiram nos engambelar com as urnas eletrônicas, que não conservam nenhum registro concreto de nossos votos. Agora querem também terminar com os jornais impressos? Uma história sem registros? Sou contra.

Marli Soares Borges

* Imagem: retirei do Google. Se for de alguém, por gentileza, avise.

segunda-feira, março 30, 2015

ESSAS FAMÍLIAS MARAVILHOSAS...


essas famílias maravilhosas


O conservadorismo insiste no conceito tradicional de família como um núcleo formado por pai, mãe e filhos. Os debates que vejo aqui e ali, parecem ser apenas "combates" conservadores, contra as famílias no plural. O bom é que os direitos desses novos modelos familiares, felizmente, já estão reconhecidos e sem chances de retrocesso. Mas o que me assombra é que -- pelo que andei lendo -- quase a metade da sociedade, mesmo convivendo com a nova realidade que se apresenta, ainda assim, concorda com este estreito conceito de família que se quer impor na marra, na voz da lei. Cada vez me convenço mais que o preconceito é mesmo uma praga insidiosa. E o pior é que ainda está presente no dia a dia de grande parte da nossa sociedade, refletido no comportamento das pessoas. Embora tentem camuflar, o preconceito sempre aparece. E vem à tona nas ocasiões mais inusitadas, geralmente nas escorregadelas da linguagem. As pessoas se descuidam e se traem. Chega a ser até engraçado: tudo vai muito bem, até que haja uma situação limite. Bom, aí não tem jeito, a máscara cai e o preconceito aparece. Quer ver um exemplo clássico? Os pais que dizem aceitar numa boa as alternativas de gênero que existem, mas que acabam se desesperando quando isto ocorre com um filho seu. -- E os exemplos não param por aí, tem mais, muito mais --. Se você está pensando que são somente as pessoas "burrinhas" que agem assim, engana-se. São as bem "esclarecidinhas", aquelas que vivem posando e anunciando aos quatro ventos que não têm preconceitos contra ninguém. São essas que agora, com a possibilidade de meterem suas colheres no conceito legal de família, elegeram o Sr. Preconceito como o dono da verdade.

Marli Soares Borges

* Encontrei essa imagem no Google, se alguém tiver os créditos, por favor me avise.

domingo, março 29, 2015

TANTA GENTE QUERENDO VIVER...

Entristecer a gente se entristece, mas dor mesmo, estão sentindo os que perderam seus entes queridos no tal avião. Só de pensar na possibilidade de um filho meu estar dentro de um avião pilotado por um "coitado" que decidiu se matar, me dá uma froxura nas pernas. Não sei o que é pior, se o desespero coletivo daquelas pessoas, que num repente estavam com suas vidas nas mãos de um louco; ou se é a angústia do piloto tentando desesperadamente impedir a tragédia; ou ainda, se é a dor dos familiares -- e do mundo inteiro --, por tantos jovens que perderam suas vidas tão precocemente. E quer saber? ainda não refleti sobre as angústias do suicida. Fica para depois. É tudo muito triste e acho impossível comparar dores. Mas por que suicidar-se assim, levando consigo tanta gente que desejava viver? Nossa, se é complicado de entender, muito mais de aceitar! E eis que no meio de tantos senões, vem um pai (americano, parece...) dizendo assim: "perdi meu filho, a dor é enorme mas, não tenho raiva desse piloto. Fico imaginando o que estarão sentindo nesse momento, os pais dele que, além da perda terão que suportar as acusações do mundo". É. Tem gente muito iluminada(!?) mesmo. Uma declaração comovente. Estou muito longe desse equilíbrio.

