sábado, dezembro 28, 2013

GRATIDÃO



Em tempos de Natal volto a pensar na gratidão, ou melhor, na falta de. E ouço com nitidez as palavras de Victor Hugo: "os infelizes são ingratos, isso faz parte da infelicidade deles" e lembro também de Balzac, "a gratidão perfuma as grandes almas e azeda as almas pequenas". Verdade. Tem aqueles que ficam felizes quando lhes prestamos algum favor e até sentimos os laços de amizade se estreitarem. Mas tem outros - e não são poucos - que esquecem rapidamente a ajuda que receberam. Johnson dizia que jamais encontraremos gratidão entre gente vulgar, porque a gratidão é a virtude das almas nobres. E é. Talvez por isso seja tão rara. Quer coisa mais vulgar que o egoísmo? Os egoístas medem a gratidão pelo próprio ego e respiram a lógica insana de que são os grandes merecedores das benesses do mundo! Ingratos, é isso que eles são! Um bando de gente que se acostumou a receber ajuda de pai, mãe, irmão, amigo, empregado, filho, sogro, companheiro, etc. São abençoados todos os dias e não dão a menor bola. Se você pertence a essa turma, vou te dizer uma coisa: olhe para os lados e trate de entender que essa gente de fé, que todo o santo dia faz alguma coisa por ti, cada um a seu modo, se sacrifica para te ajudar. Mas se você não se importa, então é porque tua alma pequena perdeu o perfume e azedou! E azeda você vai deixando a vida dos que te cercam, essa pobre gente explorada, que paga muito caro por ter decidido um dia te ajudar. Que tristeza, você perdeu a memória do coração! Se assim não fosse, você já teria se dado conta de que não tem direito de magoar ninguém e você não viraria as costas para os viventes que te ajudam nesse mundo. E você faria o dever de casa: abraçar, agradecer, retribuir a bondade, com pequenos gestos de reconhecimento e afeto. Dar graças a quem nos ajuda, esse é o lance. A gratidão é amiga da delicadeza e da boa convivência. Que tal aproveitar o Natal e agradecer ao céu e a terra, a ajuda recebida? Exercitar a gratidão? 

 Marli Soares Borges


terça-feira, dezembro 24, 2013

segunda-feira, dezembro 16, 2013

TELECO O COELHINHO - MURILO RUBIÃO

Eu adoro realismo mágico (fantástico). Então lembrei do Murilo Rubião*, um contista mineiro que li há tempos atrás. Ele é ótimo. Sua escrita tem um brilho que me encanta, mormente sua visão crítica da sociedade. E o rigor da linguagem? Absolutamente perfeito. Fico triste quando alguém que gosta de ler, diz que não conhece sua obra. Não sabe o que está perdendo. Gosto demais do conto “Teleco, o Coelhinho” que li no livro “Os Dragões e Outros Contos”, putz, faz tanto tempo que nem lembro se foi nesse livro mesmo, rsrsrs.
"- Moço, me dá um cigarro?
A voz era sumida, quase um sussurro. Permaneci na mesma posição em que me encontrava, frente ao mar, absorvido com ridículas lembranças.
O importuno pedinte insistia:
- Moço, oh! moço! Moço, me dá um cigarro?
Ainda com os olhos fixos na praia, resmunguei:
- Vá embora, moleque, senão chamo a polícia.
- Está bem, moço.Não se zangue. E, por favor, saia da minha frente, que eu também gosto de ver o mar.
Exasperou-me a insolência de quem assim me tratava e virei-me, disposto a escorraçá-lo com um pontapé. Fui desarmado, entretanto. Diante de mim estava um coelhinho cinzento, a me interpelar delicadamente:
- Você não dá é porque não tem, não é, moço?"
Sim, o personagem principal é um coelho. Mas não é bem um coelho. Na verdade Teleco é uma metamorfose ambulante. Ele vive se transformando em outros animais. A gente se refere a ele como coelhinho porque é assim que ele se apresenta pela primeira vez, mas poderia ser uma pulga, um leão, um cavalo, uma ave extinta ou até... Resumindo, ele mesmo confessa que a versatilidade é o seu fraco. Mas tudo bem, por enquanto o coelhinho só quer agradar os outros. Mas a coisa esquenta quando ele se transforma em canguru, arranja uma namorada e afirma que é homem e que se chama Barbosa. Santo Cristo, agora complicou...

É impressionante como Rubião consegue mostrar tudo o que lhe passa pela cabeça, somente utilizando metáforas. E metáforas perfeitas, diga-se de passagem. Veja só nesse conto, (você já viu, óbvio) a animalização da humanidade, o homem deixando de ser um “humano” para ser um “desumano” é uma coisa muito louca! Só um gênio desse quilate conseguiria fazer essa transposição, essa mágica literária. Acho, (pura achologia mesmo), que o tom lúdico desse conto serve para mascarar nossas questões existenciais e que Rubião quis sintetizar, e sintetizou, a meu ver, o início da criação humana à luz da Bíblia, desde o nascimento inocente até a corrupção. Para mim, todas as metamorfoses do coelhinho revelam uma inútil tentativa de adaptação a um mundo onde não há mais valores referenciais.

Mas tem uma coisa que sempre achei paradoxal: é que embora os textos bíblicos marquem presença em sua obra, há também um ceticismo a respeito da salvação. Lembro que ao ler seus livros, no final, eu sempre ficava com essa sensação. Sei lá. Tempos depois, a notícia: ele virou ateu. Biiiiiingo!

* Murilo Eugênio Rubião foi jornalista e escritor brasileiro. Nasceu em Carmo de Minas - Belo Horizonte.
Beijos a todos.

P.S. - Publicado pela primeira vez em junho de 2011.

quinta-feira, dezembro 12, 2013

COMO VIRÁ O MEU NATAL?

Natal tem que ter árvore e presépio, e isso ninguém muda. No dia 10 de dezembro monto minha árvore de Natal. Por que 10 de dezembro? Não sei, é tradição, a minha tradição. Era o dia em que, na minha casa de menina, montávamos a nossa árvore para esperar o aniversário de Jesus e o Papai Noel.

