Olá todo mundo!
O tema da blogagem é juventude. Hora de remexer o baú das recordações. Lá vai...
CHOCOLATE COM CERVEJA
Janeiro. Férias. Nós em Porto Alegre-RS. No money e eu doida pra sair um pouco da cidade, respirar. Foi então que um casal de amigos teve a ideia de fazer uma pescaria e meu marido disse que conhecia uma lagoa que dava muito peixe. O problema é que teríamos que viajar, pois a tal lagoa ficava pertinho da fazenda velha, em Santa Maria, nossa terra natal. Logo, teríamos que acampar. Lembro perfeitamente que a namorada do tal amigo apressou-se em anunciar que levaria a barraca. E levou.
Éramos 8 - duas gurias e seis guris. Todos na faixa dos vinte, menos eu, com 17. Com exceção do casal de amigos, os outros eram primos e um deles, irmão do meu marido. Uma gurizada. Não lembro exatamente quem fez as compras no supermercado. Só lembro que alguém perguntou e alguém respondeu que estava tudo nos trinques.
E lá fomos nós, em dois carros. Chegamos em Santa Maria e seguimos viagem. Saindo do asfalto pegamos uma estrada de chão batido, toda esburacada, um terror. Passamos por Arroio do Só, macilenta, desértica, andamos mais alguns quilômetros e chegamos finalmente ao lugar de onde teríamos que seguir a pé até o nosso destino. O sol estava alto, mas dentro em pouco começaria a anoitecer. Fazia um calor dos infernos. Não lembro os outros, mas eu estava muito cansada e superempoeirada. Avistamos a tal lagoa, na outra margem do rio. Era um lugar muito lindo. Isso eu sabia, já passara naquelas imediações, algum tempo atrás. Pegamos nossas tralhas e atravessamos o rio, numa parte bem rasinha. O rio era transparente, não esqueço.
Putz, me perdi. Ah, sim. Hora de armar a barraca. Então a primeira surpresa: uma mini barraquinha, daquelas que só cabiam dois! Mas como? A gente estava tão confiante. Okok. Todo mundo achou tudo muito engraçado e ficou resolvido que as gurias se instalariam na barraca. E os guris? Na cerveja e na pesca, oras! À noite, sob a luz do lampião, tudo era motivo de riso, farra mesmo. E a cerveja corria solta.
Lá pelas tantas bateu a fome. E veio então a segunda surpresa: tinha água, erva-mate, condimentos, cervejas, material de higiene, repelente de insetos, etc. e... zero comida. Santo Cristo, e agora? Aos peixes. Nossa barriga roncava alto. Alguém pescou um peixinho, grelhamos e dividimos irmãmente. A noite avançou e nada de peixes, só uma cobra dágua. Lá pelas tantas começou a esfriar. Um frio ducaralho, como diria meu filho. Roupas quentes? Nada. Quem suspeitaria daquele frio? E a fome pegando pesado. Então lembrei do chocolate que eu havia trazido. Era uma barra grande, sou louca por chocolate! Dividi com a turma. E foi esse o nosso único alimento.
Na madrugada, todo mundo mais pra lá do que pra cá, de tanta cerveja e tanta fome. E congelados. Ninguém queria mais saber de peixe nem do fogo de chão. Dois de cada vez, por um tempo "x", entravam na mini-barraca pra se aquecer. Naquela noite, literalmente, comemos o pão que o diabo amassou. Mas apesar de tudo, nem por um instante pintou a discórdia entre nós. Aguentamos firme.
Na manhã seguinte um dos guris resolveu dar uma rápida explorada no território em volta. E a surpresa final: bem ali, a poucos passos de nós, havia um galpão, e mais adiante a morada do caseiro, gente boa, conhecida de nós. Uau. Se a gente adivinhasse, eu estaria hoje, contando outra história.
Retornamos para casa, nosso paraíso, descobrimos.
