terça-feira, outubro 07, 2014

A CHAVE DE OURO

a chave de ouro
Autoestima

De onde saiu essa ideia de que você é inferior aos outros? Não sabe? muito menos eu. Mas quem de nós não tem os seus senões? Todo mundo tem e ninguém está livre de um dia amanhecer travado, com a cabeça cheia de grilos... não vou conseguir, não sou importante, fulano é isso e aquilo, e eu? Calma, isso passa. Amanhã será outro dia. Mas se você anda tendo esse tipo de sensação com certa frequência, fique alerta, isso pode aniquilar sua autoestima e ferrar com sua vida. Tenho visto muita gente inteligente, jovem, competente, etc, com um futuro brilhante pela frente, mas que vive meia-vida, amargando insucessos pessoais e profissionais, tudo por causa dessa maldita sensação de desvalia constante. Que tal parar um pouco e pensar? Procurar se conhecer melhor, descobrir valores, prós e contras, sentir seus verdadeiros anseios.

A lição de Sócrates é clara, a gente precisa se autoconhecer para não se perder. Não há outro caminho, principalmente se levarmos em consideração essa correria insana em que vivemos. A era é dos excessos: é excesso de tudo, é uma anestesia geral que rouba os nossos sentidos e atira pelos ares a essência da nossa vida. E longe da essência, restamos aprisionados na superfície das coisas. Nossa, e como é fácil a gente se perder no meio das coisas! E você já se deu conta que são apenas coisas?

Quando adolescente li, fascinada, um conto que falava sobre a existência de uma chave mágica que abria o portal da alegria, da compreensão, da clareza e do equilíbrio da vida. Uma chave todinha de ouro! É mas na minha euforia, a princípio não me dei conta de um detalhe: não era possível manuseá-la de fora para dentro. Ela só funcionava de dentro para fora. Bom, quando entendi o senão, pulei do fascínio para a tristeza, que droga de chave era aquela, que a gente não podia usar para ajudar as pessoas a serem felizes?

Só bem mais tarde é que fui descobrir que a tal "Chave de Ouro" existe e que nada mais é, do que o autoconhecimento. Que só quando sabemos realmente quem somos, temos condições reais de buscar em nós a nossa própria essência vital. Óbvio que atingir esse objetivo não é nada fácil. Tocar a essência de nosso ser, saber quem somos, exige de nós uma parcela significativa de decisão e força de vontade. E exige ainda que abandonemos a órbita superficial em que estamos acostumados a viver nosso dia a dia. Se vale a pena? Evidente que sim. A luz é tudo de bom.

Se você está pensando nisso, em realmente saber quem é, ótimo, mergulhe de cabeça e trate de obter a chave. Examine minuciosamente o caminho íntimo da consciência, pois ninguém avança nessa seara sem um conhecimento agudo e preciso de cada uma das suas limitações. Aja com sinceridade; não trapaceie; não fuja da luz e, de uma vez por todas, esqueça as especulações! A gente só se conhece depois que assume o que nos incomoda e enfrenta a situação. Depois que você ultrapassa essas etapas e finalmente sabe quem você é, sua visão de mundo se modifica e tudo ao redor adquire outro significado. Mas por favor, não me entenda mal. Não estou aqui a fim de criar falsas expectativas.

O autoconhecimento é uma ferramenta poderosa e dinâmica, mas não é uma panaceia, -- aliás, não acredito em panaceias -- acredito que podemos tocar nossas vidas com uma certa leveza sem ter que viver refém de sensações de desvalia latentes.

Para mim, o pensamento socrático não poderia estar mais certo, conhece-te a ti mesmo para não te perderes e para saber como modificar a tua relação contigo, com os outros e com o mundo.

- Marli Soares Borges -

quarta-feira, outubro 01, 2014

1º DE OUTUBRO - DIA DO IDOSO (SOU DESSA TURMA)



O Brasil está envelhecendo
 Em 2025 seremos o sexto país mais velho do mundo.

Tenho lido muito sobre o envelhecimento e a quantidade de velhos que andam dando bandeira por aí nesse nosso Brasilzão. E concordo com a Cartilha do Sesc, quando diz que "o Brasil está envelhecendo". Imagine você que em 2025, seremos o sexto país mais velho do mundo, o que significa que, um em cada quatro brasileiros terá mais de 60 anos! Tudo indica que em poucos anos teremos mais pessoas velhas do que crianças no planeta. Já viu.