Na minha infância as árvores eram vivas e os galhos eram vendidos na feira. Como éramos pobres, minha vó sempre dava um jeito de ter algum pinheirinho plantado num vaso para a gente enfeitar. Costumávamos guardar os enfeites nas caixas de Natal. Continuo guardando assim, e ainda sou ligada em abrir essas caixas. Guardados há quase um ano, sempre acabo esquecendo a cara dos enfeites. Nossa, um ano é muito tempo, e não é que esqueci como é lindo o novo presépio que ganhei ano passado? 

Eu acreditava em Papai Noel, lembro muito bem. Durante vários anos alimentei um sonho e escrevi para ele pedindo que me trouxesse uma bicicleta. Quando via a árvore montada, meus olhos brilhavam e minha esperança se acendia. É agora, eu pensava, finalmente vou ganhar minha bicicleta. O tempo passou, eu cresci, e andei passando uns trabalhos na vida. E alguns natais foram bem complicados. Lembro de um, em que morávamos numa fazenda bem longe da cidade e decorei a árvore com enfeites de papel, feitos a quatro mãos: meu marido e eu. Meus filhos eram bem pequenos nessa época, e a gente andava sem dinheiro. No ano seguinte uma folhagem num vaso, virou nossa árvore de Natal. Mesmo assim, jamais pensamos em desistir da árvore, era vital aquele aconchego natalino. A gente ali, se abraçando e brilhando junto com as luzinhas. E minhas crianças se criaram assim. 

Hoje em dia quando chega dezembro, fico observando o espírito natalino ir tomando conta do coração dos meus filhos, dos meus netos e das pessoas que convivem com a gente. Em silêncio, aguardo pacientemente o dia especial. Meu marido também fica quieto, esperamos que no dia 10 de dezembro nossa árvore esteja novamente conosco, carregada de significados. Acho que nesse ano de 2013, meu Natal virá exatamente assim, como tem acontecido há mais de meio século.

Tem muita gente que diz que isso é pura bobagem, que não condiz com os tempos atuais, que perdeu a graça, que isso é coisa de gente moça. E daí? Não me importo. Essas bobagens me fazem vibrar, me dão entusiasmo e força. Meu lado criança acorda, de olhos bem arregalados. E minha bicicleta? Pois é. Papai Noel nunca trouxe, mas continua me trazendo a emoção, a mesma que sinto ao ver minha árvore enfeitada. A mesma dos meus tempos de menina. Fico tão feliz que parece que um novo sonho vai se realizar. De uns tempos para cá, minha árvore de Natal tem sido meu referencial de alegria para o ano novo que vai chegar.

Marli Soares Borges, 2013

* COMO VIRÁ O MEU NATAL? - Minha participação da IV Interação de Natal promovida pela amiga Rosélia 
   

quarta-feira, dezembro 04, 2013

QUERER NÃO É PODER




"Dêem-nos o supérfluo da vida, que dispensaremos o necessário", disse certa vez Oliver W. Holmes no início do séc.XIX. Se isso não foi um vaticínio, então eu não sei mais nada, pois nunca um dizer antigo esteve tão atual e retratou tão bem o que ocorre hoje na sociedade de consumo. Só faltou retratar a epidemia de infelicidade que o consumismo está causando nas pessoas. É que navegar nos mares do supérfluo, por mais doce que possa parecer, é uma das mais amargas perdas de liberdade que existem. O consumismo escraviza, gera infelicidade e acaba com a sua paz, porque carrega consigo a maldita sina de atrair dívidas. E não tem nada pior do que se endividar. Você perde o sono e perde a dignidade. E, se não retomar as rédeas de sua vida, você vai ao fundo do poço. E empobrecido só lhe restará a insolvência, ou seja, você literalmente já era. Porque fazer isso com você? Porque roubar a si próprio comprando o que não precisa? Para ser feliz? É muito triste se endividar para comprar a felicidade, aliás, felicidade comprada não existe, é uma piada de mau gosto, apanágio da sociedade de consumo. Acorde, pense em você e sacuda essa poeira, olhe ao redor, pense nos seus afetos, eles sofrem demais com essa desdita. Todos sofrem. (Mas se você não consegue sair dessa sozinho, se a vontade de consumir é mais forte que você, isso pode ser patológico, peça ajuda profissional e não deixe sua vida escorrer pelo ralo).

Não quero dizer com isso que você tenha que deixar, eventualmente, de comprar supérfluos, por favor, não me entenda mal. Mas há que ter bom senso e não exagerar, pois é complicada nossa situação. Vivemos desamparados num país onde apenas uma minoria muito rica tem poder de compra, e a grande maioria -- pobre -- não têm dinheiro sequer para os bens essenciais. Em contrapartida somos bombardeados diariamente por uma das publicidades mais respeitadas do mundo, notável especialista em criar necessidades desnecessárias. Ela anuncia que seremos felizes, atraentes e saudáveis se escolhermos isso ou aquilo, contudo, ninguém conseguirá alcançar essas metas, porque elas não passam de paradoxos. Observe: de um lado nos oferecem a felicidade, a saúde, a beleza e o bem estar e do outro somos incentivados a comprar produtos, muitos deles, comprovadamente prejudiciais. O que fala mais alto é sempre o consumo, comprar, cada vez mais. E é tão forte a pressão pelo prazer de consumir, que as pessoas ficam atordoadas e, mesmo sem dinheiro, comprometem seus créditos nos cartões, e logo ali, desabam, infelizes, com dívidas exponenciais e projetos de vida inalcançáveis.

