Comer é uma das melhores coisas do mundo. Cozinhar também. Comer e cozinhar. Eu acho. Mas se você pensa que comer é só encher a barriga e matar a fome, está muito enganada, comer é muito mais do que isso. Comer sacia o corpo e alegra o coração, e não é sem razão que comer tem várias conotações, rsrs. Mas cozinhar... vou confessar pra você: saber cozinhar era tudo o que eu queria, saber fazer comida mesmo. Para mim comida é alquimia, é feitiçaria, pura mandinga, é canjerê. E cozinhar é um ato individual e ousado de amar, pois na panela a gente coloca vida ou morte, tempero ou veneno, ternura ou ódio. Tenho inveja daquele pessoal que vive pela cozinha fazendo comidinhas, certamente eles têm cruza com magos, duendes, feiticeiros, bruxas e fadas... sei lá. Você já se deu conta que depois de comer ninguém permanece mais a mesma pessoa? É sim. Acontece uma mágica. A gente muda, pensa diferente, sonha colorido. Tá bom, às vezes não, o tiro sai pela culatra e a gente acaba ficando down... tudo vai depender do contexto, mas uma coisa é certa, quem come fica enfeitiçado na mesma hora. Por isso, acho que comer é uma glória, mas saber cozinhar é uma benção!
Quando vi pela primeira vez o filme "A Festa de Babette", simplesmente me achei.
A história acontece no final do século XIX, num vilarejo na Dinamarca e o filme confirma que a alimentação não pertence apenas ao registro da necessidade humana. E vai fundo nessa reflexão. A começar pela personagem principal, Babette: uma artista que conhece os segredos de produzir alegria pela comida e que sabe tudo sobre a tal mágica a que me referi. E tenho quase certeza de que aqueles moradores rudes da aldeia, também desconfiavam disso, se não, por qual motivo eles estariam com tanto medo de comer o banquete que Babette lhes preparara? Era tão estreita a visão daquelas pessoas, -- acostumadas desde sempre a sacrificar paixões e desejos em nome da fé e da obrigação --, que todos tinham 'certeza' que ela era uma bruxa e que o banquete era um ritual de feitiçaria. Daí o medo gigantesco e o propósito que fizeram de comer de bico calado, sem qualquer manifestação, -- sem sentir o gosto --, afinal eles estariam expostos aos prazeres terrenos da gula. Eles acreditavam que Babette, com aquele jantar, colocaria suas almas a perder e que eles não iriam para o céu. Sim, era isso que pensavam, enterrados naquele fim-de-mundo e atormentados por proibições religiosas, limites de pensamento e hipocrisia. Mas, se por um lado eles erraram, (e erraram mesmo), por outro estavam absolutamente certos. Era feitiçaria sim. E da boa, de outro tipo. Não do tipo que eles imaginavam. Dá só uma olhadinha no tamanho do feitiço: começando pela mesa, convidativa, requintada. Toalha, louça, talheres, cristais, tudo perfeito, nos mínimos detalhes. Você sabe, a gente come também com os olhos. Agora o menu: sopa de tartaruga, cailles au sarcophage, e vinhos maravilhosos, deusdocéu! Tudo a ver com Adão e Eva, a maçã e o fruto proibido. A câmera vai focando o rosto de um a um dos comensais e a gente pode observar o prazer abrandando os sentimentos... transformando pensamentos. O paladar amenizando as aflições da vida e o riso embelezando os rostos enrugados e endurecidos. E as máscaras caindo... -- óbvio, o pecado da gula arrasta outros, tais como o orgulho e a inveja --.
Mais tarde na rua, saindo do banquete, eles fizeram um grande círculo e todos de mãos dadas cantaram feito crianças... encantados. Felizes. Eram outras pessoas. Olhando para a noite e para a lua pareceu-lhes que a manhã seguinte seria diferente dos outros dias e das outras noites. Foi quase como se o tempo adquirisse outra intensidade.
