G A L E R I A

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

SERMÃO DO CASAMENTO

Pessoal, boa noite.
É impressionante como as pessoas gostam de fazer circular textos apócrifos na internet. E parece-me que Mario Quintana é o campeão (involuntário) dessas práticas.  Tenho lido textos em prosa num estilo à quilômetros de distância da marca registrada do nosso querido velhinho, e no entanto, ao finalizar a leitura, eis o nome do autor: Mário Quintana. Imagine você que numa dessas, em “Felicidade Realista”, deparei-me com a palavra "sarado". Gente, vamos combinar, por acaso "sarado" é terminologia do Quintana? Pô, assim não dá pra querer. É a mesma coisa que nesse texto que eu trouxe hoje para você. Nele há citação de uma data quatro anos posterior à morte do poeta! Puxa vida, que viagem. Se você não acredita, é só conferir. Nas crônicas “Clonagem de Textos” e “A Crônica Sobre a Desinformação”, Martha Medeiros aponta impropriedades que tais. Em tempo, "SERMÃO DO CASAMENTO" que você lerá a seguir é de autoria de Martha Medeiros e não de Quintana como circula na rede.

"Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento na igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre: "Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?" Acho simplista e um pouco fora da realidade.

Dou aqui novas sugestões de sermões:

- Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?
- Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?
- Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
- Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?
- Promete se deixar conhecer?
- Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
- Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
- Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?
- Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?
- Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?
Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declaro-os maduros."  

E aí gostou? Acho fantástico, adequado aos nossos tempos. Observou o estilo? Concorda comigo que a autoria jamais poderia ter sido atribuída ao nosso querido Quintana? Que o estilo dele é outro? Chamo atenção que não estou julgando ninguém. Gosto de ler os dois. A-do-ro.

Por enquanto era isso, um beijo. Tchau

2 comentários:

  1. Adoro essa gaúcha! Ela põe nas letras nosso dia-a-dia, escreve de forma deliciosa sobre "assuntos tão nossos" ...talvez por usar essa linguagem de comunicação seus escritos sejam facilmente identificáveis, não é?

    Gostei muito do teu espaço tão eclético!
    Beijos

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