Quando falamos em consumo, nem nos damos conta de que o que está sendo consumido de verdade, é a nossa força vital, nossa saúde física e mental que todo dia é vendida e comprada, usada e abusada, para lubrificar a máquina ensandecida do lucro empresarial. Observando com uma lupa, veremos que as milagrosas promessas publicitárias, todas elas cabem no mesmo molde de apenas dois compartimentos: um oferece o meio de fuga, e o outro oferece a vida real, de onde todos querem fugir. A cultura do consumo sufoca as pessoas com objetos e fantasias e oferece um mundo, sem qualquer chance de existência objetiva, que parece existir apenas para impulsionar os desejos pessoais. 

É impossível negar o poder da sociedade de consumo. Mas vale notar que esse poder está atrelado a uma publicidade que "deu certo". Logo, neutralizando essa vibe, enfraqueceremos esse poder, e acredito na possibilidade real de virar o jogo e recuperar nossa liberdade de escolha. Penso muito nas palavras de Rousseau, "o forte não é nunca bastante forte, para estar sempre no poder, se não faz de sua força um direito e, da obediência, um dever", e, eis que surge uma luz. Tenho visto recentemente, os meios de comunicação ventilarem anúncios sobre a importância e a necessidade do consumo sustentável e seus benefícios. Então, chegou a hora. Hora de banir o consumismo, de lutar contra esse massacre publicitário que nos escraviza. A luta? Terá de ser no terreno das idéias, dos valores e das justificações éticas, fazendo valer o direito constitucional que todos temos, como cidadãos brasileiros, de levar uma vida digna, independente e livre. E, no final das contas, feliz.

Marli Soares Borges, 2013

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*  O texto "Querer não é Poder" foi publicado pela primeira vez no "Blog da Marli"

segunda-feira, dezembro 02, 2013

POIS É, ACONTECE.


Na vida a gente às vezes confunde sonho com ilusão e acaba perseguindo um equívoco. De repente você sai de órbita, leva uma queda e dá com os burros n'água. E vem o pavor. Lembra "O Grito" de Edvard Munch? Pois é, acontece. Você se descuidou, fez besteira e caiu. E inerte no chão, sua alma acabou adoecendo. Shsss! Muita calma nessa hora. Infecção mental é coisa séria, mas a boa notícia é que tem cura, pois a alma é igualzinha a fênix, ela se recompõe, revigora e se faz luz. Mas isso é um processo e você tem que ajudar. Pode até chorar pelos cantos, mas nada de auto-comiseração, que isso sim é um tiro no pé. Toque sua vida para frente. Sugiro um tratamento de choque: que tal mudar o seu ponto de vista? Um novo ponto de vista é remédio poderoso e, em se tratando das doenças da alma, o resultado aparece na hora. E digo isso de cadeira, conheço o efeito desse remédio, já levantei muitas vezes. Então a dica é a seguinte: primeiro encare, assuma que você se iludiu e foi ao chão. Olhe ao redor e pense comigo: o chão é milagroso, é onde a semente germina e a flor desabrocha. É onde tudo acontece. E a queda, apesar de sofrida, certamente fez você abrir os olhos e enxergar melhor. Bom, você não pretende ficar eternamente nesse banzo, não é? Então, é hora de plantar novos sonhos! Arregace as mangas e trabalhe. Acredite na transcendência, tem ajuda concreta por aí, mas assegure-se de ter plantado somente sonhos, dessa vez. Ligue as antenas e atente para suas reais possibilidades. Não se distraia, não navegue nas ilusões, sua alma precisa estar saudável para as boas energias fluírem e ajudarem você a realizar seus sonhos, "... a fé não costuma faiá..."

Marli Soares Borges, 2013

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terça-feira, novembro 26, 2013

DE FASCÍNIO EM FASCÍNIO

Adoro a emoção que vem quando mudo meu centro de interesse. Revivo, quero fazer isso e aquilo, quero mais e mais, quero mexer com a vida, mexer a panela dos doces e lambuzar meu coração. Paro imediatamente de bater os pinos e a criança que habita em mim se move de um fascínio para outro com olhos de primeira vez. Muitas vezes me parece que esse sentimento é imaturo, que eu deveria manter um padrão de interesse por mais tempo, um padrão compatível com minha maturidade, -- aiai sou tão madura -- mas na verdade, eu sigo querendo o que sempre quis: que os fascínios continuem comigo, tomando conta da minha cabeça, dos meus sentidos, de todo o meu ser! Quero aguçar meu sexto sentido, afinar minhas percepções e ampliar minha leitura de mundo. Essa dinâmica me move e fascina. No passado eu nutria uma certa inveja dos pintores e fotógrafos, porque me parecia que o trabalho deles era puro fascínio, na medida em que nada se repetia, que o fascínio sempre se renovava porque amparado na incidência da luz, que modifica completamente o cenário. Mas eu estava errada, comprovei mais tarde. O fascínio não tem nada a ver com a superfície, ele é uma mágica interior que pode acontecer milhões de vezes na vida de cada um de nós. É coisa do espírito, e vibra quando é movido pelo interesse verdadeiro, esse impulso interior que coloca os sentidos em sintonia com a energia vital e aciona o processo criativo. Ou seja, a gente só se interessa pelo que realmente nos fascina, por aquilo que nos fala ao coração. Aí a gente volta a engatinhar e abraçar as novas experiências da vida.  Marli Soares Borges

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segunda-feira, novembro 18, 2013

E AÍ, VAI ENCARAR?


Ninguém é perfeito. Calma, sei que você não se mistura, que você gosta de estar só e blablablá. Que você gosta demais de você. Já lhe tirei fora dessa. Mas bem que você poderia aproveitar suas qualidades e melhorar o mundo, melhorar a vida desses humanos tão ridículos, afinal, você tem tantos talentos e eles não têm nenhum. Você poderia começar, simplesmente deixando o outro crescer em seu próprio ritmo. Que tal descer do salto e parar de implicar com o outro, parar de criticar tudo e todos? Que tal abandonar a chatice e ser uma pessoa amável e gentil, ver a vida com outros olhos, deixar de lado a presunção? Que tal parar de ser cri-cri em tempo integral, parar de se achar? Aposto que esses humanos insignificantes não são assim tão sem graça como você pensa. Eles vivem por aí, ralando, pagando seus pecados, mas conseguem sorrir dos dissabores e tocar a vida do melhor jeito que dá. Sei disso, faço parte dessa troupe de imperfeições. Marli Soares Borges


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quinta-feira, novembro 07, 2013

GARRANCHOS NAS RECEITAS MÉDICAS

“Um médico retirou o útero de uma paciente por engano em Santa Maria de Jetibá, colocando a culpa em problemas na letra que determinava o procedimento a ser realizado naquela paciente que lhe fora encaminhada."