Claro que o aumento da longevidade é uma conquista social, mas por outro lado, o envelhecimento populacional é visto com preocupação pelos especialistas, porque acarreta milhões de mudanças nas demandas atendidas pelas políticas públicas, e apresenta novos desafios ao Estado, a sociedade e a família. E isso é um problema gigante. Raciocine comigo: se os velhos perderem a autonomia em razão das doenças da velhice, o que será da sociedade? O que será das familias, filhos, netos, etc, se, de uma hora para outra, seus velhos virarem dependentes?

Segundo a Gerontologia, (ciência que estuda a velhice e o processo de envelhecimento), a autonomia dos velhos está diretamente ligada à boa saúde e ao envolvimento ativo ao longo da vida. Pois é. Mas como manter um envelhecimento ativo? Aí é que são elas: isso tudo custa dinheiro. Grana, muita grana. Quer ver? Precisamos de saúde, porque sem saúde não há qualidade de vida. Temos de ter oportunidade para participar da sociedade, estudar, ir ao cinema, etc. e sem saúde, nada feito, impossível a tal de participação ativa na sociedade. Disso resulta que precisamos de um sistema eficaz de proteção que nos dê segurança para contrapor as perdas que sofremos ao longo do envelhecimento. É mole? E tem mais: precisamos treinamento contínuo para adquirir novos conhecimentos e habilidades, caso contrário, aos 60 anos qualquer pessoa estará obsoleta!

E o dinheiro pra sustentar tudo isso? Cadê o dinheiro? Os velhos precisam de dinheiro sim! E é aqui que entram as políticas públicas voltadas a esse segmento populacional, -- aquelas previstas lá no Estatuto do Idoso. É urgente que saiam do papel e funcionem, pois o resultado benéfico se refletirá na sociedade como um todo. Tenho certeza.

Então gente, festejemos o nosso dia, mas lutemos para que essas políticas sejam de fato implementadas, e que a qualidade de vida -- com autonomia -- atinja toda a população. Até porque, os ricos, esses não precisam, eles têm uma boa aposentadoria, um bom plano de saúde. E a sociedade está dando a eles uma oportunidade de envelhecer como nunca houve antes: quando adoecem, existem urgentes respostas tecnológicas para seus males. E tem outra: eles só ficam doentes no finzinho da vida; têm um período rápido de declínio e morrem. Beleza, viveram numa boa, ativos e não ficaram incapazes. Mas a maioria de nós, tem de amargar ali, no sacrifício, e depende do que o Estado oferece – e ele oferece muito pouco. 

Na real estamos envelhecendo em situação de pobreza. Aí você pergunta, mas como, não vivemos num país rico? Sim, rico em recursos naturais, mas pobre, paupérrimo do ponto de vista social! Somos pobres em recursos humanos pensantes, em gente honesta nos altos comandos governamentais, nossos políticos sabem mesmo é ser bons no papo. Sabem muito bem inventar leis que beneficiem os velhos, mas rapidinho já inventam um modo legal de não cumpri-las. O vírus e o anti-vírus, todos criados ao mesmo tempo, de caso pensado para que a tal da lei de Gérson entre discretamente em ação. Ou você pensa que essa lei caiu em desuso? A corrupção é tanta, que o governo rouba uma parte, até mesmo da quantia miserável que os velhos recebem a título de aposentadoria; infelizmente o governo conseguiu aviltar a única coisa boa da qual os aposentados poderiam se orgulhar: a recompensa de se aposentarem, pelo tanto que pacientemente descontaram de seus ganhos durante toda sua vida laboral. Mas pensar nesses descontos, agora na velhice, é motivo de arrependimento e dor. A contrapartida não funcionou adequadamente, fomos traídos.

Bom, gente, não quero cansar vocês com meus grilos, então vou parar por aqui, mas não posso sair sem dizer uma coisa que considero de vital importância nesse processo. É o seguinte: para mim, esses desafios do agora não dizem respeito apenas às políticas públicas e ao cumprimento do Estatuto do Idoso. Eles começam no modo de agir das pessoas, no exemplo de vida que estão deixando às novas gerações, na gentileza, atenção, respeito e carinho que dispensam aos velhos, na rua, no ônibus, nas filas, etc. 

