Seguinte. Acompanhei uma amiga no velório de um parente dela. Sim, faz tempo. O falecido aparentava uns 40, 50 anos de idade. A viúva e os filhos estavam tristes, mas, curioso, era uma tristeza capenga. Não me olhe assim, não sei explicar, era como se aquela morte fosse um acontecimento banal. Parecia não ser essa a primeira vez que o cara morria. Tá bom, esquece, é sandice minha. Mas foi a impressão que tive. Que coisa, uma família morna...
O morto? Sofrera um enfarte fulminante. Era um homem notável: muito trabalhador, ótima saúde, bem de vida. Um sucesso. Mas digo a você que tantos elogios, aliados ao enfarte, não me cheiraram muito bem. Pô, um cara saudável, com tantos predicados, e tanta vida pela frente, morrer assim, de enfarte, sem mais nem menos? Aí tem.
Quero ver o outro lado da moeda.
Gente! O de cujus era obcecado pelo trabalho e pelo sucesso!! Férias? Nem pensar. Não estava nem aí para a família. A mulher, coitada, acabara se resignando em levar a vida, só com os filhos, sem a presença do marido. Em algum momento da vida ele transformara-se num workaholic! Pobre homem de sucesso, pobre família infeliz!!
Acredito que no coração da mulher e dos filhos, ele já estivesse morto, bem antes de deixar o mundo dos vivos. Daí a tristeza capenga a que me referi. O excesso de trabalho o impedira de ser presença na família. Ele sucumbiu ao frenesi do sucesso e abandonou todos os seus afetos. E a família para não desmoronar, tratou de jogá-lo pra escanteio. E ninguém lhe deu atenção. Ao sentir que perdera o amor da família, por óbvio, seu coração não suportou.
Mas, e daí se ele foi um homem de sucesso? Felicidade? Quem se importa?
Caramba, não consigo entender essa lógica do sucesso. Acho que o problema é que a sociedade desaprova bêbados e drogados, mas aprova e até admira quem trabalha demais, mesmo que o trabalho seja um vício e acabe desintegrando a família. Isso pra mim é a lógica do absurdo! Completamente sem sentido. É burrice, avareza, ambição, doença, o escambau! Tenho verdadeiro horror a essa mania insana que a sociedade tem de enfiar na cabeça das pessoas, que devem se matar trabalhando e ganhar bastante dinheiro para, então sim, alcançarem o sucesso! Como se esse tal sucesso fosse o passaporte pra felicidade. Mas não! É uma imposição que adoece a humanidade, na medida em que impede as pessoas de tomarem atitudes, que segundo seus próprios critérios, se mostrem mais adequadas para suas vidas.
Por Deus, pra mim, sucesso é outra coisa. Tem a ver com trabalho, dedicação, fé e lazer. Inclui o equilíbrio nas ações. Reconheço que algumas vezes o trabalho exige de nós uma atenção bem maior. Mas nada que nos impeça de equilibrar e até compensar o outro lado com momentos de qualidade. Um remanejamento de prioridades. É assim a vida. São apenas trocas. Mas genuínas e sinceras, de momentos e emoções, boas e ruins, alegres e tristes. O dinheiro é superimportante também, aliás, sobre isso já falei aqui. O dinheiro é a mola mestra do mundo. Adoro trabalhar e ganhar dinheiro. Mas dinheiro ganho trabalhando e não se matando de trabalhar, afinal, "nem só de pão vive o homem".
E assim vou terminando minhas brevíssimas considerações sobre sucesso e trabalho. Se restou parecendo que não ligo para o trabalho, nada disso, ao contrário, sou plenamente a favor do trabalho, mas se as pessoas à sua volta reclamarem demais a sua presença, sugiro um stop, uma avaliação sincera. O trabalho é gratificante, mas não pode ser a única razão de viver.
Beijos e bom início de semana.
Oi Marli,
ResponderExcluirVi um pouco do meu marido nessa descrição do 'falecido'...
Vivo cobrando que ele trabalhe menos,se dedique mais a família,dê mais atenção ao filho...
De um tempo pra cá,depois de ter uma estafa e ser obrigado a fazer repouso por 1 semana,ele parece ter notado que é isso mesmo que vc descreve:um workholic!E que para sua empresa(que é estatal) ele não passa de uma matrícula!
Que bom que conseguiu enxergar a tempo!
Jamais quero me ver no lugar de sua amiga!
Que adianta tanto dinheiro se vc não estará lá pra gastar?
Beijo!
Pausas são necessárias para reavaliar a nossa vida...Há que se ter bom senso e tentar conciliar todas as nossas prioridades, mesmo em detrimento de uma ou outra... Bjs querida, gostei muito.