Cada dia, mais me convenço de que há um desajuste entre o que aprendemos na escola e o que precisamos aprender à custa de sacrifícios e erros na vida. Meu Deus, porque a escola não me ensinou a ler garranchos de médicos? Não tenho problema para ler e assinar contratos, cheques e outros tantos documentos importantes que requeiram entendimento, mas quando tenho que comprar remédios ou fazer exames de laboratório, aí sim é um calvário, mas quer saber, isso era o que eu pensava antes do saber.  Sem essa de botar a culpa na escola. Bobagem. Agora exijo respeito por parte dos profissionais da saúde, mormente dos médicos. Recuso-me a aceitar receitas que ninguém entende. Quando algum médico escreve garrancho na receita, reclamo na mesma hora. Na verdade, precisei ir ao Procon apenas uma vez. Mas acontece que pertenço ao contingente das pessoas esclarecidas, que conhecem bem os limites de lá e de cá. A propósito, você sabia que o médico, como qualquer outro prestador de serviços, também está sujeito às leis de defesa do consumidor? Tem alguns que de tanto se incomodarem, resolveram escrever suas receitas direto no computador, o que acho ótimo. Mas embora eu tire de letra essa questão, sei que para muitas pessoas as receitas médicas ainda continuam sendo um problema, e além da doença elas ainda têm que enfrentar dificuldades na hora de comprar os remédios. E as mais pobres acabam jogando fora seu único dinheirinho, comprando remédio errado, porque o atendente da farmácia... pensou que fosse! É preciso esclarecer esse povo, sei lá, parece que o pessoal tem medo de tocar nesse assunto, parece até um tabu, os médicos pintam e bordam com as receitas e fica tudo por isso mesmo, pelo menos é o que tenho visto por aqui. As pessoas mais necessitadas nem sabem que têm direito à uma receita legível.

Puxa vida, porque alguns médicos não cumprem a ética e insistem nos garranchos? E porque os consumidores aceitam de bom grado essa falta de respeito? Não, gente, chega de baixar a cabeça, temos o direito de exigir letra legível nas receitas médicas. É direito, não é favor. O Código do Consumidor nos protege, sem falar nas leis específicas dirigidas ao métier. Só para você ter uma ideia, a obrigatoriedade de letra legível em receituários médicos já vem de muito tempo aqui no Brasil. Em 1932, o Decreto 20.931, que regulamentou a profissão de médico, trouxe em seu artigo 15 a obrigatoriedade de escrever as receitas por extenso e bem legível. Mais tarde, em 1973, a Lei 5.991, dispondo sobre o controle sanitário de insumos farmacêuticos, em seu artigo 35 reforçou ainda mais: "somente será aviada a receita que estiver escrita por extenso e de modo legível". Em 1988 o Conselho Federal de Medicina fez publicar a Resolução n° 1246/88 que, em seu artigo 39 considera antiética a má-caligrafia, além de ser um exemplo de má-prática médica. Atualmente o novo Código de Ética Médica (CEM), em vigor desde 2010, estabelece que o médico deve escrever a receita de forma legível. Aí então, repito a pergunta: porque alguns médicos descumprem a lei e a ética impunemente? Respondo: porque os consumidores permitem. Então... Procon neles! E Ministério Público também. E justiça também. E imprensa também. É hora de botar a boca no mundo.

E como fica a escola no meio disso tudo? Já falei, a escola está certa. Ela nos ensina a escrever e ler letras legíveis. Garrancho na receita é outra coisa, talvez Champolion ajude, mas eu prefiro o Procon.

Humpf! Tem umas buzinadas aqui no meu ouvido: e os atrasos nas consultas? Calma, isso é assunto para outro post. 

Marli Soares Borges, 2013

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quarta-feira, outubro 30, 2013

FAMíLIA EM CONEXÃO COM A PAZ

A paz não é um fim, não é um objetivo nem algo que se busque alcançar no presente ou no futuro. A paz é situação real, diária, modo de ser e de estar que se propaga quando interagimos com o outro. É salvo-conduto para o mundo, e inaugura-se na família, um microcosmo por excelência. Acredito muito numa coisa que chamo "Centro de Paz". Não é propriamente um lugar, mas um modo pacífico de interagir e compatilhar a vida com as pessoas, ou seja escolher a paz, abandonando os encontrões e as grosserias. O coração pacífico, o comportamento pacífico apesar dos senões, e sem se anular como pessoa. Penso que a familia pode ser o cenário do primeiro "Centro de Paz" na vida de cada um de nós. O ambiente familiar nos oferece uma rara oportunidade para entender e praticar a paz verdadeira. Nossos familiares nos põe à prova, instalam o céu e o inferno em nossas vidas e testam nossos ímpetos como ninguém. Muitas vezes precisamos ter nervos de aço para neutralizar certos conflitos familiares e, ao mesmo tempo lidar com os ditames de nossa guerra interior. Tudo isso, ali, em meio a laços afetivos de dimensão inestimável. E nesse fogo cruzado precisamos fincar o pé e sustentar a paz, afinal, família é família. Daí minha ideia desse primeiro "Centro de Paz". É um teste visceral. E você tem que estar em paz com a tua guerra, seja ela qual for, porque, se você não sabe, é esse estado mental -- pacífico ou beligerante -- que você vai refletir, lá fora, inconscientemente, em todas as suas relações pessoais. Entenda, você pode ser a paz no mundo, você é causa e consequência. Gosto de ir além, e pensar no mundo como um grande "Centro de Paz". Marli Soares Borges

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sábado, outubro 26, 2013

GENERALIZAR NÃO É PRECISO

Detesto generalizações, mas parece que elas me perseguem. Veja só o que encontrei num artigo escrito por uma especialista em "psicologia da vida a dois" -- nossa, estou por fora, eu nem sabia que existia esse tipo de especialização. -- Ela afirma o seguinte:"O silêncio é inimigo do amor. O silêncio mata o amor. Quem ama sempre tem o que falar. Sempre. Sem assunto, sem amor."