Em tempo: comilanças à parte, o filme "A Festa de Babete" é na essência, uma alegoria que espelha a gravidade da contradição histórica vivida pelo ser humano. O "jantar francês" de Babette é o espaço onde ela reconstrói seu próprio passado e ressuscita para a vida. Preparando o jantar ela narra sua história e recupera seus referenciais e, jantando, os convidados constroem a narrativa da história de vida de cada um. E assim, recuperando-se o passado, outro futuro se desenha.
Marli Soares Borges
Olá Marli,
ResponderExcluirEntão cozinhar para você é algo tipo feitiço? Rsrsrsr. Eu falo para minhas irmas que são cozinheiras maravilhosas - são magas.
Não tem como não se encantar com aparencia e sabor dos alimentos que elas preparam.
Bom demais seu post!
Marli eu também acho que comer é um ato prazeroso enquanto que cozinhar...não é comigo não. Eu ainda vou encontrar o endereço onde vivem esse povo da magia, entre caldeirões e feitiçaria, reza brava e mandinga, somente eles poderão me fazer uma grande cozinheira um dia! rsrsrsrs
ResponderExcluirBeijos
Eu cozinho muito bem!
ResponderExcluirEu como muito bem!
Meu problema é lavar a louça Marli!!!! kkkkk
Beijokas!
Oi Marli!
ResponderExcluirAssino por baixo...se comer bem é tudo de bom, cozinhar é uma arte dos deuses...
Se vc gostou da Festa de Babette, tem que ver este filme: "JULIE & JULIA", ainda mais porque tem tudo a ver também com um blogue...
Espreita:
http://www.cbsnews.com/video/watch/?id=5180488n
Beijosssssssssssssssssssssss bem temperados!
Verdade Marli...
ResponderExcluirCozinhar exige magia.
Amei esse filme.
Também gostei muito de "chocolate".
Sempre achei que perdemos a fome quando estamos tristes porque comer é uma forma de celebrar a vida.
Gostei demais desse texto.
Beijos querida...
Oi, Marli!
ResponderExcluirComer é um grande prazer, sem dúvidas. E cozinhar é uma arte, feitiçaria, alquimia, seja lá o que for, mas... para aqueles agraciados, kkk
Adoro comer :) Detesto cozinhar:(
Beijos
Socorro Melo
Marli, você assistiu o filme "Estômago"?
ResponderExcluirSabe que quando como me sinto feliz...Dieta, me deixa mal humorada e chataaaaaaaaaaaa.Come é bom demais, degustar o que comemos aumenta em muito o prazer de comer.
ResponderExcluirBjos achocolatados
Eu amo cozinhar!
ResponderExcluirMais ainda quando vejo que os que a comem ficam babando, mas sabe que me canso da minha comida, por mais gostosa que seja?
Mas eu sei que cozinhar é magia pura, emoção pura. Todo cuidado é pouco...rs
bj
Marli eu sou Catarina, feiticeira que faz feitiços na cozinha e na maquina de costura, com um pincel numa mão, uma tesoura na outra, as colheres esperam pacientemente o momento de mexerem o caldo de tudo isso.Toda mulher nasce assim, mas so algumas conseguem descobrir qual é o instrumento de sua magia: os pinceis, a caneta, a tesoura ou as panelas.
ResponderExcluirDesde menina faço feitiços toda vez que rezo pelos meus.Um beijo grande da Eliane.(Vc é uma das minhas)
MARLI, não encontro prazer no comer
ResponderExcluire, talvez, por isso, eu não sei co-
zinhar, fazendo apenas o trivial,
sem sabor. Mas,gostaria de ter pode
res como a ¨Feiticeira¨do seriado,
apenas dar uma torcidinha no nariz
e tudo pronto.
Abraços
Marli! Eu morro a rir com os teus textos :)))
ResponderExcluirMas é mesmo verdade sim! Sem dúvida que comer é um delírio, sobretudo quando a comida foi feita com amor.
Quando falaste da Festa da Babette, lembrei-me do Chocolat da minha escritora preferida, a Joanne Harris.
Este livro virou filme, lembras-te?
Ela até foi excomungada pelo padre por fazer aquelas delicias todas com o chocolate. Era pecado, gula!!!
Sei que quando li o livro, eu babava a cada instante ... e quando ela preparou e serviu o jantar a senhora idosa e muitíssimo diabética com todos os seus amigos presentes !!!!! incluindo o neto, my God!!!