Marli Soares Borges

quinta-feira, março 26, 2015

O MELHOR DOS DOIS MUNDOS

o melhor dos dois mundos

Não há como (con)viver em harmonia com os outros, sem renúncias. Todos queremos conquistar nosso espaço é verdade. Até porque a própria vida em sociedade exige isso de cada um de nós. É preciso que cada um encontre seu espaço no mundo, que cada um faça sua escolha para que todos possam viver suas vidas de modo pleno. Mas escolher implica em optar por uma coisa ou por outra. E nesse processo, inevitavelmente uma coisa será deixada de lado. Acontece que na atualidade as pessoas modernas não estão conseguindo resolver essa equação: elas querem tudo ao mesmo tempo. Fazem suas escolhas, mas não querem perder nada no processo: como assim, escolher uma coisa e deixar outra? Perder? Elas não suportam. Falta-lhes um ingrediente básico na vida: tolerância. Tolerância às frustrações. E porque que não conseguem tolerar frustrações, sofrem, choram, gastam suas energias e se estressam. E muitas vezes apelam para a violência. E deixam de aproveitar o que a vida tem para lhes oferecer de bom. Será que é tão difícil entender que escolher é "pegar" uma coisa e "deixar" outra? Que ninguém pode ter tudo? Acho sinceramente que precisamos tomar tento e ensinar nossas crianças, enquanto são pequenas, a tolerarem suas frustrações e conviverem com suas perdas, pois o baixíssimo nível de tolerância que vejo hoje nos adultos me assombra.

Marli Soares Borges

* Imagem retirada do Google, sem créditos. Se alguém souber, por gentileza me avise.

sexta-feira, março 13, 2015

O PETISMO ESTÁ CUSPINDO SEUS MIASMAS



Já andam chamando os manifestantes de golpistas, de inimigos da democracia e tal. Que bobagem, coisa de gente burra, (menos burra que mal intencionada, penso eu). Quem pede impedimento de um(a) presidente está se manifestando nos limites do estado de direito, pois tal medida -- extrema -- está prevista na Constituição Federal e devidamente regulamentada por lei. Portanto: menos, petistas, bem menos. 


Me alegra saber que o movimento de domingo será de fato, composto por indivíduos livres, sem amarras, sem canga e sem dono. Gente comum, nada de sangue azul. Guaipecas, numa expressão bem gaudéria. Gente livre e responsável. Cada um pensando com sua própria cabeça. Felizmente a imprensa não poderá chamar a manifestação de “movimento social”, expressão desgastada e aviltada que ninguém aguenta mais e que hoje em dia, soa até como ofensa, em função das tantas mentiras que esse governo podre nos aplicou. 


Desejo muito que a praça volte a ser do povo, tudo na santa paz, com civilidade e sensatez. E que nenhum indivíduo que estiver se manifestando, aceite as provocações mal cheirosas que sairão da boca patológica dos petistas ensandecidos. Que Deus proteja os manifestantes e permita que eles bem conduzam as manifestações em cada canto do Brasil. Estarei rezando.

Marli Soares Borges

sábado, março 07, 2015

VIOLÊNCIA EXTREMA CONTRA AS MULHERES

violência extrema contra as mulheres
Imagem: Google


Na terça-feira, (03.03.2015), o Congresso Nacional aprovou o projeto de Lei 8305/14, do Senado, que classifica o femicídio como crime hediondo e o inclui no Código Penal como homicídio qualificado. Isso significa que assim que a lei for sancionada, todo assassinato de mulheres motivado por razão de gênero (pelo simples fato de ser mulher), será enquadrado nessa classificação.


Lamento que nas celebrações do dia da mulher - 08 de março - a pauta da violência ainda esteja em alta. Por isso, sou plenamente a favor da promulgação do femicídio. 


Conceituar como femicídio o assassinato de mulheres, pelo fato de serem mulheres, a meu ver representa um avanço na compreensão política do caráter sexista presente nos crimes de homicídio contra as mulheres, que recentemente passaram a serem estudados, fazendo ressaltar a necessidade de criminalização. Considero importante essa tipificação porque, à toda evidência, o que não tem nome, não existe... "é preciso dar nome aos bois". E a adoção do termo femicídio, além de tipificar o crime, serve também ao propósito de desmistificar a aparente neutralidade que subjaz ao termo assassinato, mostrando tratar-se de fenômeno inerente ao histórico processo de subordinação das mulheres.