Bom, aí pisou no meu pé.

Maldita mania de generalizar. Quem disse que estar em silêncio incomoda? Quem disse que palavras são requisitos do amor? Será que todo o silêncio é ruim? Será mesmo, que o silêncio mata o amor? Será que ninguém nesse mundo aprecia o silêncio? Alto lá, eu aprecio. E meu marido também. E como nós, milhões de pessoas, aposto. Não vejo nada de mais no fato da gente ficar algum tempo, ao lado de alguém, sem se falar. E seguir vivendo assim, às vezes em silêncio, simplesmente. E estar feliz. Ninguém tem assunto o tempo inteiro. E se você já vive uma história de vida ao lado de outra pessoa, vai entender muito bem do que estou falando.

A meu ver, entre duas pessoas que se amam e compartilham a vida, existe pelo menos, dois tipos de silêncio: um baseado no sossego, na serenidade e na confiança. É silêncio que não incomoda, ao contrário, gratifica e liberta. É bálsamo suave, que conforta e alinha os caminhos; sinal de que está tudo bem. Retrata o amor absoluto, a doce intimidade, a parceria concreta. O grande poeta Fernando Pessoa, com seu brilho tão peculiar, escreveu certa vez: "Há tanta suavidade em nada dizer, e tudo se entender" . Algo me diz que ele se referia a este tipo de silêncio. E agora escute só o que encontrei na Desiderata: "Siga tranqüilamente entre a inquietude e a pressa, lembrando-se de que há sempre paz no silêncio." Recordo ainda as palavras de Machado de Assis, -- meu ídolo de priscas eras. -- Disse ele: "Eu gosto de olhos que sorriem, de gestos que se desculpam, de toques que sabem conversar e de silêncios que se declaram.” Eu idem, ibidem.

Mas reconheço que há também um silêncio que incomoda, que mina qualquer relação, que impede o entendimento, que retrata amargura e desamor. Esse silêncio vem aos gritos e se afoga nas palavras não ditas. É mais ou menos como estar numa câmara escura. Você simplesmente não vê saída e seu coração sufoca. As mágoas são tantas que se você abrir a boca, não haverá munição que chegue. Então você decide que é melhor silenciar. Talvez a autora do texto -- bastante jovem -- só conheça este tipo de silêncio. E, afoita, foi logo generalizando. Marcou bobeira a moça.

Generalização não bate comigo. No mais das vezes, as generalizações resultam numa mentira com aparência de verdade. Um perigo.

Marli Soares Borges

quinta-feira, outubro 24, 2013

ANIMAIS! Um texto de CORA RONAI


Acompanhei, através da transmissão feita pelos próprios ativistas, o resgate dos animais do Instituto Royal. A qualidade das imagens, feitas num celular, estava entre o péssimo e o sofrível, mas a sua carga de emoção foi maior do que a de muita superprodução. A cada coelho ou cachorrinho que saía do inferno, o público que acompanhava a ação na internet comemorava, mandando congratulações e palavras de estímulo e agradecimento aos heróis da madrugada.

Também acompanhei, no dia seguinte, os depoimentos dos diretores do instituto, que negam a existência de maus tratos nas suas dependências. Uma nota divulgada pela instituição, aliás, chegou a afirmar que os bichos teriam, lá, “as melhores condições de vida, com saúde, conforto, segurança e recreação”.

Que me desculpem os senhores diretores, mas é impossível levar a sério quem acredita que se podem usar tais termos em relação a animais que passam a vida em gaiolas, sendo submetidos a toda sorte de experiências dolorosas. Melhores condições de vida? Saúde? Conforto? Se a nota foi redigida de boa fé, mostra um completo distanciamento da realidade; se não foi, revela uma perigosa falta de compromisso com a verdade.

Aliás, há várias perguntas sem resposta em relação ao instituto. A primeira, e mais importante, é saber quem são os seus clientes. Como o Royal recebe verbas públicas, tem a obrigação de revelar para quem trabalha. Com isso se esclareceria boa parte das dúvidas que cercam a natureza dos testes lá realizados. Testar cosméticos e material de limpeza em animais, por exemplo, é prática condenada num número crescente de países. Na União Européia a legislação é tão severa que, no começo deste ano, foi proibida até a comercialização de produtos testados em animais, ainda que importados.

o O o

Sou contra a realização de testes em animais -- mas não tenho formação científica, e minha opinião sobre o assunto é, consequentemente, só isso, uma opinião. Por esse motivo, passo a palavra para o especialista Sérgio Greif, biólogo formado pela Unicamp, com mestrado na mesma universidade, co-autor do livro "A verdadeira face da experimentação animal: a sua saúde em perigo" e autor de "Alternativas ao uso de animais vivos na educação: pela ciência responsável":

"Se um pesquisador propusesse testar um medicamento para idosos utilizando como modelo moças de vinte anos; ou testar os benefícios de determinada droga para minimizar os efeitos da menopausa utilizando como modelo homens, certamente haveria um questionamento quanto à cientificidade de sua metodologia.

Isso porque assume-se que moças não sejam modelos representativos da população de idosos e que rapazes não sejam o melhor modelo para o estudo de problemas pertinentes às mulheres. Se isso é lógico, e estamos tratando de uma mesma espécie, por que motivo aceitamos como científico que se testem drogas para idosos ou para mulheres em animais que sequer pertencem à mesma espécie?