ResponderExcluirTenho uma amiga que trabalha os três turnos... e reclama que não tem tempo pra cuidar de si. O que adianta ter o dinheiro... mas não ter o tempo pra se cuidar. De nada adianta!
ResponderExcluirBeijoZzz
Marli
ResponderExcluirConcordo plenamente contigo, o trabalho é necessário mas na mediuda certa. Trabalhar e receber a frecompensa por ele é o que nos move, mas deixar de viver por ele é o mesmo que pedir para morrer. é uma doença.
Adorei seu post ou melhor gosto de todos e para me manter em dia já assinei a news letter pois vou lendo no trabalho.
Beijos e mais uma vez uma boa semana
Marli, como tudo na vida até mesmo o sucesso deve ser dosado. Hoje, o consumismo exagerado leva as pessoas a turnos intermináveis de trabalho na ânsia doentia de ter sempre mais e pagar as contas do cartão é preciso. Nem sempre o sucesso está aliado ao prazer, às vezes o cidadão ganha bem, mas vive mal, não tem tempo para algumas preciosidades, como a convivência em família. É preciso adoecer, se não morrer, para se dar conta que a vida requer cuidados.
ResponderExcluirUm abraço
Querida Marli,
ResponderExcluirConcordo absolutamente com tudo o que diz, que posso acrescentar? Que lamento que as pessoas não saibam dosear a sua vida, onde deve haver lugar para tudo.
Faz-me muita impressão aquelas pessoas, que para elas o sucesso é ganhar muito dinheiro, ter uma casa espectacular, um carro bomba...e por aí adiante...a vida para mim é muito diferente desse «status»!
Beijinhos,
Manú
Penso exatamente como você, Marli.Dinheiro para mim, nada mais é do que uma moeda de troca.Quero viver bem e não acumular bens.
ResponderExcluirEssa semana farei um post onde abordarei esse assunto também.
bjos e boa semana
Narli
ResponderExcluirVoce ilutrou muito bem.
Uma pessoa de sucesso não precisa colocar a familia de escanteio.
com carinho MOnica
Querida Marli,
ResponderExcluirMuito pertinente este tema.A sociedade actual elegeu o trabalho como recompensa absoluta, e muitos mergulham no vazio que se segue a essa obsessão, acabando como escravos da própria cabeça e completamente,imperialmente sózinhos.Há um velho ditado que diz que a mente é um óptimo servente, mas um péssimo mestre...
Adorei sua imagem - "Parecia não ser a primeira vez que o cara morria."
Seu texto como sempre...uma delícia.
BEIJOS GRANDES
É Marli, a cada dia mais se trabalha em prol do "sucesso" e não do sustento. E "se matar" de trabalhar já é uma normalidade da sociedade.
ResponderExcluirExiste a cobrança do próprio trabalho e de si mesmo.
Esse homem já havia morrido uma vez e na outra não se sentiu nada de diferente.
Você sempre com textos maravilhosos, querida.
Bjs no coração!
Nilce
Oi Marli...
ResponderExcluirUm texto muito bem elaborado e repleto de verdades. O segredo de uma vida saudável reside no equilíbrio das coisas.
Um abraço carinhoso e um bom feriado pra você!
Deus seja contigo
Marli, é sempre um aprendizado vir aqui.
ResponderExcluirEstou em sintonia com teu pensamento. Mas sabemos que não é assim, até porque os esteriótipos e os preconceitos estão aí para confrontar tudo que disseste (acertadamente).
Não é assim que se referem à cariocas e baianos como indolentes e preguiçosos?
Trabalhei numa fábrica de trens aqui em Sampa, e cheguei a ver senhores, chorando por estarem a 40dias sem ver esposa e filhos...
No final das contas, os culpados eram sempre as gorda$ hora$ extra$, rsrs.
Abraços, bjs.
Marli, é chegar por aqui e ter leitura de boa qualidade e ainda boas risadas,rsrsrs
ResponderExcluirtrabalho é ótimo, gratifica e dá sentido à vida, mas nunca a este preço...
Beijos :)
Oi Marli, adorei o seu post, realmente é preciso buscar o equilíbrio, embora mantê-lo, em alguns momentos, seja mesmo difícil, mas valeu o toque sim, e muito!
ResponderExcluirBeijo, beijo e obrigada pela reflexão!
She
Marli, tudo na vida é transitório, realmente passageiro.
ResponderExcluirDevemos aproveitar cada instante da nossa vida porque sabemos que a vida é breve. Vivamos com moderação de forma equilibrada, sem nos apegarmos à coisas e ao dinheiro.
Um grande abraço!