Extirpar um preconceito e dar exemplo de vida é um desafio e tanto! Eu sei. De minha parte, vai uma dica aos jovens: -- Galera, fiquem antenados, quem não morre cedo, velho haverá de ficar! C'est la vie! Pensem nisso e façam a sua parte. Tratem muito bem os velhos.

Enfim. No nosso dia, parabéns a nós, idosos, (prefiro a palavra "velhos", que acho mais sincera), parabéns a nós que estamos aqui, com saúde, vivinhos da silva, nos divertindo na internet!

Em tempo: 1º de outubro, Dia Internacional do Idoso e também o Dia Nacional do Idoso, (instituido pela Lei 11.433/2006). Para a legislação brasileira, idosa é a pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. 

- Marli Soares Borges -

quinta-feira, setembro 04, 2014

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS

a revolução dos bichos


Muitos pseudo-esquerdistas deveriam ler "A Revolução dos Bichos" de George Orwell e "1984" do mesmo autor, para entender a psicopatia dessa gente que está no poder. Deveriam ler para instruir-se e não fazer as burradas que fazem, elegendo gente corrupta para dirigir o Brasil. 

Li "A Revolução dos Bichos" aos 23 anos e nunca mais esqueci. Li novamente para escrever esse post, e continuo achando que George Orwell colocou aqui a melhor explicação para o embuste que é o socialismo, seja em que vertente atual estiver prostituído e maquiado. Mesmo após sessenta anos da publicação, o brilho dessa obra continua intacto. 

Para quem não leu o livro aí vai um resuminho básico: o enredo gira em torno dos animais de uma granja que insatisfeitos com tanta exploração -- seguindo a liderança dos porcos -- armam uma revolução e acabam tomando a granja. Liberdade! Finalmente eles estão livres do Homem e agora finalmente poderão plantar e colher em beneficio próprio, num sistema igualitário. Mas nem tudo que reluz é ouro e a revolução acaba se revelando uma tirania. Os líderes desse regime totalitário são os porcos que, cheios de privilégios, vão progressivamente instituindo um regime de opressão. A maior parte da história se passa durante o governo exercido por Bola de Neve e Napoleão, os dois porcos que comandaram a revolução e assumiram a direção da granja. Junto com eles, há um terceiro porco dotado de extraordinária força de persuasão, o Garganta, encarregado da propaganda. Nossa, é pura corrupção! Os revolucionários que reagiram contra o poder acabaram se tornando exatamente iguais àqueles contra quem lutaram. Seus "companheiros" tornaram-se seus escravos. Uma escravidão nova e bem mais impiedosa, porque agora estão nas mãos de seus semelhantes. Na proposta inicial, todos os animais seriam proclamados iguais, mas na real, "alguns são mais iguais que os outros". E não há novidade nisso, pois a história nos mostra que em todos os lugares do mundo onde foi implantado o socialismo real, um partido - e via de regra o líder desse partido - tomou o lugar da classe social que deveria comandar o processo revolucionário, substituindo a "ditadura do povo" pela "ditadura do partido". 

Não há como fugir à comparação com o atual governo petista. 

Atualmente tanta coisa tem acontecido à revelia de qualquer lógica, que acabo sempre lembrando do livro de Orwell. São perfeitas suas metáforas com os animais delineando o retrato cruel da humanidade, mas o autor cuidou de deixar claro, - até para não ofender os animais - que a inteligência política que humaniza os bichos é a mesma que animaliza os homens. Pensando bem, há mais de dez anos estamos posando para esse retrato cruel. 

a revolução dos bichos


Mas com a chegada das eleições podemos chutar o balde e fazer esse governo largar o osso. É a nossa chance. Depois não adianta espernear e querer um buraco para enfiar a cara. 

. . .

Gente, são pouquíssimas páginas, um livro bem fininho, você lê num tapa. E pode baixar de graça na internet. É uma ótima oportunidade para refletir um pouco sobre utopia e realidade. E questionar essa retórica da "construção de uma sociedade mais justa e igualitária", em nome da qual "os fins justificam os meios". E depois, aproveite para ler também "1984" do mesmo autor, e você vai se surpreender com tanta coisa "nova", conhecida e tão "moderna" que estão nos metendo goela abaixo..., e de quebra ainda vai descobrir a origem do BBB! hahaha. 