Por que aceitar que a cura para a AIDS esteja no teste de medicamentos em animais que sequer desenvolvem essa doença? E mesmo que o fizessem, como dizer que a doença se comporta nesses animais da mesma forma que em humanos? Mesmo livros de bioterismo reconhecem que o modelo animal não é adequado.

Dados experimentais obtidos de uma espécie não podem ser extrapolados para outras espécies. Se queremos saber de que forma determinada espécie reage a determinado estímulo, a única forma de fazê-lo é observando populações dessa espécie naturalmente recebendo esse estímulo ou induzi-lo em certa população.

Induzir o estímulo esbarra no problema da ética e da cientificidade. Primeira pergunta: será que é certo, será que é meu direito pegar indivíduos e induzir neles estímulos que naturalmente não estavam incidindo sobre eles? Segunda pergunta: será que é científico, se o organismo receber um estímulo induzido, de maneira diferente à forma como ele naturalmente se daria, será ele modelo representativo da condição real?"

A íntegra deste artigo pode ser lida na internet, em bit.ly/17HLVZn. Já a dra. Preci Grohman, médica, é professora aposentada da UFRJ, e fez cursos de pós-graduação nas universidades de Toronto e Londres. Ela escreveu o seguinte:

"Quando estudante, fiz experimentos com animais, recebendo bolsa do CNPq. Na época acreditava nessa prática. Já em Toronto e Londres utilizei cultura de células humanas .

Os cientistas, com seus experimentos, conseguem títulos de mestre ou doutor, o que resulta em promoções e aumento de salários. Isso os torna mais competitivos no mercado de trabalho. Seus supervisores também são agraciados com títulos e prestigio.

A criação de plantéis de animais para pesquisa também é muito lucrativa.
Certas drogas, inócuas em animais, já causaram grandes desgraças quando usadas em humanos. A mais conhecida foi a Talidomida. Macacos não desenvolvem câncer de pulmão mesmo sendo obrigados a tragar cigarros continuamente. Se a diversidade genética entre indivíduos da mesma espécie já é significativamente grande para levar a respostas diversas após um mesmo estimulo, o que se pode esperar entre diferentes espécies?

Pesquisas já são feitas com voluntários, podem ser feitas em criminosos que desejem reduzir suas penas ou ainda em culturas de células humanas. Se forem necessárias outras técnicas, os seres humanos devem ser competentes o suficiente para desenvolve-las. Um exemplo de desperdício na ciência é o descarte diário de milhares de cordões umbilicais, ricas fontes de células.

A manutenção até os dias de hoje de experimentos em animais visa puramente interesses financeiros, e já deveria ter sido abolida há decadas".

(O Globo, Segundo Caderno, 24.10.2013)

terça-feira, outubro 22, 2013

UMBIGO DO MUNDO


Tem gente que não consegue ficar um minuto sem pensar no seu próprio umbigo. Simplesmente empacou nessa temática: elas são o centro do universo, o umbigo do mundo, e azar dos outros. Por mim, elas podem empacar por aí à vontade. Não compartilho desse egoísmo e vaidade. Quando percebo que uma pessoa está sempre se projetando diante de qualquer coisa que aconteça, simplesmente a ignoro, com essa carta não tem jogo. Imagino que se tentasse bater de frente com pessoas assim, de certo que eu não teria a menor chance. O umbigo delas é imenso, cansativo, e fica à toa num mundo fantasioso que serve apenas como cenário para o personagem inigualável do “eu” delas. E, do lado de cá, me deparo com o meu próprio "self" que não tem mais paciência para incentivar, nesse tipo de gente, o interesse transcendental pelo todo, pelo plural! Deixa assim, nem quero saber.

Nada contra as pessoas pensarem em si mesmas, afinal nosso maior interesse enquanto seres humanos é mesmo o nosso “self”. E acho muito natural que pensemos em nós, inclusive com uma certa dose de egoísmo. Mas tudo dentro dos conformes. Egoísmo demais é mania, é morbidez. E disso, quero distância. Enfim. Todo esse papo pra contar que... -- é, acontece, às vezes-- dia desses abandonei uma conversinha de fim de tarde. Retirei-me. Inventei uma mentira deslavada e caí fora. Preferi olhar a vida, observar as pessoas, os animais, as plantas, as coisas... E fui respirar. E foi a melhor coisa que fiz. Voltei para casa e caí satisfeita nos braços do Morfeu! Rsrsrs.

Marli Soares Borges, 2013.

domingo, outubro 20, 2013

UMA IMAGEM, 140 CARACTERES - 23 ª EDIÇÃO





Desisto! Caderno, lápis e letrinhas caprichadas não faz a minha cabeça. Prefiro a tecnologia digital. Oh Deus, por que mamãe não me entende?


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PNL-10 Auxiliares Linguísticos da PNL

"A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto." 
Provérbios 18:21
  
"Guarda tua língua do mal, e teus lábios das palavras enganosas."
Salmos 34:13


A linguagem dirige nossos pensamentos para direções específicas e, de alguma maneira, ela nos ajuda a criar a nossa realidade, potencializando ou limitando nossas possibilidades. A habilidade de usar a linguagem com precisão é essencial para nos comunicarmos melhor. A seguir, andei pesquisando, e achei uma lista de palavras e expressões que devemos observar quando falamos, porque podem dificultar nossa comunicação. Modifiquei a redação para facilitar a leitura e trouxe aqui para você. Na verdade, são algumas armadilhas da nossa linguagem.

Enjoy.

  • Cuidado com a palavra NÃO. 
  • A frase que contém "não", para ser compreendida, traz à mente o que está junto com ela. O "não" existe apenas na linguagem e não na experiência. Por exemplo, pense em "não"... (não vem nada à mente). Agora vou pedir a você que "não pense na cor vermelha". Pois é, pedi para você não pensar no vermelho e você pensou. Por isso, procure falar sempre no positivo: o que você quer, jamais o que você não quer. 