Eu me questiono quanto ao apego a alguma coisa. Gostar e amar alguém ou alguma coisa é bom, mas apegar, não. Fico ponderando aqui se uma pessoa assim não é alguém fugindo de si mesmo, se alienando da vida em funçaõ desse apego. Não sei a real resposta que o falecido poderia dar do porquê ser assim (e será que alguém disse algo a ele sobre isso?), mas creio que nem consciência disso tivesse e que para ele isso tivesse sido normal. Por outro lado, isso realmente causa uma desintegração no lar, o que é um absurdo, sem dúvida. Deixar de lado a família em funçaõ do trabalho. è, o homem, não todos, é claro, caminha para fundo do poço e a família pode ir junto se não despertar do seu erro.
ResponderExcluirO mundo familiar desanda muita vez por causa dos apegos infelizes.
Um beijo, minha Amiga!!
Mas bah, Marli.
ResponderExcluirVocê me fêz lembrar uns dois ou três amigos falecidos...
Triste...
Há muito tempo costumo recontar uma histólria:
Imaginem a vida como um jogo, no qual vocês fazem malabarismo com cinco bolas que lançam ao ar. Essas bolas são: o trabalho, a família, a saúde, os amigos e o espírito. O trabalho é a única bola de borracha, cai e pula...As demais bolas são de vidro...
Abração e parabéns pelo rexto.
Texto muito bem colocado a respeitpdo conceito "subjetivo" do sucesso e de famílias felizes. Acredito, no equilíbrio das ações, assim como vc. tão bem escreveu.
ResponderExcluirBjs
O pessoal esquece que a vida não gira apenas num aspecto de nossa vida, ai fica totalmente voltando para este aspecto...
ResponderExcluirFique com Deus, menina Marli Borges.
Um abraço.
A morte, o tempo e as marés, não esperam por ninguém mesmo... E quem há de chorar por nós?
ResponderExcluirMarli,
ResponderExcluirExcelente post! Compartilho de sua opinião. Não temos como controlar o tempo, mas podemos torná-lo significativo à nossa existência... compartilhando-o com quem nos ama, por exemplo.
Parabéns, Marli. Há muitos falecidos desse por aí. Felicidade ´pe outra coisa. Viver é outra coisa.
ResponderExcluirUm beijo feliz.
Oi Marli, Tudo bem?
ResponderExcluirQue bacana esse seu blog, muito interessante estou lendo vários textos aqui. Esse mesmo ta incrível. Parabéns pelo Blog e pelos Textos.
Vou continua acompanhando seus textos, pois já tou seguindo já. Segue o meu lá também, tem um trabalho bem bacana.
http://galeriadephotoos.blogspot.com/
Saudações, Abraço!
Suedivaldo
Olá Marli!
ResponderExcluirAplaudo em pé!!!!
Nada tenho a acrescentar apenas a lamentar que existam pessoas assim...e conheço várias.
É a lógica do absurdo com certeza!
beijos
Astrid Annabelle
Olá Marli!
ResponderExcluirÉ já se dizia a tempos, tudo em excesso faz mal.
E não tenho dúvidas de que faça mesmo.
Uma pausa, é sempre um meio de se observar as situações de utras perspectivas...
Beijos
Ei Marli
ResponderExcluirIsso é muito triste, tem pessoas que estão mortas, mesmo estando vivas, pois não são realmente importantes afetivamente para ninguém!
Muito boas as suas considerações sobre o trabalho.
Gd beijo
oi marli!!!!
ResponderExcluirqto tempo não venho aqui comentar as suas ótimas postagens. to andando meio ocupada por esses dias...
mas não sumi!!!
em relação ao post, agora a familia vai "viver" os frutos de tanto trabalho do falecido... uma pena. trabalhou tanto para se preparar para o futuro, que o futuro chegou e ele nem viu.
um beijo no seu coração.
cintia
~blog da sibucs~
~preservblog~
É realmente difícil saber pesar o quanto se dedicar ao que, não acho que o erro seja só dele, faz parte da família saber apoiar e mostrar os limites, mesmo que seja ao "chefe" da família.
ResponderExcluirVocê escreve muito bem...mesmo!
Marli,conheço uma criatura que é
ResponderExcluirexatamente este homem aqui descri-
to.Só pensa no trabalho e nunca tem
tempo para coisa alguma.Nem mesmo
para a familia.Temo pelo seu triste
fim.
Abraços
olá querida. tenho 56 anos e aos quinze escrevi um trabalho sobre os 3 oitos do dia. Eram divididos em 8 horas de trabalho, 8 de diversão e 8 de sono. Faz tanto tempo mas parece bem atual não é mesmo? Mas tem gente que se esquece da diversão. Ou se se diverte, se sente culpado por isso. Eu continuo firme e forte nos meus três oitos. Assim, vamos levando a vida. Bom final de feriado.