Amiga, não fiques triste :) Promete!!!
Cá em casa, nenhum de nós é gordo, estamos muito bem, na linha certa, eu não passo dos 53/54 quilos, mas come-se bem.
BEM mas com moderação.
O mais atípico é que todos gostamos de cozinhar :)))
O meu filho que está há muitos anos na Suiça, até já foi cozinheiro chefe.
Eu e o José (marido) pegámo-nos por causa dos tachos muitas vezes.
Ai de mim que lhe destape a panela se é ele que está na cozinha :))))
Há os pratos que ele é expert e os que são sempre meus...
O pior, amiga, é que no final do "banquete" é sempre esta tua amiga a tratar da loiça e da mesa e das migalhas e dos etcs todos.
Mas é bom demais, tens razão.
Beijos
Ná
Marli
ResponderExcluirEu sou do tipo que acha cozinhar uma benção. Vivo por ai pegando receitas, nas revistas, na internet, e ...... passo tudo pra minha empregada e para o meu marido.
Eu sou bem melhor comendo.
beijos
Concordo com você, Marli. Cozinhar é pura feitiçaria. E o filme mexicano "Como água para chocolate" tem muito desse feitiço. Se você não viu recomendo.
ResponderExcluirJá vi partes de "A festa de Babette" e é muito como você descreve.
Um abraço!!!
Querida amiga hoje vim especialmente agradecer o seu carinho por ter comemorado comigo o aniversário da minha mãe.
ResponderExcluir“A glória da amizade não é a mão estendida, nem o sorriso carinhoso, nem mesmo a delícia da companhia. É a inspiração espiritual que vem quando você descobre que alguém acredita e confia em você.” (Ralph Waldo Emerson)
Beijinhos
Maria
Bom dia, Marli!
ResponderExcluirInteressante o assunto de hj...recentemente tive visitas na praia e preparei várias refeições - coisa que fiz praticamente a vida toda, salvo a última década, talvez...bem, a satisfação que vc descreve à mesa eu observei (eu realmente aprendi a cozinhar e, caprichei pra eles, claro), mas agora, te lendo, lembro uma manhã em que me dediquei mesmo, pus música enquanto estava às voltas com a comida...observei que cantarolava, leve, feliz...explico: eu cozinho bem, mas como não gosto da trivialidade (e obrigação) do dia-a-dia, generalizei e penso que não gosto de cozinhar...mas nestas circunstâncias, é um prazer...realmente.
Valeu pelo insight!
Bjos
Olá Marli!!
ResponderExcluirQue delicia ler você, seu blog é o caminho para perdição... (risos)
Não existe melhor pecado que comer, e comer bem!
Ja eu, estando em dieta, cuido para que eu tenha saúde para assim comer bem.
Encontrei seu blog meio que por acaso, e como é o acaso que nos aparesenta as melhores coisas, então eu agradece a ele, o acaso!
Quero convida-la a conhecer o meu blog, "Alma do Poeta"
Exelente Quarta F!
marli
ResponderExcluirEu não passo fome porque compro pão e bebo suco. mas são as unicas coisas que sei fazer. Ou melhor esquentar tudo no microondas.
Mas comer uma comidinha feita pelas minhas irmãs é o máximo.
elas são divinas e maravilhosas
com carinho MOnica
Oi,sou eu, a Nira. O link antigo do meu blog deu problema.
ResponderExcluirO link novo é
http://meussentimentoscoisasminhas.blogspot.com/
Depois passo aqui com mais calma e leio seu post como ele merece ser lido e comentado, ok? É que agora tô avisando o resto do pessoal pois vou precisar restringir o blog.
Beijos!
Eu aprecio demais as duas coisas, Marli. Mas claro que como melhor do que cozinho. hahaha! Acho que não chego a passar três dias consecutivos sem fazer uma comidinha. Ainda mais agora que fico mais em casa. É um pulo aqui no PC e outro no fogão.
ResponderExcluirEu assisti A Festa de Babette também. Aliás, daquela época pra cá, meu entusiasmo com o fogão aumentou ainda mais.