  • Cuidado com a palavra MAS
  • A frase que contém "mas", nega tudo que vem antes. Exemplo: "Fulano é um rapaz inteligente, esforçado, mas..." Nesse caso, substitua "mas" por "e". 

  • Cuidado com a palavra TENTAR 
  • A frase que contém "tentar" pressupõe sempre uma possibilidade de falhar. Por exemplo: "vou tentar acordar amanhã às 8h". Nesse caso, tenho grande chance de não ir, pois apenas vou "tentar". Se for possível utilize "fazer". 

  • Cuidado com as palavras DEVO, TENHO QUE ou PRECISO
  • A frase que contém alguma dessas palavras, pressupõe sempre que sua vida é controlada por algo externo. Em vez delas, use "quero, decido, vou". 

  • Cuidado com as palavras NÃO POSSO e NÃO CONSIGO
  • A frase que contém essas palavras, sempre dá ideia de incapacidade pessoal. Use "não quero", "não podia" ou "não conseguia", que pressupõe que você terá sucesso no que for fazer. 

  • Use a palavra AINDA
  • Ao falar nos seus problemas, ou fazer descrições negativas de si mesmo, utilize o verbo no passado ou diga a palavra "ainda". Isto libera o presente. Exemplo: "eu tinha dificuldade de fazer isso", "não consigo ainda". A palavra "ainda" pressupõe que vai conseguir. 

  • Substitua SE por QUANDO
  • Em vez de falar "se eu conseguir ganhar dinheiro, vou viajar", diga: "quando eu conseguir ganhar dinheiro, vou viajar". A palavra "quando" pressupõe que você está decidido. 

  • Substitua ESPERO por SEI
  • Em vez de falar, "eu espero aprender isso", diga: "eu sei que eu vou aprender isso". A palavra "espero" transmite a ideia de dúvida e enfraquece a linguagem. 

  • Substitua o CONDICIONAL pelo PRESENTE
  • Em vez de dizer "eu gostaria de agradecer a presença de vocês", diga: "eu agradeço a presença de vocês". O verbo no presente fica mais concreto e mais forte. 

  • Fale das mudanças desejadas
  • Use o verbo no PRESENTE ou no GERÚNDIO. Exemplo, em vez de dizer "vou conseguir", diga "estou conseguindo". 

Mas, por favor, EVITE o gerundismo, que é terrível.
Bom, por enquanto é isso.


sexta-feira, outubro 18, 2013

O PODER DAS PALAVRAS


Esse texto que você vai ler agora é um dos meus preferidos. Eu acho simplesmente fantástico, bonito, elegante, elaborado. Puro talento. Sua matéria-prima é a palavra, e é impressionante a forma com que o autor(a) expressa seu sentimento. Sigo cada vez mais, fascinada pelas palavras.

Não, não foi bobeira, de onde eu copiei não constava a autoria, mas se você souber, please, me diga. Independente disso, enjoy!!

Já perdi a voz,
já perdi avós,
já me perdi em nós e
já perdi momentos a sós.

Já me perdi em pós.
Já recalquei algo atroz.
Já naveguei do interior dos sonhos até à foz e
já gritei meio louco meio feroz.

Já me senti a correr parado e
já fiquei estagnado no instante mais veloz.
Em todos estes momentos fui pelas palavras.
É por lá que caminho.

Por uma ponte de consoantes
suspensa por inflexões de ritmo,
com intertextualidades pendentes.

Percorro-a pelas aliterações e
através das pontuações,
sem reticências... para pontuar o prazer.

Porque sou pelas palavras.

Uns são pelos cães.
Eu sou pelas palavras.
Outros são pelas ações.

Bem sei que as ações falam.
Mas as palavras, essas, atuam.
Em qualquer filme ortográfico.

Bom final de semana
Marli Soares Borges, 2013

Em tempo: esse post foi publicado originalmente em 30 de outubro de 2010 com o título: AS PALAVRAS ATUAM

segunda-feira, outubro 14, 2013

QUERO-QUERO QUANDO GRITA


Meu netinho Pedro (6) e seu avô Nilton, my husband, são carne e unha. Às vezes eles se desentendem, mas é coisa pouca e tudo fica numa boa. Mas ontem... calma, já vou contar. Você conhece o quero-quero? É uma ave pequena, de aparência modesta, que gosta de viver nos campos e nas pastagens. Tem um grito estridente que lembra a palavra quero e é um vigilante nato. Quando percebe a aproximação de qualquer criatura, ele avisa. Por isso nós, gaúchos, o chamamos "Guardião dos Pampas". Detalhe: são passarinhos curiosos: não pousam em árvores e fazem seus ninhos no solo. E costumam defender seus filhotes com gritos e ataques rasantes às pessoas e, embora nunca atinjam ninguém, eles assustam demais. E é aqui que começa a história. 



O Pedro insistindo e o avô avisando: não vai, olha o quero-quero, eles estão com ninho, tem filhotinhos, não mexe com eles. Mas vô, eu já disse que não vou mexer, eu só quero ver, VÔ! Já falei, menino, não chega perto deles, eles atacam as pessoas. Pra quê? Nem te ligo, o Pedrinho não deu a menor bola, saiu de tranco duro, a passos largos, no firme propósito de ver os filhotes bem de perto. E não deu outra, foi mal. Você precisava ver os apuros, o corre-corre, a choradeira! Nada do que eu escrever aqui dará a dimensão exata do que aconteceu naquele instante. Só sei que foi tudo muito engraçado, a família inteira dos quero-quero (pai, mãe, tio, primo, sobrinho) todo mundo voando e gritando ao mesmo tempo, era vôo rasante que não acabava mais, quero-quero pra todo lado, uma esquadrilha de guerra, e o Pedrinho bem ali, no meio do tiroteio, no maior susto, correndo em círculos, agitando os braços e berrando a plenos pulmões. Uma doideira. E a assistência -- sim, tinha assistência, hahaha -- aos berros, acenando com as mãos, corre Pedrinho, aqui, por aqui, rápido! No final das contas foi preciso a intervenção do avô para colocar tudo em pratos limpos e trazer a paz de volta ao sítio. A paz? Que nada, não deu meia hora e lá vem o Pedro novamente tentando aprontar noutro campo de pastagem. Dessa vez o esperto avô, na maior calma do mundo, e em pouquíssimos decibéis, disse apenas: "Pedro, olha o quero-quero!" E eis que o milagre acontece: o céu se abre e o Pedrinho obedece, de boa vontade, sem contestar! Maravilha, tudo sob controle. Agora sim, com esse poder na mão, certamente haverá por aqui, -- por pouco tempo, eu sei --, um netinho obediente, sonho dourado de todos os avós! O quê, denunciar o avô? Enlouqueceu? Aprender com os erros não tem absolutamente nada a ver com bullyng! De onde você tirou uma bobagem dessas? Ninguém merece. Rsrsrs.
Marli Soares Borges, 2013