Nunca mais esqueci aquele episódio. Nem a fome, nem o frio, nem o cansaço tiraram a magia daquela noite e a beleza daquele lugar. Agora, se a tal lagoa dá peixe, isso pra mim é história de pescador. Em todo o caso, o saldo até que foi positivo: um peixinho e uma cobra dágua. Tsc, tsc. Quer saber? O saldo foi pra lá de positivo! Solidariedade: dez; companheirismo: idem. E hoje em dia, rende um bom ibope: os amigos nossos, dos nossos filhos, etc, todo mundo adora quando conto esse causo. Óbvio, ao vivo e a cores, trago os detalhes que omiti pra não alongar esse post. E a gente ri muito. Nossos primos também já passaram adiante a história. O casal de amigos? Separaram-se e eu nunca mais tive notícias.
De resto, a juventude foi palco dessa (in)experiência fantástica, desse episódio que em si, foi o festival dos horrores, rsrs, mas, sem dúvida, um baita up grade na preparação para a vida que cada um de nós teria a partir dali.
Beijos a todos.
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Cheguei agorinha do hospital. Amanhã cedo será a cirurgia do meu marido. Contei tudo no post anterior. Demorou, porque precisava antes estabilizar a pressão. Deus nos abençoe.
Sorry, fiz esse post, rapidinho, nem revisei.
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Esta postagem é minha participação na Blogagem coletiva proposta pelas amigas:
Rosélia do http://espiritual-idade.blogspot.com/
Gina do http://nacozinhabrasil-gina.blogspot.com/
Rute do http://publicarparapartilhar.blogspot.com/
Marli,
ResponderExcluirQue situação guria!
Nossa....eu que sou muito comodista iria surtar...rs
Por mais bonito que seja eu gosto é de caminha e ar condicionado...rs...agora para o tempo de guria até que é uma recordação prá lá de legal!
Imagino a imensa algazarra que não foi!
Beijinhosssssssss
Rsss...muito legal e cada uma,heim?
ResponderExcluirCoisa boa ter bastante o que lembrar!!! Adorei! beijos,chica
Puxa estou em falta com a BLOGAGEM COLETIVA DAS FASES DA VIDA... COMECEI TAO GOSTOSO... mas nao deu pra acompanhar. Mil perdoes.
ResponderExcluirBjs mil!
Marli, o evento em si é um horror, mas o aprendizado que ele traz de solidariedade , de partilha, de companheirismo fica ainda mais marcado. Acho que é por isso que a gente não esquece nunca. Já pessei muitos apertos desse tipo e hoje também me divirto contando. Só que tem muita gente das novas gerações que abomina a menor possibilidade de passar sufocos como estes, principalmente se tiverem que dividir alguma coisa. rsrs. Abraços , oro e torço muito para que seu marido se recupere o quanto antes e satisfatoriamente. Paz e bem.
ResponderExcluirOi,passei para desejar boa- sorte e muito axé p/ vc e seu marido.
ResponderExcluirdorei o texto de hoje. bjs
Histórias da juvantude nunca se esquece.
ResponderExcluirDesejo que tudo corra bem com seu marido.
Histórias da juvantude nunca se esquece.
ResponderExcluirDesejo que tudo corra bem com seu marido.
Marli
ResponderExcluirEu ri tanto mas depois fiquei preocupada.
Vou ler depois o seu blog de ontem Mas desde já te conto que esta noite minhas oraçoes será pro seu marido.
com carinho MOnica
Estou indo para o Rio de Janeiro amanha
Marli, minha filha costuma dizer exatamente que jovem aguenta tudo. Improviso e boa companhia geram muitos risos. Isso vale pra qualquer época!
ResponderExcluirApesar da correria que escreveu, foi um depoimento bem diferente e, ao mesmo tempo, retrata fielmente o que é essa fase.
Já dormi dentro de carro porque a casa que íamos ficar estava lotada, muito mais do que se esperava. Claro que todos jovens!
Menina, uma barraca para 8 e zero de comida foi "ótimo", pra não dizer trágico...
Por uma noite é claro que dá pra aguentar e rende histórias até hoje.
Espero que seu marido esteja bem.
Bjs.
O bom é ter coisas inusitadas para contar...