Marli Soares Borges
"A esperança tem que ter a audácia do desespero" (Millôr Fernandes)

quinta-feira, agosto 28, 2014

PROCURA-SE UM TALENTO


Arte de Lorenzo Durán *
Sempre ouvi dizer que todo mundo tem talento. Mas como? eu não tenho. Onde está o meu talento? Complicado isso, difícil de entender. Mas, afinal o que é mesmo talento? Dizem que talento é fazer com facilidade o que os outros fazem com dificuldade. Nesse sentido é possível concluir que talento não se resume apenas em aptidões específicas para tocar, cantar, jogar, atuar no teatro, pilotar carros de corrida etc. Há outro tipo de talento, e é deste que eu quero falar: o talento natural, a aptidão inata que existe em cada um de nós para fazer alguma coisa, para intervir positivamente em determinada situação. Não lembro exatamente onde, mas sei que até a Bíblia faz referência a esse tipo de talento. Ser simples por exemplo, é um talento incrível de onde deriva a humildade, a hospitalidade e a coerência. Saber ouvir é outro talento fantástico e saber pensar é uma glória. Mediar uma discussão, objetivar uma ideia, resumir as questões, agir com delicadeza e acalmar os ânimos nas situações limites, ensinar alguma coisa que a gente sabe... são talentos maravilhosos. Aí eu sigo pensando... que bom seria se a gente pudesse aproveitar nossos talentos para melhorar o mundo. E porque não? Eu particularmente acredito demais nessa possibilidade, sempre é possível fazer alguma intervenção positiva no universo que nos circunda. Óbvio que não é uma tarefa assim tão fácil, por isso, antes de tudo é preciso querer; depois é só começar e continuar. E perseverar. Ou ninguém chegará a lugar nenhum. Observe que utilizei três verbos: começar, continuar e perseverar, ou seja, dar o primeiro passo, seguir caminhando e não parar.

De minha parte posso dizer que descobri que tenho um talento fantástico e que ultimamente ando talentando demais, rsrs, muito mais do que eu gostaria. Ah, sim, é a paciência. Acontece que esse inverno chuvoso aqui do sul anda me dando nos nervos e só com paciência para aguentar. Acorrentei em mim a paciência, porque se ela fugir estou ferrada. A propósito como anda sua paciência? rsrs.

- Marli Soares Borges -

* O artista Lorenzo Durán acredita que a arte é a mais pura essência de todo objeto natural, daí usar as folhas de árvore como meio de expressão artística, em recortes repletos de detalhes. 

quinta-feira, agosto 14, 2014

DESTA PARA MELHOR




desta para melhor
"A morte transforma todos os homens num só" 
(Jean Paul Sartre)

Passou desta para melhor. É assim que a gente costuma dizer, geralmente em tom de brincadeira, quando se refere à morte. Mas ando tentando entender algumas atitudes que costumamos ter diante da perda recente de alguém, conhecido, amigo, parente etc. Primeiro vem o choque, depois rapidinho a gente começa uma cantilena: agora ele ou ela está em lugar melhor, encontrou a paz, foi para a luz, mais uma estrela no céu, etc. Será mesmo que acreditamos em nossas próprias palavras? Sei não, acho que a gente fala para consolar o outro, mas no fundo fala muito mais para nosso próprio coração, perplexo, diante da enorme ferida que a morte - certa e inevitável - sempre causa nos que permanecem nesse plano material. Quem de nós nunca se perguntou, como será? quando a vida nos abandona, como será? como será essa dor da morte? ou será dor da vida que se foi? como será do lado de lá? existe o lado de lá? É que a gente não suporta o ponto final, a insegurança e muito menos a incerteza contida na vida, não dá para esquecer que nunca, jamais, alguém voltou em carne e osso para nos contar o que aconteceu, o que viu e o que se passa na nova 'morada'. Como suportar o medo da morte, esse desespero visceral que nos acompanha desde que nascemos? 