P.S. por motivos óbvios não consegui bater fotos. As imagens são do Google.

quinta-feira, outubro 10, 2013

10 DE OUTUBRO DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL


O objetivo dessa comemoração é chamar a atenção pública para a saúde mental global, como uma causa comum a todos os povos, além de limites nacionais, culturais, políticos ou socioeconômicos. A Organização Mundial da Saúde considera a saúde mental uma das prioridades em saúde.

Millôr Fernandes disse que "A única diferença entre a loucura e a saúde mental é que a primeira é muito mais comum." E pelo que andei lendo em sites especializados, ele não disse nenhuma bobagem, pois as perturbações de natureza mental estão crescendo significativamente e os distúrbios mentais, independentemente da sua gravidade são, e serão cada vez mais, a nova grande endemia do século, sendo que a depressão é a segunda causa de incapacidade nas maioria das pessoas. As doenças mentais são o fator de maior risco de suicídio no mundo.

E A SAÚDE MENTAL?

Pois é. A gente ouve falar em “Saúde Mental” e pensa logo em “Doença Mental”. Mas aprendi que a saúde mental vai muito além da pessoa não ter doenças mentais. A Saúde Mental se relaciona diretamente à forma como a pessoa reage às exigências da vida, como harmoniza seus desejos, capacidades, ambições, ideias e emoções. Implica em compreender que ninguém é perfeito, que todos nós temos limites e que não podemos ser tudo para todos. Ou seja, implica na aceitação da nossa -- e vossa -- humanidade. Implica também na capacidade de enfrentar os desafios e as mudanças da vida cotidiana de forma equilibrada. E ainda em saber procurar ajuda quando surgirem dificuldades para lidar com os conflitos, perturbações e traumas. E isso em todas as fases da vida. Resumindo: têm saúde mental aqueles que sabem lidar com as emoções diárias: alegria, amor, satisfação, tristeza, raiva e frustração. É importante compreender também que qualquer pessoa pode, em algum momento de sua vida, apresentar sinais de sofrimento psíquico sem que isso signifique que esteja com algum distúrbio.

Então. Depois de todo esse blablablá, o que ficou muito claro para mim, sem qualquer novidade, é que manter sentimentos positivos consigo, com os outros e com a vida, ainda continua sendo a carta na manga para conservar a sanidade mental.

Marli Soares Borges, 2013

quinta-feira, outubro 03, 2013

DE CASTIGO NO TEMPORAL


Cada vez mais difícil viver nesse início de século. Tudo muito pesado, todo mundo armado, a grosseria grassando. Andamos na velocidade da luz. E de cara amarrada desde o amanhecer, achamos que assim nosso status de seriedade e respeitabilidade estará mantido. Fizemos da vida uma arena: é ganhar ou perder, viver ou morrer, tal como no gládio. Escravos da vida, foi nisso que nos transformamos. E nesse compasso aprendemos com maestria, a criar e alimentar o medo em nós e no coração dos nossos afetos. Medo de perder o emprego, de ser mal sucedido nos negócios, de cair em desgraça, de perder coisas. Perder é a morte. Atitudes equivocadas, a meu ver. Sandices, pois as perdas são componentes vitais de nosso crescimento pessoal. Temos que aprender a lidar com as perdas, isso sim. Acontece que nessa histeria do não perder, andamos por aí sofrendo por antecipação e por bobagens. Coisa que se tivéssemos criatividade, tiraríamos de letra. Onde se viu sofrer por bobagens, a gente tem que sofrer pelo que realmente foi trágico, pelo que fez a vida sangrar. Que pena, nessa correria insana, deixamos pelo caminho o discernimento, a serenidade, a leveza, a autenticidade, a gentileza e o sorriso espontâneo. Vestes criativas que sempre nos protegeram das intempéries da vida. Estamos nus, de castigo, no meio do temporal. Marli Soares Borges

segunda-feira, setembro 30, 2013

O CONFRONTO


Trabalhar bastante? Sim. Ralar? Sim, afinal nada vem de graça e ninguém bate à nossa porta para pagar nossas contas. Trabalhar demais? NÃO. Me desculpem os que vivem dia e noite com a cara metida no trabalho, que vivem só para o trabalho. Para mim, isso é uma fuga. Uma desculpa que inventaram para si próprios. É medo de lidar com as necessidades mais profundas do coração, medo de encarar os desejos interiores. É mais fácil apelar para o excesso de trabalho. Ninguém vai colocar em xeque, -- afinal trabalho é trabalho --, e cai como uma luva para impedir que você confronte o que você quer da vida com o que você está vivendo no momento. Impede que você examine seus verdadeiros desejos, as coisas que mais importam para você. E você vai empurrando a vida nesse esconderijo estratégico. Mas não adie tanto o confronto, você vai se surpreender com as novidades que sua própria vida tem a dizer sobre você. Marli Soares Borges

domingo, setembro 29, 2013

UMA IMAGEM, 140 CARACTERES - 22ª EDIÇÃO




Será possível, essas crianças não param quietas! E eu que pretendia ler meu livro em paz? Só eu mesma reunir aqui as amiguinhas, eu mereço!!


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