Tão triste que durante tanto tempo, tantas mulheres tenham sido assassinadas e os crimes banalizados, tratados como um crime a mais na seara delituosa. Acontece que não são. O assassinato de mulheres, pelo fato de serem mulheres, é uma das consequências mais cruéis da subordinação da mulher e da negação da sua autonomia. E o retrato vivo dessa negação aparece no próprio desenho dos meios de comunicação, que divulgam esses crimes, dizendo tratar-se de “crime passional”. Todavia, um homicídio de mulher não pode ser tratado como um crime passional, porque não é. Assim tratado, você desqualifica o crime, banaliza o crime, -- afinal foi praticado num momento de raiva, você pensa --. Mas não foi. O femicídio é um processo de violência. Por isso, está mais do que na hora de erradicar o tal “crime passional”, que traz em si um conceito misógino, que ignora todo o sistema de dominação patriarcal e tenta manter as mulheres numa eterna subordinação. 


Está na hora de tipificar, de criminalizar, de tirar esse crime do esconderijo. Quando se tipifica um crime, esse crime passa a existir juridicamente, e sai da impunidade. Surgem inúmeras possibilidades de aprimorar registros, criar mecanismos de controle, definir prioridades, etc, claro está, que a tipificação por si só, não basta, até porque, na nossa lei penal subsiste ainda o controle patriarcal contra a mulher. Então precisamos também que, ao lado da tipificação, aconteçam mudanças estruturais na sociedade, reformas gerais, tanto na legislação como nas políticas públicas que, expressa ou tacitamente, contenham preceitos discriminatórios violadores da dignidade humana. É crucial que se analise os delitos contra mulheres à luz de toda a discriminação histórica que as vitimou, da violência estrutural e sistemática, bem como da ausência de políticas públicas de prevenção, punição e erradicação desses delitos. 


Desejo muito que um dia, num estágio de evolução superior, possamos olhar para essa lei e achá-la obsoleta. Que num futuro próximo, o crime tipificado nesse diploma legal, não passe de mera curiosidade histórica e antropológica. Mas enquanto esse estágio evolutivo não chega, reconheço que é preciso zelar pelas mulheres, esses seres vulneráveis que vivem nessa sociedade 'moderna' e bárbara, regida pela lei do mais forte. É urgente criminalizar o assassinato de mulheres. É urgente repudiar os crimes de gênero.

Marli Soares Borges

domingo, fevereiro 08, 2015

GENTE CHATA E BURRA


Contextualizar as coisas... para quê? Acho que as pessoas têm preguiça de ler textos com mais de 140 caracteres e por isso, acabam deixando de consultar as fontes do assunto que pretendem postar e quando resolvem tomar pé do referido assunto, não sabem interpretar os textos. Identificar ironias? Nem pensar, elas não conseguem. Não me surpreende que achem tão fácil pinçar frases soltas e afirmar verdades absolutas. E seguem assim, falando mal, desconstruindo pessoas respeitadas e desprezando sólidos referenciais. E isso, lamentavelmente, tem sido uma prática constante na rede. Veja o que fizeram com o papa Francisco, que em uma fala sobre educação e limites, foi transformado em defensor da violência contra crianças! Óbvio que o contexto que gerou essa fala colocaria tudo em pratos limpos, mas está tão distante do entendimento do "escritor", quanto sua capacidade de interpretar textos. Assim é que essas incoerências vão se se repetindo aqui e ali, nos mais variados assuntos. E o que mais impressiona é que todos eles, acreditam-se detentores do monopólio da verdade e cada um torce o pepino para onde bem entende, ou mesmo, para onde não entende bulhufas. Gente chata e burra.

Marli Soares Borges

domingo, fevereiro 01, 2015

OS MONSTROS


... e no final das contas, eles nem precisariam ter se assustado dos monstros. Não havia monstros, como puderam comprovar ao acenderem a luz. Foi então que eles se deram conta de que os monstros que haviam visto nas noites em que ali estiveram, eram as próprias pessoas que, durante o dia, eles conheciam muito bem. Conheciam mesmo?... e a ficha caiu: eles pensavam que conheciam! Acontece que ninguém conhece verdadeiramente alguém, porque ninguém é absolutamente transparente. Ninguém se dá a conhecer totalmente. Nem para si próprio. Somos todos uns ilustres desconhecidos de nós mesmos. Essa transparência tão alardeada e desejada, é uma coisa midiática, apenas um ideal. Outra utopia posta na nossa mesa para nos confundir. 


Marli Soares Borges