Que coisa, pensando bem, a gente já nasce com a morte embutida na vida, e sem qualquer explicação, temos que suportar a perda de nossos entes queridos, temos que encarar o medo de nosso próprio fim e conviver para sempre com essa dúvida existencial. A vida que tanto amamos é apenas um sopro. Talvez por isso, quando alguém morre, a gente imediatamente abandona a lógica e pega o caminho da fé. Na verdade, o pouco que sabemos não veio a nós através de fatos reais, concretos, táteis ou visuais, como convém aos habitantes de um corpo físico. Ao contrário, todo o conhecimento que temos sobre essas questões têm origem em contatos digamos, transcendentais, todos eles abstraídos através da fé. 

Ah, a fé! Esse bálsamo que nos ampara e nos ajuda a suportar as perdas. Se não fosse a fé e a espiritualidade, não sei o que seria de nós, pois a morte é o maior contrassenso que existe na face da terra. Não me olhe assim, não tenho respostas, só perguntas. Em matéria do além, sigo tateando no escuro. Mas como seria se abandonássemos a fé e seguíssemos pela lógica pura e simples? Bom, aí voltaríamos ao ponto inicial com a pergunta que não quer calar: cá entre nós, se a gente realmente acredita que é tão bom, que tem tanta luz, que tem braços e abraços de aconchego do lado de lá, porque damos nosso sangue para ficar nessa muvuca do lado de cá? hahahaha. É que aqui é a Estação Vida. Aqui a gente sabe onde pisa... ou pelo menos pensa que sabe. 

- Marli Soares Borges -

quarta-feira, agosto 13, 2014

TRATOS À BOLA


tratos à bola
Imagem: mandalarte


Porque hoje não precisa ser como ontem é que darei satisfações a você, direi aonde vou, quando volto e o que pretendo fazer. Contarei tudo a você, não omitirei um detalhe sequer. Farei o que puder, me desdobrarei, porque acredito em você. Mas não servirei aos que deixei de acreditar, mesmo que estejam sob as mais variadas chancelas: minha casa, minha cidade, meu país, minha religião. Viverei desse jeito meu, expressando-me da forma mais livre e completa que conseguir, e se um dia alguém acusar-me de alguma coisa, -- o que certamente acontecerá, pois a gente sempre sofre críticas quando aprende a dizer não -- eu tratarei de manejar em minha defesa as únicas armas que me permito usar: o silêncio e a habilidade. 
Marli Soares Borges

quarta-feira, agosto 06, 2014

É BEM ASSIM

a verdade é o todo


É BEM ASSIM, nós e nossa mania absurda de julgar os outros precipitadamente. E o pior é que já fizemos disso um hábito, simplesmente vamos julgando os outros conforme nossos próprios valores e emitimos nosso juízo de forma totalmente subjetiva, a partir daquilo que mais nos importa. Parece que a gente não tolera mesmo o incerto. Aí vamos logo dando um jeito. Um julgamentozinho daqui, outro dali e nossa mente se alivia. A verdade é que não temos paciência de esperar as evidências. E isso não é bom. A conclusão apressada, amparada em pedaços de realidade é um pacto com a injustiça. Hegel já dizia: "A verdade é o todo". E é. Quando não enxergamos o todo, corre-se o risco de atribuir valores exagerados a verdades limitadas, prejudicando nossa compreensão. 
- Marli Soares Borges

quinta-feira, julho 24, 2014

REPARA BEM NO QUE NÃO DIGO


repara


Sempre achei que era boa ouvinte. Mas não! Na adolescência eu falava demais e ouvia de menos. Não aguentava ouvir, eu ia logo dando um palpite e acabava fazendo uma confusão do que a pessoa dizia com o que eu queria dizer. Um dia dei de cara com a poesia de Alberto Caeiro: "Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma". Pensei, pensei. Silêncio dentro da alma? Demorei a perceber o desafio que envolve a arte de ouvir. Entendi que para OUVIR é preciso paciência, contemplação e silêncio. Silêncio dentro da gente, nada de pensamentos, nada de julgamentos. Quando me dei conta disso, comecei a esforçar-me para ouvir o que as pessoas estavam querendo me dizer. E nesse exercício silencioso e atento, já consigo, algumas vezes, captar os sons que existem nos intervalos das palavras. Tem um poema da H. Kolody que diz: "ouvir com os olhos e afirmar: eu compreendo; nem é preciso dizer nada". 

Marli Soares Borges, 2013