Bon apetit (que já tá quase na hora do almoço). Paz e bem.
É mesmo Marli, tem toda a razão. Comer é bom, mas quem sabe cozinhar bem traz a magia nas mãos...Não nasci com esse dom...só meus doces são bons...esses são sim, de comer rezando...o problema é a balança depois...não há reza braba que desfaça essa "magia"..hehe Eu adorei a Festa de Babette, virou um clássico, né? beijos
ResponderExcluirOlá Marli
ResponderExcluirComer é uma forma de se ter prazer. Cozinhar tem magia, mas é preciso vir das entranhas. Eu, particularmente, não gosto da cozinha.Porém admiro, aprecio um bom prato.
Aproveito para lhe avisar que tenho uma proposta nova no blog. Passe lá para conferir e ver se lhe agrada.
bjs
Comer é um dos maiores prazeres da vida e eu o faço desugstando, bel lentamente. Gosto de sentir o gostinho da comida. Por isso, cozinhar é uma arte. Beijos,amiga Marli
ResponderExcluirOi, Marli.
ResponderExcluirUma das minhas metas para 2011 é aprender a gostar de cozinhar...
Uma avó que não vai pra cozinha fazer uma comidinha, uns bolinhos, é muito triste, não?
rsrs
Nem me importo de lavar a louça e panelas, mas fazer é que são elas...Acho que o que me chateia mais é a obrigatoriedade do horário de se começar um almoço do dia a dia.
Agora ando lendo tantos blogs de culinária que estou até me interessando, acredita?
Não assistei ao filme, mas já ouvi falar muito dele e vou ver se o encontro para locação.
Beijo e bom fim de semana!
Hoje por aqui esta tudo tão animado. Falar em comer é sempre assim, como você bem disse as pessoas se transformam. Eu adoro comer, mas cozinhar...só com alguém para arrumar o depois...AHahah....Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirÉ verdade Marli... comer é bom demais. E ver a satisfação de alguém comendo uma comida gostosa feita por vc é um carinho maravilhoso. Parabéns pelo post. Abraço.
ResponderExcluirConcordo, Marli. Cozinhar é um ato de amor e comer, idem. É mesmo tudo de bom!! Um grande beijo, bom final de semana :)
ResponderExcluirPrefiro a primeira parte!
ResponderExcluirNossa Marli, penso exatamente o mesmo, mas mais que comer, adoro cozinhar e ver que todo mundo gostou de minha comida! fico toda vaidosa, hehehehe
ResponderExcluirDeixei um selinho pra você lá no blog "Um pouquinho de Ni http://maisdetudoumpouquinhodenira.blogspot.com/
ResponderExcluirMarli,
ResponderExcluirAcredita que não assisti ainda esse filme?
Vou já corrigir isso, assim como acabei de corrigir outras coisinhas. Seu blog não estava na minha lista de favoritos, que absurdo!! E nem estava como seguidora. Outro dia me dei conta que ando atribulada demais e quando vejo dá meia noite!
Depois te falo sobre o filme.
Adorei o comentário da Macá!!!
Bom final de semana!
Neste caso, tudo magia é uma forma de cativar as pessoas de as unirem...
ResponderExcluirFique com Deus, menina Marli Borges.
Um abraço.
Quando deixei um comentário pra você anteriormente não tinha visto ainda esse filme. É mágico mesmo, lindo!
ResponderExcluirTive uma fase de assistir a vários filmes do gênero e esse é um dos melhores.
Vou te contar um "segredo". Gosto muito da cozinha, é meu cantinho favorito, mas não muito para o dia a dia, o feijão com arroz, sabe? Mas os doces... Ah, os doces! Esses são meu maior prazer na cozinha. Cozinhar com satisfação faz toda a diferença no resultado!
Você viu The Ramen Girl? Veja esse post:
http://www.nacozinhabrasil.com/2010/07/exercitando-escuta-na-cozinha.html
O filme não chega a ser como A Festa de Babette, inicialmente até meio "bobinho", mas a temática central é justamente a espiritualidade transmitida aos alimentos. Muito interessante. Dê uma lida no post.
Bjs.