ResponderExcluirDesejo que t udo corra bem com o maridão.
bjs
Olá, querida Marli
ResponderExcluirDescobri seu post ontem por acaso... avisei às meninas... teci um comentário ontem na horinha e hoje não o vejo por aqui...
Vou repetir:
Eu acampei uma vez pra nunca mais... senti saudade do meu delicioso chuveirinho... e da cama limpinha e macia...
Coisas de jovem... interessante que hoje em dia sou bem maleável... flexível... como a vida nos molda!!!
"O verde só vinga com o Orvalho de Hermon, nas Montanhas do Sião".
Que o seu dia a dia seja amortecido pela força da juventude que habita em vc!!!
Bjs juvenis e de paz
Marli! Que aventura hein!!!
ResponderExcluirAdorei as provisões todas que levaram! KKKK Acampar é uma delícia!
Fica sempre uma farra alegre na memória!
Querida amiga vim lhe convidar para o aniversário do Versos de Fogo amanhã dia 18!
Vem me ver!
Bjus!
Oi minha querida.
ResponderExcluirViva a juventude, nessa época achamos graça até das dores,rsrsrs, e sua aventura marcou este tempo bom. Não sabia da cirurgia de seu marido, espero que td corra bem. Quando vc puder de uma passadinha no meu blog, deixei um selinho pra vc. Fica com Deus. Bjs.
Marli querida, espero que tudo tenha saído bem na operação, vou la ler o seu post,eu nao estava sabendo!!!
ResponderExcluirQuanto a sua historia, adoreeei, momentos assim nao esquecemos jamais, se tudo tivesse dado tão certinho, provavelmente nao teria marcado tanto...rs.
Vem ca....você conhece o seu marido desde os 17 anos?? Woooow!!!!
Bjks.
Nossa ....Marli, que historia linda essa sua com teu marido, casados desde os 16 e tão companheiros ate hoje,daria um filme.
ResponderExcluirQue loucura esse, como dizemos aqui na Florida,"freak accident" com o teu bonitao,mas graças a Deus deu tudo certo na operação, agora é recuperação e paciencia mesmo.
Bjks.
São esses momentos, fragmentos de boas lembranças que enriquecem a vida.
ResponderExcluirDesejo que esteja tudo bem por aí.
Beijos
Marli, que história! O bom é q na juventude tudo é divertido. O jovem tem uma maneira impar de resolver problemas. Aposto q se fosse hoje, seu humor seria outro. Muita paz!
ResponderExcluirAdorei o post e sua história! Quanto ao seu marido, boa sorte!
ResponderExcluirBjbj
She
Marli, mas que aventura, importante que tudo acabou bem e hj vc possui essa história fantástica para contar aos filhos, netos, e para nós.
ResponderExcluirSabe Marli, já saí muito nessas empreitadas, suporto tudo, fome, pernilongos, cansaço, mas uma coisa não consigo aguentar - o frio, tenho pavor de frio.
Querida, continuamos por aqui torcendo para que tudo ocorra da melhor forma possível para seu marido, nessas ocasiões de tensão, a pressão costuma mesmo elevar-se.
Beijo querida, nos mantenha informados.
Até outras.
Olá Marli,
ResponderExcluirfinalmente estou chegando no fim da lista das participações. Ufa!
Mas todas têm-me encantado. São tão diversificadas.
Gostei da pitada de aventura no seu post, tão carateristica da juventude!!
E claro que juventude é convivio, é socialização!
Beijinhos e nos vemos na fase seguinte: MATURIDADE.
Rute
Marli
ResponderExcluirImaturidade, mas muita camaradagem não é?
Nessa idade, quem pensa em comer? E tudo dá pra ser dividido, numa boa.
Já pensou se isso fosse hoje?
Bem, eu estava de férias, estou voltando hoje tentando virar adulta novamente, então não li seus posts anteriores e não estava sabendo sobre a cirurgia do seu marido. Vou ler mas de antemão, meus desejos de que tudo corra bem, ok?
um beijo
Uma bela narrativa sempre nesta coletiva e as afinidades visíveis!!!Bjs no coração e muita saúde e paz para seu marido.Minha participação está no Rumos Libertadores!!!!
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