ResponderExcluirMarli, muito oportuno como sempre são suas crônicas. Eu fico tentando me libertar da culpa de ter me aposentado tão cedo. O FHC, nos chamou de vagabundos, o Lula falou pra gente tirar a bunda da cadeira e arranjar algo para fazer, meus entes queridos não consideram minha atividade de escrever como trabalho. Eu fico à toa, mas cheio de culpas. Não sei o que me faz mais mal no caso. Arranjar um trabalho onde eu volte a gerar lucro (para outrem) ou me enveredar pela escrita de auto ajuda. Aí, se eu for bom , quem sabe não ganhe muito dinheiro e me transforme em alguem de sucesso? Só que vou morrer de desgosto. hahahha! Viu que beco sem saida? Abração. paz e bem.
ResponderExcluirAcho que sobre esse assunto é muito relativo e "errado"achar o as pessoas deveriam ou devem pensar. O que certo e errado nessa situação vai depender dos ideais e conceitos de felicidade de cada um.
ResponderExcluirEu sim (falando totalmente por minhas idéias e convicções)acho que o trabalho e o sucesso profissional será a minha grande felicidade na vida, até porque as pessoas (com uma excessão) e coisas na qual amo já tenho ao meu alcance e o que me falta é isso.
Mas cada um tem suas escolhas né...
O que seria do azul se todo mundo gostasse do vermelho...
Bjo!
O mal das pessoas é associar sucesso e felicidade somente ao dinheiro. Sucesso é estar feliz ao lado que que nos amam. Claro que a gente quer um bom emprego, andar bem vestido, conforto etc, mas que pare aí.NUnca compesa deixar de viver as pessoas por causa desse pseudosucesso.
ResponderExcluirObrigado pelas palavras de apoio.Já estou vendo nova morada longe dali. Obrigado e fique com Deus
Boa tarde Marli,
ResponderExcluirconcordo totalmente consigo, o trabalho não é nem pode ser exclusividade para o sucesso. Sucesso engloba muito mais factores e passa pelo amor, pela família e bem estar.
Beijinhos,
Ana Martins
Oi, Marli. Obrigada por sua visita!
ResponderExcluirOlha, eu amo mesmo os gatinhos. =)
Aí está também um postagem que fiz com o poema que você citou!
http://compartimentosecretopara.blogspot.com/2010/06/o-ron-ron-do-gatinho.html
Saudações poéticas,
Margot Félix!
hehe... Marli, como estou vindo da semana da cãotabilidade, eu diria: pro meu patrão, sucesso é ter lucro no final do mes e ter eliminado a maioria das despesas... hehe...
ResponderExcluirAmei esse seu texto, amiga.
ResponderExcluirNão é a toa que hoje em dia a inteligência emocional também é tão valorizada.
Realmente, as pessoas tem que ter as suas prioridades, porque senão, não se trabalha para viver, mas, ao contrário, se vive para trabalhar.
Beijo grande, e tudo de bom prá você.
Cid@
Boa noite, querida Marli
ResponderExcluirVim lhe deixar um beijo e desejar boa noite!
:)
Marli sensacional! Texto objetivo, verdadeiro inteligente e que dá o que pensar. Assino em baixo. Temos que prestar maia atenção ao nosso redor e perceber uma flor que nasceu no 'nosso'jardim, uma palavra de um familiar mas interiorizando e não apenas ouvinte esquecediço.Me faz lembrar um Texto Bíblico que diz:"-Não deixando de nos ajuntar, como é costume de alguns, mas encorajando-nos uns aos outros..." Nada mais a falar. Seu texto é completo e diz tudo! Parabéns!
ResponderExcluirCom amor e carinho
Sílvia
Então, eu concordo plenamente. Eu acho que o trabalho dignifica, o amor é saudável, a família é imprescindível, e o lazer é necessário mas tudo que é demais acaba prejudicando. Não dá prá ficar obcecado por nenhum dos quatro, né? Há que se ter equilíbrio, nenhum vive saudavelmente sem o outro. E a simplicidade é tudo. Ando tentando viver simples ao máximo.
ResponderExcluirBeijos.
Clau
Você já deu a resposta adequada: "Um remanejamento de prioridades"!
ResponderExcluirEnquanto não se aprender a remanejar, a optar, a refletir sobre as próprias escolhas, então se estará sujeito a sucumbir, a submeter-se às regras de "excelência" inculcadas.
Aliás, Marli, a sua resposta, suscinta e clara, merece até um texto. Que tal? Remanejamento de prioridades: escolher viver!
Não seria interessante? Fica aí o desafio!
Meu carinho a você! Sempre muito bom estar aqui, retornar depois de um necessário refazimento.
Abraços!